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Fazemos hoje a continuação do post de ontem, no qual mostramos o filósofo Peter Kreeft falando sobre como se pode definir a felicidade em Jesus Cristo. O ponto de Kreeft é o sermão central do Novo Testamento, o Sermão da Montanha, das bem-aventuranças (Mateus 5, 3-12).
Vejamos hoje o que disse Kreeft sobre cada bem-aventurança.
1) Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu.
Para o nosso desejo de riqueza, Cristo diz: "Bem-aventurados os pobres de espírito." Para o nosso desejo de ausência de dor, ele diz: "Bem aventurados os aflitos." Para o nosso desejo de poder, ele diz: "Bem-aventurados os mansos." Para o nosso desejo de contentamento com nós mesmos, ele diz: "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça." Para o nosso desejo de vingança, ele diz, "Bem-aventurados os misericordiosos". Para o nosso desejo de sexo, ele diz: "Bem-aventurados os puros de coração." Para o nosso desejo de conquista, ele diz: "Bem-aventurados os pacificadores". Para o nosso desejo de aceitação, diz ele, "Bem-aventurados os perseguidos." E para o nosso desejo de mais vida, ele oferece a Cruz. E este homem carregando sua cruz para o Calvário nos diz: "Meu jugo é suave e o meu fardo é leve."
Nós dizemos como abençoados nós somos por termos uma nação rica. Cristo diz que não, você é abençoado quando você é pobre. Pobre não só em sua conta bancária, mas na profundidade de seu coração, pobre de espírito, alheio ao valor dos bens materiais.
Quando a Universidade de Harvard convidou Madre Teresa para fazer um discurso, ela chocou a universidade ao responder o convite. A Universidade escreveu que "a pessoa mais famosa de uma das nações mais pobres do mundo, iria discursar para a nação mais rica do mundo" Madre Teresa respondeu: "A Índia não é um nação pobre, a Índia é muito rica. Ela tem muitas riquezas, verdadeiras riquezas espirituais. E a América não é uma nação rica. É pobre, desperadamente pobre. Ela massacra seus próprios filhos em gestação. "
2) Felizes os aflitos, porque serão consolados.
Bem, o que poderíamos dizer com esta segunda bem-aventurança? Luto certamente não é uma expressão de contentamento, seguramente não é parte da felicidade. No entanto, Cristo nos diz que aqueles de luto, aflitos, serão abençoados.
O luto é a expressão do descontentamento, da diferença entre o desejo e a satisfação, de sofrimento. Buda fundou uma religião inteira sobre o problema do sofrimento, ou dukkha, e suas causas, tanha, e avarezas, e suas curas, o caminho para o nirvana seria a abolição do sofrimento e suas fontes.
Ao contrário do Buda, Cristo não veio para nos libertar do sofrimento, mas para transformar seu significado, para tornar o sofrimento salvítico. Ele veio para nos salvar do pecado, e ele fez isso justamente abraçando o sofrimento e a morte que são o resultado do pecado.
3) Felizes os mansos, porque possuirão a terra.
Os mansos herdarão a Terra - Quem são eles? Eles não são conhecidos. Eles não têm sede de honra, fama ou glória, e eles não normalmente não têm isso.
Nós todos queremos ser conhecidos. Mas Deus, que é supremamente abençoado, é anônimo. Ele esconde constatemente Sua glória. Ele veio como um bebê, e morreu como um criminoso executado. Ele é totalmente manso e totalmente abençoado.
Os mansos são aqueles que não ferem, que não vêem a vida como competitiva, porque eles entendem duas premissas.
Primeiro, que as melhores coisas da vida são espitituais, não materiais. O signficado da vida é para ser encontrado na sabedoria, no amor, na santidade e não no dinheiro, poder ou fama.
E eles entendem o segundo princípio, que as coisas espirituais não são competitivas. Elas se multiplicam quando são compartilhadas.
4) Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
O bem maior, em nossa cultura, é auto-estima e satisfação. Cristo nos choca ao abençoar a insatisfação, não a insatifação com nosso lugar no mundo, não a ambição mundana, com o lucro, poder ou prazer, mas fome e sede por justiça e por santidade - insatisfação com nossos pecaddos, paixão por santidade.
O que Cristo abençoa nós chamamos de fanatismo. Cristo não apenas abençoa, Ele exige de nós. Ele usa palavras chocantes: "porque você não é nem frio nem quente eu cuspo você da minha boca". Ele está satisfeito com a gente só se estão descontentes com nós mesmos.
