quinta-feira, 30 de junho de 2022

Gráfico: Quem Comprou Petróleo e Gás Russo Desde Início da Guerra


O gráfico acima mostra os países que mais compraram combustíveis fósseis (gás e petróleo) da Rússia nos 100 primeiros dias de guerra da Ucrânia (a guerra começou em 24 de fevereiro deste ano). Vemos que os maiores importadores de combustíveis russos desde a guerra são 1) China, que se comporta quase como aliada da Rússia enquanto também explora o momento de fragilidade da economia russa e 2) Alemanha, maior potência econômica da Europa, que se deixou subjugar pela produção de energia da Rússia por anos, enquanto se proclama lider do combate a mudança climática. Fiquei também assustado com a forte dependência da Polônia também, país que sabe muito bem que não se pode confiar na Rússia (nem na Alemanha).

Enquanto os EUA proibiram em 100% a compra de combustíveis fósseis da Rússia, os países da União Europeia são muito dependentes da Rússia para prover energia, por isso continuam financiando Putin. A Alemanha só conseguiu reduzir em 8% as importações da Rússia até agora.

A fonte de informação do gráfico é o site Visual Capitalist. O site traz comentários interessantes sobre o assunto.

Traduzo abaixo:

Os maiores importadores de combustíveis fósseis russos desde a guerra

Apesar das iminentes sanções e proibições de importação, a Rússia exportou US$ 97,7 bilhões em combustíveis fósseis nos primeiros 100 dias desde a invasão da Ucrânia, com uma média de US$ 977 milhões por dia.

Então, quais combustíveis fósseis estão sendo exportados pela Rússia e quem está importando esses combustíveis?

O infográfico acima acompanha os maiores importadores das exportações de combustíveis fósseis da Rússia durante os primeiros 100 dias da guerra com base em dados do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA).

O mercado global de energia passou por vários choques cíclicos nos últimos anos.

O declino gradual nos onvestimento upstream em petróleo e gás, seguido por cortes de produção induzidos pela pandemia, levou a uma queda na oferta, enquanto as pessoas consumiam mais energia à medida que as economias reabriam e os invernos ficavam mais frios.  Consequentemente, a demanda por combustíveis fósseis estava aumentando mesmo antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, o que exacerbou o choque do mercado.

A Rússia é o terceiro maior produtor e segundo maior exportador de petróleo bruto.  Nos 100 dias desde a invasão, o petróleo foi de longe a exportação de combustível fóssil mais valiosa da Rússia, respondendo por US$ 48 bilhões ou aproximadamente metade da receita total de exportação.

Enquanto o petróleo bruto russo é transportado em navios-tanque, uma rede de oleodutos transporta o gás russo para a Europa.  Na verdade, a Rússia responde por 41% de todas as importações de gás natural para a União Europeia, e alguns países são quase exclusivamente dependentes do gás russo.  Dos US$ 25 bilhões exportados em gás de gasoduto, 85% foram para a União Europeia.

A União Europeia respondeu por 61% da receita de exportação de combustíveis fósseis da Rússia durante o período de 100 dias.

Alemanha, Itália e Holanda – membros da UE e da OTAN – estavam entre os maiores importadores, com apenas a China superando-os.

A China ultrapassou a Alemanha como o maior importador, comprando quase 2 milhões de barris de petróleo russo com desconto por dia em maio - um aumento de 55% em relação a um ano atrás.  Da mesma forma, a Rússia superou a Arábia Saudita como o maior fornecedor de petróleo da China.

O maior aumento nas importações veio da Índia, comprando 18% de todas as exportações de petróleo da Rússia durante o período de 100 dias.  Uma quantidade significativa do petróleo que vai para a Índia é reexportada como produtos refinados para os EUA e a Europa, que estão tentando se tornar independentes das importações russas.

Em resposta à invasão da Ucrânia, vários países adotaram medidas estritas contra a Rússia por meio de sanções às exportações, incluindo combustíveis fósseis.

Os EUA e a Suécia proibiram completamente as importações russas de combustíveis fósseis, com volumes mensais de importação caindo 100% e 99% em maio em relação ao início da invasão, respectivamente.

Abaixo, vejam que países mais reduziram as importações de combustíveis da Rússia


Em escala global, os volumes mensais de importação de combustíveis fósseis da Rússia caíram 15% em maio, uma indicação do sentimento político negativo em torno do país.

Também vale a pena notar que vários países europeus, incluindo alguns dos maiores importadores durante o período de 100 dias, reduziram os combustíveis fósseis russos.  Além da decisão coletiva da UE de reduzir a dependência da Rússia, alguns países também recusaram o esquema de pagamento em rublos do país, levando a uma queda nas importações.

É provável que a redução das importações continue.  A UE adotou recentemente um sexto pacote de sanções contra a Rússia, proibindo completamente todos os produtos russos de petróleo bruto marítimo.  A proibição, que cobre 90% das importações de petróleo da UE da Rússia, provavelmente terá todo o seu impacto após um período de seis a oito meses que permite a execução dos contratos existentes.

Enquanto a UE está eliminando gradualmente o petróleo russo, vários países europeus dependem fortemente do gás russo.  Um boicote completo aos combustíveis fósseis da Rússia também prejudicaria a economia europeia, portanto, a eliminação gradual provavelmente será gradual e sujeita às mudanças no ambiente geopolítico.


quarta-feira, 29 de junho de 2022

A Praga da Sinodalidade de Francisco se Espalha


 Se a Igreja Católica nos seus primórdios tentasse aplicar métodos democraticos para definir sua doutrina não teria passado de uma seita judia que teria acabado no primeiro século. 

A democracia tem qualidades, mas não está entre elas a capacidade de manter doutrina ou princípios.  

A Igreja nunca foi nem deve ser uma democracia.  Ponto final. 

Mas isso é justamente o que deseja fazer Francisco. 

O jornalista italiano Sandro Magister fez um otimo artigo sobre como a tal sinodalidade de Francisco está se espalhando de Roma e Alemanha para outros paises da Europa. 

Claramente a Sinodalidade saiu de qualquer controle e as decisões que se avizinham, frutos da sibodalidade, são obviamente heréticos. 

Não tenho tempo para traduzir o texto.  Vejam abaixo o que diz Magister:


In his recent conversation with the directors of the European journals of the Society of Jesus, transcribed and published by “La Civiltà Cattolica,” Pope Francis also had his say on the “synodal path” underway in Germany. In his view, “the problem arises when the synodal path comes from the intellectual, theological elites, and is highly influenced by external pressures,” when instead it should be done “with the faithful, with the people.”

The trouble is that when this happens, that is, when suggestions are taken from the base or the opinion of the faithful is surveyed, the results are practically the same as those dictated by the dominant elites or by external pressures, with the inevitable litany of requests that range from married priests to women priests, from the new sexual and homosexual morality to the democratization of Church governance.

Francis expressed his fears about the synod of Germany in a letter of June 2019 that he “wrote all on his own, in Spanish.” But then he let it go on without putting any restraint on it and without giving any sign of listening even to the growing cries of alarm from Cardinal Walter Kasper, who at the beginning of his pontificate was his reform theologian of reference but who doubts that the German synod - an “attempt at a coup d'état” - is even “truly Catholic.”

Not only that. There is an ever more palpable risk that the agenda of Germany’s “synodal path” will end up in that other synod of the universal Church which the pope convened in 2021, having it begin from none other than the peripheries and the base, and which will have its culminating session in Rome in October of 2023.

Initially, the convocation of this general synod did not even make the news. The theme that Francis had assigned it, “synodality,” appeared so abstract and boring as to discourage any interest on the part of the media.

