sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

"Governo Não É Solução, Governo É O Problema"




Se há uma coisa bastante comum ao redor do mundo é deficit público. No Brasil, há cada vez mais desconfiança quanto aos métodos de cálculo das contas públicas, usos de disfarces contábeis são cada vez mais comuns. Na Argentina, há muito tempo ninguém confia nos dados públicos. Na Europa, os países do continente lutam para reduzir seus enormes déficits. Na China, não se tem muita segurança nos dados divulgados e a inflação já começa a assustar por lá. Nos Estados Unidos, o governo Obama bate recordes de dívida pública a cada mês. Em apenas sete meses, de junho de 2010 a janeiro de 2001, a dívida aumentou em 1 trilhão de dólares (ver gráfico acima), atingindo 14 trilhões de dólares e subindo no "debt clock" (relógio da dívida). Já se fala em default no país. 

Os americanos, então, voltam a ouvir o discurso de posse de Reagan de 30 anos atrás. O foco do discurso foi como se deve voltar a reativar a economia. Solução de Reagan: Reduzir o gasto público e os impostos. É o chamado modelo econômico do lado da oferta (supply side economics). Em 1981, Reagan estabeleceu quatro passos para tirar o país da inflação e do desemprego: 1) Restrição monetária; 2) corte de 25% nos impostos (The Economic Recovery Tax Act of 1981); 3) contenção dos gastos públicos; 4) reduzir a regulamentação governamental.

Dos quatro passos, Reagan executou com louvor os dois primeiros e de certa maneira falhou no terceiro. O déficit orçamentário cresceu nos anos iniciais do governo Reagan, atingindo o pico em 1983 (6,3% do PIB) e depois caiu para 2,9% no final do governo. Reagan também pode se defender dizendo que o crescimento do gastos públicos domésticos foi bem menor com ele do que com os presidentes anteriores e posteriores. Mas os gastos com defesa duplicaram de 1981 a 1989 e foi a principal causa de não contenção dos gastos nos anos Reagan. Por outro lado, isso acabou sendo um dos principais fatores da derrocada do comunismo, que ele, graças a Deus, tanto deplorava.

Em termos de crescimento do PIB real, os anos de Reagan foram os melhores desde o governo dele. Há controvérsia na comparação com o governo Clinton, dependendo do ano inicial (usa-se o primeiro ano de governo ou o ano em que as políticas de governo foram aprovadas e surtiram efeito. A redução dos impostos só entraram em vigor no final de 1981), ou do cálculo de PIB real. Mas os números são muito próximos, então pode-se argumentar por pelo menos empate entre os dois. Deve-se ressaltar, no entanto, que crescimento econômico não é uma obra feita apenas por governos, há circunstâncias internacionais, próprias do mercado e tecnológicas. Por exemplo, o crescimento brasileiro durante o governo Lula foi mérito ativo ou passivo do governo? Eu diria que foi muito mais passivo.

Mas, voltando a Reagan,  o governo dele foi um sucesso amplo. Vejam gráfico abaixo, os resultados dos anos Reagan (1981-1989) para inflação (linha rósea), desemprego (vermelho escuro), pobreza (vermelho vivo), crime (preto), PIB per capita (marrom esverdeado), renda disponível pessoal (verde vivo):


O discurso de posse de  Reagan é um primor para a defesa da liberdade econômica, política e do ser humano. Reagan disse frases que ficaram célebres neste discurso, traduzo algumas:

"Os Estados Unidos estão enfrentando uma aflição econômica de grandes proporções. Nós sofremos com o mais longo e um dos piores processos inflacionários de nossa história...Indústrias inativas têm demitido seus empregados, trazendo miséria e indignidade."

"Na crise atual, governo não é a solução; governo é o problema. De vez em quando, nós somos tentados a pensar que a socieade tem se tornado complexa demais para ser deixada ao sabor de cada indivíduo, que o governo de uma elite é superior para governar para e pelo povo. Bem, mas se ninguém entre nós é capaz de se governar sozinho, então quem entre nós tem a capacidade de governar outras pessoas?"

"Nós somos uma nação que tem governo - não o contrário."

"Nós somos uma nação submissa a Deus, e eu acredito que Deus deseja que sejamos livres. Seria adequado e bom, eu acho, se nos próximos anos cada dia de posse seja declarado dia de oração."
    
Aqui está a íntegra do discurso e abaixo o vídeo:


2 comentários:

AVNC disse...

Como é ótimo ler essas linhas! Eu fiquei tão acostumado a ouvir meus professores despejando veneno em Reagan, no livre mercado e no capitalismo em geral que tinha me esquecido dessa sensação. Agora que terminei o Ensino Médio, vou poder aguçar um pouco mais minhas veias intelectuais longe desse marxismo estúpido que ainda vigora no nosso sistema.

É um texto que verdadeiramente faz jus ao legado de Reagan. A única coisa que tenho a lamentar é que não poderei estar presente nas comemorações do centenário. Eu só fui descobrir isso em dezembro e é impossível conseguir um visto para os EUA até 6 de fevereiro. O que me serve de consolo é que, ano que vem, estarei presente na Convenção Nacional do Partido Republicano em Tampa, Flórida. É claro que estarei torcendo entusiasticamente por Sarah Palin ou por Newt Gingrich.

Até lá, ainda falta um bocado. Enquanto isso, me contentarei com as montanhas da serra mineira. Amanhã vou partir para Minas Gerais e não poderei comentar por alguns dias.

Abraços, AVNC

Pedro Erik Carneiro disse...

Caro AVNC,

Ah, se eu tivesse sua percepção quando eu terminei meu ensino médio. Nunca fui esquerdista, graças a Deus, mas demorei muito a ver onde está a verdade. Parabéns.

Grande abraço, boa viagem e não deixe de me informar sobre a convenção dos republicanos.

Pedro Erik