quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A História da Crise da Europa

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O jornal Wall Street Journal faz hoje uma excelente reportagem sobre como a crise da Europa se desenvolveu este ano. Mostrando conversas de bastidores, gráficos comparativos entre economias que adotaram o Euro e as que não adotaram na Europa, e entrevistas com as famílias atingidas pela crise.

Para o jornal, a crise começou a se tornar crítica após um ultimato feito em abril de 2011 pelo o ex-presidente do FMI Strauss-Khann para ministros da fazenda do continente europeu. Strauss-Khan disse que o FMI não tinha recursos para dar apoio financeiro para Grécia. Então, ou os países europeus iriam financiar a Grécia com dinheiro público ou iam deixar os bancos que compraram títulos gregos assumir suas perdas com a inadimplência da Grécia. A partir daí a crise da Europa se desenrolou mais seriamente até atingir Portugal, Bélgica, Espanha e Itália.

E a crise continua, pois os líderes europeus ainda não decidiram quem tem de pagar a conta: o povo ou os banqueiros. A Alemanha geralmente procura aliviar a carga sobre sua população, já que é o país que mais contribui com qualquer ajuda financeira. E a França destaca-se por defender seus bancos que estão mais vendidos em títulos de países em crise, argumentando que a inadimplência grega provocaria uma fuga do Euro.

Abaixo, uma linha de tempo na Crise na Europa que mostra os yields (taxas de retorno) dos títulos públicos dos países em crise, as ajudas financeiras e as reuniões do líderes.



Acho que o texto (com link para outros textos) tem duas mensages:

1) Os países nunca seguiram muito a risca as regras impostas pela União Européia em matéria fiscal;

2) Os países que ficaram foram da adoção do Euro na Europa estão em melhores condições.

Para o primeiro ponto, veja no quadro abaixo que mesmo a Alemanha e a França não respeitaram o limite de déficit público de 3% do PB.


Para o segundo ponto, vários gráficos mostram que economias que não adotaram o Euro evoluíram melhor no tempo.Países como Reino Unido, Suécia, Polônia, República Tcheca e Hungria cresceram mais do que os da Zona do Euro.

5 comentários:

Anônimo disse...

Esses bancos, envolvidos na crise, tem sistema de poupança? Caso tenham e tenham que pagar o prejuízo, esse dinheiro de poupança não estaria ameaçado?

Pedro Erik Carneiro disse...

Aí deve-se fazer uma avaliação caso a caso, Eduardo. Mas creio que Grécia e Portugal têm os piores casos e creio que tudo no sistema financeiro está ameaçado nestes dois países.

Abraço,
Pedro

Anônimo disse...

Pessoas que estão ficando sem dinheiro por impostos podem ficar sem dinheiro por falência bancária.

Deixar os bancos com a perda, ameaçados de falir, não seria legal.

Pedro Erik Carneiro disse...

Pode ser, Eduardo, mas acho que os gregos, portugueses, espanhóis, italianos e belgas não aceitarão muitos arrochos. E aos alemães não estão muito dispostos a gastar muito mais com os colegas europeus.

Abraço,
Pedro Erik

Eduardo R. V. disse...

Aí está. Aceitarão algum arrocho. O imposto seria um impacto menor que um apagão financeiro pela falência dos bancos. Não?

Tenho pensado que não querem resolver uma crise ecônomica, querem evitar que ela seja social. (Com mais revoltosos).