But then, as soon as the dioceses began to assess the state of mind of priests and faithful, it was clear right away what ingredients had gone into making the litany of requests. With the result that now the episcopal conferences, in taking stock of the decentralized first phase of the synod, find in their hands a duplicate of Germany’s “synodal path,” invoked by their faithful as well.

France is a case in point. In mid-June the French episcopal conference met in a special session precisely in order to put the finishing touch to a “Collecte des synthèses sinodales” produced in the various dioceses and then send it to Rome. In voting on the document the episcopal conference did not approve its contents, but limited itself to verifying that these were in keeping with the requests of the thousands of priests and faithful interviewed. But the requests sent to Rome include precisely the obsoletion of clerical celibacy, the ordination of women to the diaconate and the presbyterate or at least, “as a first step,” entrusting them with the homily at Mass, a radical reform of the liturgy and of its “now unacceptable” language, the generalized admission to the sacraments of the divorced and remarried and homosexual couples.

In Ireland it is the same. In addition to the reports of the consultations in each diocese the bishops also made use of a large opinion poll among the faithful. And it emerged that almost the totality of Irish Catholics want married priests and women priests, 85 percent want the obsoletion of any condemnation of homosexual acts, 70 percent want the laity as well to have decision-making power in the Church, and still others want expelled from Mass the Old Testament readings “dripping with blood.”

The meeting of the Irish episcopal conference held in mid-June was also attended by Sister Nathalie Becquart, undersecretary in Rome of the synod on synodality, who said that in two thousand years of history this is the first time the Church has brought to life such a universal consultation, which Francis wanted to start from the base. Nobody knows where this synod will end up, she concluded, but precisely for this reason one must be open to the “surprises of the Holy Spirit.”

Sister Becquart, who in the synod will have the right to vote on a par with the bishops, is part of the markedly progressive trio that Francis has placed at the head of the synod on synodality, together with the secretary general, Maltese cardinal Mario Grech, and the relator general, Luxembourgish and Jesuit cardinal Jean-Claude Hollerich.

And as if that were not enough, with both of these cardinals Francis has set up a working group on how to reconcile the German synod with that of the universal Church. The news was announced last February 3 by the president of the German episcopal conference, Limburg bishop Georg Bätzing, whose revolutionary cravings are even more intense than the already reckless ones of Hollerich himself, to the point of recently saying that he is “disappointed” by the pope’s slow pace.

It was in vain that not a few bishops and cardinals knocked at the door of the dicastery for the doctrine of the faith, asking that Cardinal Hollerich’s most brazen theses be disavowed, especially those that overturn the doctrine on sexuality and homosexuality. The dicastery is keeping quiet and everyone is convinced that it is the pope who is imposing the gag.

Among the new cardinals announced by Francis on Ascension Sunday are at least a couple who are champions of this doctrinal revolution: San Diego bishop Robert McElroy and Manaus archbishop Leonardo Ulrich Steiner.

The effect of the practical pass granted by the pope to the German “synodal path” is that there are more and more in the Church who feel authorized to behave accordingly.


In Germany there was a stir over the three hundred Franciscan friars who in mid-June elected as their provincial superior Markus Fuhrmann, who had made the news a few weeks earlier by publicly stating he was a homosexual as well as a fervent supporter of the most brazen innovations in the works with the “synodal path” in Germany.

And a few days later, again in Germany, for the umpteenth time there came demands for the same innovations - including the blessing of homosexual unions in church, banned only in words by the Vatican - from the head man of the German hierarchy, Cardinal Reinhard Marx, archbishop of Munich and a prominent member of the small council of cardinals created by the pope to assist him in governing the universal Church.

In Switzerland, in the diocese of Chur, Bishop Joseph Maria Bonnemain has forced the priests and diocesan employees to sign a rainbow code in which among other things they pledge to “renounce generally negative evaluations on alleged non-biblical behavior in matters of sexual orientation.

In Italy, in the archdiocese of Bologna, on June 11 a male couple civilly united at city hall and immediately afterward celebrated their union in church, at a Mass officiated by the head of family pastoral care for the archdiocese, Don Gabriele Davalli. A subsequent contorted statement from the archdiocese attempted to justify the incident, maintaining that it was simply - against the evidence - a Mass of thanksgiving for the Catholic LGBT group “In cammino,” to which the two belong. But no one missed the fact that the archbishop of Bologna is Cardinal Matteo Zuppi, who for a month has been president, by papal appointment, of the Italian episcopal conference and is also the first in the ranking of candidates for a future conclave. It is likely that this episode will damage his bid to succeed Francis, costing him the few votes he could collect among conservative cardinals as well.

In short, the contagion of Germany’s “synodal path,” unchecked by the pope, has now crossed the borders and threatens to influence the general synod on synodality itself. Nor did anything at all come of the heartfelt open letter sent to the German bishops on April 11 by cardinals Francis Arinze, Raymond Burke, Wilfried Napier, George Pell, Camillo Ruini, Joseph Zen, and about a hundred archbishops and bishops from around the world.

That the Catholic Church may be turned into a sort of permanent synod, with the requests from the base, meaning the dominant culture, playing the master, is another of the dangers denounced by Cardinal Kasper.

In any case, in the judgment of another cardinal, the Italian Camillo Ruini, a substantial part of the Church has already crossed the boundaries of Catholic doctrine on at least one point: the approval of homosexual acts. “I do not deny that there is a risk of schism,” he said in a May 4 interview with “Il Foglio.” “But I trust that, with God’s help, it can be overcome.”


sexta-feira, 24 de junho de 2022

Dia de Vitória da Vida nos EUA

 


Este dia foi muito esperado por todos que defendem a vida!!!

A Suprema Corte dos EUA revogou nesta sexta-feira o direito constitucional ao aborto que está em vigor há meio século – derrubando Roe v. Wade em uma votação que eu diria que foi 5,5 a 3,5 (pois alguns sites falam em 6 a 3 e outros falam em 5 a 4) abrindo caminho para dezenas de estados banirem rapidamente o aborto.

 Na opinião oficial divulgada, a maioria conservadora do tribunal foi além de simplesmente resolver o caso diante deles - a quase proibição do aborto no Mississippi com 15 semanas de gravidez - e, em vez disso, anulou tanto Roe v. Wade e Planned Parenthood v. Casey, precedentes de longa data que  proibiu os estados de proibir o aborto antes do ponto de viabilidade fetal.

Escrevendo para a maioria do tribunal, o juiz da Suprema Corte Samuel Alito disse que a decisão Roe de 1973 e repetidas decisões subsequentes da alta corte reafirmando Roe "devem ser anuladas" porque eram "extremamente erradas", os argumentos "excepcionalmente fracos" e tão "prejudiciais" que somavam  a "um abuso de autoridade judicial". A decisão, a maior parte da qual vazou no início de maio, significa que os direitos ao aborto serão revertidos em quase metade dos estados imediatamente, com mais restrições provavelmente a seguir.  

Se juntaram a Alito (indicado por Bush Filho), Clarence Thomas (indicado por  Bush pai) e os três indicados por Trump – os juízes Neil Gorsuch, Brett Kavanaugh e Amy Coney Barrett.  O juiz Roberts, nomeado pelo Bush filho, concordou apenas no julgamento, e teria limitado a decisão de defender a lei do Mississippi em questão no caso, que proibia abortos após 15 semanas. Roberts é o responsável pelo meio ponto da decisão. 

 Dissidentes foram os ministros Stephen Breyer, nomeados pelo presidente Clinton, e os ministros Sonia Sotomayor e Elena Kagan, nomeados pelo presidente Obama.

Em suma, viva Trump, não perdeu um.

Será que a Igreja Católica vai celebrar a decisão e exaltar Trump? 

Vamos celebrar a vida hoje. Dia de São João. 

