sábado, 27 de abril de 2024

Os Escândalos que Assombram Francisco e o Futuro Papa

 



Todos os escândalos relatados já foram mencionados aqui no blog. Mas é sempre bom ter uma atualização dos fantasmas dos escândalos que assombram este pontificado. Especialmente por meio do excelente jornalista inglês Damian Thompson. E olha que ele não citou todos os escândalos, faltaram por exemplo a herética Declaração de Abu Dhabi e o Sínodo da Amazônia, com sua heresia da Pachamama.

Francisco é de esquerda, e apoia muitas pautas globalistas (gayzismo e extremismo climático), então a mídia tenta esconder seus escândalos e protegê-lo. Não se lê sobre esses escândalos na mídia tradicional. Enquanto na época de João Paulo II e Bento XVI, a mídia os perseguia. Mesmo quando Francisco morrer, você só saberá destes escândalos em livros especializados. Sabe o Obama? A mesma coisa, você só sabe dos escândalos em livros especializados. Obama para o grande público parece "limpinho".

Como escreve Thompson:

"Durante anos, alegações que torpedeariam a carreira de qualquer líder ocidental secular foram ocultadas ou minimizadas por uma Guarda Pretoriana de jornalistas liberais que, em 2013, apostaram as suas reputações no “Grande Reformador”. Como resultado, mesmo os católicos devotos não sabem que o primeiro papa jesuíta tentou proteger da justiça vários abusadores sexuais repulsivos, por razões nunca explicadas de forma satisfatória."

Além de falar sobre os escândalos e o modo perturbado de governar de Francisco, Thompson fala sobre como será o conclave para o próximo papa. É muito inteeressante sua perspectiva otimista.

Traduzo abaixo o texto de Thomson, publicado no site UnHerd.

Os escândalos que assombram o Papa Francisco Os cardeais conspiradores estão afiando as suas facas.

por Damian Thompson.

Os cardeais já estão reunidos para discutir quem deverá ser o próximo papa. Alguns dos liberais, que se sentem seguros porque são a favor do enfermo Papa Francisco, podem ser vistos comparando notas num bar perto dos portões do Vaticano. Os cardeais conservadores estão mais nervosos: reúnem-se para jantar nos apartamentos uns dos outros ou – se puderem confiar que os empregados bajuladores não os trairão – num restaurante favorito.

Talvez você possa ver o brilho do anel de um bispo enquanto ele digita uma fofoca no WhatsApp; a Santa Sé emprega espiões electrónicos de classe mundial, por isso todos usam um telefone privado em vez dos telefones emitidos pelo Vaticano. Até mesmo os grampeadores telefônicos estão ocupados trocando informações, porque, como todos em Roma, eles suspeitam que o dolorosamente frágil Francisco – que muitas vezes fica com falta de ar para ler seus próprios sermões – não terá muito tempo pela frente.

Eles estão apenas adivinhando, é claro. O Papa mantém segredo sobre a sua saúde e, há dois anos, se recuperou de uma grande cirurgia ao cólon, que se supôs ser um cancro avançado. Mesmo assim, ele tem 87 anos, é o papa mais velho há mais de um século, e um conclave não pode estar muito longe.

Ludwig Ring-Eifel, da agência de notícias alemã KNA, disse em janeiro que ver o Papa com tanta falta de ar numa conferência de imprensa em que estava demasiado doente para responder a perguntas preparadas foi “um momento difícil para mim… e pode-se dizer que esta situação também afetou emocionalmente muitos colegas”. No início de março, Andrew Napolitano, juiz aposentado do Tribunal Superior de Nova Jersey, estava hospedado na casa de hóspedes papal atrás da Basílica de São Pedro. “O Papa está com a saúde debilitada, mal consegue falar ou andar; e ele irradia tristeza”, relatou. “Não acho que ele ficará lá por muito mais tempo.”

Os nervos do Vaticano estão sempre à flor da pele nos anos finais de um pontificado. No caso do conservador Bento XVI, foram ofuscadas por fugas de informação – alegremente divulgadas por meios de comunicação hostis – que revelaram uma corrupção extravagante no topo da Cúria Romana, o governo da Santa Sé. Bento estava demasiado assustado para agir e resignou-se em desespero.

Agora o Vaticano está mais uma vez paralisado por escândalos, mas desta vez, correspondentes que trabalham para meios de comunicação seculares e católicos estão a tentar proteger Francisco, que enfrenta questões mais sérias sobre a sua conduta pessoal do que qualquer papa de que há memória.

Durante anos, alegações que torpedeariam a carreira de qualquer líder ocidental secular foram ocultadas ou minimizadas por uma Guarda Pretoriana de jornalistas liberais que, em 2013, apostaram as suas reputações no “Grande Reformador”. Como resultado, mesmo os católicos devotos não sabem que o primeiro papa jesuíta tentou proteger da justiça vários abusadores sexuais repulsivos, por razões nunca explicadas de forma satisfatória.

Só agora a verdade é revelada, para alívio dos funcionários do Vaticano que têm de lidar com um papa que tem pouca semelhança com a figura brincalhona e avuncular que vêem na televisão. Eles têm – ou tinham até recentemente – pavor de um chefe cujo governo autocrático é moldado mais pelas suas raivas e ressentimentos latentes do que por qualquer agenda teológica. E não conseguem esconder a sua satisfação pelo fato de um escândalo particularmente horrível envolvendo o aliado papal Padre Marko Rupnik estar a desfazer a fachada do “pontificado do Squid Game”, como é apelidado, em homenagem à série sul-coreana da Netflix em que os concorrentes têm de ganhar jogos infantis. para se salvarem da execução.

O caso Rupnik é o escândalo mais repugnante que encontrei em mais de 30 anos de reportagens sobre a Igreja Católica. Rupnik, um artista extremamente bem relacionado em cujos mosaicos cafonas a Igreja gastou centenas de milhares de libras, foi expulso da ordem jesuíta no ano passado depois de ter sido acusado de forma credível de violar irmãs religiosas pertencentes a uma comunidade que fundou na sua terra natal, a Eslovénia. Mulheres se manifestaram alegando que a comunidade era um culto sexual. Dizem que ele tentou forçá-las a assistir a filmes pornográficos, beber seu sêmen em um cálice, tirar violentamente a virgindade de uma irmã em um carro e encorajar mulheres jovens a praticarem sexo a três que, segundo Rupnik, ilustrariam o funcionamento de a Santa Trindade.

No ano passado, enfrentando uma explosão de raiva nas redes sociais católicas – a grande mídia estava estranhamente silenciosa – o Papa Francisco disse que agiria contra o seu amigo Rupnik. Ele não fez isso. Nem explicou por que, quando Rupnik enfrentava a excomunhão por abusar do confessionário para “absolver” uma de suas vítimas sexuais femininas, ele foi convidado a realizar um retiro no Vaticano, ou por que sua excomunhão subsequente foi misteriosamente levantada dentro de semanas com a aprovação do Papa.

Este mês, o Padre Rupnik foi listado no diretório 2024 do Vaticano como consultor sobre o Culto Divino, entre outras coisas. Enquanto, o bispo Daniele Libanori, o jesuíta que investigou as alegações das mulheres e as considerou credíveis, foi destituído do seu cargo de bispo auxiliar na diocese de Roma.

Outro escândalo tóxico ainda se desenrola na Argentina. Em 2016, Dom Gustavo Zanchetta, o protegido mais mimado do ex-cardeal Bergoglio, teve de renunciar à diocese de Orán depois de ter sido acusado de corrupção financeira e de tentativas agressivas de seduzir seminaristas.  Como Francisco respondeu a isso? Ele transportou Zanchetta para Roma e inventou um trabalho para ele: “‘avaliador” dos fundos administrados pela Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (APSA), o tesouro do Vaticano. Zanchetta foi posteriormente condenado por agredir seminaristas, embora Roma se recusasse a fornecer os documentos solicitados pelo tribunal argentino. Ele está cumprindo pena de prisão em uma casa de retiro em meio a relatos de que seus acusadores estão sendo assediados.

A história está voltando para assombrar Francisco, cujos inimigos – encorajados pelo afrouxamento do seu controlo sobre o governo da Santa Sé – estão a circular documentos extremamente prejudiciais. Isto sugere que o Papa está ainda mais envolvido no escândalo do que se suspeitava anteriormente. E há outros casos: como Arcebispo de Buenos Aires, Francisco tentou, sem sucesso, manter o molestador de crianças, Padre Julio Grassi, fora da prisão, encomendando um relatório que classificou as suas vítimas como mentirosas.

Os segredos obscuros deste pontificado pesarão fortemente nas mentes dos cardeais nas suas discussões pré-conclave antes de votarem na Capela Sistina. Eles estarão falando em código: ninguém quer correr o risco de destruir abertamente a reputação de um Sumo Pontífice recentemente falecido (ou aposentado). Mas os cardeais serão forçados a falar sobre as divisões cada vez mais venenosas entre católicos liberais e conservadores, que remontam ao Concílio Vaticano II, mas que se agravaram muito sob este pontificado. E terão dificuldade em traçar uma linha entre as políticas de Francisco e a sua personalidade, uma vez que ele tem um prazer visível em usar os seus poderes para provocar surpresas na Igreja universal.

Quando Francisco assumiu o cargo pela primeira vez, a maioria dos cardeais partilhava o entusiasmo popular pelo seu estilo informal: a sua preferência por ser conhecido como simples “Bispo de Roma” e o seu abandono de alguns dos adornos mais cómicos do seu cargo, como os sapatos vermelhos. Mas rapidamente descobriram que este papa “informal”, em contraste com os seus antecessores, gostava de governar através de decreto executivo.

Francisco emitiu uma torrente de decisões papais conhecidas como motu proprios (literalmente, “por sua própria vontade”) – mais de 60 até agora, seis vezes mais frequentemente do que João Paulo II. Eles fizeram grandes mudanças na liturgia, nas finanças, no governo e no direito canônico. Muitas vezes chegam sem aviso prévio e podem ser brutais: o Papa utilizou este mecanismo para tomar o controlo da Ordem de Malta, por exemplo, e para retirar os privilégios da organização secreta mas ultra-leal Opus Dei.

