O Jesus do Alcorão é o mesmo da Bíblia? Os profetas judeus do Alcorão são os mesmos dos da Bíblia? Ninguém melhor para explicar isto do que Robert Spencer. Eu já li vários livros dele, comecei pelo livro acima que explica de forma didática o que é o Islã para Católicos, que foi escrito com Daniel Ali.
Robert Spencer fez um programa na Aramaic Broadcast Network , Jihad Watch Show, sobre as diferenças entre a Bíblia e o Alcorão. Não vou traduzir o vídeo, que contém 1h e 30 minutos (alguém teria que me pagar para fazer isso, não tenho tempo). Mas vou falar com minhas palavras algumas coisas que Spencer disse que considerei importantes. O vídeo completo está abaixo (para quem sabe inglês).
Depois de anunciar que o programa será semanal e outros anúncios, por volta dos 2 minutos do vídeo, Spencer começa a discutir se o Islã é pacífico, como defendem os apologéticos desta religião, principalmente tomando como ponto de partida o verso 29:49 do Alcorão que diz (traduzido por mim):
"E não discuta com os Povos do Livro (judeus e cristãos), senão da melhor forma, exceto com os iníquos, dentre eles. Dizei-lhes: Cremos no que nos foi revelado, assim como no que vos foi revelado antes; nosso Deus e o vosso são Um e a Ele nos submetemos."
Isto é, o Islã está dizendo que acredita no mesmo que os judeus e os cristãos acreditam, naquilo que está escrito no Velho e Novo Testamento.
Então por que os muçulmanos não estudam a Bíblia em harmonia com os judeus e os cristãos, já que todos acreditam na revelação escrita na Bíblia?
A resposta começa logo no começo do Alcorão, no primeiro capítulo (Sura). Na Sura 1:6-7.
"Guia-nos no caminho correto. No caminho daqueles tens agraciado, não dos odiados por Ti, nem dos que se perderam."
É geralmente entendido pelos muçulmanos que os "odiados" são os judeus, pois Maomé lutou contra eles, e os que se perderam são os cristãos.
Além disso temos o verso 9:30:
"Os judeus dizem: Esdras é filho de Deus; os cristãos dizem: O Messias é filho de Deus. Tais são as palavras de suas bocas; repetem, com isso, as de seus antepassados incrédulos. Alá amaldiçoa eles! Como eles se desviam!"
Mais importante, muçulmanos acreditam que antes do judaísmo e do cristianismo existia o Islã, apesar do Islã ter nascido no século 7, muito depois do judaísmo (milhares anos antes de Cristo) e depois do Cristianismo. Quando o Islã nasceu já tinha passado quase três séculos do Concílio de Nicena (ano 325) que estabeleceu o Credo da Igreja e Santo Agostinho tinha escrito Confissões.
Mas para muçulmanos, Alcorão seria uma revelação anterior a Bíblia, e esta revelação mostraria que Abraão e Jesus são islâmicos e até anteviram a chegada de Maomé. Os judeus e os cristãos corromperam a Bíblia e tiraram as citações a Maomé e ao Islã. Então os judeus e cristãos supostamente já sabiam que Islã era a religião de Deus, mas tiraram as citações a esta religião (sabe Deus porque).
A imensa maioria dos profetas incluídos no Alcorão são bíblicos: Noé, Moisés, Abraão, Jacó, José, Davi, Salomão, Elias, Zacarias e Jesus.
Maomé seria o "selo"dos profetas. Depois dele não pode haver mais ninguém. Isto tem gerado disputas internas dentro do Islã, pois algumas seitas islâmicas acreditam em outros profetas depois de Maomé. Estas seitas são bastante perseguidas.
O pior é que algumas igrejas ditas cristãs, incluem o Maomé como profeta e não percebem que isto destruiria completamente a fé cristã. Ter-se-ia que supor que Cristo ensinou o Islã, quando as duas religiões são completamente diferentes.
Cristo, no Islã, não foi nem crucificado, como estas igrejas mantém a cruz? Também no Alcorão, Cristo não ressuscitou, nem é Filho de Deus, nem é messias (isto é, não é Cristo (messias em grego)). Em suma, Cristo desaparece.
O Alcorão dá uma versão diferente para muitas histórias bíblicas (Adão e Eva, Noé, Abraão, Jacó, José, Moisés, Maria, etc.). Spencer reforça que estas diferenças entre a Bíblia e o Alcorão revelam uma visão de mundo completamente diferente.
No Islã, não há redenção, perdão dos pecados, o Islã usa uma balança, se a pessoa teve mais atos bons do que ruins durante a vida, vai para o Paraíso, do contrário, para o inferno. Mas como saber o peso de um ato bom e o peso de ato ruim? Isto não é dito no Alcorão. Mas há garantias do paraíso para aqueles que matam ou morrem por Alá (como os homens-bomba).
Os problemas e diferenças começam logo na história de Adão e Eva, que é falada de forma espassada distribuída entre diferentes capítulos do Alcorão.
No Alcorão, Adão e Eva vão comer do fruto da árvore da vida, e não do fruto da árvore do conhecimento, como está na Bíblia. Isto significa que o pecado de Adão e Eva para o Islã não é de querer saber o que é certo e errado, não é de querer ser árbitro do que é certo e errado, não é, por assim dizer, de querer ser Deus. A tentação da árvore da vida é ter vida eterna. Mas ao comer deste fruto, não acontece nada com Adam e Eva, eles não se percebem diferentes como na Bíblia, o demônio do Alcorão simplesmente mentiu, a árvore da vida não dá vida eterna.