Obrigado Trump e os Bush. 


quarta-feira, 22 de junho de 2022

A Casa do Terror Nazista e Comunista na Hungria (fotos)


Estou na Hungria para apresentar um artigo, antes de viajar, costumo preparar uma lista de locais que desejaria ver. Mas essa viagem foi uma surpresa, pois o local mais impressionante que visitei não estava em nenhuma lista de guia de viagens.

Foi a "Casa do Terror" (Terror Háza em Húngaro). A Casa do Terror deve ser única no mundo, pois trata-se de um museu dedicado a mostrar objetos relacionados tanto ao período nazista como ao período comunista da Hungria. E é surpreendente pois os oficiais do nazismo e os oficiais do comunismo usaram a mesma casa para torturar, interrogar e mesmo matar os dissidentes. A Casa fica no endereço Andrássy 60, em Budapeste. Essa rua é também a mais chique da cidade e leva para a praça dos heróis da Hungria. Incrível ter o mesmo prédio usado para os mesmos métodos por duas ideologias totalitárias em um mesmo país em diferentes momentos. Pobre povo húngaro.

A Hungria apoiou os nazistas na Segunda Guerra Mundial por meio do Partido da Cruz Flechada, representado por uma cruz com setas verde. O Museu traz o uniformes do partido. O Partido era liderado por Ferenc Szálasi e matou milhares de judeus da Hungria. Ferenc Szálasi foi enforcado com o fim da guerra.

Depois da Segunda Guerra, a Hungria foi dominada pelo partido comunista liderado por Peter Gábor, que era alfaiate judeu, que matou e perseguiu milhares de húngaros usando a polícia secreta do partido AVH.

A Casa do Terror também mostra a libertação do comunismo feito pela Hungria, começando pela impressionante revolta contra o comunismo de 1956 e a partir de junho de 1989, quando o jovem Viktor Orbán (atual primeiro ministro do país), quando era estudante, fez um discurso pedindo o fim do comunismo e da presença militar dos soviéticos na Hungria. 

O muro de Berlim começou a cair a partir da Hungria quando o país permitiu que cidadãos da Alemanha Oriental atravessasse a Hungria para a Áustria se libertando do poder comunista alemão. 


















segunda-feira, 20 de junho de 2022

A Estranha e Perversa Ciência da Federação de Natação

A Federação Internacional de Natação (FINA) resolveu estabelecer um critério para que homens que se dizem mulheres possam competir entre as mulheres. Pode-se imaginar os líderes da organização se reunindo para discutir o assunto. Um deve ter dito: "nós não podemos discrimar os gays". Enquanto outro disse: "ei, as mulheres vão ser banidas do esporte se conpetirem com homens".

A FINA resolveu que só aqueles que quando crianças até os 12 anos "decidiram" fazer "transições" para ser mulheres  (sei lá, fizeram cirurgias e mexeram em seus hormônios) podem competir nas competições entre mulheres. 

Isto é, aqueles filhos de pais completamente alucinados que destruíram seus filhos e permitiram as tais transições poderão competir. 

A FINA justificou dizendo que transições após a puberdade dariam uma vantagem em favor dos trans contra as mulheres. Disse que isso é "científico "

Claro que os trans já reagiram contra a medida. Afinal, na prática imediata, a medida bane todos os trans das competições.

Mas se todos os esportes usarem o critério estarão apenas empurrando com a barriga o problema.  

Qualquer um pode ver a estupidez disso em todos os sentidos.  Em especial contra crianças. E isso não é ciência. 

Não irá funcionar, pois como eu digo, o erro vai dar errado.  Para começar quem vai controlar as "transições"? 

Pode-se "investir" em crianças trans para ganhar as competições. 


sábado, 11 de junho de 2022

O Cruel e Odiado Papa Francisco - Padre Allan McDonald e Damian Thompson


Li dois artigos de ontem para hoje, sendo um escrito por um padre chamado Allan J. McDonald e o outro escrito pelo jornalista inglês Damian Thompson,  que descrevem o Papa Francisco nos mesmos termos: autoritário, cruel, e odiado por quem o conhece de perto ou acompanha o que ele faz.

O artigo do padre se chama "Entendendo Papa Francisco e sua Antipatia e Marginalização dos Tradicionalistas" (Understanding Pope Francis and His Antipathy and Marginalization of Those who are Traditionalists).

O padre McDonald analisa Francisco a partir de sua experiência no seminário nos anos 70 e  diz (traduzo):

"Estou muito familiarizado com o desdém do Papa Francisco pela tradição e pela Igreja pré-Vaticano II.

Quando eu estava em um seminário muito liberal no final dos anos 70, eu estava aberto ao que estava sendo ensinado para mim. Mas, como a maioria dos católicos se prepararam para a fé católica antes do Vaticano II, uma espécie de dogmatismo daquele período foi aberta ao que o Vaticano II desejava.

Como sempre disse, o Vaticano II foi imposto aos católicos da maneira mais autoritária que poderia haver durante o  pré-Vaticano II. Assim como ser flexível (com os dogmas)! A forma de implementação foi daquele clericalismo que é o autoritarismo. Os dois são iguais e inseparáveis.

Mas depois do Vaticano II, a autoridade foi desafiada em todos os níveis, seja no tradicionalismo ou no liberalismo na Igreja. Assim, o autoritarismo por mandato nem sempre funcionou. A manipulação era necessária, assim como o aliciamento. Esses dois aspectos estão na raiz de todos os tipos de abuso, do emocional ao sexual.

Veja como o Papa Francisco tentou esmagar os jovens tradicionalistas. Ele não confia na teologia, mas sim na psicologia para ridicularizá-los. Ele os xinga e os rotula de pensamento rígido e retrógrado. É impróprio ouvir um papa falar como um psiquiatra e pontificar sobre questões psicológicas e sociológicas que estão além do âmbito de sua competência. Mas uma personalidade autoritária, lidando com seus próprios problemas, precisa confiar nesse tipo de abuso para conseguir o que quer.

Seu diagnóstico pode estar correto, mas uma pessoa rígida não merece respeito e compreensão? Não é cruel denegri-los da maneira que esse papa faz?"


O artigo de Thompson se chama "É o Fim do Papa Francisco?" (Is This the End of Pope Francis?)

O artigo do jornalista Damian Thompson é mais amplo do que o do padre. O ponto de partida do artigo são as fofocas sobre o estado de saúde de Francisco e sobre uma possível renúncia, a partir daí, ele afirma que bispos e todos que acompanham o que faz Francisco já sabem que o papa é cruel e autoritário, por isso é odiado.

Thompson nos diz, então (traduzo):

"O Team Francisco não é popular em Roma hoje em dia. O segredo mais bem guardado deste pontificado, pelo menos no que diz respeito ao público em geral, é que Jorge Bergoglio não é, e nunca foi, um homem bom. Ele fez tantos inimigos na Argentina que não ousou pisar em seu país natal desde que foi eleito papa. Ele esteve envolvido em alguns escândalos de cair o queixo lá, mais chocantemente sua tentativa de proteger seu aliado abusador de crianças, Pe Julio Grassi, da justiça. Ele tem sorte que a imprensa do Vaticano está com muito medo dele para investigá-lo adequadamente.

Francisco tem um traço de crueldade nele, e recentemente ele fez pouco para esconder isso. No ano passado, sua tentativa autoritária de esmagar as celebrações regulares da tradicional missa em latim ofendeu centenas de bispos que não gostam desse estilo de culto, mas não gostam ainda mais do pontífice argentino. Eles silenciosamente ignoraram a decisão, para a fúria do chefe da liturgia papal, um homem de Yorkshire dolorosamente arrogante chamado Arthur Roche, que será feito cardeal em agosto.