Acima de tudo, duas decisões traumatizaram os católicos conservadores, por quem Francisco nutre uma antipatia patológica, raramente perdendo a oportunidade de salientar a sua “rigidez” ou de zombar das suas vestimentas tradicionais, decoradas com o que ele chama de “rendas da avó”.

A primeira é a sua decisão, emitida via motu proprio, de esmagar a celebração da missa em latim pré-1970, que Bento XVI cuidadosamente reintegrara no culto da Igreja. Em 2021, numa decisão que ele sabia que causaria uma dor terrível ao seu antecessor reformado, Francisco proibiu efectivamente a sua celebração em paróquias comuns.

Apenas uma pequena proporção dos 1,3 mil milhões de católicos do mundo assiste às Missas de Rito Antigo, então porque é que a proibição se tornou tão importante? Em parte, é um reflexo do rigor cromwelliano com que foi aplicado pelo novo chefe da liturgia de Francisco, o cardeal Arthur Roche, o clérigo inglês mais poderoso em Roma. Natural de Batley e com jeito de um presunçoso vereador de Yorkshire, Roche evoluiu para aquela fera romana familiar: um liberal autoritário com faro para o mais suculento Satimbocca alla Romana e o mais fofo tiramisu. Este ano, ele forçou seu antigo rival, o cardeal Vincent Nichols, de Westminster, a proibir as cerimônias da Semana Santa de Rito Antigo em sua diocese.

O colega conservador britânico Lord Moylan, um católico tradicionalista, manifestou a sua fúria num post no X: “Ouvi uma maravilhosa Missa Tridentina Maundy esta noite. Não direi onde estava, caso Arthur envie seus capangas. Direi apenas que o catolicismo inglês tem uma tradição secular de missas clandestinas. Tudo o que mudou foi quem nos persegue.”

Muitos bispos não gostam das cerimónias latinas intrincadamente coreografadas, mas o que lhes desagrada muito mais é ter os braços torcidos por um papa que, ao mesmo tempo que diz ao mundo que está a capacitar os bispos ao encorajar a “sinodalidade”, seja lá o que isso signifique, está a minar a sua autoridade pastoral sobre suas paróquias.

Mas mesmo esta controvérsia empalidece em comparação com a explosão de raiva de metade dos bispos do mundo quando, pouco antes do Natal, sem aviso ou consulta, o Papa assinou o Fiducia Supplicans, um documento que permite aos padres abençoarem casais homossexuais. Desta vez, o instrumento escolhido foi uma declaração do departamento de doutrina da Igreja, o Dicastério para a Doutrina da Fé (DDF), de que casais do mesmo sexo ou pessoas em outras situações “irregulares” poderiam receber bênçãos “não litúrgicas” dos sacerdotes. Isto foi surpreendente porque, ainda em 2021, o mesmo gabinete condenou a noção de casais do mesmo sexo. Além disso, ninguém nunca tinha ouvido falar de uma bênção não litúrgica. Não existia no direito canônico. Quem teve essa ideia?

Avança o novo Prefeito da DDF, o Cardeal Victor “Tucho” Fernandez, o mais excêntrico dos protegidos argentinos do Papa. É difícil exagerar a estranheza de nomear Fernandez para chefiar o DDF. Ele era mais conhecido por escrever um livro sobre a teologia do beijo - até que se descobriu que ele também havia escrito um sobre a teologia dos orgasmos, contendo passagens tão perturbadoras que o próprio Tucho reconsiderou e aparentemente tentou esconder todas as cópias existentes.

Como pôde este embaraçoso peso vir a ocupar um cargo anteriormente ocupado por Bento XVI, que, como Joseph Ratzinger, foi indiscutivelmente o maior teólogo católico do século XX? Uma teoria é que Fernandez não foi a primeira escolha de Francisco, mas o nome do seu candidato preferido, o bispo progressista alemão Heiner Wilmer, vazou e então ele escolheu outra pessoa. Assim que assumiu o cargo, Tucho escreveu Fiducia Supplicans e colocou-o na mesa de Francisco sem mostrá-lo aos outros cardeais seniores.

As consequências foram espetaculares. Já existia uma divisão crescente entre os bispos católicos, liderados por progressistas alemães e americanos, que pensavam que não havia problema em abençoar casais homossexuais e aqueles que pensavam que isso seria uma zombaria dos ensinamentos de Cristo. Depois de Fiducia, essa ruptura parece irreparável.

No dia 11 de Janeiro, os bispos da África Ocidental, Oriental e Central anunciaram conjuntamente que “não consideram apropriado que a África abençoe as uniões homossexuais ou os casais do mesmo sexo”. Francisco, imprevisível como sempre, disse então que estava tudo bem porque eram africanos, jogando assim Tucho debaixo do ônibus, expondo-se a acusações de racismo e ofendendo o lobby LGBT. Os activistas dos direitos dos homossexuais já estavam mortificados pelo “esclarecimento” em pânico do Vaticano, de 4 de Janeiro, afirmando que as bênçãos dos casais do mesmo sexo deveriam durar no máximo 15 segundos e “não eram um endosso às vidas que levam”.

Entretanto, a Igreja Greco-Católica Ucraniana, ferida pelas aberturas papais a Putin, disse que Fiducia também não se aplicava a eles. Da mesma forma a Igreja Polonesa. Mais recentemente, a Igreja Copta Ortodoxa tomou a medida drástica de suspender o diálogo teológico com Roma.

“Hagan-lio!” - "fazer uma bagunça! — foi a mensagem do novo papa aos jovens católicos em 2013. O que ele quis dizer? Todas as suas palavras estão encharcadas de ambiguidade; talvez isso se explique pela sua afirmação de que a Igreja “faz sempre o bem que pode, mesmo que no processo os seus sapatos fiquem sujos com a lama da rua”. Mas Fiducia Supplicans cheira a uma bagunça acidental, não a um risco calculado. É algo que você raspa do sapato porque não estava olhando para onde estava indo. Teria o Papa perdido o juízo

“Ele é um dos homens mais complicados que já conheci”, diz uma fonte do Vaticano que observa o Papa de perto há uma década. “Ele pode ser muito divertido e também incrivelmente vingativo. Se você contrariá-lo, ele vai te chutar quando você estiver no seu nível mais baixo.”

Mas não fique com a ideia de que ele é um mestre estrategista. Ele é um estrategista desajeitado que passa seu tempo acendendo e apagando incêndios. Sua prioridade número um, acima de tudo o mais, é que ele seja inescrutável. Ele não quer que ninguém saiba o que ele está planejando fazer – e, se você descobrir, ele fará o contrário, mesmo que isso atrapalhe seus planos.”

A minha fonte não pertence a nenhuma facção clerical e as suas avaliações das pessoas tendem a ser visivelmente gentis. Tem sido interessante observar como, durante os nossos encontros em Roma nos últimos cinco anos, a sua opinião sobre Francisco se endureceu ao ponto de ele, sem hesitação, o descrever como um homem desagradável.

Se Francisco cancelar qualquer plano antecipado pela mídia, isso ajuda a explicar o desastre de Fiducia Supplicans: o bispo Wilmer é provavelmente mais heterodoxo que o cardeal Fernandez no assunto da homossexualidade, mas ele nunca teria colocado seu nome nos “rabiscos amadores de Tucho”, como um crítico descreve o documento.

Mas note-se a rapidez com que o Papa engrenou a marcha-atrás. Um livro recentemente publicado pelo católico conservador francês Jean-Pierre Moreau retrata Jorge Bergoglio como um iconoclasta liberal inspirado pela teologia da libertação quase marxista. Acho que isso está errado, e ele é o que sempre foi: um peronista. Tal como Juan Perón, o presidente populista da Argentina durante a sua infância, ele está mais interessado no poder do que nas ideias. A minha fonte do Vaticano fala do “encanto poderoso de Francisco, da sua maneira de fazer você pensar que é a única pessoa que importa”. Disseram o mesmo sobre Perón, um oportunista consumado que, no auge dos seus poderes, ganhou o apoio simultâneo de neonazis e marxistas, mas que também teve prazer em atacar inesperadamente aliados e oponentes.

Ideologicamente, o peronismo está em todo o lado ideológico, mas sempre esteve comprometido com o bem-estar social e também apaixonadamente antiamericano – duas vertentes duradouras no pensamento de Francisco. Durante o pontificado de João Paulo II, Bergoglio enfatizou a sua ortodoxia teológica, ganhando o ódio de alguns dos seus colegas jesuítas. Mas ele sempre não gostou de cerimônias meticulosas – há imagens dele virtualmente jogando o Santíssimo Sacramento para uma multidão em Buenos Aires – e quando você o vê bocejando durante as cerimônias na Basílica de São Pedro, você não pode deixar de se perguntar se ele acha a missa chata. Ele já não a celebra em público, e a desculpa de que está sempre demasiado doente para o fazer: João Paulo II celebrava missa mesmo quando estava aleijado pela doença de Parkinson e mal conseguia falar.

Na noite da eleição de Francisco, o site tradicionalista Rorate Caeli publicou um grito de angústia de Marcelo Gonzalez, jornalista de Buenos Aires. O título era: “O Horror!”’ e descrevia a figura modesta que acabara de chegar à varanda da Basílica de São Pedro como “o pior de todos os candidatos impensáveis”. Bergoglio era um “inimigo jurado da Missa Tradicional” que “perseguiu todos os padres que se esforçaram para usar batina”.

Como a maioria dos observadores, achei que o artigo era exagerado e, como a maioria dos observadores, estava errado. Gonzalez provou estar certo sobre a missa em latim – e também sobre as batinas. Hoje em dia, os padres ambiciosos de Roma sabem que o farfalhar da batina poderia levá-los a um pároco miserável, por isso agora atravessam as praças em trajes clericais monótonos.

