segunda-feira, 30 de maio de 2011

China: A Superbolha.


Talvez seja muito cedo para soar o alarme, talvez não. Mas a economia chinesa mostra sinais de agravamento de problemas que ficaram latentes por anos. Hoje, o site Stratfor anuncia que o custo de investimento das empresas na China começa a fazer com que firmas saiam do país para ir para o Vietnã, Laos ou Bangladesh. Esse custo cresceu com o aumento dos salários e com  a inflação das commodities. Além disso, controles sociais, como controle da internet, dificultam os negócios.

Eu já analisei aqui os problemas econômicos da China, com base em outro artigo do Stratfor, vimos que os problemas econômicos da China têm quatro fontes: 1) Queda na demanda internacional; 2) Aumentro do custo do insumos e da mão-de-obra; 3) Aumento do poder dos militares que procuram uma atitude mais ativa para aumentar a influência chinesa internacionalmente; e 4) Falta de reforma política, o que favorece a corrupção e as disparidades regionais.

Vi também no final de semana uma apresentação sobre a economia chinesa de Vitaliy Katsenelson, diretor de pesquisa do grupo Investment Management Associates.

A apresentação é de outubro de 2010 e é muito interessante mas também preocupante. Katsenelson mostra o foco político da China em mater a economia crescendo a qualquer custo. O governo chinês domina as principais empresas do país e as usa para manter o crédito baixo, mas há, por exemplo, pontes construídas para lugar nenhum, um shopping (South China Mall) e uma cidade (Ordo) imensos que foram erguidos para nada, estão vazios. Além da tentativa de manter-se crescendo, a corrupção e péssimo planejamento empresarial são problemáticos na China.

Katsenelson não acredita nos dados econômicos da China, especialmente aqueles que foram mostrados durante a crise de 2008,  e também apresenta alguns riscos para o nível da dívida (considera que há elevada taxa de dívida com garatia do governo em bancos e governos locais) e para as taxas de urbanização (a população vivendo ans cidades é maior do que se pensa. Os governos locias informam baixa população para cumprir meta de PIB per capita).

Em suma, Katsenelson compara a idéia de desenvolvimento chinês àquele filme Velocidade Máxima, no qual um ônibus tem uma bomba que explodirá se ele diminuir a velocidade abaixo de certos limites.

Stratfor acredita que com a queda do crescimento na China, o partido comunista desse país mude o foco da economia para o social, tentando manter-se no poder.

É um grande debate e que envolve o mundo todo. Uma crise na China será uma crise global. A China é uma superbolha, se explodir, todos serão afetados, então, todos devem estar preparados para isso.

O site Business Trader analisou quais seriam os principais estados americanos afetados por uma crise chinesa. Em primeiro lugar está o estado mais falido dos Estados Unidos, a California, que perderia 9,7 bilhões de dólares em exportações.

Além disso, Business Trader mostrou alguns fatos sobre a China que surpreendem:

1) China consome 53% do cimento do mundo e 48% do minério de ferro (Brasil exporta muito disso para lá);

2) O PIB per capita da China é o 91o do mundo, abaixo da Bosnia Herzegovina;

3) 85% das árvores de natal e 80% dos brinquedos nos Estados Unidos são feitos na China;

4) China tem 64 milhões de casas vazias, há uma cidade inteira vazia. E o custo de moradia é altíssimo para o nível salarial chinês;

5) Há mais cristãos na China do que na Itália;

6) A China realiza três vezes mais penas de morte do que o resto do mundo junto. Há inclusive um ônibus para realizar as execuções de forma "segura  e tranquila".

2 comentários:

Eduardo R. V. disse...

Uma vez, há muitos anos, no Fundamental, um amigo meu disse que a China deveria ter feito as Grandes Navegações... achava que seria um mundo melhor. Hoje penso "será?".

Eu me pergunto, exatamente para que governos forçam imagens de seus países? O ego humano é a maior ameaça ao funcionamento decente do capitalismo.

Sessenta e quatro milhões de casas vazias? Acredito nisso não. Difícil de acreditar...

É outro mundo mesmo.

Pedro Erik Carneiro disse...

Caro Eduardo,

Na verdade há bastantes evidências que a China chegou na América do Sul bem antes de Cabral, mas a dinastia que sucedeu achou que esse negócio de novos mundos era bobagem, que a China era o que importava, o resto era barbarismo. Não lembro agora a dinastia, mas pesquise e verá.

Abraço,
Pedro Erik