Mas os assuntos litúrgicos não serão estenderão no próximo conclave, seja lá quando vai for ocorrer. A moralidade sexual vai. Francisco passou quase uma década questionando a sabedoria do ensino católico sobre divórcio e homossexualidade – mas sem fazer nenhuma mudança formal nas regras. Nunca antes um conclave foi forçado a debater questões tão fundamentais. E, até certo ponto, estará operando no escuro. Francisco tem uma política de não convocar os cardeais para se reunirem como um corpo único, o que significa que muitos deles nem se conheceram e não sabem quem pensa o quê.

É provável, no entanto, que o tópico mais controverso seja a homossexualidade, e é aí que os rótulos “liberal” e “conservador” são enganosos. Os cardeais de esquerda do mundo em desenvolvimento, dos quais Francisco criou muitos, podem tolerar uma atitude mais relaxada em relação aos católicos divorciados e recasados, mas o pensamento da homossexualidade lhes revira o estômago.

Isso pode empurrá-los para um conservador moderado como o cardeal Péter Erdő da Hungria, um estudioso charmoso e discreto que, quando chamado para presidir um sínodo de bispos no Vaticano em 2014, de repente parecia e soava como um papa. Certamente exclui o cardeal Jean-Claude Hollerich, de Luxemburgo, presidente da Conferência Episcopal Européia e um pensador jesuíta muito mais distinto do que o Papa Francisco, que quer que a Igreja reconheça os relacionamentos gays.

No momento, no entanto, todos os olhos estão voltados para o cardeal Matteo Zuppi, o arcebispo de Bolonha, 66, que é um ciclista amigável aos gays, embora discretamente adere à linha de que atos homossexuais são pecaminosos. Isso poderia ser suficiente para satisfazer os cardeais africanos. As credenciais políticas de Zuppi provavelmente o ajudarão: ele está associado ao movimento de centro-esquerda Sant'Egidio, que é obcecado por puxar os cordelinhos - nada ruim durante um conclave. Ele também é legal com os tradicionalistas: como bispo, pediu que eles o ensinassem a celebrar a missa antiga, e ele não a reprimiu em sua diocese.

Mas as apostas, como na maioria dos conclaves, estará em “nenhuma das opções acima”. Exceto em raras ocasiões, o número de cédulas significa que a fumaça branca é seguida por um murmúrio de surpresa. Mas vou fazer uma previsão. Bispos de todo o mundo estão cansados ​​de serem intimidados pelo Vaticano. O novo papa não será um Francisco II nem em nome nem em sua abordagem de governar a Igreja. Quando este papa se for, esse molde será quebrado e provavelmente não haverá um único cardeal que queira juntá-lo novamente."



quinta-feira, 9 de junho de 2022

Uma Charge Que Diz Muito. Mas...

 


Há décadas temos um clero com péssima formação pregando heresias todos os dias nos púlpitos das igrejas e há décadas temos famílias destruídas.

Na minha época de colégio, era incomum temos jovens filhos de pais separados. Ao ponto, que as mães divorciadas pediam redução das mensalidades escolares. Hoje em dia é incomum temos jovens filhos de pais ainda casados. Imagina se todos os pais divorciados pedissem redução das mensalidades, como os colégios iriam sobreviver. Além disso, tem sido cada vez mais comum, crianças de lares de adultos gays ou lésbicas, o que tem feito os colégios eliminarem as comemorações dias de pais e o dia das mães, uma verdadeira desgraça.

Eu acho a charge acima de Pat Cross muito boa, pois mostra que a mídia social é a grande fuga de pessoas (crianças. jovens e adultos) que não encontram firmeza de fé na Igreja, nem encontram firmeza de amor dentro de casa. Nós, católicos, não temos um líder que nos ilumine como pais e filhos, por isso devemos lutar dentro dos nossos lares para ensinar o respeito e temor a Deus e criarmos filhos sadios dentro de um mundo entregue cada vez mais ao diabólico.

Mas, em todo caso, a mídia social só mostra o mundo, e o mundo está pervertido como nunca.  

Outra coisa, além da mídia social só mostrar o mundo, não quer dizer que se você ou seus filhos foram criados em lares de pais divorciados ou mesmo por adultos homossexuais e foram entregues às mídias sociais, serão pessoas diabólicas automaticamente. Deus está sempre presente, pode sempre curar, apesar Dele estar sendo cada vez mais afastado do mundo. 

Evitemos ao máximo os aplicativos, filmes, produtos, políticos, partidos e artistas do mundo. Só se entregue e  entregue a seus filhos aquilo que é de Deus. 

E Lutemos por Deus, inclusive nas mídias sociais.


quarta-feira, 8 de junho de 2022

Carta Aberta de 4 Ilustres Católicos Criticam Francisco sobre a Guerra da Ucrânia

 


No dia 3 de maio, Francisco deu uma entrevista para o Corriere de la Sierra, se mostrando pró-Rússia, pois acusou a OTAN de "latir na fronteira da Rússia", ao mesmo tempo que Francisco pareceu trair a confiança do patriarca da Igreja Ortodoxa Russa ao dizer que o patriarca era o "coroinha" de Putin. Em suma, a entrevista foi um desastre.

Daí, hoje eu descobri que quatro renomados professores católicos resolveram publicar em veículos católicos de esquerda uma carta aberta contra Francisco, exigindo que Francisco se posicione contra a Rússia e favoreça Ucrânia.

Como a carta veio de jornais de esquerda católicos que apoiariam as políticas heterodoxas ou mesmo heréticas de Francisco, o jornalista Sandro Magister diz que a carta teve impacto dentro do Vaticano.

Lendo a carta, achei que os autores conseguiram esconder bem o viés ideológico deles, ao parecer defender os conservadores católicos americanos enquanto ao mesmo tempo defenderam o ecumenismo de Francisco. Um negócio meio tosco, mas tudo bem. Em geral, concordo com a Carta: Francisco deve se posicionar contra Putin, e fortemente, apesar de tudo que pesa sobre a Ucrânia e o líder ucraniano. A Ucrânia está do lado da justiça, esta do lado da guerra justa em sua defesa. 

Vou traduzir a carta dos ilustres professores católicos  e depois traduzo uma resposta à carta feita por Pietro de Marco, publicada no sie do Sandro Magister. De Marco critica a exaltação que os autores da carta deram ao ecumenismo frente às matanças e todos os problemas geopolíticos da guerra. Sim, de Marco tem razão.

Aqui vai a tradução da carta:

Para parar a manipulação russa, Francisco deve deixar clara a posição do Vaticano sobre a Ucrânia

9 de maio de 2022

por Thomas Bremer, Regina Elsner, Massimo Faggioli, Kristina Stoeckl


Dois meses após a invasão russa da Ucrânia, a Igreja Ortodoxa Russa não perdeu uma única ocasião para afirmar que o Vaticano está ao seu lado na situação na Ucrânia. Enquanto a diplomacia do Vaticano e o Papa Francisco tentam escolher suas palavras e simbolismo para navegar em uma guerra que parecem interpretar como resultado de um conflito geopolítico de interesses entre a Rússia e os Estados Unidos, o Patriarcado de Moscou tem sido inabalável em sua determinação de apresentar o Vaticano como um aliado e ignorar evidências em contrário.

Basta considerar esta linha do tempo de eventos e declarações: Quando o Papa Francisco visitou o embaixador russo na Santa Sé em 25 de fevereiro, um dia após o início da guerra, isso foi amplamente percebido no Ocidente como uma iniciativa diplomática de paz. O lado russo deu uma interpretação diferente e enfatizou que o papa queria apenas saber pessoalmente o que está acontecendo no Donbass e no resto da Ucrânia.

Os repetidos apelos à paz na Ucrânia pelo Papa Francisco até agora foram interpretados pela Igreja Ortodoxa Russa como apoio à justificativa russa central da guerra de que a paz no Donbas foi ameaçada por extremistas ucranianos e deve ser restaurada pela operação militar especial russa. .