Mas será Francisco realmente um liberal? O fato de ele detestar os conservadores não significa que apoie a ordenação de mulheres - ele não o faz - e não se deve ler muito sobre as ocasionais oportunidades fotográficas com um católico LGBT: os boatos na Cúria sugerem que, quando o Santo Papai baixa a guarda e usa gírias escatológicas de Buenos Aires, ele não é especialmente elogioso com “os gays”. Ou algumas outras minorias.

É difícil explicar a proeminência do clero gay no seu séquito, tanto na Argentina como em Roma, dado que ninguém alguma vez sugeriu que Jorge Bergoglio, o antigo segurança de um clube noturno que tinha uma namorada antes de entrar no seminário, é homossexual. Mas ele sabe de quem são os armários que contêm esqueletos. Um padre em Roma disse-me: “Quando Bergoglio visitava Roma nos velhos tempos, estacionava-se entre outros visitantes na Casa del Clero, absorvendo as fofocas, muitas das quais eram sobre o clero gay. E ele não se esqueceria disso.” (A Casa é onde Francisco voltou para resolver a sua conta após a sua eleição e certificou-se de que havia câmaras instaladas para que fosse registrada nos jornais a sua "humildade".)

É claro que o futuro papa não foi o único a recolher informações desta forma. A política latino-americana, tanto clerical como secular, sempre foi lubrificada pela troca de segredos – e em nenhum lugar mais do que na Argentina, onde dois terços dos cidadãos têm alguma ascendência italiana e as negociações políticas têm um sabor distintamente italiano.

Talvez tenha sido ingénuo da parte dos cardeais em 2013 esperar que o ex-cardeal Bergoglio limpasse a corrupção que levou Bento XVI ao estado de desespero indefeso em que renunciou ao seu cargo. Mas essa foi a principal razão pela qual o elegeram. Ele prometeu controle de pragas, e foi uma promessa que não cumpriu.

Talvez o cardeal devesse ter examinado mais de perto dois cardeais aposentados que atuavam como seus gerentes de campanha não oficiais. O americano Theodore McCarrick e o belga Godfried Danneels caíram ambos em desgraça, tendo sido apanhados a tentar mentir para escapar de escândalos sexuais. Os ataques de McCarrick aos seminaristas tinham sido um segredo aberto na Igreja americana durante décadas, enquanto Danneels já tinha sido apanhado a tentar encobrir o abuso incestuoso de crianças por parte de um dos seus bispos. Francisco imediatamente reabilitou os dois. McCarrick retomou o seu papel como emissário e arrecadador de fundos do Papa (embora Francisco eventualmente tenha tido que destituí-lo quando foi acusado de abuso infantil). Danneels, incrivelmente, recebeu um convite papal para um sínodo sobre a família.

Entretanto, as reformas financeiras de Francisco começaram de forma promissora. Ele criou o novo cargo de Prefeito para a Economia para o falecido Cardeal George Pell, um conservador australiano sensato. Pell deparou-se com gigantescas operações de lavagem de dinheiro envolvendo altos funcionários da Cúria – após o que foi convenientemente forçado a renunciar para enfrentar acusações forjadas de abuso infantil em Melbourne.

Durante a longa e bem-sucedida batalha de Pell para limpar o seu nome, Francisco inexplicavelmente deu rédea solta ao Arcebispo Angelo Becciu, que já era suspeito de ter a sua mão em numerosas caixas registadoras. Becciu aproveitou a oportunidade para demitir Libero Milone, o auditor independente nomeado por Pell, ameaçando jogá-lo numa cela da prisão do Vaticano pelo crime de “espionagem” (ou seja, fazer o seu trabalho).

Eventualmente, o próprio Becciu foi despedido após a descoberta de milhares de milhões de dólares investidos em investimentos duvidosos – altura em que, muito estranhamente, Francisco fez dele cardeal. E continua a ser hoje, apesar de ter perdido a maior parte dos seus privilégios de cardeal em 2020, depois de ter sido acusado, juntamente com outras nove pessoas, de peculato. Ele foi considerado culpado e agora enfrenta cinco anos e meio de prisão – mas ninguém acha que ele os servirá: ele sabe demais.

No entanto, nem todas as pessoas com acesso a informações prejudiciais foram promovidas. Dom Nunzio Galantino era presidente da APSA quando Zanchetta ali se escondia no cargo de “assessor”. Ele esperava ser nomeado cardeal quando se aposentasse. Ele não foi e está supostamente furioso.

Este mês recebi um dossiê de 500 páginas sobre Zanchetta. Muitos dos detalhes perturbadores das alegações de exploração sexual de seminaristas nunca foram relatados. Também me foi enviada uma fotocópia de um documento que pretendia demonstrar que funcionários diocesanos de Orán acusaram Zanchetta de ocultar a venda de propriedades que financiaram a construção do seu seminário. Exibe as assinaturas e carimbos dos funcionários. Supostamente, Zanchetta afirmou que o próprio Papa Francisco o aconselhou a ocultar as transações. Um importante blog católico relatou esta afirmação em 2022; a grande mídia não. Mostrei a fotocópia a um antigo alto funcionário do Vaticano, que respondeu via WhatsApp: “Eu tinha ouvido falar deste assunto como um boato, mas agora vejo-o a preto e branco!”

Por mais hediondos que sejam os escândalos associados a este pontificado, é improvável que influenciem tanto o próximo conclave como o documento assinado por Francisco em 18 de Dezembro do ano passado. Fiducia Supplicans mudou a dinâmica do colégio eleitoral – não apenas porque forçou os bispos católicos a abordar o tema radioativo da homossexualidade que destruiu as Igrejas Protestantes, mas também porque resumiu a catastrófica incompetência deste pontificado.

Pelo menos três quartos dos futuros cardeais eleitores terão sido nomeados por Francisco. Portanto, poderá pensar-se que o conclave, embora reconheça Fiducia como um erro, estará à procura de um papa que apoie a abordagem relativamente não dogmática de Francisco às questões da sexualidade humana. E assim poderia ser – se ele tivesse criado cardeais liberais suficientes. Mas ele não fez isso.

Nos primeiros anos do seu reinado, Francisco adotou uma abordagem tribal, especialmente nos Estados Unidos. Era como se ele estivesse jogando um jogo de tabuleiro peronista, movendo chapéus vermelhos para locais improváveis ocupados por partidários bergoglianos. Newark, Nova Jersey, adquiriu seu primeiro cardeal: Joseph Tobin, que era próximo de Ted McCarrick. Los Angeles foi punida por ter um arcebispo ortodoxo, José Gomez, que realmente teve o nariz esfregado: em vez de se tornar o primeiro cardeal hispânico, ele teve que ver a honra ir para seu sufragâneo superliberal Robert McElroy de San Diego, acusado de ignorar os avisos sobre os hábitos predatórios de Ted McCarrick. Chicago recebeu um chapéu vermelho, como é de costume, mas caiu na cabeça do agressivamente esquerdista Blase Cupich, escusado será dizer que foi nomeado por Francisco.

Noutras partes do mundo, Francisco adoptou uma política de nomear cardeais das “periferias”: os 1.450 católicos da Mongólia têm um; Os cinco milhões de católicos da Austrália não o fazem. Tonga tem um, a Irlanda não. Mas, ao fazê-lo, teve de abandonar o seu jogo de incentivar os liberais e de torcer a cauda dos seus críticos conservadores. Estes rótulos faccionais não significam muito no mundo em desenvolvimento. Nos dois últimos consistórios, ele criou 33 cardeais, dos quais apenas alguns têm opiniões radicais de estilo ocidental sobre a sexualidade. Para citar um analista do Vaticano: “Francisco desperdiçou a sua oportunidade de preparar firmemente as cartas para o próximo conclave”. E agora o colégio está cheio; mesmo que viva para convocar outro consistório, não terá muitos lugares para brincar.

Os novos cardeais preenchem vários requisitos bergoglianos. Eles apreciam os ataques do Papa ao capitalismo de livre mercado e as suas advertências melodramáticas sobre as alterações climáticas. Nenhum deles é um tradicionalista de direita e até recentemente ninguém prestou muita atenção às suas opiniões ferozes sobre a “sodomia”.

Agora, essas opiniões realmente importam. Citando o mesmo analista, “quando Fiducia Supplicans foi publicado, os cardeais africanos abandonaram o seu culto a Francisco da noite para o dia. A grande maioria não votará em quem apoiou Fiducia”. Existem actualmente 17 cardeais eleitores africanos; quase todos eles estão no bloco anti-gay. A estes podemos acrescentar pelo menos 10 cardeais da Ásia, da América Latina e do Ocidente que partilham os seus pontos de vista, mesmo que utilizem uma retórica mais branda. Segundo as regras atuais, um papa deve ser eleito por uma maioria de dois terços dos cardeais eleitores. Isto significa que os conservadores sociais, se unirem forças com o número significativo de moderados alarmados por Fiducia, podem bloquear qualquer pessoa considerada progressista na homossexualidade.

Isto é uma má notícia para o Cardeal Luis Tagle, o ambicioso antigo Arcebispo de Manila. Ele já foi apelidado de “Francisco Asiático” por causa de seu carisma e visões socialmente liberais. Em 2019, Francisco colocou-o no comando da evangelização mundial – um enorme prémio que foi arrebatado quando o Papa reestruturou o seu departamento e o demitiu do cargo de chefe da Caritas, a agência de ajuda católica perseguida por escândalos de abuso sexual.

Também é complicado para o cardeal Matteo Zuppi, o afável guiador de bicicleta que é arcebispo de Bolonha. A sua política é socialista – o que não é problema para os bispos do mundo em desenvolvimento – e durante o reinado de Bento XVI desenvolveu um entusiasmo pela antiga liturgia, aprendendo até a celebrar a Missa Tridentina. tinha uma bênção eclesiástica na sua diocese e depois, desastrosamente, o seu porta-voz basicamente mentiu sobre isso, alegando que não era uma bênção para pessoas do mesmo sexo, quando obviamente era. Zuppi não é fã de Fiducia Supplicans, mas no momento ele se deparou com o terceiro bloqueador.


