Eu já ouvi muitas coisas idiotas em matéria de política e de relações internacionais, muitas das vezes saíram das bocas de PhDs, mas essa foi demais.
Ryan Lizza da Revista New Yorker entrevistou um membro do governo Obama e ele disse que a doutrina de Obama para política externa é "leading from behind". Poderíamos traduzir isso literalmente por "liderar vindo de trás" ou "liderar depois dos outros".
Mas para sermos mais precisos deveríamos traduzir por não liderar, porque essa doutrina é uma completa idiotice. Quer dizer o Obama abandona os valores norte-americanos e espera os outros países fazerem algo (que podem não lembrar esses valores) e depois tenta (sabe Deus como) liderar o que não fez.
Aqui vai a parte do texto que fala da doutrina do Obama (é o último parágrafo do artigo que tem dez páginas de internet), traduzo em seguida:
Nonetheless, Obama may be moving toward something resembling a doctrine. One of his advisers described the President’s actions in Libya as “leading from behind.” That’s not a slogan designed for signs at the 2012 Democratic Convention, but it does accurately describe the balance that Obama now seems to be finding. It’s a different definition of leadership than America is known for, and it comes from two unspoken beliefs: that the relative power of the U.S. is declining, as rivals like China rise, and that the U.S. is reviled in many parts of the world. Pursuing our interests and spreading our ideals thus requires stealth and modesty as well as military strength. “It’s so at odds with the John Wayne expectation for what America is in the world,” the adviser said. “But it’s necessary for shepherding us through this phase.”
(Todavia, Obama pode estar movendo-se para algo que lembra uma doutrina. Um dos seus conselheiros descreveu as ações do Presidente Obama na Líbia como "liderando por trás". Este não é um slogan projetado para a campanha de 2012, mas ele realmente descreve com fidelidade o equilíbrio que Obama parece que encontrou agora. É uma definição diferente de liderança que a America não conhece, e vem de algumas crenças não declaradas: que o poder americano está decadente, enquanto rivais como a China aumentam seu poder, e que os Estados Unidos é criticado em muitas partes do mundo. Perseguir nossos interesses e divulgar nossos ideais requer assim agir nos bastidores, com modéstia e também com força militar. "É completamente diferente do comportamento do tipo John Wayne, disse o assessor. "Mas é necessário para nos conduzir para a próxima fase".)
Acho que este blog é o primeiro blog ou mesmo mídia no Brasil a noticiar esse longo texto de Lizza e a bobagem do "leading from behind" (mas nunca se tem certeza com a internet), mas você pode ver várias críticas a essa baboseira
aqui (John Poderetz, New York Post),
aqui (Nile Gardiner, The Telegraph) ou
aqui (End of the Modern World blog).
No mesmo artigo de Lizza, Zbigniew Brzezinky, ex-conselheiro de Segurança Nacional do governo Jimmy Carter (também do partido democrata como Obama), disse que Obama não tem estratégia, ele tem apenas sermões:
"Brzezinski, too, has become disillusioned with the President. “I greatly admire his insights and understanding. I don’t think he really has a policy that’s implementing those insights and understandings. The rhetoric is always terribly imperative and categorical: ‘You must do this,’ ‘He must do that,’ ‘This is unacceptable.’ ” Brzezinski added, “He doesn’t strategize. He sermonizes.”
(Brzezinski também se tornou desiludido com Obama: "Eu admiro muito seus insights e seu entendimento. Eu não acho que ele tenha realmente uma política externa que está implementando estes insights e entendimentos. A retórica é sempre terrivelmente imperativa e categórica: "Você deve fazer isto", "Ele deve fazer aquilo", "Isto é inaceitável". Brzenzinski completa, "Ele não faz estratégia, faz sermões".)
A revista New Yorker é um bastião da esquerda, mas Lizza revela outras coisas ridículas sobre Obama no artigo, como o fato dele, quando era senador, estar mais preocupado em banir o brinquedo "yo yo water ball" (foto abaixo):
Em matéria de política externa, depois de criticar o idealismo de Bush e dos Clintons (marido e mulher), Obama coloca justamente Hillary Clinton para cuidar de política externa. A promessa de fechar Guantanamo (a primeira promessa de política externa como presidente) ele não cumpriu. E não vamos nem comentar que o suposto realismo de Obama significou abandonar os manifestantes que lutam contra o regime do Irã e não pedir pelos direitos humanos na China, o que fez com que Dalai Lama saísse pelos fundos da Casa Branca, no meio do lixo, para não melindrar a China (foto abaixo).
Certa vez, eu estava em uma estação de trem no exterior passando por um período muito difícil na minha vida e eu li a seguinte frase na estação: "Na vida, ou você é passageiro ou você é motorista". Eu me senti muito bem naquele momento, pois eu estava ali pelas minhas próprias forças e tinha orgulho disso. Eu era motorista, estava guiando meu destino, enfrentando os problemas. Obama quer ser apenas passageiro.
No blog de
Nile Gardiner, eu comentei que, seguindo a doutrina do
"leading from behind" do Obama, devíamos dizer ao Lewis Hamilton, ao Felipe Massa, ao Sebastian Vettel que a melhor posição era a última. Que melhor ainda é ficar em casa e não fazer nada.
Neste sentido, eu posso dizer que, pelo modelo do Obama, eu sou campeão de Fórmula 1, pois nunca cheguei nem perto de um carro de Fórmula 1, nunca fui a nenhum autódromo. Estava bem atrás, bem "behind", liderando. Só perco para quem nunca nem ouviu falar de Fórmula 1. Não posso falar de futebol, vôlei, natação ou basquete porque pratiquei (e bem) esses esportes. Mas Fórmula 1, sou campeão.
Na verdade, seriamente, para mim, Obama é um cara com uma formação muito ruim sobre qualquer coisa e sem experiência em nada, como também revela Lizza. As dificuldades dele com política externa também aparecem quando se discute qualquer assunto. Ele "faz apenas sermões" imperativos, não tem nenhuma idéia de como se resolve as coisas.
Eu, além de ser campeão de Fórmula 1 (pela lógica do Obama), posso me orgulhar dizendo que Obama nunca me enganou. Tenho até uma camisa em casa de apoio a McCain na campanha, e olha que não gosto muito do McCain, mas isso é outro post.
Nenhum comentário:
Postar um comentário