domingo, 31 de outubro de 2010

Eleições no Brasil? Não, AQAP


Dia de eleição no Brasil. Os poucos amigos que acompanham meu blog já devem ter percebido que evito comentar sobre assuntos brasileiros. Por que? Primeiro, porque uso o blog meio como aprendizado e terapia. Muitos problemas brasileiros (corrupção, falta de educação, partidos políticos e destruição institucional) me estressam profundamente. Segundo, acho que já existe muita gente discutindo problemas brasileiros, muitos com péssima qualidade, mas há alguns que fazem ótima avaliação. Recomendo alguns blogs abaixo, basta ver aqueles brasileiros. Terceiro, acho os jornais e revistas brasileiros muito ruins quando debatem questões internacionais, grande parte das vezes fazem apenas tradução de textos de alguns jornais e pronto, sem qualquer análise.

Então, torcendo para que as instituições brasileiras melhorem, vamos ao assunto de hoje: terrorismo internacional.

O mundo já está acostumado com a al-Qaeda. Identifica-a sempre a Osama Bin Laden e aos ataques de 11 de setembro de 2001 às torres gêmeas em Nova Iorque. Mas, infelizmente,  o terrorismo islâmico é inspiração para milhares de pessoas no mundo. Com isso, a al-Qaeda tem várias ramificações, umas próximas outras mais distantes da liderança original.

Ontem, foram encontrados material para explosivos em dois aviões de carga que saíram de Iêmen. As aeronaves, pertencentes às companhias de transporte americana UPS e Fedex, eram procedentes do Iêmen e tinham como destino a cidade de Chicago, nos EUA. Aparentemente, segundo autoridades americanas, a comunidade judaica local era alvo do possível ataque. Se isso é verdade, vemos um alvo específico dentro dos Estados Unidos e não um ataque a civis indiscriminadamente, como foi o ataque de 11 de semtembro.

As suspeitas estão sobre a Al-Qaeda da Península Arábica  (AQAP),  braço da rede de Osama bin Laden, que fica no Iêmen e que já é conhecido por  executar um atentado frustrado no natal do ano passado, em um voo que ia de Amsterdã à Detroit.

O jornalista especializado em terrrismo e guerra Con Coughlin fez uma ótima descrição da AQAP e do seu líder, que nasceu nos Estados Unidos (!), Anwar al-Awaki (foto acima), no jornal The Telegraph. Ele mostra que o grupo e al-Awaki são responsáveis por muito mais ataques terroristas do que se pensa.


AQAP foi criado no início de 2009, e tem sido responsável por muitas ações que na sua maioria usa um material altamente explosivo chamado tetranitrato de penta-eritrito (PETN). Além disso, para desespero dos americanos e de sauditas, o grupo conta com ex-presos de Guantanamo que foram soltos a pedido da Arábia Saudita, mas que hoje estão no grupo tentando derrubar a monarquia saudita.

Já em agosto de 2009, o grupo tentou matar um chefe de segurança saudita usando PETN. Em abril, um terrorista suicida do grupo quase mata Tim Torlot, embaixador britânico no Iêmen. Neste mês de outubro, o comboio que levava Fiona Gibb, vice chefe da embaixada britânica no Iêmen, foi alvo de ataque.

Al-Awlaki, que estudou em escolas e universidades americanas, usa sua fluência em inglês para inspirar mais terrorismo pelo mundo. Recentemente, publicou um artigo na internet que tinha o título
How to make a bomb in the kitchen of your mom” ( Como Fazer Uma Bomba da Cozinha de sua Mãe).

A inspiração para o terror é sempre mais forte e floresce em países que parecem não ter governos, como Somália e Iêmen. O Iêmen tenta colaborar com os Estados Unidos na luta para destruir a AQAP, mas o governo desse país não consegue ter força além da capital Sana’a.

Para ler o texto de  Coughlin, cliquem em:


sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Maomé - O Mais Popular


Nomes Populares na Grã-Bretanha entre os Bebês - 2009



O nome mais popular na Grã-Bretanha entre os meninos que nasceram em 2009 é Maomé (Mohammed e suas variações como Muhammad e Mohammad. )!! Incrível, pois a Inglaterra é um país anglicano, com uma população muçulmana que não é em termos relativos muito forte, comparada com países como a Bélgica e a Alemanha. O nome era o terceiro anteriormente e assumiu o primeiro lugar em 2009.


