terça-feira, 12 de julho de 2011

Terrorismo na Ilha Margarita

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Uma comissão sobre contra-terrorismo do Congresso dos Estados Unidos analisou as evidências da presença do Hezbolah na América Latina na semana passada. Duas regiões se destacaram nessas evidências: Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai e a Ilha Margarita na Venezuela. A presença de grupos terroristas na Tríplice Fronteira não é novidade, a novidade é a Ilha Margarita.

Ilha Margarita é uma das principais atrações turísticas da Venezuela, assim como a área da Tríplice Fronteira entre Brasil, Paraguay e Argentina. O turismo parece facilitar a presença de grupos terroristas. Mapa abaixo da Ilha






O congresso americano ouviu quatro analistas: Roger Noriega, ex-secretário de estado do Governo Bush e atual membro do American Enterprise Institute, Douglas Farah, membro do International Assessement and Startegy Center, Ilan Berman do American Foreign Policy Council, e Melani Cammett, da Brown University.

Todos, com exceção da professora da Brown University que centrou sua análise nos riscos de ataque aos Estados Unidos, foram unânimes em considerar o crescente envolvimento do Hezbollah na América Latina, com presença do grupo no governo venezuelano, em treinamento para terroristas, envolvimento com nacortráfico, contrabado de armas e tráfico de pessoas.

Roger Noriega identifou 80 operações do Hezbollah na América Latina em 12 países, mas destacou a Triplice Fronteira e a Ilha de Margarita. Para ele, a Ilha está superando a Tríplice Fronteira como principal ponto de apoio terrorista na região da América Latina. Há treinamento para terrorista lá e reuniões entre grupos terroristas do Irã, da Síria e o governo venezuelano. Em 2009, ocorreu intercepção de um navio carregado de armamento que saiu da Venezuela para a Síria  e a empresa área Conviasa faz vôos regulares entre a Venezuela e Damasco e Teerã, que são usados por membros do Hezbollah. Com o risco de morte de Chávez, Noriega avalia que a Tríplice Fronteira pode retomar sua maior força em apoio ao terrorismo.


Atualmente, o governo da Venezuela tem um diplomata  libanês na Síria, chamado Ghazi Nassereddine Abu Ali, que é o principal articulador da relação entre grupos terroristas e a Venezuela. O irmão dele, Oday Nassereddine recruta pessoas para treinamento para terrorismo na Ilha. 

Outro nome de articulação é o de Mohsen Rabbani, acusado pela argentina de participação nos ataques a embaixada israelense em 1992 e a associação israeleita em 1994, na Argentina. Rabbani recruta terroristas oriundos do Brasil e da Venezuela,  já veio ao Brasil várias vezes, tem um filho que mora aqui, o sheik da mesquita de Guaralhos, Khaled Tak el-Din, é ligado ao Hezbollah, e ele frequentemente vai a Venezuela.

Douglas Farah centro sua análise na rede usada pelo Hezbollah para arrecadar fundos. Uma rede que passa pelo contrabando de de diamantes na África até os túneis usados pelos narcoterroristas para entrar nos Estados Unidos por meio do México. Para ele também, a presença do Hezbollah na América Latina tem aumentado e se sofisticado, especialmente após a chegada de Ahmadinejad e Chávez ao poder. Farah disse que o relacionamento entre os países bolivarianos (Venezuela, Equador, Bolívia e Nicarágua) e o Irã é central para entender a presença do Hezbollah. A ameaça aos Estados Unidos não é apenas o uso de contrabando de armas e drogas, mas a presença política do Irã e da Síria na região. 

Farah indicou até um livro suado por Chávez para seu apoio a grupos terroristas. É o livro La Guerra Periférica y el Islam Revolucionario do político espanho Jorge Verstrynge.

Ilan Berman inicialmente se mostra preocupado com um certo desprezo dos Estados Unidos ao avanço de terrorista na porta de casa, na América Latina. A presença do Hezbollah na região começou nos anos 80 na Tríplice Fronteira. há estimativas que o Hezbollah recolhe 2o milhões de dólares anualmente desta região. Na Colômbia, o Hezbollah usa a presença de população xiita e faz tráfico de drogas. Berman também ressalta a presença do grupo no México e na Venezuela. E ainda destaca a presença do grupo no Canadá e dentro do próprio Estados Unidos, em várias cidades.

Melaine Cammet centrou sua análise nos riscos de ataque aos Estados Unidos pelo Hezbollah que se financia na América Latina. Ela considera esse risco baixo, a região seria usada muito mais para arrecadar fundos para usar no proprio Oriente Médio. Ela destoou dos outros analistas. Infelizmente, não encontrei o texto que ela usou para testemunhar no Congresso americano para colocar aqui o link. Peguei as informações do depoimento dela apenas pela ata da reunião.

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