O papa Francisco resolveu escrever no jornal italiano La Reppublica em resposta a um ateu da Itália chamado Eugenio Scalfari, que é conhecido esquerdista italiano, fundador do jornal e membro de partidos socialistas radicais. Scalfari havia escrito que gostava de saber do Papa se ateus poderiam ir para o Paraíso.
Bom, a Doutrina da Igreja Católica já responde a esta pergunta, e diz que aqueles que não tiveram acesso a Deus, que não conhecem Cristo nem a Igreja pode ir para o Paraíso pela misericórdia divina se seguirem os bons preceitos do direito natural. Mas aqueles que conhecem a Cristo e a Igreja só chegam ao Paraíso seguindo os ensinamentos de Cristo propagados pela Igreja Católica (ver parágrafo 16 aqui para texto oficial)
Mas o Papa resolveu responder de uma forma que pareceu que ele está dando apoio ao ateísmo e ao agnosticismo. Foi assim que pareceu ao jornal The Telegraph, por exemplo.
O texto do jornal em que o Papa responde está em italiano, daí eu usei o "Googel Translate" para não ficar refém do que falou o The Telegraph.
Ao ler, vi que as palavras do Papa são na busca do diálogo com o ateu, mas elas acabam fragilizando realmente a Doutrina Católica. O Papa não diz, mas parece estar dizendo: "olha eu encontrei a verdade em Cristo, mas você pode encontrar a verdade usando a consciência".
Vou traduzir aqui as partes que levaram a muita gente a ficar chateada com as palavras do Papa, como Patrick Archbold que diz que pelas palavras do Papa é melhor ser ateu para se chegar ao Paraíso.
Diz o Papa Francisco (traduzo em azul):
A misericórdia de Deus não tem limites se você vai para ele com coração sincero e contrito, a questão para aqueles que não acreditam em Deus é obedecer a sua consciência. Pecado, mesmo para aqueles que têm fé, existe quando se vai contra a consciência. Ouvir e obedecer a consciência, de fato, decide o que é percebido como bom ou ruim. E sobre a decisão de agir bem ou mal.
Este parágrafo do Papa Francisco é realmente terrível em termos teológicos!!
A consciência humana não pode ser o determinante das ações, pelo simples fato da consciência ser humama, frágil, propensa ao erro. Só Cristo determina o que é certo e errado.
Depois o Papa Francisco ainda diz:
A verdade para a crença é cristã é o amor de Deus em Jesus Cristo. Então, a verdade é uma relação! Neste sentido, cada um pega o que recebe e expressa isto na história e cultura em que vive. Isto não significa que a verdade é subjetiva e variável, longe disso. Mas significa que ela nos dá sempre um maneira de viver. Jesus mesmo disse "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". Em outras palavras, a verdade é no final das contas amor, ela requer humildade e abertura a todos. Portanto, nós devemos entender bem o outro que nos opõe. Eu acho que há uma necessidade para se ter um diálogo pacífico e construtivo."
Neste parágrafo, fiquei feliz que o Papa lembrou que Jesus é caminho, a verdade e a vida. Faltou apenas lembrar que ninguém vai ao Pai senão por Cristo, como o próprio Cristo falou. E acho que a ânsia de diálogo do Papa fragiliza o caminho de Cristo.
O que vocês acham?
Muita gente não se apegou ao texto, apenas ao fato de um papa respondendo a um ateu no jornal e gostou do fato, como John Allen Jr.
O Padre Z lembrou que não é dentro de jornais que devemos ler a Doutrina da Igreja, mas discute o que o Papa escreveu tentando defendê-lo.
Bom, fico com um comentário de Archbold em seu blog: "o problema é que quase toda semana estamos discutindo o que o Papa quis "realmente" dizer".
É verdade, ao que parece o Papa Francisco é frágil em matéria teológica relativamente aos seus antecessores, Papa João Paulo II e Papa Bento XVI, e na sua ânsia de ser humilde e de dialogar vai deixando pedaços da doutrina pelo caminho.
Rezemos pelo Papa Francisco e pela Igreja.
16 comentários:
é aquele detalha, quem conversa demais acaba dando bom dia a cavalo.
É verdade, Juscelino, eu já disse aqui que o Papa parece que gosta demais de aparecer, isto me incomoda.