O que isso significa? Será que todos são muçulmanos? Eu não sei, mas certamente a maioria. O país está virando muçulmano? Também não sei, mas a presença de muçulmanos é cada vez maior.

Um fato interessante foi destacado por  Damian Thompson no jornal The Telegraph: os jovens muçulmanos são mais radicais que seus pais, em uma pesquisa feita pela Policy Exchange em 2007. Na pesquisa, apenas 19% dos muçulmanos que têm acima de 55 anos enviariam seus filhos para escolas muçulmanos contra 37% daqueles que têm entre 16 e 24 anos. E o pior, 37% desses jovens preferem a Lei Sharia do que a Lei Britânica.

Para explicar a popularidade do nome, talvez ajude um post que fiz em agosto chamado Neo e Velho Ateísmos. Nesse post, eu mostro que os muçulmanos têm certas liberdades entre os ateus e esquerdistas que os próprios cristãos não têm mesmo nos países cristãos. Richard Dawkins, um ateu muito popular na Inglaterra e no mundo, acha que podia-se usar burka nas ruas mas é contra o uso de crucifixos. O que quero dizer com isso é que existe uma certa proteção aos muçulmanos que o próprio Papa não recebe. Basta ver os protestos que o Papa recebeu durante a sua visita a Inglaterra.

Sem falar que o ocidente por vezes se encontra refém de ameaças de extremistas islâmicos e não pode esclarecer abertamente os fatos. Nos Estados Unidos, o programa de comédia South Park pode atacar Jesus Cristo, mas se fizer o mesmo com Maomé virará notícia e será ameaçado de morte. Na Dinamarca, um cartunista até hoje vive risco de vida por ter feito charges com Maomé.

No Brasil, parece que ainda não somos alvos, felizmente. Já fui a uma comédia em que o ator fez algumas cenas que seriam impensadas nos Estados Unidos e na Europa, como brincar com os ataques islâmicos criticando a apelo ao martírio islâmico.


Se tentasse fazer isso em Nova York ou Londres, a polícia, o FBI, a CIA, o MI6, etc.teriam de ser avisados.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dia do Idiota do Clima (em figuras)

O Reino Unido foi o primeiro país do mundo a estabelecer uma lei amarrando a redução de emissão de dióxido de carbono. Essa lei foi aprovada depois de 6 horas de discussão no dia 27 de outubro de 2008. Os céticos ingleses da mudança climática todo ano celebram essa lei no dia 27 de outubro chamando o dia de Climate Fool's Day (o Dia dos Idiotas do Clima). Tem até um site: http://climatefoolsday.com/. Para ver as várias discussões que ocorreram durante no dia de ontem para discutir a lei, se tiverem uma posição cética como a minha, acessem: http://climaterealists.com/?tid=326

Bom, a Lei do Clima do Reino Unido ( 2008 Climate Change Act )  estabelece que as emissões de dióxido de carbono sejam reduzidas em 80% até 2050 ao custo (calculado pelo governo) de 18,3 bilhões de libras  todo ano, cerca de R$ 50 bilhões de reais.


Primeiro, cabe dizer que é uma meta extrema, 80% é uma queda drástica que precisa ser compensada com uma matriz energética completamente nova, sem falar na alteração total do comportamento da população (uso de carros, de avião, na produção agrícola, etc.). Interessante é que durante a aprovação da lei em 2008, o jornalista Andrew Orlowski destacou a fato de que a neve caia sobre o parlamento. Era a primeira queda de neve em outubro desde 1922, enquanto eles discutiam a aprovação de uma lei para conter o suposto aquecimento global. Aqui vai a frase original de Orlowski ("Snow fell as the House of Commons debated Global Warming yesterday - the first October fall in the metropolis since 1922. The Mother of Parliaments was discussing the Mother of All Bills for the last time, in a marathon six hour session." )

Ontem, James Delingpole, que é um cético e um dos que mais escreve sobre assunto, especialmente no site do jornal The Telegraph, publicou um artigo de Simon Barnett para comemorar o dia. Esse artigo é muito interessante, porque mostra a lei aprovada por meio de figuras. Vou tentar reproduzir aqui o raciocínio.Quem quiser ver o original, acesse
http://blogs.telegraph.co.uk/news/author/jamesdelingpole/, no artigo chamado Happy Climate Fool's Day:

Primeiro, Garnett mostra em figuras o que representa 18,3 bilhões de libras por ano até 2050:

A figura abaixo representa 1 milhão de libras em notas de 50 libras (eu disse 1 milhão e não bilhão) amontoadas em frente a uma pessoa:


Agora, 1 bilhão de libras:



18,3 bilhões de libras:



18,3 bilhões todo ano até 2050 (você consegue ver o homenzinho vermelho?):



Agora, Barnett mostra o que representa a emissão humana de dióxido de carbono como efeito estufa e qual é a participação do Reino Unido no problema. Cabe dizer, inicialmente, que, nesses dias de elevados lobbies para saber se há ou não mudança climática, qualquer pesquisa na internet sobre essas questões que Barnett quer levantar requer que nós mesmos sejamos cientistas.