Os liberais linha-dura têm ainda menos hipóteses. Blase Cupich, de Chicago, não é papável; nem os “meninos McCarrick” Tobin, McElroy, Gregory e Farrell, ou os veteranos esquerdistas europeus Hollerich, Marx e Czerny. O nome do cardeal maltês Mario Grech foi mencionado porque ele é secretário-geral do “sínodo sobre a sinodalidade”, um órgão consultivo de bispos e ativistas leigos que o Papa notavelmente não se preocupou em consultar sobre as novas bênçãos gays. Grech, cruelmente apelidado de “o Bozo de Gozo”, viu a sua reputação desmoronar juntamente com a do sínodo desdentado. Seus inimigos o descrevem como o maior bajulador da Cúria (injusto com Arthur Roche, diriam muitos).


Quanto aos papabili conservadores linha-dura, realmente não existem; Francisco pelo menos se certificou disso. Mas existe uma possibilidade conservadora moderada: o Cardeal Péter Erdő, Primaz da Hungria. Ao contrário do exuberante e choroso Tagle, ele é um estudioso emocionalmente reservado. Quando o encontrei para tomar um café em Londres, anos atrás, estávamos há meia hora na laboriosa tarefa de usar um tradutor quando ele de repente mudou para o inglês fluente. Ele tem a reputação de não gostar dos holofotes e de ser um pouco insensível – mas num sínodo sobre a família em 2015, apesar da pressão exercida pelos apparatchiks papais, ele usou sua posição de relator-geral para fazer uma defesa magistral do ensino tradicional. . Um observador do Vaticano descreve-o como “tediosamente conservador, o que pode ser exactamente o que precisamos neste momento”.


E quanto aos cardeais moderados que são difíceis de classificar? O mais novo papabile é Pierbattista Pizzaballa, o patriarca latino de Jerusalém nascido na Itália. Nos últimos meses, os horrores à sua porta revelaram um diplomata de rara habilidade. A sua condenação dos ataques das FDI contra civis em Gaza valeu-lhe uma repreensão do ministro dos Negócios Estrangeiros israelita – mas já tinha condenado o Hamas pela sua “barbárie” e ofereceu-se como refém no lugar das crianças israelitas. E embora não seja difícil acreditar nele quando ele diz que não tem absolutamente nenhum desejo de ser papa, é possível que ele seja forçado a pensar novamente.

Mas qualquer observador do Vaticano dir-lhe-á que novos papabili brilham no céu durante os últimos dias de um pontificado. Desta vez, eles estão ocupados memorizando os nomes dos eleitores asiáticos. (É geralmente assumido que depois de Francisco podemos esquecer outro latino-americano ou jesuíta durante alguns séculos.) Três nomes continuam a surgir: William Goh, de Singapura, ortodoxo em matéria de sexualidade, silenciosamente crítico da rendição a Pequim; Charles Maung Bo, de Mianmar, também crítico do acordo com a China; e You Heung-Sik, o novo prefeito do dicastério para o clero da Coreia do Sul. O Cardeal You é uma figura fascinante: um adolescente convertido ao catolicismo cujo pai foi morto ou desertou para o Norte – ninguém sabe. Ele então converteu o resto de sua própria família. A sua fé é alegre e a sua visão da formação sacerdotal é muito mais atraente do que as amargas tiradas de Francisco contra o “clericalismo”.

Finalmente, temos de considerar o mais antigo de todos os papabili – o Cardeal Pietro Parolin, que como Secretário de Estado (uma mistura de primeiro-ministro e secretário dos Negócios Estrangeiros) é tecnicamente o número dois no Vaticano. O italiano de 69 anos está visivelmente em manobras e a sua candidatura está a ser levada a sério. E isso por si só é estranho, porque Parolin estava no cargo quando o seu vice, Becciu e outros, desviaram ou apostaram milhares de milhões de dólares provenientes de fundos da Igreja. Além disso, foi o arquitecto do acordo de 2018 do Vaticano com Pequim, que – como o advertiu o ex-bispo de Hong Kong, Cardeal Joseph Zen – transformaria a Igreja Católica Chinesa, incluindo os crentes clandestinos perseguidos, numa subsidiária integral do Partido Comunista.

Foi precisamente isso que aconteceu. Zen, agora com 92 anos e considerado por muitos católicos ortodoxos como um santo vivo, usou uma linguagem extraordinária sobre Parolin: “Ele é tão otimista. Isso é perigoso. Eu disse ao Papa que ele [Parolin] tem uma mente envenenada. Ele é muito gentil, mas não confio nessa pessoa. Ele acredita na diplomacia, não na nossa fé.”

Este pensamento é repetido por uma fonte do Vaticano que trabalhou com Parolin: “Ele é bom para todos, mas vazio no meio. Além disso, sua saúde está ruim. [Todos em Roma mencionam rumores de câncer e Parolin não negou.] A última vez que o vi, ele estava tão frágil que tive medo de apertar sua mão.” Mas outra fonte diz (e isto dá-lhe um verdadeiro sabor dos mexericos do Vaticano): “Eu não duvidaria que o pessoal de Parolin exagerasse a questão do cancro, porque eles acham que os cardeais querem um pontificado curto”.

Ninguém contesta que Parolin é um operador inteligente especializado em garantir que suas impressões digitais não estejam nem perto dos locais de vários crimes. Ele matiza as suas declarações sobre a Ucrânia e Israel enquanto o Papa põe o pé nisso com os seus comentários improvisados. Ele bombardeia inimigos em potencial. Sentindo uma reação negativa contra Francisco, ele está virando para a direita, admitindo que as bênçãos gays de Tucho são um absurdo.

Para os seus críticos, Parolin é o Francisco italiano: vazio, tortuoso e desdenhosamente desdenhoso da Missa em Latim, uma postura idiota quando se considera o facto surpreendente de que a antiga liturgia está rapidamente a adquirir estatuto de culto entre os jovens católicos. Mas eles estão negligenciando uma grande diferença? Desde o momento em que se tornou cardeal, Bergoglio teve os olhos postos no papado e o seu olhar nunca vacilou. Parolin, por outro lado, pode reconhecer que está demasiado comprometido para sobreviver a sucessivas votações. Talvez a sua verdadeira ambição seja tornar-se um Secretário de Estado verdadeiramente poderoso sob o comando de outro homem.

E realmente não temos ideia de quem será. Muita coisa depende de como votam os cardeais moderados e não-alinhados. Não revelam nada, especialmente agora que o Vaticano e provavelmente a cúria diocesana estão cheios de microfones escondidos. Só podemos adivinhar o que pensa um eleitor indeciso como o Cardeal Vincent Nichols, de Westminster. Até recentemente, ele invocava o nome do Papa Francisco com uma frequência assustadora. Agora, nem tanto. Ele deve estar cansado da retórica sem sentido da sinodalidade e de ser pressionado por Arthur Roche. Ele claramente não ficou impressionado com Fiducia.

Pode-se facilmente imaginar cardeais moderadamente liberais votando num candidato moderadamente conservador que possa enfrentar os danos estruturais dos últimos 11 anos. “Francisco deixou o direito canônico com tantos buracos que é como a superfície de Marte”, diz um padre que trabalhou na Cúria. Isso é irritante para os cardeais que, como Nichols, são bispos diocesanos. Eles têm de decidir se os católicos divorciados e recasados podem receber a Comunhão, um assunto desesperadamente delicado sobre o qual o Papa é deliberadamente evasivo. E como garantem que estas bênçãos Fiducia sejam “espontâneas” e “não litúrgicas”? Afinal, o que isso quer dizer?

É justo apostar que, nas suas conversas pré-conclave, a maioria dos cardeais concordará que o próximo papa deve ser alguém capaz de supervisionar um trabalho de reparação de emergência que esclareça a doutrina, o âmbito da autoridade eclesiástica e ponha fim à jihad contra os católicos tradicionalistas. , muitos dos quais são uma ou duas gerações mais jovens do que os jargões Boomers que os assediam.

Além disso, os cardeais sabem que devem mergulhar profundamente no passado dos principais candidatos. Eles não têm escolha. O próximo papa enfrentará um escrutínio instantâneo e impiedoso por parte de investigadores online. Um artigo de 2021 no The Tablet, do historiador eclesiástico Alberto Melloni, descreveu uma catástrofe muito credível: “O papa recém-eleito sai. E enquanto ele sorri e se apresenta humildemente à multidão na praça, uma única postagem nas redes sociais faz uma alegação impressionante.” O novo papa, quando bispo, não agiu contra um padre que cometeu outros crimes. “Na praça e nas cabines de imprensa, os olhos caem da varanda para os smartphones… O papa volta para dentro e renuncia. A sede está vaga novamente."

O escrutínio necessário será uma tarefa complicada, mas pelo menos os cardeais não devem repetir o erro cometido pelos seus antecessores em 2013 – ou seja, escolher um candidato segundo a sua própria estimativa. A verdade é que muitos católicos na Argentina, de todo o espectro ideológico, conheciam as falhas de carácter de Francisco: o seu secretismo compulsivo, o acerto de contas, as alianças perturbadoras e o seu governo pelo medo. Mas ninguém perguntou a eles.

Poderíamos argumentar que nenhum dos mais de 120 cardeais elegíveis é tão mesquinho como o Santo Padre. Justo; mas não deveria haver a possibilidade de eleger alguém que imite o modus operandi de Francisco. Sem camaleões, em outras palavras. Ninguém que era ortodoxo sob Bento XVI, liberal sob Francisco e que agora está a regressar ao centro.

O novo papa deve ser um homem santo que depende de tenentes que não têm qualquer sujeira sobre ele e sobre os quais ele não tem nenhuma sujeira – e é um fato chocante que isso representaria um afastamento do precedente recente. O papa deve estar acima de qualquer suspeita. Isso é muito mais importante do que se ele é “liberal” ou “conservador”.

Os tradicionalistas discordarão, mas não creio que seja um mau colégio de cardeais. Os cínicos podem dizer que isso acontece porque Francisco, tendo feito nomeações faccionais desde o início, perdeu o interesse e nomeou homens de mentalidade independente por acidente. Mas não negligenciemos o papel das redes sociais: enquanto a Guarda Pretoriana tem estado ocupada a esconder coisas, inúmeros websites têm dificultado a vida aos velhos sapos venenosos que têm tentado organizar conclaves durante quase 2.000 anos.