A Igreja Ortodoxa Russa fez uso promocional da visita do núncio pontifício à Rússia, Mons. Giovanni D'Aniello, ao Patriarca Kirill em 3 de março, e da videoconferência de meados de março entre Francisco e Kirill. Imagens de ambas as ocasiões circularam amplamente na mídia estatal e religiosa russa com a mensagem de que o Patriarcado de Moscou e o Vaticano têm uma visão comum sobre importantes problemas mundiais – a necessidade de defender os valores tradicionais, a família, os direitos dos crentes – e que o Vaticano, como a Igreja Ortodoxa Russa, compartilha uma posição de neutralidade política.

Nas últimas semanas, houve uma discussão sobre um possível encontro entre Francisco e Kirill em 14 de junho em Jerusalém. Em 22 de abril, o papa disse em entrevista que a Santa Sé teve que cancelar a reunião. No mesmo dia, o Metropolita Ilarion do Patriarcado de Moscou disse que a reunião foi "adiada" devido aos acontecimentos dos últimos dois meses e que os preparativos adequados ainda não haviam começado.

Uma publicação recente da Academia Russa de Ciências avalia a situação internacional em relação à guerra na Ucrânia. Curiosamente, também analisa a Igreja Católica como fator político. O autor interpreta a relação entre o Patriarcado de Moscou e o Vaticano na situação atual assim: "O Vaticano e o Patriarcado de Moscou em regra permitem que os líderes nacionais da Igreja ocupem vários cargos políticos, mas eles próprios preferem ficar acima da briga".

Os apelos de funcionários da Igreja Ortodoxa Ucraniana (que está em comunhão com o Patriarcado de Moscou) a Kirill para que ele intervenha junto ao presidente Vladimir Putin em seu nome são aqui relegados a "várias posições políticas de líderes nacionais da Igreja" e o desrespeito de Kirill por tais apelos é chamado de "ficar acima da briga".

Nesta publicação da Academia Russa de Ciências, as declarações de Francisco pela paz e pelo fim do derramamento de sangue são interpretadas como "uma posição bastante branda em comparação com os discursos anti-russos de muitos políticos europeus", e o papel da Igreja Católica é interpretado principalmente como compreensão do lado russo.

O próprio Francisco pouco fez para dissipar esse ponto de vista quando, em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera em 3 de maio, ele se perguntou se "a OTAN latindo no portão da Rússia" obrigou Putin a desencadear a invasão da Ucrânia, e disse: "Na Ucrânia, o conflito foi criado por outros."

Em suma, todos esses exemplos apontam para o fato de que a Igreja Ortodoxa Russa manipula deliberada e estrategicamente as declarações e as ações que saem do Vaticano para transmitir a mensagem de que Francisco está do lado de Kirill na guerra na Ucrânia. Mesmo quando, em sua entrevista ao Corriere della Sera, o papa chamou o patriarca de "coroinha de Putin", a conclusão da mídia russa foi que Francisco chamou Kirill de "irmão".

Além disso, a Igreja Ortodoxa Russa se apresenta — lado a lado com o Vaticano — como uma futura força de paz: "As relações entre a Igreja Ortodoxa Russa e o Vaticano podem servir como uma boa base para a posterior formação de uma agenda de manutenção da paz em crise", diz a publicação da Academia de Ciências.

Se o Vaticano quer acabar com a manipulação de sua posição pelo Patriarcado de Moscou, os responsáveis ​​devem, em primeiro lugar, reconhecer que essa manipulação está acontecendo e que a política de equilíbrio do Vaticano leva a manipulações da Igreja Ortodoxa Russa. Fazer declarações que condenam a guerra de agressão russa na Ucrânia com maior clareza por si só não é suficiente, porque o lado russo simplesmente as ignorará, assim como ignora as vozes de sua Igreja Ortodoxa Ucraniana.

A única maneira de acabar com a manipulação da posição do Vaticano pelo Estado russo e pela mídia da Igreja é parar de produzir ações e declarações que possam ser interpretadas para alimentar a propaganda russa e fazer declarações muito claras e inequívocas.

Francisco parece interpretar a guerra na Ucrânia como resultado de um conflito geopolítico de interesses entre a Rússia e os Estados Unidos. Esta visão do conflito tem deficiências importantes. A ideia de que a Rússia está defendendo um interesse legítimo de segurança nacional na Ucrânia e que a OTAN supostamente violou esse interesse por suas expansões passadas é falha. Segurança para quem?

A Rússia que alega precisar de garantias de segurança contra a expansão da OTAN, na realidade, não conseguiu garantir segurança, segurança pessoal, dignidade e paz para sua própria população e para os países vizinhos por mais de duas décadas. Políticos da oposição, jornalistas críticos, ativistas da sociedade civil e cidadãos normais foram reprimidos e até mortos.

Além disso, dentro da Igreja Ortodoxa Russa, os protestos foram reprimidos. No verão de 2019, várias dezenas de padres da Igreja Ortodoxa Russa assinaram uma carta de protesto contra a dura perseguição de manifestantes pacíficos antes das eleições do governo da cidade de Moscou. Kirill condenou a carta como politização da igreja.

Os episódios de repressão de protestos civis legítimos nos ensinam que o mundo e especialmente o Vaticano não devem aceitar reivindicações de interesses de segurança como legítimas diante de flagrantes violações de direitos e segurança pessoal de cidadãos russos nas mãos de seu estado. O Kremlin não quer a segurança  contra a expansão da OTAN com o propósito de construir a paz, mas para continuar a suprimir sua própria população e desestabilizar seus vizinhos.

Nas últimas semanas, o esforço diplomático do Vaticano em relação a Moscou não foi acompanhado por um igual alcance às outras Igrejas Ortodoxas da região: a Igreja Ortodoxa da Ucrânia e seu Epifânio Metropolitano e a Igreja Ortodoxa Ucraniana em comunhão com o Patriarcado de Moscou e seu Metropolita Onufrii, que criticou abertamente o silêncio de seu patriarca.

A Santa Sé deve aproveitar a oportunidade para unir esforços com todas as Igrejas Ortodoxas do país para viabilizar corredores humanitários ou levar socorro a lugares sitiados. Deve apoiar em um nível informal e não oficial as forças da Igreja Ortodoxa Ucraniana que se distanciam de Moscou. A relutância do Vaticano em envolver outros atores ortodoxos na Ucrânia só beneficia o Patriarcado de Moscou.

A Santa Sé deve reconhecer a gravidade da situação pastoral na Ucrânia, onde os crentes ortodoxos são afligidos por uma brutal agressão militar de um país cujo líder religioso afirma que essa violência faz parte de seu plano de salvação (nomeadamente de valores liberais e democráticos) , como Kirill fez.

Além disso, ao manter um foco ecumênico na hierarquia, o Vaticano se torna dependente de um Patriarcado de Moscou que já está, mesmo aos olhos de Francisco, dado seu comentário sobre o patriarca como "coroinha de Putin", profundamente comprometido. Desta forma, a Santa Sé corre o risco de prejudicar o próprio projeto ecumênico, mas também sua própria tradição e autoridade diplomática.

Onde estão a paz, o valor da vida e a veracidade nas ações recentes de Kirill? Ele justificou a guerra nos mesmos termos que o governo russo. Ele exortou os soldados russos a uma guerra justa contra as "forças do mal". Ele presenteou os Guardas de Segurança Nacional com um ícone para sua missão na Ucrânia e apresentou esta guerra como uma onde a Rússia é a vítima e não o agressor.

Um Vaticano que continua a dialogar com essa hierarquia, ignorando todas as outras articulações da Igreja Ortodoxa Russa dentro e fora das fronteiras da Federação Russa e ignorando a Igreja Ortodoxa Autocéfala da Ucrânia, arrisca enormes danos ao projeto ecumênico.

