quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Obama - Antítese de Reagan





Há uma grande expectativa para uma mudança de tom no governo Obama, acho até que a sua reeleição depende disso.

A grande maioria dos americanos espera que Obama abandone suas posições extremamente esquerdistas, de elevado gasto público, tentativas de redistribuição de riqueza e elevados impostos, e se mova para o centro, contendo os gastos e reduzindo impostos. No final do ano passado, ele manteve a contragosto a política de impostos baixos do governo Bush depois de muita pressão da imprensa e dos republicanos, depois ele se mostrou menos radical no memorial das vítimas do atentado de Tucson, quando disse que o país precisa ser mais civilizado na discussão política, de certa forma calando aqueles que acusavam a oposição de incitar o ódio.

A mudança, mesmo que hesitante, para o centro melhorou a avaliação dele, revertendo uma tendência negativa. Atualmente a aprovação do governo Obama está por volta de 50% e a desaprovação em torno de 41%.

Acho que a resistência do Obama a se adequar aos desejos da população americana ainda vão tirar dele a reeleição. Ele continua se comportando como se fosse professor do povo, como se soubesse a verdade e a população é que não entende isso. Se a eleição fosse hoje, as pesquisas mostram que Obama tem boa chance de perder para alguns líderes da oposição, como Mike Huckabee ou Mitt Romney.

Ontem, ele fez o seu segundo State of the Union discurso (todo ano o presidente discursa no Congresso para mostrar as conquistas e as propostas do governo). E as avaliações que li sobre o discurso não são boas. Aqui vão algumas avaliações do discurso dele, que mostram que ele não conseguiu convencer:

Kevin McCullough escreveu sobre os destaques do discurso. Aqui vão alguns:

O mais hipócrita (pois Obama resistiu muito a aprovar): "Thanks to the tax cuts we passed, Americans’ paychecks are a little bigger today." (Graças ao cortes nos tributos, os Americano recebm mais hoje nos seus contracheques).

O mais honesto: "We need to take responsibility for our deficit, and reform our government." (Nós assumimos a responsabilidade pelo nosso défiti e por reformar nosso governo).

O mais ridículo: "This is our generation’s Sputnik moment." (Nossa geração vive o momento do Sputinik).

Sputinik (foto acima) foi um satélite russo lançado em 4 de outubro de 1957, que, de certa forma, assustou os americanos que não esperavam que os russos tivessem tecnologia para isso. Em janeiro de 1958, menos quatro meses depois, os Estados lançou o Explorer e inicou a guerra espacial. Obama quer dizer que os Estados Unidos enfrentam de novo uma situação em que está atrás na corrida tecnológica. Acho que a comparação foi ruim, pois não há nenhum país tecnologicamente superior aos Estados Unidos no momento e, no passado, o modelo Sputinik depois se mostrou inadequado.

O mais supreendente: "Some folks want wind and solar. Others want nuclear, clean coal, and natural gas. To meet this goal, we will need them all  (Alguns desejam tecnologia solar ou por eólica. Outros querem nuclear, por carvão limpo e gás natural. Para alcançar nossos objetivos, nós precisamso de todas).

Obama parece abandonar a lógica da mudança climática que quer investir apenas em tecnologias consideradas verdes (sol, ventos, ondas, etanol, etc.).

Nile Gardiner deu nota F para o discurso, especialmente, pela falta de elaboração de política externa e pela ausência da defesa aos direitos humanos no mundo. Gardiner ainda disse:

"In every respect, Barack Obama’s leadership is the antithesis of Ronald Reagan’s...Instead of projecting US power and values abroad, President Obama has been content to engage and appease America’s enemies, while paying scant attention to traditional allies...statements that increasingly resemble the words of a European Union bureaucrat rather than the leader of the most powerful nation on earth."
(Em todos os aspectos, a liderança de Barack Obama é a antítese da de Ronald Reagan...Ao invés de projetar o poder e os valores americanos no exterior, Presidente Obama tem se contentado em se relacionar e ceder aos inimigos dos Estados Unidos, enquanto dando pouca atenção aos aliados tradicionais...As palavras de Obama cada vez mais lembram as de um burocrata da União Européia ao invés de um líder da maior potência mundial).

George Friedman do site Stratfor também se concentrou nos problemas de política externa e ressaltou um grande problema que não foi lidado por Obama no discurso: aumento da influência do Irã no Iraque, no Líbano e na Palestina.  Friedman, inclusive, disse qual é a diferença entre a guerra no Afeganistão e a guerra no Iraque: Irã.

"The difference between Afghanistan and Iraq is that a wrenching crisis can be averted in Afghanistan simply by continuing to do what the United States is already doing. By continuing to do what it is doing in Iraq, the United States inevitably heads into a crisis as the troop level is drawn down."
(A diferença entre Afeganistão e iraque é que uma crise turbulenta pode ser contida no Afeganistão simplesmente continuando a fazer o que os Estados Unidos estão fazendo. Continuando a fazer o que estão fazendo no Iraque, os Estados Unidos inevitavelmente enfrentarão uma crise enquanto suas tropas saem [por causa da influência iraniana]"
 
Janet Daley disse que o discurso de Obama foi medíocre e teve recepção morna. E também foi ambíguo no principal problema do país: déficit público.

"His message on the deficit was ambiguous: there was a promise to be responsible about reducing national debt and making government more efficient but also a wholehearted commitment to further stimulus spending, without any attempt to reconcile the obvious contradiction between the two. A freeze on discretionary spending does not seem to suggest the kind of urgency that the terrifying level of debt requires." (Sua mensagem sobre o déficit foi ambígua: houve a promessa de ser responsável para reduzir a dívida nacional e fazer o governo ficar mais eficiente mas se mostrou comprometido em ampliar os gastos de estímulo a economia, sem qualquer tentativa de conciliar as duas políticas. O congelamento de gastos discrecionários (que obama prometeu por cinco anos) não parece considerar a urgência e o terrível nível da dívida).

Muitos não assistiram ao discurso de Obama, fizeram muito bem.

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