Não é o meu caso, então decidi usar os números de Barnett, pensando no fato de que se Delingpole mostrar um análise errada, ele seria detonado pois é odiado pelos ambientalistas. Coloquei em parênteses, no entanto, aquilo que é incontestável cientificamente e o que está em discussão.

Barnett lembra que o vapor d´água é o grande responsável pelo efeito estufa (isso é verdade incontestável), que é, repito, essencial para a vida terrestre (também incontestável), o dióxido de carbono representa 2% dos gases estufa (passível de discussão, dependendo de vários fatores, mas não passa muito disso) e desses 2% a emissão humana representa 2% (passível de discussão, também dependendo de vários fatores e da posição ideológica do cientista). Isto é , quase nada é humano. 


Vemos abaixo a figura do dióxido de carbono frente ao vapor d'água. O vapor d'água são os barris azuis. Os barris amarelos são as emissões naturais de dióxido de carbono por meio da degeneração vegetativa, vulcões e oceanos. O barril vermelho representa a emissão de carbono que não vai ser reduzida pois é feita em países grandes mas subdesenvolvidos e, por isso, não pretendem reduzir suas emissões (China, Índia, Brasil). O barril verde representa as emissões dos países industrializados que têm obrigação de reduzir essas emissões pelo Protocolo de Quioto. As emissões do Reino Unido são uma pequena, bem pequena parte, do barril verde.




Barnett conclui dizendo que o impacto de quase paralisação da economia britânica é uma gota no oceano no suposto problema chamado aquecimento global.


Em suma, devemos ter muito cuidado para não elaborar leis baseadas em uma análise científica extremamente politizada. O efeito da lei de 2008 no Reino Unido terá que ser revisto, isso também é uma verdade incontestável.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Usando a Raça para Ganhar Eleição

Não, eu não estou falando da eleição no Brasil, é sobre as eleições para governador, senador e deputado nos Estados Unidos. É sobre Obama.

Obama está tentando entusiasmar a base de apoio de seu partido democrata, que está desiludida com os poucos resultados de seu governo e não pretende nem comparecer para votar (o voto é voluntário por lá). Mas, vejam até onde o Obama foi para conseguir isso. Ele usa a raça para conseguir votos e chama os adversários de inimigos que devem ser punidos:



Traduzindo: "Se os latinos não se levantarem para dizer: "Nós vamos punir nossos inimigos e vamos recompensar nossos amigos que estão com a gente em questões tão importantes para nós"...Se eles não entenderem que precisam ir lá e votar, então eu penso que será mais difícil e esta é a razão para que o povo vote no dia 2 de novembro."

Essa "questão importante" dá a entender que é sobre imigração. Obama parece sugerir que vai facilitar a imigração para ganhar votos dos latinos.

O Obama venceu a eleição com um discurso chamado de "pós-racial",  querendo dizer que as diferenças de raças estavam superadas e que ele não iria incentivar isso para ganhar eleição, e também com um discurso de bi-partidarismo, ou seja, que iria incentivar a cooperação com a oposição republicana.

Não foi bem isso que se viu, quando assumiu o governo. Pelo contrário, os republicanos foram afastados das principais decisões e acusados de serem o "partido do não", ou seja, aquele que não aceita as medidas econômicas e sociais do governo.

Esse discurso inflamado de ontem pode gerar violência, imagens de cabos eleitorais atacando outros já não são tão difíceis.

Já há certeza que os republicanos farão mais governadores, conseguirão reverter a maioria democrata na câmara com folga e estão em disputa apertada pelo senado. Pelas pesquisas até agora os democratas têm como mais ou menos certas 49 cadeiras no senado e os republicanos, 45. Faltam 6 para serem defindas.Talvez, os democratas ainda consigam manter a maioria, mas mesmo assim, os senadores do partido terão um posição bastante diferente em relação ao governo Obama, mesmo sendo da situação, do que tiveram antes das eleições. Há um afastamento do governo generalizado.

