O Secretário de Defesa, Robert Gates, resistiu, falou sobre o que chama de "peace dividend" (vultosos gastos militares quando ocorre uma guerra provocados por cortes no orçamento militar do período de paz), mas não teve jeito, teve de apresentar um orçamento de defesa com cortes substantivos, por causa da pressão para conter a espiral do enorme déficit público americano.
A reação foi imediata. O partido Democrata do presidente Obama deseja maiores cortes nos gastos militares, achou pouco. Em geral, os democratas gostam de aumentar os gastos públicos com vinculações orçamentárias e de reduzir gastos com defesa. O partido Republicano, de oposição, ao contrário, achou que os cortes na defesa foram exagerados e deseja reduzir essas vinculações. Mas está pressionado, pois o discurso do partido está fortemente voltado para conter o déficit gerado pela era Obama.
O debate está bastante nebuloso também devido a questões ideológicas, sobre se os Estados Unidos devem intervir militarmente no mundo ou não e como.
Eu dou graças a Deus pela intervenção americana. Acho que uma redução drástica no orçamento militar dos Estados Unidos pode ser catastrófico. Que país tem apoio popular, formação cultural e religiosa, e condições econômicas para defender os três princípios deste blog (capitalismo, cristianismo e civilização)? A Europa não tem apoio popular, a Ásia não tem nem apoio, nem formação. E faltam os três fatores na América Latina e na África.
Robert Kagan, no Weekly Standard, escreveu sobre o assunto e mostrou por que precisamos da Pax Americana.
Primeiro, ele disse que não os gastos militares são bem pequenos em relação aos gastos das vinculações para manter os estado do bem-estar social e que esses gastos com defesa também ajudam na criação de emprego. Para ver que isso é verdade, basta a gente lembrar do efeito benéfico da Segunda Guerra na economia americana.
Depois ele mostrou a importância do poderio militar americano no mundo:
1) Terroristas querem matar americanos nos Estados Unidos e constantemente estão a procura de um país que os proteja para planejar seus ataques (Paquistão, Afeganistão, Irã, Somália, Iêmen, Paraguai, etc.). Até agora, os Estados Unidos têm evitado um novo 11 de setembro com intervenções no mundo afora.
2) A China está aumentando seus gastos militares e procura se mostrar como império entre os vizinhos, tentando eliminar a influência americana na Ásia.
3) A Coréia do Norte tem armas nucleares, ameaça o Japão e a Coréia do Sul e tem apoio da China.
4) O Irã procura ter armas nucleares, influencia a política no Iraque, na Síria, no Líbano e na Palestina e ameaça destruir Israel.
5) A Turquia tem uma relação ambígua com o ocidente e está cada vez mais próxima do Irã.
6) Países como Egito, Tunísia e Arábia Saudita tem problemas domésticos sérios que ameaçam desestabilizar todo o planeta.
Robert Kagan não falou, aliás acho que mundo não presta atenção na América Latina, mas há problemas sérios de segurança por aqui, como o aumento das relações entre Venezuela e Irã, a influência da Venezuela no Equador, na Bolívia e na Nicarágua, os terroristas islâmicos abrigados na Tríplice Fronteira (Brasil Paraguai, Argentina), e os grupos terroristas armados como as FARC.
Mas Kagan mostra que os Estados Unidos empreenderam bastante intervenção militar na América Latina desde 1898. Das 25 intervenções, 12 foram na região: Cuba, 1898, Filipinas, 1898-1902, China, 1900, Cuba, 1906, Nicarágua, 1910 e 1912, México, 1914, Haiti, 1915, República Dominicana, 1916, México, 1917, Primeira Guerra, 1917-1918, Nicarágua, 1927, Segunda Guerra, 1941-1945 , Coréia, 1950-1953, Líbano, 1958, Vietnã, 1963-1973, República Dominicana, 1965, Granada, 1983, Panamá, 1989, Primeira Guerra do Golfo, 1991, Somália, 1992, Haiti, 1994, Bósnia, 1995, Kosovo, 1999, Afeganistão, 2001-presente, Iraque, 2003-presente.
Nessas intervenções globais, todo tipo ideológico de presidente americano estava como chefe das forças armadas, e foram usados variados discursos para determinar a intervenção, então não se pode determinar uma doutrina ou ideologia únicas para elas.
Em resumo, hoje os Estados Unidos estão em forte crise financeira. Alguns analistas dizem que o país tem de 2 a 3 anos para evitar o colapso total do dólar, por isso os cortes de gastos públicos são tão importantes. Mas deve-se focar naquilo que pesa muito e não traz nenhum ganho econômico ou social, não é o caso dos gastos militares.
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