Mas rezemos por ele.
Prezado Pedro
A doutrina catolica (e não só ela, também a filosofia moral) ensina que a consciencia é a regra proxima dos atos humanos. Isso significa que todo homem é obrigado a obedecer à propria consciencia e peca toda vez que age contra a propria consciencia.
Isso não significa que a consciencia seja livre para determinar o certo e o errado, nem que o homem não tenha o dever de formar a propria consciencia. Em verdade, o certo e o errado são determinados pela lei divina, natural e positiva, mas o homem só pode fazer experiencia desta lei pela mediação da propria consciencia. Aliás, é no sacrario da consciencia moral individual que ressoa a voz da Lei de Deus.
Como ensina o Doutor Zelantissimo, Santo Afonso Maria de Ligorio:
«Duplex est regula actuum humanorum, una dicitur remota, altera proxima. Remota sive materialis est lex divina, proxima vero, sive formalis est conscientia; quia licet conscientia in omnibus divinae legi conformari debeat, bonitas tamen, aut malitia, humanarum actionum nobis innotescit, prout ab ipsa conscientia aprehenditur, ut docet S. Thomas».
http://books.google.com.br/books?id=LGiz6r04M9kC&pg=PA425&dq=theologia+moralis+alphonsi+%22de+conscientia%22&hl=pt-BR&sa=X&ei=KJs7UqP7MuPQiwLTyIHQCA&ved=0CEMQ6AEwAw#v=onepage&q=theologia%20moralis%20alphonsi%20%22de%20conscientia%22&f=false
"Duplice é a regra dos atos humanos, uma é dita remota; outra, proxima. Remota ou material é a lei divina, porém a proxima ou formal é a consciencia; porque, embora a consciencia deva em todas as coisas conformar-se à lei divina, todavia a bondade ou malicia das ações humanas chega ao nosso conhecimento na medida em que é apreendida pela propria consciencia, como ensina S. Tomás."
O que o papa disse aí é uma coisa muito certa: se os ateus ouvirem atentamente a propria consciencia escutarão voz de Deus. Se ainda não escutaram, é porque se fecham à voz da consciencia.
Mais sobre isso você pode aprender no tratado IV da primeira parte da Teologia Moral do pe. Torre del Greco:
http://saotomas.com/livros/Portugues/Teologia_Moral__compndio_-_1_parte__-_P_Teodoro_da_Torre_Del_Greco.pdf
E no Catecismo da Igreja Catolica:
http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p3s1cap1_1699-1876_po.html#ARTIGO_6_
Peço a gentileza, a bondade, a caridade e a humildade de corrigir o que você escreveu nesse ponto.
Graça e paz,
Acho que este atalho é mais direto para o texto citado de Santo Afonso:
http://books.google.com.br/books?id=EmxQAAAAcAAJ&pg=PT2&dq=%22una+dicitur+remota%22+%22sive+materialis+est+lex+divina%22&hl=pt-BR&sa=X&ei=hKI7UpLNBYns8wTMkoGICQ&ved=0CEIQ6AEwAzgK#v=onepage&q=%22una%20dicitur%20remota%22%20%22sive%20materialis%20est%20lex%20divina%22&f=false
Caro Rodrigo,
Infelizmente, meu amigo, você não me convenceu. Olhe a parte da própria frase que você usou:
"todavia a bondade ou malicia das ações humanas chega ao nosso conhecimento na medida em que é apreendida pela propria consciencia"
Viu? A frase diz que a cosnciência erra.
Não é questão de orgulho, é que eu mesmo já discuti aqui no blog o que o ilustre teólogo católico americano Peter Kreeft falou da consciência como base da moralidade. Veja em:
http://thyselfolord.blogspot.com.br/2012/12/o-que-ou-quem-estabelece-o-certo-e-o.html
E a frase do Papa vai justamente de encontro ao que Kreeft falou. A consciência não pode determinar o certo e o errado.
Deus atua nas nossas consciência, mas Ele, a lei divina é a única fonte de moralidade possível.
O Papa deveria qualificar o que ele falou. Tenho certeza que ele sabe que Deus é a única fonte de moral possível.