Quem quiser assistir a um comentário sobre esse discurso de Obama, veja em:

http://video.foxnews.com/#/v/4388933/obama-latino-voters-should-punish-our-enemies/?playlist_id=87485

Se desejarem ver como andam as eleições nos Estados Unidos em cada estado, o site Real Clear Politics é uma ótima fonte. Nesse mesmo site é possível ver como anda a aprovação do governo Obama. Para acesso ao site, clique em:


http://www.realclearpolitics.com/

Para ver as pesquisas sobre a aprovação de Obama, acessem:


terça-feira, 26 de outubro de 2010

As 25 Cidades Mais Sujas do Mundo



Agora, em tempo de eleição, novamente vemos uma tímida quase nula discussão sobre uma dos graves problemas brasileiros (além da educação e da necessidade de uma reforma política), qual seja: saneamento básico, especialmente o esgotamento básico.

Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) com dados de 2008, apenas 43% da população brasileira tem colega de esgotos. O índice de tratamento de esgotos gerados é de apenas 34,6%. Isso é um absurdo, com perniciosos impactos sobre a saúde e bem-estar da população, sem falar no impacto sobre a economia, que precisa de gastos públicos e privados altíssimos para remediar os resultados da falta de esgoto.

Vários analistas apontam o pouco avanço que os diversos governos brasileiros conseguiram. Segundo um relatório da FGV de 2007, chamado Trata Brasil: Saneamento e Saúde, no ritmo que vamos, só daqui a 115 anos o Brasil conseguirá a universalização do acesso a esgoto tratado.

Considerando o mesmo período tempo, 2007-2008, o Mercer Human Resource Consulting's 2007 Health and Sanitation Rankings fez uma medição mundial sobre a poluição, considerando ar, lixo, serviços hospitalares e doenças infecciosas. O site Forbes apresentou as 25 cidades mais sujas do planeta segundo a Mercer. A boa notícia é que não há nenhuma cidade sul-americana entre as 25, mas isso não pode nos animar.

Assustadora é a descrição das 25 cidades mais sujas do mundo. A maioria fica na África, mas tem Moscou (14a colocada), Bagdá (8a). Mumbai (7a) e Cidade do México (5a). Baku no Azerbaijão ficou em 1o lugar nesse péssimo quesito.

A cidade mais limpa é Calgary no Canadá.

Vejam a lista das 25 piores cidades em fotos, com descrições que permitem uma boa idéia do problema. Em muitas fotos, lembramos o Brasil.

http://www.forbes.com/2008/02/24/pollution-baku-oil-biz-logistics-cx_tl_0226dirtycities_slide_2.html?thisSpeed=15000

A Mercer também fez uma medição da qualidade de vida em 2010. Para esta medição, Havana e Porto Príncipe estão com o pior nível na região central e sul do continente americano. A cidade Pointe-à-Pitre, de Guadalupe, é melhor cidade nessa  região.

No mundo, a cidade com melhor qualidade de vida é Viena, na Áustria.

Para ver os dados de qualidade de vida nas cidades, acesse:

http://www.mercer.com/qualityofliving

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

G-20 e a Competição Comercial



O Grupo G-20, que reúne as maiores economias do mundo (para ver quais são os países acesse www.g20.org), se reuniu na Coréia do Sul no último final de semana. A discussão principal se deu em torno da competição para desvalorizar as moedas nacionais no intuito de aumentar saldos comerciais (lembrete: quando mais valorizada uma moeda, mais caro são os produtos do país que a usa, o que dificulta a venda de seus produtos. É um problema brasileiro sério hoje).

O G-20 se posicionou contra medidas governamentais que desvalorizem as moedas para aumentar os ganhos comerciais. Em geral, se diz que o dólar, pela relativa fraqueza da economia americana pode desvalorizar, mas os países emergentes que estão com maiores ganhos comerciais devem ter suas moedas valorizando.

A preocupação do G-20 é com os desequilíbrios nas balanças comerciais. Mas , sempre que ouço essa preocupação me pergunto: houve, em algum momento histórico, equilíbrio nos saldos comerciais? Não, não houve. E mesmo se todos os saldos fossem zero não haveria equilíbrio, há países que merecem, pela sua produtividade, obter saldos positivos.

Como diz o Wall Street Journal de hoje a implicação dos argumentos do G-20 é que os Estados Unidos poderão continuar emitindo moeda até que a China e outros países com superávits valorizem suas moedas. Em suma, o G-20 não detectou o problema e ainda estimula ainda mais a competição.