Melloni provavelmente está certo: enquanto o novo Sumo Pontífice se arrasta para a varanda, haverá um momento enervante enquanto os fiéis verificam os seus telemóveis. Mas se os cardeais tiverem feito o seu trabalho corretamente, os aplausos serão retomados rapidamente. E se você ouvir com atenção, ouvirá outro barulho vindo de todos os escritórios do Vaticano: um suspiro de alívio porque o Jogo da Squid Game finalmente acabou.



sexta-feira, 26 de abril de 2024

Papa Francisco: "Se Você Não Acredita em Mudança Climática ou é Burro ou Tem Interesse Financeiro"

 



Se o abandono aos católicos chineses é a maior perversão deste pontificado, sua capacidade de se alinhar a pautas globalistas sem qualquer juízo lógico e com desprezo a Doutrina Católica é também uma das grandes marcas.

Como alguém julga a ciência de forma tão obtusa como Francisco nesta frase acima? Ele despreza milhares de cientistas que mostram dados que afirmam que a hipótese de mudança climática feita pelo homem e pelo gás carbônico é uma grande tolice. Francisco simplesmente se define como o tolo que ele próprio definiu.

Enquanto isso muita gente cada vez mais ver que a hipótese de mudança climática é simplesmente comunismo disfarçado. Hoje o homem mais rico do mundo disse exatamente isso.




quinta-feira, 25 de abril de 2024

Quem Vota no Demente Biden?

 


Pesquisa nos Estados Unidos mostra que só um grupo de pessoas vota em maioria na esquerda: mulheres solteiras, com enorme diferença, 37 pontos a favor da esquerda.

O que ocorre com as mulheres solteiras para favorecer aborto, eutanásia, inflação, déficit público, emigração em massa, e radicalismo ambiental?

Biden está complemente demente, não consegue nem ler teleprompter. Ontem mesmo diante de um público selecionado para lhe aplaudir e com tudo combinado, leu o telemprompter que dizia que era hora do público dizer "four more years" e que mandava ele ficar quieto em tentativa de dizer que o grito do público era espontâneo. Na semana passada, disse que teve um tio morto por canibais. 

Mas as mulheres solteiras favorecem àquelas políticas, não importa se Biden é zumbi.  

A direita domina todos os outros grupos, homens casados ou solteiros e mulheres casadas. O problema para a direita é que cada vez mais vai haver mais mulheres solteiras pois o mundo está efeminizando os homens enquanto masculiniza as mulheres. Cada vez mais veremos homens e mulheres totalmente descontrolados, com ética do capeta, solteiros e estúpidos.

Será que ocorre o mesmo no Brasil? Eu acho que no Brasil, por conta da enorme porcentagem da população que depende do Estado (bolsa família, emprego público ou aposentadoria), as diferenças entre esses grupos não deve ser tão clara como é nos Estados Unidos.



quarta-feira, 24 de abril de 2024

Biden Faz Sinal da Cruz em Homenagem a Clínica de Aborto





Sim, é vil e zomba da Religião Católica, da doutrina da Igreja e da vida humana. O presidente "católico" Joe Biden certamente está senil. Outro dia disse que um tio foi comido por canibais, mas ele não deixa de carregar a responsabilidade pelo o que faz. Todos aqueles que o mantém na presidência, uma vez que é evidente sua senilidade, também são responsáveis.

 Viva a Vida!

Viva Cristo Rei!


segunda-feira, 22 de abril de 2024

Igreja Ortodoxa Russa Declara que Putin Faz "Guerra Santa"


Meus colegas filósofos ou de relações internacionais tendem a torcer o nariz quando se fala em "guerra santa", há muito a filosofia política e a ciência política desprezam a teologia. Os erros maçônicos dominam a política e as ciências Infelizmente.

A teologia deve ser lembrada e considerada em embates civilizacionais nos dias de hoje. A ideia de “guerra santa” persiste entre nós atualmente, em especial quando a religião e o estado são muito próximos ou quando o fundamento religioso determina o fundamento político. Não é preciso mencionar o islamismo, cuja teologia claramente aponta um domínio sobre a política, para provar a importância da teologia para considerações de conflitos militares.

A Igreja Ortodoxa Russa emitiu um comunicado, no dia 27 de março, que declarou que a guerra da Rússia contra Ucrânia e contra os países ocidentais era santa e a Rússia agia mesmo como protetora contra o anticristo. Diz odocumento:

“A operação militar especial é uma nova etapa na luta de libertação nacional do povo russo contra o regime criminoso de Kiev e o Ocidente coletivo por trás dele, travada nas terras do sudoeste da Rússia desde 2014. Durante a guerra, o povo russo, com armas em mãos, a defender as suas vidas, a liberdade, a condição de Estado, a identidade civilizacional, religiosa, nacional e cultural, bem como o direito de viver na sua própria terra dentro das fronteiras de um único Estado russo. Do ponto de vista espiritual e moral, a operação militar especial é uma Guerra Santa, na qual a Rússia e o seu povo, defendendo o espaço espiritual único da Santa Rússia, cumprem a missão de “Resritor” [contra o anticristo], protegendo o mundo do ataque do globalismo e da vitória do Ocidente, que caiu no satanismo.

Após a conclusão do Distrito Militar do Nordeste, todo o território da moderna Ucrânia deverá entrar na zona de influência exclusiva da Rússia. A possibilidade da existência neste território de um regime político russofóbico hostil à Rússia e ao seu povo, bem como de um regime político controlado a partir de um centro externo hostil à Rússia, deve ser completamente excluída."

 


terça-feira, 16 de abril de 2024

Escárnio Brasileiro Esconde Nossa Estupidez e é Luciferiano

 


Hoje li uma frase excepcional de Jordan Peterson:

"Derision is how the Luciferian intellect protects itself against the evidence of its own stupidity."

Tradução: "O escárnio é o modo que o intelecto luciferiano se protege contra a evidência de sua própria estupidez".

Pensei comigo mesmo: isso explica o Brasil.

Virtualmente toda nossa cultura é a cultura do escárnio. Eu hoje moro na cidade do poeta Gil Vicente, um dos maiores poetas portugueses da história. Por coincidência, o primeiro parágrafo de meu livro Ética Católica para Economia, é sobre o livro "Auto da Barca do Inferno" de Gil Vicente. Gil Vicente é conhecido por revelar as mazelas dos membors da sociedade de forma brilhante e com muito escárnio. 

Mas não se pode ter uma cultural toda e qause sempre formada pelo escárnio, onde todo o valor das coisas, mesmo as coisas de Deus e sagradas (coisa que Gil Vicente respeitava muito) é tratado com escárnio.

Rcentemente, vi uma propaganda da nova novela da globo em que um comediante irá fazer o papel de prefeito, e pelo o que vi representará um ladrão, preguiçoso e mentiroso. Quantas vezes você já viu esse personagem em livros, novelas e filmes brasileiros? O brasileiro geralmente "ama" o personagem e se identifica e ainda o defende e o inveja.

Quantos filmes, novelas e livros fazem escárnio no Brasil, na maioria das vezes de forma baixa e vil?

Se  o escárnio é o modo de Lúcifer de proteger a própria estupidez. Nosso povo esconde muita estupidez de forma luciferiana. Como sair disso? Com muitoa fé e temor a Deus.



segunda-feira, 15 de abril de 2024

Jovens Países Ricos Querem Socialismo. Mas Não Sabem o Que É, Nem Querem Pagar

 

A estupidez em definição das coisas é o atributo mais demolidor da sociedade tanto em países ricos como em países pobres. Há uma crise educacional generalizada que obviamente provoca e provocará desastres. As pessoas não sabem o que significam termos como democracia, comunismo, socialismo, capitalismo, fascismo, etc. 

No vídeo, acima a excelente jornalista do Wall Street Journal Mary Anastasia O'Grady apresentou pesquisa sobre a popularidade do socialismo nos Estados Unidos, Austrália, Canadá e Reino Unido, países riquíssimos que (em tese) fornecem a melhor educação do planeta. É impressionante ver jovens de países ricos que não sabem definir socialismo e também não querem pagar pelo que significa o que eles pensam que é socialismo.  E claro, eles não entendem de fatos tributários elementares, como ricos possuem muito mais capacidade de evasão fiscal e mesmo de procurar países que tributam menos.

Imaginem uma pesquisa dessa feita no Brasil. Pela minha experiência com alunos de faculdade privada, quando eu pergunto algo como o que é socialismo, eles não respondem com definição e sim com nomes tipo Cuba, China, Marx. Não saberiam escrever no papel claramente.

Vejam gráficos abaixo relativos aos países ricos.

1) Apoio ao socialismo na população geral


2) Apoio ao socialismo entre os jovens de 18 a 24 anos


3) Como população geral entende que significa socialismo


4) Como população geral quer se pague pelo custo do socialismo que têm na cabeça




sexta-feira, 12 de abril de 2024

Dignidade Humana é Infinita?



Eu estou no meio de mais uma tese de doutorado, e bem cansado deste tristíssimo pontificado, então resolvi que ia me poupar e não ia ler o novo documento do Vaticano Dignitas Infinitas, escrito pelo cardeal "Tucho" e assinado em concordância pelo papa Francisco. O texto  argumenta que o ser humano tem dignidade infinita. A ideia me pareceu bem estranha. Mas tinha decidido não me adentrar no documento depois de escrever dois livros e criticar minuciosamente os textos do Papa Francisco e estar cheio de tarefas com a tese e o trabalho.

No entanto, acabo vendo críticas aqui e ali.


O que vou fazer aqui é traduzir o que Feser disse e disponibilizar o vídeo de Marshall coma análise do documento.

Mas em suma de tudo: não, o ser humano não tem dignidade infinita sem qualquer mérito e sem Deus. Precisa das duas coisas. Ser humano pode não ter dignidade nenhuma.  Então, o documento tem erro nos seus fundamentos.