Abraço,
Pedro Erik
Prezado Pedro
Sim, a consciencia erra. Quem está negando isso? Ocorre que a consciencia, mesmo quando erronea, deve ser obedecida, se é subjetivamente reta. Acompanhe o que diz sobre isso o pe. Royo Marín (acredito que não preciso traduzir o castelhano):
«La conciencia invenciblemente errónea puede ser accidentalmente regla subjetiva de los actos humanos. La razón es porque la conciencia invenciblemente errónea es subjetivamente recta (aunque objetivamente sea equivocada), y esto basta para que sea obligatoria cuando manda o prohíbe y para que excuse de pecado formal cuando permite» (Teología Moral para seglares, v. I, n. 156).
Para saber quem é Royo Marín:
http://es.wikipedia.org/wiki/Antonio_Royo_Mar%C3%ADn
O sr. Kreeft pode ser ilustre o quanto se queira, mas o artigo dele que você traduziu está cheio de erros grosseiros em filosofia e teologia. Especialmente quando ele diz que a razão e a natureza humana não são a fonte da moral. Ele tomaria um belo puxão de orelhas de Santo Tomás por não ter lido a Suma Teologica:
http://hjg.com.ar/sumat/b/c94.html
Acho que deve ser por conta desses erros grosseiros que o artigo do sr. Kreeft não está mais disponivel no sitio da Cardinal Newman Society:
http://blog.cardinalnewmansociety.org/2012/12/12/peter-kreeft-on-if-good-and-evil-exist-god-exists/
E a frase do Papa vai justamente de encontro ao que Kreeft falou.
E entre o papa e Kreeft, você fica com Kreeft, certo?
Aí eu te pergunto:
1. Santo Afonso de Ligorio, doutor da Igreja, está errado quando ensina que a consciencia é a regra proxima dos atos humanos?
2. O Catecismo da Igreja Catolica está errado?
3. Tem outro jeito de conhecer a lei moral senão pela mediação da propria consciencia?
Pois o que o papa falou está de acordo com Santo Afonso e o Catecismo. Se o papa está errado, Santo Afonso e o Catecismo também estão.
Graça e paz,
Caro Rodrigo,
Acho que você concroda comigo, mas não entendeu meu ponto. Vou repetir.
O Papa disse:"Ouvir e obedecer a consciência, de fato, decide o que é percebido como bom ou ruim. E sobre a decisão de agir bem ou mal."
Ouvir a consciência decide o que é errado e sobre ações????
Não!!!!
Pode-se dizer que Hitler ouviu sua consciência ao matar milhões.
Apenas a consciência COM Deus presente pode decidir, por isso apenas Deus pode ser base da moral.
Em outra palavras, ouvir Deus decide o que é errado e certo.
Abraço,
Pedro
Além disso, Rodrigo.
Peter Kreeft não só leu São Tomás de Aquino como é autor do resumo da Summa Teológica mais lido do mundo.
Procure Summa of the Summa by Peter Kreeft.
Abraço,
Pedro Erik
Carissimo Pedro
Vamos examinar o proprio texto do papa?
«Vengo così alle tre domande che mi pone nell'articolo del 7 agosto. Mi pare che, nelle prime due, ciò che Le sta a cuore è capire l'atteggiamento della Chiesa verso chi non condivide la fede in Gesù. Innanzi tutto, mi chiede se il Dio dei cristiani perdona chi non crede e non cerca la fede. Premesso che - ed è la cosa fondamentale - la misericordia di Dio non ha limiti se ci si rivolge a lui con cuore sincero e contrito, la questione per chi non crede in Dio sta nell'obbedire alla propria coscienza. Il peccato, anche per chi non ha la fede, c'è quando si va contro la coscienza. Ascoltare e obbedire ad essa significa, infatti, decidersi di fronte a ciò che viene percepito come bene o come male. E su questa decisione si gioca la bontà o la malvagità del nostro agire.»
Tradução:
"Passo agora às três perguntas que você me pôs no artigo de 7 de agosto. Parece-me que, nas duas primeiras, o que está no seu coração é compreender a abordagem da Igreja para com aqueles que não compartilham a fé em Jesus. Antes de tudo, me pergunta se o Deus dos cristãos perdoa quem não crê e não procura a fé. Admitindo que -- e é a coisa fundamental -- a misericordia de Deus não tem limites se nos acercamos d'Ele com coração sincero e contrito -- a questão para quem não crê em Deus está em obedecer à propria consciencia. O pecado, também para aqueles que não têm fé, existe quando se vai contra a consciencia. Escutar e obedecer a ela significa, de fato, decidir-se de frente àquilo que vem percebido como bem ou como mal. E nesta decisão se compromete a bondade ou a maldade do nosso agir".