Só dizer que é contra a briga comercial não resolve, deve-se detectar o problema. Os Estados Unidos não estão em um bom caminho ao estimular a desvalorização de sua moeda, deveriam procurar medidas para atrair capital e não a emissão de dólar. A China não pode manter artificialmente sua moeda desvalorizada, seus riscos inflacionários já são sentidos. A Alemanha e o Japão não podem seguir a desvalorização do dólar. No caso da Alemanha, o fato de usar o Euro é um complicador.

Em suma, o problema não é desequilíbrio comercial. O desequilírbio é normal e mesmo saudável, o problema são as políticas econômicas que escondem e não refletem a produtividade de suas economias.

Os Estados Unidos são uma importante fonte do problema, mas o governo Obama parece não querer reverter suas medidas para estimular a economia. As eleições parlamentares da próxima semana vão mostrar que a política econômica dele não está errada somente para os outros países, seus compatriotas também acham que Obama está no caminho errado.

domingo, 24 de outubro de 2010

Wikileaks - Para Quê?



O site Wikileaks, que teve acesso de forma ilegal a várias informações secretas sobre a guerra do Iraque e do Afeganistão, liberou 400 mil documentos secretos ontem sobre a guerra do Iraque.

Não condeno que um jornal ou site libere informações que recebeu de forma ilegal. Se a imprensa recebeu documentos mesmo de forma ilegal, deve checar as informações e publicar, protegendo a fonte. A não ser que o efeito de sua informação ponha em risco a vida de terceiros.

Esse é o caso com o Wikileaks, muitos informantes civis estão agora em risco, sem falar nos militares americanos e iraquianos. Por isso, acho que o fundador do site, Julian Assange deveria ser preso. A liberdade de imprensa é um valor muito importante, mas a vida está acima desse valor.

Não sei qual o objetivo de Assange. Ele tende a discursar contra a guerra e contra a presença americana, mas o efeitos de suas informações têm sido mais prejudicial ao Paquistão ou ao Iraque do que aos Estados Unidos.

Nessa nova leva de documentos, foi mostrado que a maioria das mortes no Iraque (supostamente por causa da guerra) são de civis. Segundo os documentos, 109 mil pessoas morreram no Iraque desde 2004. Destes, 66 mil eram de civis e 23 mil eram de insurgentes, o restante (19 mil) eram das forças iraquianas. Além disso, os documentos revelam sessões de tortura feitas por policiais iraquianos.

O primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Malik, acusou o Wikileaks de usar os documentos politicamente, atrapalhando uma solução política no país em favor dele. O Iraque há sete meses fez uma eleição, mas ainda não conseguiu estabelecer o vencedor e al-Malik tenta fazer uma coalizão para se manter no poder.

Na vez anterior que o site liberou documentos foi o Paquistão que se perturbou, porque os relatórios mostraram as ligações dos militares paquistaneses com os terroristas do Afeganistão. Agora, mostra as crueldades das forças iraquianas.

O Pentagono regiu de novo dizendo que as informações já eram conhecidas e mostrou-se preocupado com o risco a vida dos informantes e dos militares. Mas acho bom se preocupar com a vida de Assange também.

Mas pergunto-me: para quê servem esses documentos do Wikileaks no sentido de resolver os conflitos? Só tendem a piorar o cenário da guerra, politicamente e militarmente. E, principalmente, colocam mais vidas em perigo.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Demissão de Juan Williams

O grande debate hoje nos Estados Unidos é a demissão do jornalista Juan Williams (foto) da National Public Radio (NPR). Antes de falar da causa da demissão, permitam-me que eu contextualize.

Williams tem uma posição de esquerda moderada e trabalha em vários órgãos de imprensa.  Mas é mais conhecido por aparecer regularmente na Fox News, seja no programa de Bill O'Reilly ou no de Sean Hannity. Fox News é o canal de notícias da Tv a cabo mais assistido nos Estados Unidos e tem um posição conservadora da política, no qual sempre reforça a necessiade de menos intrusão do governo seja na economia ou em questões sociais. Pense em um Globo com uma posição ainda mais clara em favor dos conservadores. A Fox é odiada pela esquerda norte americana.

Williams era proibido pela NPR de dizer na Fox News que tinha um contrato na NPR. A NPR não queria ser vista pela esquerda como próxima da Fox News.

