Dois autores que admiro usaram o mesmo livro para explicar Anders Breivik, o matador da Noruega. É o livro de Richard Landes (foto acima), chamado Heaven on Earth: the Varietes od Millennial Experience, que poderia ser traduzido por "Céu na Terra: Os Diferentes Tipos de Milenialismo".
A idéia básica do Milenialismo é de que é possível viver o paraíso na Terra, bastaria uma mudança de comportamento global, ou uma mudança política ou a adoção de uma religião ou de uma ideologia. No cristianismo, a idéia milenialista de alguns surge a partir da leitura do Apocalipse (20,1-6). Há vertentes desse tipo de pensamento em todas as ideologias, é o que procura mostrar Landes, analisando casos que não são relacionados nem com o cristianismo, nem como o judaísmo. Richard Landes tem um blog chamado Augean Stable. Neste blog, ele explica o que é seu livro.
Todos aqueles que acham que o mundo é dominado por algum comportamento ou por alguns seres malvados, e que isto é que está impedindo o paraíso terrestre, flertam com o Milenialismo.
Estas pessoas procuram um momento apocalíptico que mudará totalmente a sociedade e trará o paraíso, com a total destruição das forças do mal e a chegada da sociedade perfeita. Landes mostra que este tipo de pensamento é uma presença constante na história humana e que eventos conhecidos como seculares como a Revolução Francesa, o Nazismo e o Marxismo têm fortes características milenialistas. Esses eventos tiveram a mesma sorte, primeiro há um entusiasmo exacerbado pela idéia, depois segue o desapontamento.
Landes argumenta que a história, ao contrário do que pensam ateus e renascentistas, é claramente movida por ideologias não-seculares. No livro, Landes analisa 10 diferentes casos de milenialismo, analisando os fatores sociais e psicológicos que geram as crenças milenialistas. Os casos vão desde o antigo Egito, passando pelo islamismo (a idéia milenianista está claramente no pensamento islâmico da jihad, da luta contra os infiéis) e a crença em extraterrestres.
Pois foi citando este livro de Landes, que Bret Stephens do Wall Street Journal e a escritora Melanie Phillips analisaram o assassino de Oslo.
Bret Stephens diz que o assassino não é nem religoso, nem muito menos cristão e nem mesmo conservador. Porque há sempre uma aspecto após a morte para um religioso que falta na ideologia de Breivik, assassinatos de inocentes não é um princípio cristão e um conservador não é utópico.
Stephens diz que o assassino é um milenialista, que crê que uma ataque concentrado em um ponto especial pode desencadear toda uma mudança na sociedade na direção de um paraíso terrestre.
Melanie Phillips vai até um pouco mais longe na sua análise, defendendo o mesmo argumento de que Breivik seria um milenialista fanático. Ela diz que todas as idelogias progressistas modernas são mileniaristas: ambientalismo, igualitarismo. multiculturalismo e anti-semitismo, na medida que a adoção da solução sugerida traria a perfeição ao mundo.
Achei bastante interessante a abordagem de Landes, estou propenso a comprar o livro. Sem sombra de dúvida, Breivik tinha um raciocínio milenislista, e era lunático completo ao achar que John Locke, Jonh Stuart Mill, Churchill e o cristianismo davam qualquer apoio para o comportamento dele.
4 comentários:
Tolerância e respeito a escolha do próximo em sua religião (ou não ter religião), ajudaria muito.
É verdade tolerância é muito importante, mas entenda que todos têm religião, amigo, mesmo os ateus.
Grande abraço,
Pedro Erik
BREIVIK, UM HOMEM COM ALGUMAS IDÉIAS, MAS SEM SENTIMENTO ALGUM. Um psicopata nórdico.
Não conheço o autor citado, mas seu comentário sobre ele me chamou a atenção para uma futura leitura. Agradeço.
Quanto ao norueguês Breivik, penso que ele pode ser qualquer coisa, menos um cristão. Embora ele faça referência aos templários, o uso que ele faz dessas imagens e da luta contra os islâmicos é mais uma alegoria.
Acredito que ele não goste do multiculturalismo como um subproduto do marxismo. E é mesmo. Breivik percebe algumas coisas que estão erradas, mas processa mal.
O multiculturalismo (que não se confunde com pluralismo) é um tipo de ácido que corrói a civilização ocidental de fundo cristão.
Breivik percebe isso também. Mas isso não faz dele um cristão.
Sobre ele, penso mesmo que lhe faltam as emoções. Uma pessoa se emoções (ver Antonio Damásio, o neurologista português) uma pessoa funciona mal.
As emoções são o freio para a inteligência solta.
Breivik pensa e age, mas a falta de emoções lhe permite matar pessoas com frieza, achando coisa normal. É um psicopata.
Acho que ele agiu só, talvez sob influência de algumas leituras, mas não acredito em outras células e nem em ligações com movimentos de direita ou conservadores. Ele não passa de um lobo solitário.
As investigações ainda não acabaram.
No seu mundo próprio ele, um norueguês típico, antiislâmico, não explodiu um bairro de muçulmanos. Não seria o natural a esperar de um islomofóbico?
Ele matou filhos da elite trabalhista da Noruega. Ele matou parentes dos que viabilizaram o multiculturalismo.
Talvez isso crie um certo medo na esquerda norueguesa (Partido Trabalhista).
Ele deu o recado.
Mas, como louco, a mensagem foi a maior tragédia que o país já teve. Vá compreender uma coisa dessas!
Abraço
Gutenberg.
Obrigado, pelo comentário, Gutenberg.
Acho que Landes fornece uma interessante perspectiva de análise psicológica para Breivik e também faz uma crítica importante ao pensamento secular, tão comum nas universidades.
Só tenho dúvida se esta abordagem dele não já tenha sido usada sob outro nome. Pareceu-me familiar. Bom, em todo caso eu teria que ler o livro.
Grande abraço,
Pedro Erik
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