O ecumenismo é impulsionado também pela ideia de que todas as igrejas cristãs compartilham visões semelhantes sobre a paz, o valor da vida humana e a veracidade. Por muitos anos, o Patriarcado de Moscou interpretou esses valores de forma restrita e exclusivamente em termos de valores cristãos tradicionais. Em meados da década de 2010, o Patriarcado de Moscou, assim como os neoconservadores cristãos nos Estados Unidos alguns anos antes, sonhavam com uma “santa aliança” de forças cristãs conservadoras com o Vaticano, sonho que foi interrompido pelo papado de Francisco.

O pontificado de Francisco deixou clara essa interrupção, que foi declarada com clareza não oficial, mas inegável ao bloco neoconservador dos EUA. Em 2017, o jesuíta Pe. Antonio Spadaro, editor da Civiltà Cattolica, e Marcelo Figueroa, pastor presbiteriano que é editor da edição argentina do jornal vaticano L'Osservatore Romano, chamaram de alianças construídas exclusivamente em torno da rejeição da homossexualidade, do casamento entre pessoas do mesmo sexo, do feminismo e o secularismo um "ecumenismo do ódio".

Francisco também reestruturou alguns órgãos centrais dentro do Vaticano de maneiras que limitaram a influência dos guerreiros da cultura conservadora.

Este mesmo tipo de ecumenismo deve ser denunciado pelo Vaticano também olhando para o Oriente. Ao se abrir ao Patriarcado de Moscou em termos de um ecumenismo de valores hoje, Francisco corre o risco de deixar entrar pela porta dos fundos aquelas forças de reação que ele tentou repelir dentro de sua própria igreja desde 2013.

Francisco ainda deposita esperanças no diálogo ecumênico com a atual liderança da Igreja Ortodoxa Russa. Por enquanto, faltam condições prévias importantes para este diálogo: um compromisso com a paz, com o valor da vida humana e com a veracidade.

A manipulação deliberada e estratégica das mensagens que saem do Vaticano pelo Patriarcado de Moscou e pela mídia russa deve soar um alarme. É difícil imaginar que o verdadeiro diálogo ecumênico e a comunhão entre as Igrejas Ortodoxas possam ser restaurados sem sinais de metanóia dos líderes da Igreja Ortodoxa Russa.

Entendemos e respeitamos o compromisso duradouro de Francisco pela paz e contra o acúmulo de armas. No que diz respeito à situação na Ucrânia, porém, o compromisso com este compromisso por si só não é suficiente, porque evidentemente faz o jogo daqueles que apoiam a guerra. Francisco deve deixar claro onde a Igreja Católica está na Ucrânia.

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Tradução de texto de Pietro de Marco:

SOBRE A CARTA DE BREMER, ELSNER, FAGGIOLI E STOECKL

por Pietro De Marco

Dias após o fato, o texto assinado por Bremer, Elsner, Faggioli e Stoeckl e publicado nos Estados Unidos no “National Catholic Reporter” e na Itália no “Il Regno” continua a ter considerável ressonância, pois representa uma inusitada crítica crítica. voz, dentro da mesma cultura pós-conciliar, ao Papa Francisco e à Santa Sé, sobre a invasão russa da Ucrânia.

A questão da discordância é o método e os termos usados ​​por Roma no relacionamento com a hierarquia ortodoxa russa, com o Patriarca Kirill em primeiro lugar. Os autores pedem que o papa Jorge Mario Bergoglio tome nota da exploração metódica de seus atos e palavras feita pelo lado russo, e que ele se oponha a isso, falando com uma nova clareza que dificultaria a falsificação de suas intenções na esfera civil e eclesiástica russa. opinião.

Sua argumentação se desdobra sobretudo no campo dos estudos ecumênicos, onde provavelmente surgiu a decisão de produzir este documento. Com exceção de Massimo Faggioli, professor da Universidade Villanova da Filadélfia, historiador (de origem bolonhesa) do Concílio Vaticano II e ensaísta, Regina Elsner e Kristina Stoeckl são jovens estudiosos da ortodoxia russa pós-soviética, a de Berlim e a outro em Innsbruck, enquanto Thomas Bremer ensina ecumenismo em Münster e é publicado em prestigiosas séries dedicadas ao Oriente cristão.

O que sinto que mais aprecio no documento é o caráter inequívoco dos julgamentos sobre os protagonistas da guerra em curso. A visão de Francisco do conflito, eles escrevem, “tem deficiências importantes. A ideia de que a Rússia está defendendo um interesse legítimo de segurança nacional na Ucrânia e que a OTAN supostamente violou esse interesse por suas expansões passadas é falha. Segurança para quem?” E os quatro estudiosos apontam a repressão na Rússia à opinião livre, à imprensa crítica, à oposição política, para a qual não há segurança. Além disso, a avaliação crítica das declarações dadas pelo Santo Padre é igualmente clara. Assim como a afirmação de que todo esforço de “equilíbrio” entre as partes em conflito pode ser manipulado pela mídia russa, a ponto de fazer o papa de Roma parecer concordar com o clima de justificar a agressão que marca a aliança entre Kirill e Putin.

Mas a primazia que o documento dá às razões ecumênicas produz uma espécie de distorção.

Não quero culpar os autores por terem querido fazer o que fizeram, ou seja, alertar sobre os danos ao ecumenismo católico-ortodoxo decorrentes da atual inconsistência político-religiosa que caracteriza Roma. O certo é que o horizonte das relações ecumênicas é neste momento o menos importante, em qualquer nível de realidade que se considere, seja o quadro beligerante local e os efeitos eurasianos, seja a relação entre Europa e América e o que resta de Rússia imperial e soviética, ou a posição internacional da Santa Sé.

O juízo sobre a guerra - do qual já escrevi em Settimo Cielo - é e deve ser considerado à parte do horizonte ecumênico: trata-se de uma questão “de justitia et iure”, e da capacidade do atual magistério de se colocar em este nível, como é devido.

Essa prática manipuladora pode ser aplicada às palavras do Papa Francisco é muito menos grave do que as razões profundas que geram, na origem, a reticência e a generalidade humanitária predominante de suas palavras. A franqueza demonstrada por Francisco com Kirill diz respeito apenas à suposta dependência culposa do patriarca em relação ao príncipe. Mas a acusação de ser “coroinha de Putin” é apenas a paródia de um relacionamento que pertence à antiga “sinfonia” ortodoxa. A acusação de “altar boy” é um hábito polêmico comum ao mundo católico progressista, que ao longo do tempo vi ser usado contra teólogos que não se alinhavam. Sempre me pareceu uma invectiva presunçosa e irracional.

É claro que as Igrejas Ortodoxas devem reconhecer urgentemente que não coexistem mais com um príncipe cristão, e que a persistência de instituições canônicas e constitucionais que parecem confirmar uma profunda integração entre Igreja e Estado só podem agora ser ditadas por um realismo político contingente e razão de Estado, sem fundamentos senão pragmáticos. Um limiar crítico inevitável para a teologia política da ortodoxia mundial.

Há, no entanto, “sinfonia” na Rússia religiosa de Putin, nem estamos autorizados a duvidar seriamente da fé do presidente e do patriarca. Mover-se nessa direção moralista é um erro estratégico, até mesmo ecumênico.

Não é a controvérsia pessoal que pode dissolver em Kirill a convicção de que a guerra de Putin está ocorrendo de acordo com a necessidade e a justiça. De acordo com o critério estrito de que o “inimigo” não é alguém que desprezamos e degradamos, não há necessidade de dizer que Kirill está a serviço de Putin. Esta é uma questão de outro nível de julgamento. E se não se distingue a guerra do mal em geral, se não se reconhece uma especificidade e muitas vezes uma gênese na justiça para uma das partes - e esta é certamente a posição dos ucranianos, uma defesa justa e legítima - não haverá problemas nas razões dadas no lado injusto.