A NPR recebe dinheiro público (!) e recentemente recebeu ajuda de 1,8 bilhões de dólares de George Soros. Soros é aquele multi-milionário que um dia quebrou as bolsas de valores do mundo (Armínio Fraga trabalhou para ele) e hoje se dedica a patrocinar todo tipo de ONG da extrema esquerda. 

Eu, sinceramente, não tenho muita paciência com Williams, não gosto de meio termo e ele sempre procura relativizar, detesto isso.

Mas qual foi a causa da demissão? Para explicar, eu tenho de explicar o encadeamento dos acontecimentos.

Bill O'Reilly, que tem o programa na Fox que é mais assistido da TV a cabo norte-americana no horário nobre, está lançando um livro. Neste processo, ele aparace em vários canais de TV para fazer campanha pelo livro, como acontece com qualquer um nos Estados Unidos. Quem quer vender deve encarar tanto programas que apoiam suas posições políticas como os aversos a ela. É uma tradição saudável também acirra o debate.

O'Reilly foi em programa chamado The View feito por cinco mulheres que é assitido basicamente por esquerdistas. Neste programa, ele foi confrontado com questões sobre os muçulmanos. Na resposta, ele disse que "os muçulmanos" eram responsáveis pelas guerras atuais e pelo terrorismo. Ao não dizer "muçulmanos radicais", mas simplesmente, "muçulmanos", criou-se um clima de confornto no programa que foi debatido durante toda a semana passada.

O'Reilly explicou que quando os nazistas atacavam na Segunda Guerra, se dizia que eram os "alemães" atacando e não os "alemães radicais", além disso, os chamados muçulmanos moderado silenciam e não procuram derrotar os radicais em seus próprios países. São os ocidentais que precisam fazer o trabalho.

O processo de discussão acabou sendo vencido por O'Reilly e ele continuou explorando o debate. Ato contínuo, ele chamou Williams ao seu programa e perguntou o que ele achava. Ele disse que não era um fanático conservador e que sua história era toda em defesas dos direitos sociais, mas "quando ia voar e via alguém vestido como muçulmano ele tinha medo" . Bom, essa frase foi suficiente para provocar a demissão de Williams.

Hoje, qualquer site ou jornal nos Estados Unidos está falando sobre o tema.

A minha opinião é simples, ele não merece a demissão e a posição da NPR causará problemas para ela (possivlemente perderá aportes públicos), mas quem tenta ficar no meio termo acaba não convencendo nenhum lado, nem o outro.

Quem quiser ver a reação de O'Reilly sobre a demissão de Williams, acesse:

http://video.foxnews.com/#/v/4382209/a-disgraceful-decision-by-npr/?playlist_id=87485

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Prêmio Sakharov - Guillermo Fariñas


A União Européia acaba de dar o prêmio Sakharov de direitos humanos para Guillermo Fariñas, dissidente cubano que está preso. Farinãs tem 48 anos, apesar de parecer muito mais velho na foto (dado os sofrimentos que atravessa). Foi preso pela primeira vez em 1995 por denunciar a corrupção nos hospitais cubanos e fez 23 greves de fomes em protesto contra o governo. É membro do partido ilegal Aliança Democrática de Cuba. Lula sofreu grande perda de prestígio internacional, quando visitou Cuba e não pediu pela libertação de Fariñas.

Interessante é o relato de Daniel Hannan, que é parlamentar inglês na União Européia, da cerimônia em que foi anunciado o nome de Fariñas. Ele diz como os comunistas se comportaram. Os comunistas consideraram que o prêmio era político.

Hannan mostra a hipocrisia comunista. E lembra como o mundo é estranho, ninguém quer ser do partido que foi Mussolini, mas ainda hoje há muita gente comunista, mesmo a história mostrando que os diversos regimes comunistas ceifaram mais vidas do que qualquer regime já visto no planeta. Basta lembrar de Stálin e Pol Pot, dois mestres em matanças. Sobre Cuba, o mundo usa a camisa de Che Guevara alegremente, quando ele matou e mandou matar dezenas de pessoas, muitas a sangue frio.

O pior é que o próprio prêmio lembra as atrocidades dos regimes comunistas. Andrei Sakharov foi um dissidente soviético que lutou pela paz e ganhou prêmio Nobel da Paz em 1975. Os russos não permitiram que ele deixasse o país para receber o prêmio.

