quarta-feira, 6 de julho de 2011

Aumento de Gastos Militares na China




Li hoje uma ótima reportagem do Wall Street Journal sobre o aumento de gastos militares na China, em contraposição a redução desses gastos nos Estados Unidos. Acho que os autores, Dan Blumenthal e Michael Mazza, poderiam incluir mais países que estão reduzindo gastos, como boa parte dos europeus.

Há uma frase no texto muito reveladora que foi dita pelo ex-secretário de Defesa Harold Brown sobre os soviéticos que também se aplica à China: "Quando nós construímos, eles constroem, quando nós cortamos, eles constroem" ("When we buid, they build, when we cut, they build"). A frase mostra uma importante diferença entre democracia e ditadura. Na democracia, as demandas populares são respondidas prontamente porque os líderes têm receio de perder o poder. Se há problemas sociais ou econômicos, as questões militares tendem a ter menos influência. Obama não está conseguind alavancar a economia americana e isto é a sua principal preocupação para poder se reeleger no próximo ano.

Como o risco de perder poder é bem limitado em ditaduras, os tiranos fazem o que acham melhor, sem respeitar nennhum limite legal ou político. Basta ver o aumento de gastos militares também na Venezuela, enquanto o país está perdendo eficiência econômica, e o povo sofre com a falta de energia e a inflação.

Blumenthal e Mazza dizem:

Beijing has the most ambitious missile program in the world—including an anti-ship ballistic missile that threatens U.S. aircraft carriers. China is also investing heavily in submarines and surface ships; stealthy fighter aircraft; and space and cyber-warfare capabilities.  (Beijing tem o mais ambicioso programa de mísseis no mundo, incluindo um missíl anti-navios balísticos que ameaça os cargueiros norte-americanos. China está também investindo pesadamente em submarinos, navios, aeronaves de combate que não são vistas em radares, e em capacidade de guerra tecnológica e espacial).

Alguém pode argumentar: mas a a China está de vento em popa economicamente. A China não é uma Venezuela.

Acontece que isto não é verdade. A economia chinesa está com problemas inflacionários e com dificuldades para manter a economia crescendo. Por exemplo, hoje mesmo a China aumentou pela terceira vez no ano sua taxa de juros para conter a inflação.

Qual é o problema então de Estados Unidos estarem reduzindo seu poderio militar e a China aumentando? Blumenthal e Mazza vêem dois resultados disso. Ou a China se torna o hegemon (aquele dá as ordens internacionais) na Ásia, ou os vizinhos chineses tenderão a se armar com armas nucleares com receio do avanço chinês.

Mas sobraram perguntas não respondidas no texto de Blumenthal e Mazza.

O Japão permitirá esse avanço chinês? A Coréia do Norte irá avançar sobre a Coréia do Sul, com apoio da China? A Rússia e a Índia permitirão predomínio chinês nas suas vizinhanças? Como se comportará o mundo muçulmano? Ele se alinhará a China? E o resto mundo? Entraremos em um novo mundo bipolar? Qual a ideologia que propaga a China? Comunismo não é.

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