Portanto, o papa não disse que a consciencia decide o que é errado ou certo sobre as ações. O que o papa disse é que, quando alguém está para decidir-se a fazer ou não alguma coisa, deve, nesta decisão, obedecer à propria consciencia ("obbedire alla propria coscienza") e que é a consciencia que percebe algo como bem ou mal ("ciò che viene percepito come bene o come male").
Portanto, o papa não disse que é a consciencia que determina, ou decide, o que é bem ou mal. Pelo contrario, segundo a tradição teologico-moral da Igreja, a consciencia moral é o "orgão" espiritual que percebe a bondade ou a malicia das ações. Não se nega que a consciencia possa errar nessa percepção, mas, infelizmente, o individuo humano, ao menos naturalmente, não possui outra. De qualquer maneira, ao decidir-se a praticar uma ação, a vontade (é a vontade que decide, a consciencia não decide nada, ela apenas percebe ou apreende) deve obedecer àquilo que é apreendido como bem pela consciencia moral. Essa é a psicologia do pecado: o pecado ocorre quando sua consciencia apreende alguma ação como má ou imoral, mas mesmo assim você se decide a fazê-la. Inclusive, se você não advertiu antes (consciencia) que uma ação era má, você não peca, ou ao menos não peca gravemente, ao praticá-la.
Como dito, a consciencia pode ser erronea, mas quanto mais você se esforça por obedecer à consciencia, mais e mais você vai corrigi-la e purificá-la. Por outro lado, se você se habitua a fechar-se a voz da consciencia (o "povo de cerviz dura" que se fala na Biblia), corre o risco de embotar o proprio senso moral. Obedecer a propria consciencia é apenas ser honesto consigo mesmo e, em grande parte dos casos, é disso que os ateus precisam: eles não admitem a existencia de Deus não tanto por ignorancia, mas porque não querem que Deus exista. De qualquer maneira você estava usando uma tradução das palavras do papa que não estava correta.
«Pode-se dizer que Hitler ouviu sua consciência ao matar milhões.»
Pode-se? Quem disse? Você deve, vez ou outra, pecar, ou seja, agir contra a propria consciencia. Será que Hitler era impecavel? Será que ele mesmo não sabia o mal que estava fazendo? Um monstro que não consegue perceber a imoralidade dos seus atos? Ou não seria ele um homem que se fechou à voz da propria consciencia?
Consciencia é uma coisa que todo o mundo tem, mesmo os ateus, mesmo os piores pecadores, mesmo os psicopatas. E a quem não crê em Deus, o melhor conselho é: obedeça à sua propria consciencia, que um dia irá encontrá-lo. E quando encontrá-lo, dirija-se a Ele com o coração sincero e contrito ("la misericordia di Dio non ha limiti si ci rivolgi a Lui con cuore sincero e contrito").
«Peter Kreeft não só leu São Tomás de Aquino como é autor do resumo da Summa Teológica mais lido do mundo.»
Deve ser um resumo muito ruim, por conta do que li no artigo dele que você traduziu. Não existe oposição entre razão, natureza e Deus como fonte da moral: porque Deus é a propria Razão (com maiuscula), o Logos, e também o Autor da natureza. Como define Santo Tomás, «a lei natural é a participação da Lei eterna na criatura racional»
http://hjg.com.ar/sumat/b/c91.html#a2
e a Lei eterna é a «razão suprema existente em Deus».
http://hjg.com.ar/sumat/b/c93.html
Para escrever aquela porcaria de artigo, destilando um preconceito protestante e modernista de oposição entre Deus e razão, ou o fulano pulou essas questões da Suma, ou leu e não entendeu.