Abaixo vão o texto de Feser e o vídeo de Marshall

por Edward Feser

Esta semana o Dicastério para a Doutrina da Fé (DDF) publicou a Declaração Dignitas Infinita, sobre o tema da dignidade humana. Estou tão cansado quanto qualquer um com a circunstância de que agora se tornou comum que novos documentos emitidos pelo Vaticano sejam alvo de críticas. Mas se as falhas realmente existirem, então não deveríamos culpar o mensageiro. E este último documento apresenta dois problemas graves: um com a sua premissa básica e outro com algumas das conclusões que dele retira.

Pena de morte

Para começar com este último, apresso-me a acrescentar que a maioria das conclusões são incontestáveis. São simplesmente reiterações do ensinamento católico de longa data sobre o aborto, a eutanásia, as nossas obrigações para com os pobres e os migrantes, e assim por diante. O documento é especialmente útil e corajoso ao condenar veementemente a barriga de aluguel e a teoria do género, o que não lhe valerá nenhum elogio por parte dos progressistas que o Papa é frequentemente acusado de estar demasiado pronto a apaziguar.

Existem outras passagens que são mais problemáticas, mas talvez sejam melhor interpretadas como imprecisas e não como novas. Por exemplo, afirma-se que “é muito difícil hoje em dia invocar os critérios racionais elaborados em séculos anteriores para falar da possibilidade de uma 'guerra justa'”. Isto pode parecer marcar o início de uma inversão do ensino tradicional que tem foi reiterado tão recentemente quanto o atual Catecismo. No entanto, Dignitas Infinita também “reafirma o direito inalienável à autodefesa e a responsabilidade de proteger aqueles cujas vidas estão ameaçadas”, temas que declarações recentes da doutrina da guerra justa já enfatizaram.

A única conclusão inegavelmente gravemente problemática que Dignitas Infinita extrai da sua premissa fundamental diz respeito à pena de morte. O Papa Francisco já esteve muito perto de declarar a pena capital intrinsecamente imoral quando alterou o Catecismo em 2018, de modo que agora diz que “a pena de morte é inadmissível porque é um ataque à inviolabilidade e à dignidade da pessoa”. Mas isso deixou em aberto a possibilidade de que o que se queria dizer é que se trata de um ataque à inviolabilidade e à dignidade da pessoa, a menos que certas circunstâncias se mantenham, tais como a impossibilidade prática de proteger outros do agressor sem executá-lo (mesmo que esta leitura seja uma um pouco tenso). O novo documento do DDF vai mais longe e declara categoricamente que “a pena de morte… viola a dignidade inalienável de cada pessoa, independentemente das circunstâncias” (ênfase adicionada).

Isto simplesmente não pode ser conciliado com as Escrituras e com o ensinamento consistente de todos os papas que falaram sobre o assunto antes do Papa Francisco. Isso inclui o Papa São João Paulo II, apesar da sua conhecida oposição à pena capital. No Evangelium Vitae, até João Paulo ensinou apenas:

A punição… não deve ir ao extremo da execução do infrator, exceto em casos de absoluta necessidade: em outras palavras, quando não seria possível defender a sociedade de outra forma. Hoje, porém, como resultado de melhorias constantes na organização do sistema penal, tais casos são muito raros, se não praticamente inexistentes.

E a versão original do Catecismo promulgada por João Paulo II afirmava:

O ensinamento tradicional da Igreja reconheceu como fundado o direito e o dever da autoridade pública legítima de punir os malfeitores através de penas proporcionais à gravidade do crime, não excluindo, em casos de extrema gravidade, a pena de morte. (2266)

Em suma, João Paulo II (tal como as Escrituras e como todos os papas anteriores que falaram sobre o assunto) sustentou que algumas circunstâncias podem justificar a pena capital, enquanto o Papa Francisco ensina agora que nenhuma circunstância pode alguma vez justificar a pena capital. Isso é uma contradição direta. Agora, Joseph Bessette e eu, em nosso livro By Man Shall His Blood Be Shed: A Catholic Defense of Capital Punishment, mostramos que a legitimidade em princípio da pena de morte foi de fato ensinada infalivelmente pelas Escrituras e pela tradição da Igreja. . Também defendi essa afirmação em outras ocasiões, como neste artigo. Portanto, se o Papa Francisco está de facto a ensinar que a pena capital é intrinsecamente errada, é claro que é ele quem está errado, e não as Escrituras e os papas anteriores.

Se os defensores do Papa Francisco negarem isto, então estão logicamente empenhados em sustentar que os papas anteriores erraram. De qualquer forma, algum papa errou, de modo que não fará sentido que os defensores do Papa Francisco finjam que estão simplesmente defendendo a autoridade magisterial papal. Defender o Papa Francisco é rejeitar o ensinamento dos papas anteriores; defender esses papas anteriores é rejeitar o ensinamento do Papa Francisco. Não há como defender todos eles de uma vez.

Isto não é de forma alguma inconsistente com a doutrina da infalibilidade papal, porque essa doutrina diz respeito a definições ex cathedra, e nada do que o Papa Francisco disse equivale a tal definição (como o Cardeal Fernández, Prefeito do DDF, reconheceu explicitamente). Mas refuta aqueles que afirmam que todos os ensinamentos papais sobre a fé e a moral são infalíveis, e aqueles que sustentam que, mesmo que nem todos esses ensinamentos sejam infalíveis, nenhum papa ensinou realmente o erro. Só por essa razão, a Dignitas Infinita é um documento de significado histórico, embora não pelas razões que o Papa Francisco ou o Cardeal Fernández teriam pretendido.

Dignidade e pena de morte

O outro problema do documento, como já disse, diz respeito à premissa com que começa. Essa premissa é mencionada em seu título e é declarada nas primeiras linhas da seguinte forma:

Cada pessoa humana possui uma dignidade infinita, inalienavelmente fundamentada no seu próprio ser, que prevalece em e para além de cada circunstância, estado ou situação que a pessoa possa encontrar. Este princípio, que é plenamente reconhecível mesmo pela razão, está subjacente ao primado da pessoa humana e à protecção dos direitos humanos… [Assim] a Igreja… insiste sempre no “primado da pessoa humana e na defesa da sua ou sua dignidade além de qualquer circunstância.”

A parte mais surpreendente desta passagem – na verdade, eu diria a parte mais chocante – é a afirmação de que a dignidade humana é infinita. Voltarei a isso. Mas primeiro observe os outros aspectos do seu ensino. A Declaração implica que esta dignidade decorre da própria natureza humana, e não da graça. Isso está implícito no fato de ser totalmente cognoscível apenas pela razão (em oposição à revelação divina especial). É ontológico e não adquirido por natureza, refletindo o que um ser humano é e não o que ele ou ela faz. Por esta razão, não pode ser perdido, não importa o que se faça, em “todas as circunstâncias, estados ou situações que a pessoa possa encontrar”. E, mais uma vez, a dignidade que se diz que os seres humanos possuem desta forma também é considerada infinita por natureza.

Não é surpresa, portanto, que a Declaração deva mais tarde dizer o que faz em relação à pena de morte. De acordo com a revisão do Catecismo do Papa Francisco, a pena de morte é “um ataque à inviolabilidade e à dignidade da pessoa”. Mas a Dignitas Infinita afirma que esta dignidade existe em “todas as circunstâncias, estados ou situações que a pessoa possa encontrar”. Isso implica que ela é mantida independentemente do mal que a pessoa tenha cometido e de quão perigosa ela seja para os outros. Assim, se devemos “insistir sempre… na primazia da pessoa humana e na defesa da sua dignidade para além de todas as circunstâncias”, seguir-se-ia que a pena de morte seria inadmissível em todas as circunstâncias.

Isto por si só implica que há algo errado com as premissas da Declaração. Pois é, mais uma vez, o ensinamento infalível das Escrituras e de todos os papas anteriores que a pena de morte pode, em algumas circunstâncias, ser justificável. Portanto, se o ensinamento da Declaração sobre a dignidade humana implica o contrário, é esse ensinamento que é falho, e não as Escrituras e nem dois milénios de ensinamento papal consistente.

Há também o problema de que, em defesa da sua concepção de dignidade humana, a Declaração recorre a passagens bíblicas, entre outros lugares, de Gênesis, Êxodo, Deuteronômio e Romanos. Mas todos estes quatro livros contêm endossos explícitos à pena capital!. Portanto, a sua concepção de dignidade humana não é claramente a mesma que a da Declaração. Talvez o defensor da Declaração sugira que estes textos bíblicos erraram no tópico específico da pena capital. Um problema com isso é que a Igreja sustenta que as Escrituras não podem ensinar erros em questões de fé ou moral. Então, essa tentativa de contornar a dificuldade seria heterodoxa. Mas outro problema é que esta medida prejudicaria o uso que a própria Declaração faz destes textos bíblicos. Pois se Gênesis, Êxodo, Deuteronômio e Romanos estão errados sobre algo tão sério como a pena de morte, por que deveríamos acreditar que eles estão certos sobre qualquer outra coisa, como a dignidade humana?

Neste ponto, o defensor da Declaração poderia sugerir que estamos a interpretar mal estas passagens bíblicas se pensarmos que apoiam a pena capital. Um problema com esta sugestão é que ela é aparentemente estúpida. Durante milénios, teólogos judeus e cristãos compreenderam consistentemente que o Antigo Testamento sancionava a pena capital, e a Igreja sempre entendeu tanto as passagens do Antigo Testamento como Romanos como sancionando-a. Pretender que só agora finalmente os compreendemos com precisão desafia o bom senso (e baseia-se em argumentos totalmente implausíveis, como Bessette e eu mostramos no nosso livro). Mas também contradiz o que a Igreja disse sobre a sua própria compreensão das Escrituras. A Igreja afirma que em questões de interpretação das Escrituras, ninguém é livre para contradizer a opinião unânime dos Padres ou o entendimento consistente da Igreja ao longo de milénios. E os Padres e a tradição consistente da Igreja sustentam que as Escrituras ensinam que a pena de morte pode, em algumas circunstâncias, ser lícita. (Veja o livro para saber mais sobre esse assunto também.)

Dignidade infinita?