Pascal disse: "Existem apenas três tipos de pessoas: aqueles que buscam a Deus e O encontram - estes são sábios e felizes. Aqueles que buscam a Deus e não O encontram - estes são sábios mas infelizes. Aqueles que vivem sem procurar Deus - estes não são sábios nem felizes". Jesus disse o mesmo de forma mais sucinta: "Buscai e achareis".
5) Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia.
Quinto, nós queremos nossos direitos. É por isso que, se a gente for moralmente correta e trabalhar pela justiça, nós estaríamos praticando o imperativo categórico da Regra de Ouro. Isto é justiça, Cristo não condena, mas Ele não chama isso de abençoado. Porque é apenas o mínimo, não o máximo, é apenas o começo, não o fim, a fundação, não a casa. Não é o bastante. A justiça sozinha não garante a paz. Apeans a misericórdia garante.
A nossa esperança não deve ser de que vamos obter justiça - meu Deus, o que seria de nós se fosse? Nossa esperança é na misericórdia. Foi a misericórdia que nos criou. E é a misericórdia que gratuitamente e graciosamente nos eleva acima dos anjos para nos unir com a natureza divina.
6) Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.
Sexto, quando ouvimos a palavra "pureza", "Bem-aventurados os puros de coração", pensamos logo em pureza sexual. Talvez Cristo tivesse isto em mente, talvez não, mas nossa reação nos diz algo sobre a gente, nos diz que o sexo é o nosso novo deus. Tudo é tolerado, sacrificado, justificado, em nome deste deus. Um terço das nossas mães que assassinam os seus próprios bebês em gestação o fazem em nome deste deus. É claro que o aborto é sobre sexo, a única razão para o aborto é fazer sexo sem os bebês. Aborto é o backup contra a contracepção.
Quando Cristo diz que a recompensa é ver Deus, ele não quer dizer apenas na próxima vida.
A maioria dos leitores modernos ficam muito surpresos ao saber que grandes Doutores da Igreja, incluindo o Santo Agostinho, São Tomás de Aquino e São João da Cruz, consideraram que a luxúria fazia cegar a razão.
7) Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Sétimo, Cristo não abençoa a paz, mas aqueles que fazem a paz. Pacificadores não são pacifistas. Pacificadores são guerreiros, eles são especiais, guerreiros espirituais, guerreiros contra a guerra. Às vezes, a guerra pode ser conquistada apenas com guerra. O mundo não pode dar a paz de Cristo. Em Cristo, a paz é com o próximo, comigo mesmo e com Deus, não com o mundo, com a luxúria, com o diabo.
Cristo abençoa os pacificadores, mas quando você está em guerra, você só pode fazer a paz travando e ganhando a guerra. O cristianismo é crítico, negativo e repressivo. Para o cristianismo nos estamos em guerra desde que saímos do Éden, e a guerra julga os inimigos (É por isso que a guerra é travada, porque o julgamento é feito sobre o inimigo), reprime o inimigo e destrói o inimigo. Nossos inimigos são reais. Eles não são homens, são os demônios. E eles também são nossos próprios pecados.
8) Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu.
A oitava bem-aventurança abençoa não apenas dor e sofrimento, mas perseguição. Ou seja, sofrimento imposto por rejeição e ódio.
A recomepnsa que abençoa a perseguição é a mesma para pobreza: o Reino do Céu. Perseguição tem as mesmas bênçãos da pobreza, porque perseguição é um tipo de pobreza, não de dinheiro, mas de amor.
Precisamos desesperadamente de amor do mundo. Mas Cristo não é o mundo. O mundo é pecador, iludido a todo conhecimento do bem e do mal. O mundo tem medo de Cristo, como a cavidade tem medo medo do dentista ou o mentiroso tem medo da luz.
A perseguição não é abençoada em si mesma, mas apenas em nome de Deus.
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Espero que tenham gostado, leiam o texto completo de Kreeft clicando aqui.
2 comentários:
Simplesmente excelente! Muito obrigado pela tradução.
Ah! Depois de ter lido o livro "A Vida de Joana D'Arc", eu assisti primeiro um filme que tinham me recomendado "Le Procès de Jeanne d'Arc" de 1962, filme parecido com o que você recomendou por tratar apenas do julgamento dela. Mas "The Passion Of Joan Of Arc" de 1928, achei muito mais interessante, por se tratar de um filme mudo ele teve trilha sonora ao vivo, também pela própria história do filme material, que o original pegou fogo e tudo mais...Baixei o filme mudo via torrent e depois baixei "Voices of Light" de Richard Einhorn do próprio youtube para acompanhar e gostei muito, valeu pela dica.
Obrigado, avmss.
Vou ver esta sua dica.
Grande abraço,
Pedro Erik
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