Eu falei no post anterior que não gostei de como o Papa Francisco deseja que os bispos se comportem. Ele disse não querer apologistas nem cruzados, não deseja bispos que saiam defendendo a fé cristã. Ele quer bispos que sejam "humildes semeadores da verdade". Não me parece uma definição que São Paulo aprovaria, uma vez que este santo era bem afirmativo na defesa do cristianismo e de sua própria condição de apóstolo. Ele não era "humilde" na defesa da verdade.
Ontem, eu tive conhecimento de um blog bem interessante que sugeriu não só como papas e bispos devem se comportar, mas como todos os cristãos devem se comportar em um mundo infiel. Quem me indicou este blog foi o site Agent Intelect.
Se trata do blog do PhD em teologia e professor de teologia, Dr. Robert Krupp.
Krupp escreveu sobre como os cristãos devem se comportar em um mundo em que a maioria é de infiéis. Para fazer isso, Krupp sugeriu que os cristãos se comportassem como Abraão.
Krupp disse que:
1) Abraão viveu uma vida solitária em um mundo estranho a ele. Ele foi chamado por Deus e recebeu grandes promessas. Deus prometeu uma pátria e um grande número de descendentes. Deus também prometeu bênção sobre ele e os aliados com ele e maldição sobre os seus inimigos de Abraão. No entanto, Abraão viveu como um peregrino nesta terra que seus descendentes iriam possuir.
Krupp citou os versos Gênesis 12:1-3 e Hebreus 11:8-16 para mostrar isso.
Gênesis (12:1-3): Javé disse a Abrão: «Sai da tua terra, do meio dos teus parentes e da casa de teu pai, e vai para a terra que Eu te mostrar. Eu farei de ti um grande povo, e abençoar-te-ei; tornarei famoso o teu nome, de modo que se torne uma bênção. Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem. Em ti, todas as famílias da Terra serão abençoadas».
Hebreus (11:8-16): Pela fé, Abraão, chamado por Deus, obedeceu e partiu para um lugar que deveria receber como herança. E partiu sem saber para onde. Pela fé, foi residir como estrangeiro na Terra Prometida. Morou em tendas juntamente com Isaac e Jacob, que também eram herdeiros da mesma promessa. Abraão esperava a cidade bem alicerçada, cujo arquitecto e construtor é o próprio Deus. Foi pela fé que também Sara, embora sendo velha, se tornou capaz de ter uma descendência, pois acreditou em Deus que lhe havia prometido isso. Assim, de um só homem, que estava praticamente morto, nasceu uma descendência tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como os grãos de areia da praia do mar. Todos eles morreram na fé. Não conseguiram a realização das promessas, mas só as viram e saudaram de longe; e confessaram que eram estrangeiros e peregrinos sobre a Terra. Falando assim, demonstraram que estavam em busca de uma pátria. Se pensassem que essa pátria era aquela de onde tinham saído, teriam a possibilidade de voltar para lá. Mas não; eles aspiravam por uma pátria melhor, isto é, a pátria celeste. Por isso, Deus não Se envergonha de ser chamado seu Deus; na verdade, Deus preparou-lhes uma cidade.
Gênesis (14:17-20): Quando Abrão voltou, depois de ter derrotado Codorlaomor e os reis aliados, o rei de Sodoma foi ao seu encontro no vale de Save, que é o vale do rei.Melquisedec, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, levou pão e vi-nho, e abençoou Abrão, dizendo: «Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que criou o Céu e a Terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os inimigos nas tuas mãos». E Abrão deu-lhe a décima parte de tudo.
3) Abraão não aceitou as benesses do mundo, quando o rei de Sodoma lhe ofertou. Ele sabia que havia um abismo intransponível entre eles. (Gênesis 14:21-24)
Gênesis (14:21-24): O rei de Sodoma disse a Abrão: «Dá-me as pessoas e fica com os bens». Mas Abrão respondeu ao rei de Sodoma: «Juro por Javé, o Deus Altíssimo, que criou o Céu e a Terra: não aceitarei nem sequer um fio, ou correia de sandália, daquilo que te pertence, para que depois não digas que enriqueceste Abrão. Não quero nada para mim. Aceito apenas o que os meus servos comeram e a parte de Aner, Escol e Mambré, que me acompanharam; eles que levem a parte deles».
4) Abraão até fez alianças alianças com aqueles que não acreditam em seu Deus, mas não deixou seu filho se casar com uma de suas filhas. (Gênesis 14:24 ; 24:1-4).
Gênesis (24:1-4): Abraão estava velho, de idade avançada, e Javé tinha-o abençoado em tudo. Abraão disse ao servo mais velho da sua casa, que administrava todas as suas propriedades: «Põe a tua mão debaixo da minha coxa, e jura por Javé, Deus do Céu e da Terra, que quando buscares esposa para o meu filho, não a escolherás entre as filhas dos cananeus, no meio dos quais moro. Mas irás à minha terra natal e nela escolherás uma esposa para o meu filho Isaac».
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Então, assim como Abraão, os cristãos vivem em um mundo que não é o deles, a espera da "pátria celeste". Que todos os cristãos, incluindo os papas e bispos, não aceitem as benesses do mundo (elogios, poder, dinheiro) e não entreguem seus filhos aos infiés.
Ontem, o Papa Francisco falou sobre os mártires cristãos. Apesar de citar apenas os mortos do nazismo e do comunismo, não mencionando diretamente os mortos em países islâmicos da chamada Primavera Árabe, ele lembrou daqueles cristãos que não podem orar, usar crucifixo ou carregar uma bíblia, pois podem ser mortos. Creio que ele esteja se referindo aos cristãos dos países islâmicos.
Ao não citar estes cristãos explicitamente, o Papa deixou aberta a interpretação, e evitou ficar na linha de frente dos ataques de muçulmanos. Não sei se esta é a forma correta falar destes cristãos que morrem nas mãos muçulmanas, mas parece que foram lembrados, pelo menos.
Os cristãos em terras muçulmanas, além de viverem em uma terra estrangeira (como Abraão e todos nós) vivem sob ameaça da morte diariamente.
Vejam vídeo do Papa Francisco falando dos mártires cristãos, no site da Rome Reports tem mais um pedaço do discurso dele.
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