Mas mesmo deixando tudo isso de lado, atribuir “dignidade infinita” aos seres humanos é altamente problemático. Se falarmos estritamente, é óbvio que só Deus pode ser considerado como tendo dignidade infinita. Dignitas transmite “valor”, “dignidade”, “mérito”, “excelência”, “honra”. Tente substituir “dignidade” por estas palavras na frase “dignidade infinita” e pergunte se o resultado pode ser aplicado aos seres humanos. Os seres humanos têm “mérito infinito”, “excelência infinita”, “dignidade infinita”? A própria ideia parece blasfema. Somente Deus pode ter qualquer uma dessas coisas.

Ou consideremos os atributos que conferem dignidade especial às pessoas, como autoridade, bondade ou sabedoria, onde quanto mais perfeitamente manifestarem esses atributos, maior será a sua dignidade. Pode-se dizer que os seres humanos possuem “autoridade infinita”, “bondade infinita” ou “sabedoria infinita”? Obviamente não, e obviamente é somente a Deus quem essas coisas podem ser atribuídas. Então, como poderiam os seres humanos ter dignidade infinita?

Tomás de Aquino faz várias observações relevantes. Ele nos diz que “a igualdade da justiça distributiva consiste em distribuir várias coisas a várias pessoas em proporção à sua dignidade pessoal” (Summa Theologiae II-II.63.1). Naturalmente, isso implica que algumas pessoas têm mais dignidade do que outras. Então, como poderiam todos os seres humanos ter dignidade infinita (o que implicaria que nenhum tem mais do que qualquer outro)? Ele também diz que “ao pecar o homem se afasta da ordem da razão e, conseqüentemente, cai da dignidade de sua masculinidade” (Summa Theologiae II-II.64.2). Mas se uma pessoa pode perder a sua dignidade, como podem todas as pessoas ter uma dignidade infinita?

Alguns dirão que aquilo de que Tomás de Aquino está a falar nessas passagens é apenas a dignidade adquirida e não a dignidade ontológica – isto é, a dignidade que reflecte o que fazemos ou algum estatuto especial que contingentemente passamos a ter (que pode mudar), em vez de dignidade. que reflete o que somos por natureza. Mas isso não funcionará como uma interpretação de outras coisas que Tomás de Aquino diz. Por exemplo, ele observa que “a dignidade da natureza divina supera qualquer outra dignidade” (Summa Theologiae I.29.3). Obviamente, ele está falando aqui sobre a dignidade ontológica de Deus. E, naturalmente, Deus tem dignidade infinita, se alguma coisa acontecer. Portanto, se a sua dignidade ontológica excede a nossa, como poderíamos ter uma dignidade ontológica infinita?

Tomás de Aquino também escreve:

Ora, é mais digno para uma coisa existir em algo mais digno do que ela mesma do que existir por direito próprio. E assim, por este mesmo facto, a natureza humana é mais digna em Cristo do que em nós, visto que em nós ela tem a sua própria personalidade, no sentido de que existe por direito próprio, enquanto em Cristo ela existe na pessoa do Verbo. (Summa Theologiae III.2.2, tradução Freddoso)

Ora, se a dignidade da natureza humana é aumentada em virtude de estar unida a Cristo na Encarnação, como poderia ela já ser infinita por natureza? Depois, há o facto de Tomás de Aquino negar explicitamente que a dignidade humana seja infinita:

Mas nenhum mero homem tem a dignidade infinita necessária para satisfazer com justiça uma ofensa contra Deus. Portanto, deveria haver um homem de infinita dignidade que sofresse a penalidade por todos, de modo a satisfazer plenamente os pecados do mundo inteiro. Portanto, o Verbo unigénito de Deus, verdadeiro Deus e Filho de Deus, assumiu uma natureza humana e nela quis sofrer a morte para purificar todo o género humano endividado pelo pecado. (De Rationibis Fidei, Capítulo 7)

Certamente, Tomás de Aquino também admite que há um sentido em que algumas coisas além de Deus podem ter dignidade infinita, quando escreve:

Do fato de que (a) a natureza humana de Cristo está unida a Deus, e que (b) a felicidade criada é o gozo de Deus, e que (c) a Santíssima Virgem é a mãe de Deus, segue-se que eles têm uma certa dignidade que brota da bondade infinita que é Deus. (Summa Theologiae I.25.6, tradução Freddoso)

Mas note-se que a dignidade infinita em questão deriva de uma certa relação especial com a dignidade infinita de Deus – envolvendo a Encarnação, a visão beatífica e a maternidade divina de Maria, respectivamente – e não da natureza humana como tal.

Também são relevantes as observações de Tomás de Aquino sobre o tema do infinito. Ele diz que “além de Deus nada pode ser infinito”, pois “é contra a natureza de uma coisa feita ser absolutamente infinito” de modo que “Ele não pode fazer nada ser absolutamente infinito” (Summa Theologiae I.7.2). Como, então, os seres humanos poderiam, por natureza, ter dignidade infinita?

Alguns poderiam responder dizendo que Tomás de Aquino não é infalível, mas isso perderia o foco. Pois não se trata apenas do facto de a teologia de Tomás de Aquino ter uma tremenda autoridade dentro do catolicismo (embora a tenha, e isso não deixa de ser importante aqui). É que ele destaca pontos do próprio ensinamento católico sobre a natureza da dignidade, a natureza dos seres humanos e a natureza de Deus que tornam altamente problemático falar dos seres humanos como tendo “dignidade infinita”. Não adianta apenas dizer que ele está errado. O defensor da Declaração deve-nos um argumento que mostre que está errado, ou que mostre que o discurso de “dignidade infinita” pode ser conciliado com o que ele diz.

Possíveis defesas?

Uma sugestão que alguns fizeram no Twitter é que outras observações feitas por Tomás de Aquino sobre o infinito podem resolver o conflito. Pois na passagem que acabamos de citar, ele também escreve:

Outras coisas além de Deus podem ser relativamente infinitas, mas não absolutamente infinitas. Pois no que diz respeito ao infinito aplicado à matéria, é manifesto que tudo o que existe realmente possui uma forma; e assim sua matéria é determinada pela forma. Mas porque a matéria, considerada como existindo sob alguma forma substancial, permanece em potencial para muitas formas acidentais, o que é absolutamente finito pode ser relativamente infinito; como, por exemplo, a madeira é finita de acordo com a sua própria forma, mas ainda assim é relativamente infinita, na medida em que tem potencialidade para um número infinito de formas. Mas se falamos do infinito em referência à forma, é manifesto que aquelas coisas cujas formas estão na matéria são absolutamente finitas e de modo algum infinitas. Se, contudo, quaisquer formas criadas não forem recebidas na matéria, mas forem auto-subsistentes, como alguns pensam que é o caso dos anjos, estas serão relativamente infinitas, na medida em que tais tipos de formas não são terminados, nem contraídos por qualquer matéria. Mas porque uma forma criada que assim subsiste tem ser, e ainda assim não é seu próprio ser, segue-se que seu ser é recebido e contratado a uma natureza determinada. Portanto, não pode ser absolutamente infinito. (Suma Teológica I.7.2)

O que Tomás de Aquino está dizendo aqui é que há um sentido em que a matéria é relativamente infinita e um sentido em que um anjo é relativamente infinito. O sentido em que a matéria é relativamente infinita é que ela pode, pelo menos em princípio, assumir, sucessivamente, uma forma após outra, ad infinitum. O sentido em que um anjo é relativamente infinito é que ele não é limitado pela matéria.

Mas há vários problemas com a sugestão de que esta passagem pode ajudar-nos a compreender a noção de que os seres humanos têm “dignidade infinita”. Primeiro, Tomás de Aquino diz explicitamente que as coisas “cujas formas estão na matéria são absolutamente finitas e de forma alguma infinitas”. Por exemplo, embora a matéria que constitui uma determinada árvore seja relativamente infinita, na medida em que pode assumir diferentes formas ad infinitum (a forma de uma escrivaninha, a forma de uma cadeira, e assim por diante), a própria árvore tem a forma de uma árvore. uma árvore não é de forma alguma infinita. Agora, um ser humano é, como uma árvore, um composto de forma e matéria. Portanto, as observações de Aquino implicariam que, mesmo que a matéria que constitui o corpo seja relativamente infinita, na medida em que pode assumir sucessivamente diferentes formas ad infinitum, o próprio ser humano não é de forma alguma infinito. Obviamente, então, isto seria contrário a considerar a natureza humana como relativamente infinita na sua dignidade.

Além disso, não está claro como os exemplos específicos que Tomás de Aquino dá deveriam ser relevantes para a questão em questão. O sentido em que ele diz que a matéria é relativamente infinita é, mais uma vez, que ela pode assumir diferentes formas sucessivamente ad infinitum – primeiro uma forma, depois uma segunda, depois uma terceira, e assim por diante. Mas é claro que, em qualquer momento específico, a matéria não tem um número infinito de formas. Então, como isso forneceria um modelo para seres humanos com “dignidade infinita”? A ideia é que eles têm apenas uma dignidade finita em um determinado momento, mas continuarão a tê-la em momentos posteriores, sem fim? Certamente não é isso que se entende por “dignidade infinita”. Isso implicaria que mesmo algo com a menor dignidade possível num determinado momento teria “dignidade infinita”, desde que simplesmente persistisse com essa dignidade mínima para sempre!

O exemplo do anjo também não ajuda. Novamente, o sentido em que os anjos são relativamente infinitos, diz Tomás de Aquino, é que eles não são limitados pela matéria. Mas os seres humanos são limitados pela matéria. Portanto, isto não ajuda em nada a explicar como poderíamos ser relativamente infinitos em dignidade.

Outra sugestão, mais tola, que alguns fizeram no Twitter é que podemos entender que os seres humanos têm “dignidade infinita” à luz da teoria dos conjuntos, que nos diz que alguns infinitos podem ser maiores que outros. A ideia parece ser que, embora Deus tenha dignidade infinita, também se pode dizer inteligivelmente que a temos, desde que a dignidade de Deus tenha a ver com uma infinidade maior do que a nossa.