A posição de Kirill é inválida não porque seja favorável a Putin, mas porque as motivações que unem o príncipe e o patriarca são mal fundamentadas, espúrias e a causa direta dos males em curso. Em suma, é o “ius in bellum” do Kremlin que deve ser refutado, em sua devida ordem.

É preciso entrar no mérito dos fatos. A estratégia de “não me importo com seus motivos, mesmo que você esteja certo, porque a guerra só é ruim” não funciona. É fundamentalmente errôneo e é “cristão” em um sentido vago, para destinatários filantrópicos. Como C. S. Lewis escreveu em “Mere Christianity”, é “cristão” no sentido em que o termo “cristão” se torna inútil, porque significa simplesmente “bom”.

Há muito se sabe na crítica que La Fontaine era um pensador político, não um escritor infantil. A fábula “O lobo e o cordeiro” durante séculos expôs o esquema perfeito da atitude moral e prática de Vladimir Putin como de muitos governantes antes dele. Poucas mudanças se o povo ucraniano, por virtude e fortuna, não for um cordeiro.

A seção final do documento de Bremer, Elsner, Faggioli e Stoeckl merece menção separada. Expressa o medo de uma aliança neoconservadora de Francisco com a Rússia de Putin. Minha impressão é que esta parte do texto é de caligrafia italiana. Aparece, de fato, uma referência às alianças simétricas e depreciadas entre os adversários do Papa Francisco em Roma e os “neocons” dos Estados Unidos, alvo recorrente da caneta de Faggioli. Agora é preciso dizer com força que o nível da justiça internacional e do “ius in bellum” (que hoje nos leva a enaltecer a União Europeia e os Estados Unidos) e o da moralidade da pessoa e o território último da bioética são claramente distinto. Que um não deve arrastar o outro com ele, como infelizmente acontece.

O escândalo que o Patriarca Kirill dá, por sua consonância com a guerra de agressão de Putin, não afeta as posições legítimas das Igrejas cristãs, ortodoxas e não ortodoxas, sobre questões bioéticas, os chamados assuntos sensíveis da vida e da antropologia bíblica . E vice-versa: um possível acordo com as preocupações teológicas de Kirill não pode tornar ninguém cúmplice de Putin.

Com efeito, a sequência de acontecimentos dos últimos dois a três anos, que imobilizou populações e comércio internacional, primeiro sob o perigo do Coronavírus e agora sob o impacto global de uma guerra na Europa, revelou um mundo conservador e minoritário dentro as Igrejas cristãs, prontas para enfrentar as emergências (que a história humana conhece há milênios) como o limiar de uma crise apocalíptica. Essa resposta se manifesta tanto na forma de pânico do anti-vacinismo quanto na de um pró-Putinismo argumentado de várias maneiras.

Todas as ferramentas acumuladas pelas neuroses antissistêmicas das últimas décadas foram usadas: a deslegitimação do inimigo difundida nos conflitos políticos do pós-guerra, as teorias da conspiração prontas para servir a qualquer turno, os refinados produtos neomarxistas do novo mundo, a negação paranóica de tudo que possa vir de informações “oficiais”.

E, no entanto, precisamente essa produção de “pacotes ideológicos” destacou como nossa liberdade de análise pode desfazê-los e desagregá-los. Uma coisa é a luta séria e necessária contra o horror da manipulação da vida, as tendências pós-humanas, outra é o julgamento racional sobre as vacinas, resultado valioso de laboratórios que não são palcos das vacas leiteiras demoníacas nem desprezíveis. A defesa da antropologia cristã (dignidade humana, valor constitutivo do casal homem-mulher, direito natural) não pode permitir-se infâmia aos biólogos ou líderes. É irracional e imoral fazê-lo.

Assim, as conhecidas sugestões antimodernas produzidas pelos ideólogos de Putin, que podemos fazer objeto de reflexão (elas derivam das culturas europeias da era romântica e não da inexistente arcaicidade do “espírito russo”), nada a ver com qualquer tipo de mandato que Putin traga a salvação espiritual do Ocidente.

Infelizmente esta frente cristã conservadora, não protegida dos vírus ideológicos (alienação universal, dominação oculta do capital, “reinicializações”) que incorporou sem prudência, será destruída por sua própria ingenuidade.

Reciprocamente, entende-se, os verdadeiros valores europeus defendidos hoje com armas, na Ucrânia, não são os valores do Último Homem. A admiração por uma Europa que hoje resiste à prova de força de Putin (ainda mais ofensiva porque assumiu nossa fragilidade e covardia) não significa que se possa aceitar, hoje ou amanhã, como parte do destino europeu a moral e a cidadania libertárias desordem frequentemente promovida na União Europeia pelo Parlamento e pela Comissão. As mesmas nações que hoje estão na vanguarda da Europa são hostis ao advento da Europa anticristã dos ricos salões.

As propostas ideológicas opostas, em pacotes confortáveis ​​e vinculativos de verdades e valores e opções, “all inclusive”, devem ser rejeitadas, com maior consciência.

Para finalizar. Introduzida nesta conjuntura e nestes termos, a questão ecumênica corre o risco de tornar opaco o quadro político e diplomático. Esse firme julgamento sobre o “inimigo” que falta na Roma papal não envolve a negação do que a Igreja Russa, em sua liderança, tem a dizer às outras Igrejas cristãs. Esta é simplesmente uma conexão incongruente.

O inimigo deve ser derrotado, está na ordem das coisas contra todo o pacifismo. Mas muito será devido à civilização russa, depois da guerra não menos do que antes da guerra, com uma nova lucidez. Pensemos na relação de amor e ódio, de admiração e destruição, de competição e dependência, que na história europeia acompanhou a relação entre as civilizações da França e da Alemanha.



terça-feira, 7 de junho de 2022

Os Benefícios do Casamento Não Devem ser Só dos Ricos.

 



O Institute for Family Studies (IFS) mostrou que o casamento está em completa deterioração nos EUA  e essa deterioração é pior nas classes mais pobres. Os ricos, apesar de defenderem da boca pra fora ideologias anti-família, estão se casando, mantendo seus casamentos e pregando isso para seus filhos. Cada vez mais quanto mais pobre for uma pessoa menos chance dela estar casada e assim não terá, nem propagará, os benefícios do casamento. É o casamento estável que sustenta uma sociedade, sustenta a sociedade culturalmente e materialmente. A dissolução do casamento é um dos fatores mais significantes para prever as desgraças sociais, como crimes e a perda de renda.

O texto do IFS fala do "segredo do sucesso" (garantia que alguém não será pobre): ter pelo menos diploma de ensino médio, trabalhar a partir dos 20 anos e só ter filhos depois de casar.

Aqui vai a tradução do texto do IFS:

Os benefícios do casamento não devem ser apenas para as elites

por W. Bradford Wilcox


Em 1970, praticamente não havia divisão de casamento nos Estados Unidos. Seja rico ou pobre, classe média ou classe trabalhadora, uma clara maioria de homens e mulheres eram casados ​​de forma estável.

Não mais. Um novo relatório que publicamos na Campanha Capital Social destaca uma crescente divisão no casamento que separa os americanos por classe e educação. Entre os jovens de 18 a 55 anos, a proporção daqueles que são casados ​​de origem de classe alta é de 60%. No entanto, esse número cai para 20% para os pobres. (É 40% para a classe trabalhadora.) Mais uma vez, o que é especialmente impressionante sobre essa divisão é que ela era basicamente inexistente na década de 1970.

Hoje, se você considera o casamento uma construção cultural, uma expressão de amor romântico ou uma união divinamente ordenada, ainda é o caso que a maioria dos homens e mulheres na América deseja se casar – e casar bem. No entanto, a classe trabalhadora e os americanos pobres estão lutando para realizar esse sonho, com apenas os mais educados e ricos entre nós tendo uma boa parte de sonhos realizados de uma vida familiar forte e estável.

