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Acima uma charge de Bob do jornal The Telegraph. Ela mostra Obama e David Cameron (primeiro-ministro do Reino Unido) vestidos de mulher aparentemente em um trem, combinando de saírem juntos do vagão, enquanto dois talibãs ouvem a conversa. Achei bem legal, pois lembra o principal problema da retirada de tropas americanas e aliadas do Afeganistão: a volta do Talibã ao poder no país.
Desde o discurso do Obama na última quarta que se discute o que fazer com a guerra mais prolongada dos Estados Unidos (faz dez anos este ano). Obama quer retirar 10 mil homens este ano e 33 mil homens até o verão de 2012, prevendo retirar todos até 2014.
Esta guerra começou em outubro de 2001, pois era no Afeganistão que a al-Qaeda conseguiu abrigo para lançar o ataque de 11 de setembro. Naquele momento, o Talibã dominava o país. O Talibã logo perdeu o poder, e eleições foram feitas no país, que elegeram Hamid Karzai em 2004, mas o Talibã manteve uma guerra de guerrilha contra as tropas americanas e a al-Qaeda conseguiu se manter ativa dentro e fora do Afeganistão.
Bin Laden foi morto no mês passado, mas a al-Qaeda não morreu. É forte em países como Iêmen e Somália. A morte de bin Laden ocorreu no Paquistão, país que se diz aliado dos Estados Unidos, e só ocorreu porque as forças americanas estão no Afeganistão.
O discurso do Obama não agradou muito nem os que são do partido dele, que querem uma saída bem mais rápida dos soldados americanos, nem os generais em campo na guerra que acham que é preciso mais tempo para vencer o Talibã.
Obama enfrenta queda em popularidade e a maioria da população americana não vê com bons olhos a guerra prolongada, quando o país está crise financeira e os Estados Unidos ficam enviando milhões de dólares ao governo afegão de Hamid Karzai, que é completamente corrupto (as últimas infprmações dão conta da compra de um apartamento de luxo em Londres por Karzai). Para muitos, Obama está pensando apenas nas eleições do próximo ano e esquecendo os conselhos dos generais
Os textos que li sobre o assunto de muita gente que respeito são bem complexos. O site Stratfor, especializado em terrorismo internacional, costuma argumentar que se deve primeiro posicionar a guerra do Afeganistão. É uma guerra para derrotar a al-Qaeda ou é para derrotar o Talibã? Se for para derrotar a al-Qaeda, as tropas podem ir embora, pois a al-Qaeda está bem mais forte em outros países. Se for para derrotar o Talibã, então deve-se ficar pois a insurgência está longe de ser derrotada.
Ann Coulter, uma das maiores críticas do governo Obama, debateu sobre a guerra na quarta-feira com Bill O'Reilly, que tem o programa mais assistido da TV a cabo dos Estados Unidos. Bill O´Reilly diz que deve-se confiar no generais que estão no campo de batalha, especialmente o general Petraeus, que conseguiu estabelecer vitória na guerra do Iraque, e que quer ficar mais tempo no Afeganistão, contando com mais tropas. Ann Coulter argumentou que a guerra do Afeganistão não é de interesse dos Estados Unidos e que o Talibã, apesar de dá abrigo, não sabia que a al-Qaeda estava armando os ataques de 11 de setembro. Os Estados Unidos, para ela, deveriam se concentrar em inimigos mais perigosos ao país.
Peter Oborne, do jornal The Telegraph, diz que o plano do Obama não vai funcionar, o resultado da saída das tropas será uma guerra civil no Afeganistão, com o Talibã voltando a dominar boa parte do país, e muita carnificina. Em resumo, o ocidente estará dando as costas para crise humanitária que irá acontecer por lá.
Con Coughlin, outro especialista em conflitos, diz que Obama sabotou as operações dos generais em campo por conta das eleições.
O próprio Talibã diz que rejeita os planos do Obama e promete guerra.
Muitos outros dizem que a guerra do Afeganistão é invencível, não é possível livrar o país do domínio de radicais, pois o país é formado em grande parte de pessoas analfabetas, facilmente dominadas por apelos do radicalismo. Então, não vale a pena investir tantos recursos e vidas dos soldados americanos (6 mil soldados morreram nas duas guerras do Iraque e do Afeganistão desde 2001).
Eu realmente estou bastante confuso com todos os textos. Tendo a concordar com Ann Coulter de que há inimigos muito mais importantes, que o custo é alto e que os Estados Unidos não podem gastar recursos escassos. Mas concordo com O´Reilly e Coughlin, que deve-se ouvir os generais que estão no campo e com Oborne, que o Talibã voltará a dominar o país. Além disso, reconheço que o Afeganistão é uma importante base de apoio para vencer o terrorismo no mundo, como foi caso da morte de bin Laden.
E vocês, o que acham?
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