Sinceramente, a Suma não foi feita para ser lida em resumos. Recomendo que você leia, e estude, e medite, o proprio texto da Suma. Trata-se de uma experiencia espiritual fora do comum. E recomende que outros também o façam. Uma das coisas que a Igreja mais precisa hoje é gente que conheça bem Santo Tomás de Aquino. Mas os textos originais do mestre, não resumos ou compendio que são, por natureza, mesmo os melhores, de todo incapazes de transmitir toda a riqueza do texto de um genio.
Caro Rodrigo,
Tenha cuidado de falar daquilo que você não conhece.
O resumo da Summa de Peter Kreeft não é um resumo escrito por ele. É simplesmente a própria Summa de São Tomás comentada por ele nos rodapés. É fantástico ler as palavras de São Tomás com os comentários de Kreeft. É o resumo mais lido do mundo, em especial em escolas católicas.
E você não entendeu o vídeo dele. Kreeeft está defendendo que a razão e a natureza (animal) do homem não podem ser a fonte de moralidade, e sim Deus. Ele está falando aos ateus que tentam tirar Deus da história, Kreeft está defedendo o direito natural contra o positivismo. Ele sabe muito bem que Deus nos deu o logos e que a natureza humana é vital no entendimento de São Tomás.
Sobre o Papa, leia novamente na sua tradução o que ele disse: "Escutar e obedecer a ela significa, de fato, decidir-se de frente àquilo que vem percebido como bem ou como mal. E nesta decisão se compromete a bondade ou a maldade do nosso agir".
Pense, meu amigo, a consciência só pode decidir o certo e errado se guiada por Deus. Sozinha ela é descaminho.
Calma, Rodrigo, não há nada de errado em corrigir o Papa. Ele mesmo pediu isto aos fiéis.
Abraço,
Pedro Erik
Carissimo Pedro
Tenha cuidado de falar daquilo que você não conhece.
O resumo da Summa de Peter Kreeft não é um resumo escrito por ele. É simplesmente a própria Summa de São Tomás comentada por ele nos rodapés. É fantástico ler as palavras de São Tomás com os comentários de Kreeft. É o resumo mais lido do mundo, em especial em escolas católicas.
A Suma Teologica eu conheço. O artigo que você traduziu eu li e vi que era uma porcaria. Se você acha os escritos dele fantásticos, outros há que acham fantásticos os de Leonardo Boff ou Paulo Coelho. Não me importa. De qualquer maneira, comentarios são perigosos para o correto entendimento de um autor.
«E você não entendeu o vídeo dele. Kreeeft está defendendo que a razão e a natureza (animal) do homem não podem ser a fonte de moralidade, e sim Deus. Ele está falando aos ateus que tentam tirar Deus da história, Kreeft está defedendo o direito natural contra o positivismo.»
Não entendi? Qual é a definição tomista de lei natural mesmo? Dá pra explicar como ele pode defender o direito natural negando que a razão do homem e a natureza sejam fonte da moral? Na verdade, ele não defende o direito natural, mas um positivismo divino -- igualzinho os protestantes e maometanos. E, por outro lado, opõe Deus e razão, como fazem os modernistas e os proprios ateus.
Pode até consultar os comentarios dele sobre a Suma para responder, eu deixo. Só não me deixe sem resposta.
E mais: natureza (animal) do homem? Quantas naturezas tem o homem? Que eu saiba, apenas uma -- a que foi assumida pelo Verbo na encarnação. Como um escritor pode querer ser tomado a serio como tomista quando se usa um conceito de natureza proprio do materialismo moderno?
«Ele sabe muito bem que Deus nos deu o logos e que a natureza humana é vital no entendimento de São Tomás.»
Pode até saber. Mas não foi isso que ele disse (ora, a mesma acusação que você faz contra o papa, injusta ao meu ver, seria então justissima no caso de seu amado Kreeft).
«Sobre o Papa, leia novamente na sua tradução o que ele disse: "Escutar e obedecer a ela significa, de fato, decidir-se de frente àquilo que vem percebido como bem ou como mal. E nesta decisão se compromete a bondade ou a maldade do nosso agir".
Pense, meu amigo, a consciência só pode decidir o certo e errado se guiada por Deus.»
Diga-me onde está escrito no texto do papa que é a consciencia que DECIDE o bem e o mal. Aponte-me onde "consciencia" é sujeito do verbo "decidir".