Vale a pena, ler o texto de Hannan, ele também mostra um vídeo:


http://blogs.telegraph.co.uk/news/danielhannan/100060187/euro-communists-sulk-as-anti-castro-dissident-wins-human-rights-award-how-do-they-keep-getting-away-with-it/

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Conservadores Vermelhos



O fiósofo Phillip Blond publicou recentemente um livro chamado Red Tory. Podemos traduzir por consevadores vermelhos (a palavra tory remete ao partido conservador inglês).

Para mim, de cara, penso que ele está procurando ganhos políticos. Pois, primeiro, ele começou trabalhando em um think tank dos trabalhistas ingleses, especialmente ligado a Tony Blair e agora é uma grande guru para o atual primeiro-ministro inglês David Cameron do partido conservador.

Talvez tenha sido fácil a trabsição de Blond, pois muitos ingleses não conseguem entender o conservadorismo de Camerom, e eu também não. Ele para mim é apenas mais um Tony Blair. Tenta ficar no meio entre a esquerda e a direita. Inclusive, seu vice, Nick Clegg é da extrema esquerda britânica.

Mas vamos lá, Blond se diz uma admirador de Gilbert Keith Chesterton. Todo mundo que elogia Chesterton tem meus ouvidos. Como já disse aqui, Chesterton mudou minha vida, quando li seu livro Ortodoxia. Chesterton era católico e Blond foi católico e agora se diz anglicano (não sei se por questões políticas).

O livro, não li ainda (estou apenas relatando o que pesquisei), tem um um ponto interessante: procura mostrar que é o conservadorismo que tem base popular e historicamente ajudou nos avanços sociais e não o esquerdismo. Então, proclama por um "novo" conservadorismo que se inspire no passado, especialmente para tentar conter as grandes desigualdades sociais. A preocupação conservadora com a restauração da família é muito importante para a redução dessas desigualdades.

O ponto dele de atacar tanto conservadores quanto esquerdistas é que para ele foi o individualismo exacerbado, com políticas voltadas para o mercado privado, dos tempos de Margaret Thatcher (a grande conservadora inglesa) que tornou os mais pobres sujeitos aos perniciosos avanços do estatismo dos esquedistas. Ele também acusa a esquerda pela destruição social, com incentivos a aborto, pornografia e mesmo uso de drogas.

Quem procura um meio termo em política ou teologia dificilmente me convence. E as soluções que Blond propõe também são frágeis: capitalização do bem-estar social, com, por exemplo, aumento dos empréstimos entre famílias e associações. Mas, o livro está sendo discutido fortemente na Inglaterra e Blond já montou seu próprio think tank com bastante apoio financeiro.

Em resumo, acho, pelo o que pesquisei, que as idéias de Blon são um Blair, que trouxe o chamado "novo trabalhismo (que aceita a força do capitalismo mas usa o esquerdismo nas questões sociais), com críticas às políticas sociais da esquerda e com idéias novas para diminuir o individualismo da direita nada promissoras.

Mas quem sabe valha incluir em uma lista de leitura. Não tenho certeza.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ed West



Caros,

Permitam mencionar que recebi ontem em meu blog um curto comentário do grande jornalista inglês do jornal The Telegraph, Ed West. Depois que o citei em meu blog e comentei seu artigo na sua coluna. (Allow me to mention that yesterday I received a coment from the great journalist, Ed West. I had said to him in his blog that my piece uses to consider his articles many times)

Fiquei muito feliz, pois sou um leitor assíduo de suas colunas. Recomendo fortemente que leiam o que ele escreve. Depois de receber elogios dos jornalistas Augusto Nunes e Celso Arnaldo, fora do blog (mas disponível para todos e muita mais gente no Blog do Augusto Nunes), esse é meu primeiro comentário de um jornalista estrangeiro e foi dito no próprio blog. Ele só disse obrigado, com certeza não sabe mais do que isso em Português, mas fiquei bastante feliz. (It was fantastic to receive such short, I think he does not know many words in Portuguese, but important coment. I had received fantastic comments outside the blog from two important Brazilian Journalists, Augusto Nunes and Celso Arnaldo , but this from West was inside and It will be available for everyone here).

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Angela Merkel e o Multiculturalismo



Na semana passada, a primeira-ministra da Alemanha Angela Merkel disse que o multiculturalismo falhou. Isto é, a idéia de que é possível formar uma sociedade com diversas pessoas de diversas religiões e culturas, resultando que todos trabalhem juntas com o mesmo propósito tinha falhado. Friso a palavra juntas, porque é aqui que está o problema.

