segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Revista Veja - O Problema do Mal





A Revista Veja dessa semana traz uma pergunta muito antiga, mas intrigante feita por Roberto Pompeu de Toledo no texto chamado "Claro Enigma" (infelizmente não está aberto pela revista para que eu mostre o link do texto).

Essa pergunta, apesar de ser muito velha, remonta séculos e séculos, é ainda muito usada pelos ateus. Ela é conhecida como o Problema do Mal. Mas ela pode ser é explicada com certa facilidade. Aqui vou a mostrar a solução, que pode ser lida em alguns textos ou livros dos filósofos Peter Kreeft (primeira foto), William Lane Craig (abaixo a direita) e Alvin Plantinga (abaixo a esquerda). Recomendo qualquer livro desses autores. São brilhantes.

Mas Toledo pergunta: "Se Deus existe e se é bom, como explicar castigo como infligido a Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis, ou antes ao Haiti, ou antes do Haiti à costa asiática dos tsunamis, ou muito antes ainda a Lisboa, por ocasião do devastador terremoto de 1755?"

Bom, para provar que a pergunta é antiga, basta dizer que São Tomás de Aquino já tratou dela no século 13 e a considerava como uma das grandes objeções para se acreditar em Deus. Pode-se também ver que o argumento resultou em morte na história. Pesquisem o nome do padre Gabriel Malagrida. Ele, que viveu muito tempo no Brasil catequizando os índios, tinha uma péssima relação com o Marquês de Pombal e disse que o terremoto de Lisboa eram uma mensagem de Deus contra os portugueses. Pombal mandou enforcá-lo e queimá-lo na fogueira.

Como responder a pergunta?

Kreeft começa dizendo que "o mal" não é uma coisa. Deus criou todas as coisas e as coisas são boas, como diz o Gênesis. O mal é real, mas não é uma coisa, é uma escolha errada. A fonte de criação do mal não é Deus, mas as criaturas, que se envolvem com o pecado. Os santos não se envolveram com o pecado, mas sofreram muito pelos pecados dos outros. Deus é fonte da vida e do amor, a fonte do mal é o livre arbítrio dado por Deus. Deus não nos quis robôs, ele queria que o bem brotasse de nós mesmos. Estar no inferno é enfrentar o mal eterno, mas o inferno também é consequência do livre arbítrio. Nós livremente escolhemos o inferno.  Deus mostrou qual é solução contra esse mal eterno: Jesus Cristo. Em termos filosóficos, para responder a pergunta de Toledo, Kreeft diz que ao fazê-la estamos supondo que os homens são bons. Pecadores dizem que são santos e santos sabem que são pecadores. Jesus Cristo disse: "Ninguém é bom a não ser Deus". Outra coisa, como saberemos que o mal é o mal? Qual o nível de conhecimento humano para entender todo amor do eterno Deus? O filósofo Sócrates foi declarado o homem mais sábio da Terra pelo Oráculo de Delfos porque Sócrates entendeu que ele não sabia de nada.

Craig usa argumentos lógicos para responder a pergunta. Ele diz que a pergunta sugere que há uma incompatibilidade entre Deus e a existência do mal. Se Deus existe, então o mal não pode existir. Como o mal existe, então Deus não existe, dizem os ateus. Craig mostra que a coexistência de Deus e do mal é logicamente possível. Primeiro, nós não estamos em boa posição para dizer que Deus pode permitir ou não o mal. Nós somos finitos em tudo (vida, inteligência, etc.), Deus é eterno (sempre existiu). Algo que nos parece ser mal, pode não ser.  A doutrina cristã estabelece a coexistência de Deus e do mal, ao dizer por exemplo que a) humanidade se rebelou contra Deus (buscou o mal); b) o propósito da vida não é a felicidade, mas conhecer o amor infinito de Deus; c) o conhecimento de Deus é eterno; e d) o conhecimento de Deus é incomensuravelmente bom. Craig também lembra que deve-se observar não apenas o mal no mundo, mas também as maravilhas, a bondade e a caridades humanas. No final, Craig ressalta que sem Deus não existe moral objetiva, não se pode estabelecer o que é certo ou errado objetivamente. Nietzsche mesmo escreveu que sem o cristianismo nasce o niilismo, nasce o nada, um quadro branco para ser preenchido, tudo é permitido, o mal pode virar o bem. Nietzsche morreu louco tentando encontrar uma base moral objetiva sem Deus.

Craig ainda disse: Jesus foi crucificado e não fez nada apenas nos amou. Quando a gente compreende o amor de Deus e seu sacrifício por nós, temos uma nova perspectiva do problema do mal. O mal passa a ser nosso problema, nós temos que destruí-lo seguindo os ensinamentos de Deus.

Alvin plantinga concentra-se no livre arbítrio para rebater a argumentação dos ateus.  Deus seria benevolente se não nos desse o livre arbítrio?

Eu mandei uma email para a Veja comentando o texto de Toledo, não sei se eles vão publicar, mas aqui vai parte de minha mensagem:

" ...onde estaria a livre vontade humana e o pecado, se Deus é incompatível com o mal? Qual seria o propósito da vida humana se não há o mal? Como deveria ser o homem se ele não é livre para praticar o bem ou o mal? Deus não teria suficientes razões para permitir a existência do mal?

E os desastres naturais? Como deveria ser o planeta para que não ocorram variações em suas condições? Completamente estático? Como seria permitido ao homem alterar o planeta?"


Finalmente, cabe dizer, para quem está interessado no debate e entende inglês, que pode-se ver Craig discutindo o tema do Problema do Mal no youtube aqui.

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