Por favor, releia com atenção e calma (e com a humildade necessaria para reconhecer um engano, que até o papa poderia cometer) o trecho destacado:
Não é a consciencia que decide, o homem é que decide frente a consciencia. A consciencia é percepção concreta do bem e do mal, "aquilo que vem percebido como bem ou como mal" ("ciò che viene percepito come bene o come male"). Frente a essa consciencia, o homem deve decidir-se ao agir (NÃO É ASSIM?). Sendo esta decisão conforme ou não à consciencia, "compromete-se a bondade ou maldade do nosso agir" ("si gioca la bontà o la malvagità del nostro agire").
O que está no texto é que o homem é que deve decidir segundo a consciencia. Se ele decidir segundo a consciencia, age bem. Se, na decisão, ele contraria a consciencia, peca. NÃO É ASSIM?
Aliás, você ainda não me respondeu se Santo Afonso de Ligorio e o Catecismo da Igreja Catolica estão errados, por sustentar o que eu expus aí acima, sobre as relações entre decisão e consciencia.
«Pense, meu amigo, a consciência só pode decidir o certo e errado se guiada por Deus. Sozinha ela é descaminho.»
Sabia que isso é heresia protestante? Lutero dizia que por si o homem só poderia pecar mortalmente em toda decisão que tomasse. É a proposição n. 36 das condenadas pela bula Exsurge Domine:
http://agnusdei.50webs.com/exsdom1.htm
É também condenada pelo canon 7 sobre a justificação da 6ª sessão do Concilio de Trento:
«817. Cân. 7. Se alguém disser que todas as obras que são feitas antes da justificação, de qualquer modo que se façam, são verdadeiramente pecados ou merecera o ódio de Deus; ou que, com quanto maior veemência alguém se esforça em se dispor para a graça, tanto mais gravemente peca — seja excomungado.»
http://www.montfort.org.br/old/documentos/trento.html#sessao6
(por favor, não entenda que estou dizendo que vc está excomungado, provavelmente você nem conhecesse esse canon).
«Calma, Rodrigo, não há nada de errado em corrigir o Papa. Ele mesmo pediu isto aos fiéis.»
Eu não estou dizendo que você está errado por corrigir o papa. Primeiro, porque no caso você não está corrigindo o papa: você deve ter tanto acesso a ele quanto eu e ele nem sonha que você o está corrigindo ou mesmo que você existe. Corrigir é chegar pra pessoa e dizer que ela errou -- é o que estou fazendo contigo.
Por outro lado, também não disse que é errado corrigir o papa. Talvez o papa mereça mesmo correções, o que estou dizendo é que essa vez não é o caso.
Para finalizar, mais uma perguntinha: qual é a regra proxima da moralidade dos atos humanos?
Graça e paz,
Caro Rodrigo,
Você está muito alterado e começando a me atacar (eu seria protestante) e também ataca Kreeft, que seria uma porcaria.
Calma lá.
Quem concorda comigo é o próprio Catecismo da Igreja Católica.
Veja o Parágrafo 1799 do Catecismo da Igreja Católica:
"Perante a necessidade de decidir moralmente, a consciência pode formular um juízo recto, de acordo com a razão e a lei divina, ou, pelo contrário, um juízo errôneo, que das mesmas se afasta."
Veja, a consciência precisa da razão e de Deus para agir corretamente. Se ela se afasta da razão e da lei divina a consciência é descaminho.
O Papa claramente disse: "Escutar e obedecer a consciência, DE FATO, SIGNIFICA decidir-se de frente àquilo que vem percebido como bem ou como mal."
Faltam a razão e a lei divina, meu amigo.
Conheço o canon que você mencionou, mas ele não tem relacionamento com assunto em debate.
Reconheço em você um pessoa boa que tenta seguir a Cristo e a Igreja. Mas esta é a última resposta que lhe dou. Não gosto de debate que começa a descarrilhar para ataques pessoais. Muito menos quando se ataca quem não se conhece.
Fique com Deus.
ICXC NIKA
Abraço,
Pedro Erik
A doutrina não salva ninguém e sim a prática do Bem,não viveremos no paráiso porque entendemos de doutrinas,mas porque vivenciamos a caridade com o semelhante...
Caro Expedito
A Doutrina indica o caminho da salvação. Ela salva sim, amigo. Nao podemos abandona-la.
Abraço
Pedro Erik
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