No dia 12 de março passado, Moussa colaborou para que a Liga excluisse a Líbia da organização e pediu que as Nações Unidas impusesse uma zona de exclusão áerea na Líbia para evitar a derrota dos rebeldes e morte dos civis. O Secretário de Defesa americano, Robert Gates, na oportunidade disse que a ação seria inadequada, mas, depois, como sabemos, sob pressão da França e do Reino Unido, os Estados Unidos retrocederam e colaboraram com a aprovação da Resolução da ONU que criou a zona de exclusão áerea. Só essa pequena história já dá para desclassificar qualquer análise que diga que o Obama foi sábio ao esperar o apoio da ONU para atacar Kaddafi. Na verdade, Obama vacilou várias vezes e foi levado pelo apoio tanto de árabes como de países ocidentais.
Voltando a Liga Árabe, depois que começaram os ataques na Líbia, Moussa começou a recuar e disse:
"What is happening in Libya differs from the aim of imposing a no-fly zone, and what we want is the protection of civilians and not the bombardment of more civilians." ( O que acontece na Líbia difere dos objetivos de impor um zona de exclusão aérea, e o que nós desejamos é a proteção dos civis e não bombardeamento de mais civis).
Mas o que ele esperaria de uma Resolução que permite qualquer ataque com exceção de invasão por terra. Como esse método seria efetivo em controlar Kaddafi. Se ele quissesse apenas que aviões da coalizão atacassem aviões inimigos, bastaria Kaddafi não usar aviões para matar os rebeldes. Para controlar as mortes dos civis é preciso destruir as forças do ditador líbio, e isso é mais difícil sem entrar no território.
Será que Moussa não conhece o velho método de usar civis em locais militares para provar que o ataque está matando pessoas comuns. Faz quantos anos que os palestinos usam esse método?
Depois Moussa, de certa forma, se retratou um pouco dizendo que respeita a Resolução da ONU. Acho que a posição dele como candidato no Egito fragiliza suas ações na coalizão.
Catar e Emirados Árabes Unidos, que fazem parte da Liga, dizem que estão contribuindo com as forças de coalizão no ataque a Kaddafi. Além de ajudar o Bahrein, na luta contra os seus próprios rebeldes. Isto é, por um lado, eles ajudam a derrubar um governo, por outro, tentam manter outro ditador.
O site da Fox News já mostra hoje que partidários e adversários de Kaddafi já se enfrentam no Egito em frente a sede da Liga Árabe (foto abaixo).
Como será que Catar e Emirados Árabes se posicionarão dentro do mundo islâmico e dentro da Liga, se a Liga Árabe, com o avanço do conflito, retirar o apoio a Resolução da ONU?
Além disso, quem pode ser ditador e quem não pode no mundo islâmico?
Na verdade, o mundo árabe não conhece a democracia, nem respeita o mundo ocidental. E o ocidente tem de agir sabendo que sua ação na região não será vista com bons olhos nem pelos ditadores nem pelos rebeldes.
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