A diferença é tremendamente importante pois na Bíblia, quando Deus proíbe se comer da árvore do conhecimento, Ele anuncia que o ser humano não recebe de forma fácil, sem Deus, o conhecimento do que é certo e errado, ele deve respeitar Deus para saber isto. No Alcorão, não há este problema, pois tudo que o muçulmano deve fazer é se submeter a Alá, o certo é o que está escrito no Alcorão e pronto.
Uma maneira de se submeter totalmente a Alá é estabelecendo uma "sociedade justa" na Terra. Mas para os cristãos, não há como estabelecer uma sociedade justa na Terra, por causa do pecado original no coração do homem (não há o conceito de pecado original no Islã), que vem da desobediência iniciada por Adão e Eva, que escolheram o próprio entendimento do que seria o bem e o mal.
No Islã, a sociedade justa seguiria a lei islâmica (Sharia), que discrimina mulheres, infiéis, apóstatas, pagãos, ateus, judeus, cristãos e quem simplesmente critica Alá. Mas a força da lei islâmica na religião muçulmana impulsiona em muitas organizações islâmicas o desejo de derrubar a lei em vigor e estabelecer a Sharia, pois supostamente teríamos uma sociedade justa.
No final do programa, Spencer recebe um telefonema de um muçulmano atacando os cristãos. E Spencer novamente tem de lembrar que obviamente nem todos os cristãos são bons e que o cristianismo sempre pecou, e que nem todos os muçulmanos são ruins ou bons. O que ele discute é a religião islâmica e não estigmatiza os fiéis.
6 comentários:
E muitas outras coisas poderiam ser ditas, como o islão ser na sua verdadeira essência um paganismo refinado: Maomé manteve as práticas pagãs de permitir dar 7 voltas à pedra negra sagrada (um meteorito) e de orar cinco vezes por dia (eram mais vezes, mas ele reduziu para cinco), tal como faziam os antigos pagãos de Meca, e chegou a permitir a intercessão das filhas de Alá - Al Usa, Al Lat e Al Manat (naquilo que os radicais islâmicos disseram ser inspiração satânica) -, além de que Alá já existia em Meca, pois era o deus da lua árabe, por sinal o mais adorado pelo pagãos de entre um panteão de 360 ídolos. Alá na verdade não é o nome original de Deus em árabe, por isso que os cristãos de língua árabe não deveriam nunca chamar o Verdadeiro Deus de Alá.
Spencer escreveu sobre o que você comentou, Firehead.
O programa vai ter outros episódios.
Grande abraço,
Pedro Erik
Pedro, você deveria pensar em escrever algo semelhante, para que o católico brasileiro conhecesse algo de substancioso sobre o Islã. No Brasil nada de atual se discute, nossos debates são datados e quase sempre carecem de contraditório. Eu até toparia ficar sem o ThySelfoLord por uns meses para que tu se dedicasse a um ebook com esta tônica!
Abraço!
Na verdade, meu amigo Nik, eu já escrevi um artigo sobre o Isla que vai ser publicado no Reino Unido no final do ano. Eh uma critica ao modo que o isla e tratado nos papers academicos.Quando estiver disponível eu anuncio no blog.
Mas eu sei que para o Brasil teria que ser mais simples e em português.
No momento estou escrevendo sobre guerra justa.
Mas você tem toda razão. o Brasil precisa de um livro explicando o Isla na história e na atualidade.
Meu tempo é escasso mas vou pensar sério em sua sugestão.
Grande abraço
Pedro Erik
Eu insisto que considere, amigo. Abordar o Islã pela doutrina e filosofia católicas é, necessariamente tratar da guerra justa, da doutrina de sempre,da história da Igreja, dos seus Santos e etc. Um livro que se proponha abordar o assunto para leigos já será suficientemente complicado para o católico mediano brasileiro se tiver menos que 50 páginas. Se mais, não sei se terá o melhor proveito por parte dos possíveis leitores. Empresto livros de 100 páginas para amigos, Pedro, resgato-os meses depois sem terem sido completamente lidos. Somos um povo orgulhoso da nossa própria ignorância, sem ânimo de estudar, mas isso não é culpa sua ou da Igreja, que historicamente fez o que podia pela instrução dos brasileiros, mais que qualquer outra instituição. Assim, um título ou série de títulos (sic!) seus sobre pontos como este, se instigarem a mais leituras, a mais reflexão, terão cumprido seu papel.
Deus te abençoe com tempo, saúde e sabedoria para continuar este trabalho e quaisquer outros que se propuser a fazer em nome do Cristo.
Muito obrigado, Nik. Preciso de todas as bençãos mesmo. Para você também.
Vou considerar sim sua sugestão.
Tenho muitas demandas pela posição que ocupo profissionalmente, que não é relacionada a questões acadêmicas ou religiosas (trabalho como economista).
E este meu artigo sobre guerra justa está pela metade.
Acho que assim que eu publicar no final do ano, o meu artigo sobre o Islã, estarei mais crendenciado para escrever um ebook sobre o assunto. Publiquei um texto sobre terrorismo islâmico em 2012 nos Estados Unidos, mas este artigo que publicarei este ano é apenas sobre religião. Vou refletir seriamente sobre sua sugestão,
Se tiver mais ideias (editora, etc.), escreva para mim.
Deus lhe abençoe.
ICXC NIKA.
Pedro Erik
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