Quem já morou na Europa fica mais claro, mas acontece em qualquer lugar (mesmo no Brasil tido como um país que todos estão unidos na diversidade). As pessoas de diferentes religiões e culturas geralmente vivem afastadas uma das outras. As pessos vivem em mundos diferentes. Para que uma sociedade se desenvolva em uma mesma direção é necessário que alguns princípios sejam defendidos por todos, ou pelo menos pela imensa maioria. Por exemplo, a defesa da liberdade da mulher é uma conquista ocidental que não é compartilhada pelo islamismo, assim como a liberdade para os homossexuais. A idéia de que um estado deva ser laico também é um valor ocidental não reconhecido pelo islamismo.  O comunismo foi derrotado na Europa, mas ainda persiste na Ásia.

Tenho um amigo que trabalha na ONU na área de refugiados. Ele sempre me relata a dificuldade de adptação dos refugiados. Eles resistem em aceitar os valores dos países que os recebe e os cidadãos desse país também resistem a agregar esses indivíduos.

Merkel disse:

"At the beginning of the 1960s our country called the foreign workers to come to Germany and now they live in our country," said Ms. Merkel at the event in Potsdam, near Berlin. "We kidded ourselves a while. We said: 'They won't stay, [after some time] they will be gone,' but this isn't reality. And of course, the approach [to build] a multicultural [society] and to live side by side and to enjoy each other ... has failed, utterly failed." (No começo da década de 60, nosso país chamava trabalhadores estrangeiros para vir para a Alemanha e agora eles vivem em nosso país. Nós enganamos nós mesmos um pouco. Nós pensamos: "Eles não vão ficar, [depois de um tempo] eles irão embora", mas esta não é a realidade. E lógico, a abordagem de construir uma sociedade multicultural para que todos vivam lado a lado com prazer...tem falhado, completamente falhado) .

Merkel lembrou um fato que eu mesmo falo para o meu amigo da ONU. Muitos refugiados não se esforçam, e alguns nem querem, aprender a língua do país que o recebe. Merkel disse que "aqueles que não aprendem a língua alemã imediatamente não são bem-vindos".

O problema da imigração é sério, especialmente nos países ricos, onde imigrantes vão buscar trabalho e as garantias do estado do bem-estar social (creche de graça para os filhos, auxílio desemprego, juros baixos para habitação, etc.). Atualmente, há discussão desse problema tanto na Europa como nos Estados Unidos. Sarkozyu mandou de volta ciganos, a Alemanha tem problemas com turcos e muçulmanos, os Estados Unidos têm problemas com otráfico de drogas e de pessoas na fronteira com o México, a Bélgica tem uma vasta população muçulmana que ameaça a cultura do país, a Romênia não quer aceitar de volta os ciganos deportados pelos franceses, etc..Mas não apenas no mundo ocidental, para ver isso para pensar como o irã reagiria se uma grande massa de muçulmanos sunitas entrassem no país, ou sobre o efeito de uma população de palestinos no Líbano ou no Egito.

Devemos entender que os país ricos devem se preocupara em manter sua cultura e seus valores. Não devemos querer, quando estamos em um outro país, que este país se transforme culturalmente em nosso país de origem. Não é que o estrangeiro deva compartilhar todos os valores do país que o recebe, mas deve pelo menos respeitá-los.

Sem falar, que a aceitação de muitos estrangeiros pode mudar completamente o panorama eleitoral de um país. Imaginemos se o Brasil recebesse chineses em número exagerado, e eles, ao chegar aqui, não aprendessem nem a língua portuguesa, mas adquirissem possibilidade de voto capaz de eleger senadores. O político brasileiro, se ele prórpio não fosse chinês, teria de aprender chinês (como os presidenciáveis americanos têm de aprender espanhol) ou falaria em resistência a cultura chinesa.

O mutliculturalismo só funciona se for no sentido de aceitação de mesmo princípios. Mas alguns princípios se chocam com a cultura de alguns. Por isso, a dificuldade.

Por vezes, o debate sobre imigração recai nas questões econômicas: como o imigrante contribui com o PIB do país e quanto ele explora os gastos públicos. Mas, como bem lembra Ed West em seu blog do The Telegraph hoje: imigração é muito mais uma questão social e de valores do que simplesmente econômica.

Para ler o excelente texto de West, acesse:
http://blogs.telegraph.co.uk/news/edwest/100059379/the-immigration-debate-is-about-society-not-economics-says-the-delightful-ed-west/