O problema com isto é que o “infinito” que é atribuído a Deus e à sua dignidade (e à dignidade humana, aliás) nada tem a ver com os infinitos estudados pela teoria dos conjuntos. A teoria dos conjuntos trata de coleções de objetos (como números), que podem ter tamanho infinito. Mas quando dizemos que Deus é infinito, não estamos falando de nenhum tipo de coleção. Não estamos dizendo, por exemplo, que o poder infinito de Deus tem algo a ver com o fato de ele possuir uma coleção infinita de poderes. O que se quer dizer é apenas que ele tem poder causal para fazer ou realizar tudo o que é intrinsecamente possível. E a sua dignidade infinita também não tem nada a ver com qualquer tipo de coleção (como uma coleção infinitamente grande de unidades de dignidade, seja lá o que isso signifique). A teoria dos conjuntos é simplesmente irrelevante.

Outra defesa sugerida é apelar ao facto de o Papa São João Paulo II ter usado uma vez a frase “dignidade infinita” num discurso do Angelus em 1980. Na verdade, a própria Declaração toma nota disto. Mas há vários problemas aqui. Em primeiro lugar, a observação de João Paulo II foi apenas um comentário passageiro feito no curso, um discurso informal pouco conhecido e de pouco peso magisterial, dedicado a outro tema. Não foi um tratamento teológico formal cuidadosamente formulado sobre a natureza da dignidade humana, especificamente. Nem João Paulo II colocou qualquer ênfase especial na frase ou tirou dela conclusões importantes, como faz a nova Declaração. Por exemplo, ele nunca concluiu que, uma vez que a dignidade humana é “infinita”, a pena de morte deve ser excluída em todas as circunstâncias. Pelo contrário, apesar da sua forte oposição pessoal à pena de morte, sempre reconheceu que poderia haver circunstâncias em que esta fosse permitida e que esse era o ensinamento tradicional da Igreja. Não há razão alguma para considerar que a referência ao discurso do Angelus é algo mais do que uma observação improvisada e vagamente redigida. Além disso, mesmo que fosse mais do que isso, isso não faria com que os problemas que venho expondo aqui desaparecessem magicamente.

Alguns sugeriram que a observação da Declaração sobre a pena de morte não equivale, de facto, a dizer que a pena capital é intrinsecamente errada. O que isso implica, afirmam eles, é apenas que é sempre intrinsecamente contrário à dignidade humana. Mas isso, dizem eles, deixa em aberto que às vezes pode ser permitido fazer o que é contrário à dignidade humana.

Mas há duas razões pelas quais isso não pode estar certo. Em primeiro lugar, a Dignitas Infinita não diz que aquilo que viola a nossa dignidade é inaceitável, exceto quando tais ou tais condições se verificam. Pelo contrário, diz que a Igreja “insiste sempre… na defesa da dignidade [da pessoa humana] para além de qualquer circunstância”. Diz que a “dignidade infinita” do homem é “inviolável”, que “prevalece em e para além de todas as circunstâncias, estados ou situações que a pessoa possa encontrar” e que o nosso respeito por ela deve ser “incondicional”. Enfatiza repetidamente que as “circunstâncias” são irrelevantes para o que o respeito pela dignidade exige de nós, e fá-lo precisamente porque afirma que a nossa dignidade é “infinita”. Afirmar que a dignidade humana tem implicações tão radicais de “sem excepções” é o objectivo da Declaração, o objectivo principal de dar grande importância à expressão “dignidade infinita”.

Em segundo lugar, a Declaração faz questão especial de agrupar a pena de morte com males como “assassinato, genocídio, aborto, [e] eutanásia”. Diz: “Aqui também se deve mencionar a pena de morte, pois esta também viola a dignidade inalienável de cada pessoa, independentemente das circunstâncias”. Obviamente, se a pena de morte realmente viola a dignidade humana em todas as circunstâncias, tal como o fazem o homicídio, o genocídio, o aborto, a eutanásia, etc., então não está menos absolutamente excluída do que eles. E, obviamente, a Declaração não nos permitiria dizer que há casos em que o homicídio, o genocídio, o aborto e a eutanásia possam ser permitidos, apesar de serem afrontas à dignidade humana.

Hipérbole?

A melhor defesa que alguns fizeram da Declaração é que a frase “dignidade infinita” é mera hipérbole. Mas embora esta seja a melhor defesa, isso não a torna uma boa defesa. Em primeiro lugar, os documentos magisteriais devem utilizar termos com precisão. Isto é especialmente verdadeiro no caso de um documento proveniente do FDUC, cuja função é precisamente esclarecer questões doutrinárias. É simplesmente escandaloso que um documento destinado a esclarecer uma questão doutrinária – especialmente um que, segundo nos dizem, está em preparação há anos – utilize um termo teológico chave de uma forma vaga e potencialmente altamente enganosa (e, de facto, coloque ênfase especial nesse significado vago, até mesmo no próprio título do documento!)

Mas, em segundo lugar, a ideia de que a frase pretende ser uma mera hipérbole não é simplesmente uma leitura natural da Declaração. Pois não se trata apenas de uma ênfase especial ser colocada na própria frase. É também que é dada ênfase especial às implicações radicais da frase. Dizem-nos que é precisamente porque a dignidade humana é “infinita” que as conclusões morais afirmadas pela Declaração são válidas “além de todas as circunstâncias”, “além de todas as circunstâncias”, “em todas as circunstâncias”, “independentemente das circunstâncias”, e assim por diante. sobre. Se você não levar a sério a parte “infinita”, então perderá a base para levar a sério a parte “além de todas as circunstâncias”. Eles andam de mãos dadas. Portanto, a leitura “hipérbole” simplesmente mina todo o sentido do documento.

O facto de esta linguagem extrema da “dignidade infinita” do homem ter agora levado o papa a condenar a pena de morte de uma forma absoluta – e, portanto, a contradizer as Escrituras e todos os ensinamentos papais anteriores sobre o assunto – mostra quão graves são as consequências do uso de linguagem teológica. imprecisamente. E isso pode não ser o fim. Questionado numa conferência de imprensa sobre a Declaração sobre as implicações da “dignidade infinita” do homem para a doutrina do Inferno, o Cardeal Fernández não negou a doutrina. Mas ele também disse: “’Com todos os limites que a nossa liberdade realmente tem, não será que o Inferno está vazio?’ Esta é a pergunta que o Papa Francisco às vezes faz”. Questionado sobre o ensinamento do Catecismo de que o desejo homossexual é “intrinsecamente desordenado”, o cardeal disse: “É uma expressão muito forte e precisa ser muito explicada. Talvez pudéssemos encontrar uma expressão ainda mais clara, para entender o que queremos dizer… Mas é verdade que a expressão poderia encontrar outras palavras mais adequadas.” Quando os clérigos colocam especial ênfase na ideia de que a dignidade humana é infinita, então há uma vasta gama de ensinamentos católicos tradicionais que eles serão tentados a suavizar ou a encontrar alguma forma de contornar.

A retórica exagerada sobre a dignidade humana sempre foi, em qualquer caso, especialmente propensa a abusos. Como escreveu certa vez Allan Bloom, “a própria expressão dignidade do homem, mesmo quando Pico della Mirandola a cunhou no século XV, tinha um tom blasfemo” (The Closing of the American Mind, p. 180). Da mesma forma, Jacques Barzun salientou que “a palavra dignidade [de Pico] pode, naturalmente, ser interpretada como um desprezo pelo apelo do Evangelho à humildade e como uma negação da realidade do pecado. O humanismo é, portanto, encarregado de inverter a relação entre o homem e Deus” (From Dawn to Decadence, p. 60).

Alguns historiadores considerariam isto injusto para com o próprio Pico, mas o que quero dizer não é sobre ele. Pelo contrário, trata-se de como as pessoas modernas em geral, a partir da Renascença, se tornaram cada vez mais embriagadas com a ideia da sua própria dignidade – e, correspondentemente, cada vez menos conscientes do facto de que o que há de mais grave no pecado não é isso. isso nos desonra, mas desonra a Deus. Isto, e não a sua própria dignidade, é o que as pessoas modernas mais precisam de ser lembradas. Portanto, embora não seja errado falar de dignidade humana, é preciso ser cauteloso e colocar sempre a tónica na dignidade divina e não na nossa dignidade. Afirmo que colocar uma palavra como “infinito” na frente desta última realiza o inverso disso.

E afirmo que um sinal claro de que a retórica da dignidade humana foi longe demais é que levou as mais altas autoridades da Igreja a contradizer o ensinamento da própria Palavra de Deus (sobre o tema da pena de morte). Tal erro é possível quando os papas não falam ex cathedra. Mas é extremamente raro e sempre gravemente escandaloso.

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Vídeo de Dr. Taylor Marshall










domingo, 7 de abril de 2024

Filme História de Vendee: Cristãos contra a Revolução Francesa.

 



A Revolução Francesa influenciou para pior sistemas políticos, filosofias e a religião. Qualquer análise do início do comunismo, do liberalismo burguês explorador, do ateísmo filosófico ou da libertinagem deve mencionar a influência dessa péssima revolução. Fico abismado quando vejo católicos saudando a revolução francesa (que matou milhares do clero e roubou os bens da Igreja) ou Napoleão (que matou milhares e, inclusive, sequestrou dois papas). Nunca exalte o "liberte, fraternite, igualite", foi um erro medonho gigantesco que nos assombra até hoje .

A História da  Batalha de Vendee (ou Vendeia) é belíssima. Sou fascinado por ela. Aqui, os cristãos se levantaram contra Revolução Francesa durante a revolução, entre os anos 1793 e 1795. Foi o povo cristão que se revoltou contra essa praga revolucionária.

Certa vez, eu comprei um filme sobre a Batalha mas era medonho e infantilizado. Mas agora minha sede por representações sobre a Batalha vai ser saciada um pouco. Temos o filme Vaincre ou Mourir (algo com Derrota ou Morte),  que mostra a Batalha de Vendeee, retratando a história de um de seus principais generais, François-Athanase Charette de la Contrie.

A Remnant TV disponibilizou o filme a todos com legenda em inglês.  Vejam aqui.