A crescente divisão matrimonial nos EUA é importante porque o casamento é nossa instituição mais fundamental e, quando o casamento acaba, nossos filhos e comunidades pagam um preço alto. Nossas ruas são inseguras quando as famílias fortes são poucas e distantes entre si. Como observa o sociólogo de Harvard Robert Sampson, “(f) a estrutura familiar é um dos mais fortes, se não o mais forte, preditor de... violência urbana nas cidades dos Estados Unidos”.

O sonho americano está em péssimo estado em comunidades onde o casamento é raro. O economista de Harvard Raj Chetty e seus colegas descobriram que, mais do que qualidade da escola, desigualdade de renda ou raça, o fator mais preditivo de mobilidade ascendente em uma comunidade é a estrutura familiar.

E Richard Reeves, da Brookings Institution, oferece uma descoberta reveladora: as chances de mobilidade econômica ascendente diferem para crianças de baixa renda dependendo do estado civil de seus pais. Quatro em cada cinco crianças nascidas no quintil de renda inferior, mas criadas por pais casados, conseguiram escapar dos 20% inferiores na idade adulta. Em contraste, aqueles criados por uma mãe solteira que nunca se casou tinham apenas 1 chance em 2 de fazer o mesmo.

Tudo isso sugere que o casamento — nossa instituição mais fundamental — é um motor essencial para a mobilidade econômica e a segurança pública nas comunidades dos Estados Unidos. Mas, tragicamente, essa instituição está cada vez mais fora do alcance de milhões de famílias pobres e da classe trabalhadora.

No entanto, muitos à esquerda estão céticos de que algo possa ser feito sobre essa divisão do casamento, pelo menos do ponto de vista da política governamental. Até certo ponto, concordaríamos; é uma posição conservadora reconhecer os limites do que o governo pode ou deve fazer. As tendências culturais e econômicas também desempenham seu papel. No entanto, se a maioria dos jovens deseja estabelecer famílias fortes e estáveis, o governo deve fazer sua parte para preencher a lacuna. O casamento não é apenas para a elite.

O jornalista Matthew Yglesias, em um post recente no blog, expressa dúvidas de que muito pode ser feito, mesmo reconhecendo que “as crianças ficam melhor, em média, quando criadas por dois pais”. No entanto, nossa opinião é que uma série de políticas, muitas das quais apresentamos em “Bridging America’s Social Capital Divide”, podem ajudar americanos pobres e da classe trabalhadora a se casar e permanecer casados. Aqui estão três conjuntos de políticas que ajudariam.

A política do governo deve recompensar, não penalizar, o casamento

Perversamente, muitas de nossas políticas de bem-estar social, como o Medicaid e o crédito de imposto de renda, penalizam o casamento entre famílias de baixa renda, o que é uma das razões pelas quais há uma divisão no casamento. Um estudo descobriu que uma família da classe trabalhadora com dois filhos no Arkansas perderia quase um terço de sua renda real se se casassem. Os governos federal e estadual devem trabalhar para recompensar o casamento, não impedi-lo.

É por isso que também achamos que qualquer esforço do Congresso para reviver e expandir o crédito fiscal para crianças deve dar um bônus aos pais casados. “Os formuladores de políticas devem corrigir os erros das penalidades de casamento existentes e oferecer uma validação tangível do valor do casamento para as crianças”, como Wilcox e Wells King observaram recentemente no Deseret News. “Os pais casados ​​elegíveis para o crédito fiscal para crianças também devem receber um suplemento de 20%.”

Promova a sequência de sucesso

Desde a década de 1960, a cultura americana não enfatiza muitos dos valores e virtudes que sustentam casamentos fortes e estáveis, tudo em nome do “individualismo expressivo”. O que é interessante nessa conhecida tendência cultural é a contracorrente que emergiu discretamente nos últimos anos entre as classes altas. Enquanto as elites educadas dos EUA  rejeitam esmagadoramente um ethos centrado no casamento em público, eles o adotam em particular para si e seus filhos. Desta forma, eles proporcionam às suas famílias uma vantagem cultural significativa para forjar uma vida familiar forte e estável.

Para responder a uma cultura que é muitas vezes indiferente ou hostil ao casamento, recomendamos o lançamento de uma campanha centrada no que os estudiosos de Brookings Ron Haskins e Isabel Sawhill chamam de “sequência de sucesso”, que se refere a obter pelo menos um diploma de ensino médio e depois trabalhar tempo integral em seus 20 anos, e depois se casar antes de ter filhos.

De fato, 97% dos Millennials que seguiram a sequência evitaram a pobreza na faixa dos 30 anos. E, de acordo com um novo relatório do American Enterprise Institute e do Institute for Family Studies, o poder da sequência de sucesso se aplica a todas as classes e linhas raciais, com mais de 94% dos jovens adultos negros e hispânicos, bem como dos pobres. famílias, evitando a pobreza na faixa dos 30 anos se seguirem a sequência. Se o valor da sequência se tornasse mais amplamente conhecido por meio de campanhas públicas e currículos de vida familiar no ensino médio, isso também poderia ajudar a diminuir a divisão do casamento nos Estados Unidos.

Tornar os homens mais casáveis

Yglesias está preocupado que a consciência da sequência de sucesso por si só seja inútil se você não puder “conjurar magicamente maridos”. Ele está certo; muitos homens na América não são “casáveis”, especialmente em comunidades pobres e da classe trabalhadora, onde uma minoria substancial de homens jovens não está empregada em empregos estáveis ​​e com remuneração decente. Esta é outra razão pela qual uma divisão de casamento na América se abriu.

Na década de 1960, quase todos os homens em idade ativa com diploma de ensino médio estavam trabalhando, mas, hoje, esse número cai para apenas 85%. E entre 1973 e 2015, os ganhos reais por hora para esse grupo caíram 18%, como observamos em nosso novo relatório.

Propomos duas soluções para tornar os jovens mais casáveis. Primeiro, podemos equipar melhor aqueles que parecem prontos para começar em empregos de baixa renda e baixa qualificação, melhorando o treinamento vocacional. Nossas escolas de ensino médio e faculdades comunitárias precisam fazer mais, não apenas para reforçar os programas vocacionais que preparam jovens adultos para empregos locais, mas também para elevar o status da educação vocacional aos olhos dos alunos e membros da comunidade.

Em segundo lugar, podemos tornar o trabalho mais atraente introduzindo um subsídio salarial, talvez transformando o crédito de imposto de renda ganho em um complemento de salário por hora. Isso daria aos homens jovens (e mulheres) — em particular, aqueles com baixa escolaridade — maior incentivo para trabalhar em tempo integral e torná-los candidatos mais atraentes para o casamento.

Estamos pensando aqui na maneira como os militares dos EUA aumentaram a taxa de casamento entre suas fileiras, muitos dos quais são de origem da classe trabalhadora. O que também é interessante é que a pesquisa sugere que praticamente não há diferença racial no casamento nas forças armadas. Brancos e negros se casam na mesma proporção. Qual é o segredo dos militares? Oferece grandes benefícios e não os dá a casais que coabitam. Em outras palavras, privilegia o casamento. O resto do governo deve fazer o mesmo.

A alternativa para tomar medidas políticas como essas é aceitar um mundo onde os Estados Unidos estão presos a um regime familiar separado e desigual, onde famílias fortes e estáveis ​​são a reserva dos privilegiados e poderosos e todos os outros são destinados a uma situação cada vez mais de famílias instáveis, infelizes e impraticáveis, ou com nenhuma família. Achamos que todos podemos concordar que essa alternativa é inaceitável e antiamericana.