quinta-feira, 29 de maio de 2025

Os Inimigos de Trump Mais Perigosos: Juízes

 


Analistas políticos e jornalistas (normalmente desinformados ou ideologizados) costumam dizer que Trump é amigo de Putin, que tem medo da Rússia, que tem medo da China, que se rebaixa para Israel...

Mas basta alguém seguir Trump ou governo Trump pelo X para perceber que essa perspetiva está completamente errada.

Sobre a Rússia, Trump recentemente chamou Putin de louco e disse que ele estava brincando com fogo.

Sobre a China, já denunciou o regime comunista, aumentou em muitos as tarifas contra a China (e a China teve que se rebaixar), e hoje o governo Trump anunciou que está revogando o visto de estudantes chineses nos Estados Unidos, especialmente de estudantes com conexões com o Partido Comunista e de estudantes em áreas sensíveis, que devem ser estudos relacionados às forças armadas ou a inteligência artificial.


Sobre Israel, Trump declarou apoio diversas vezes e persegue até estudantes antisemitas nas universidades americanas, mas Trump já mostrou que estava descontente com as ações de Israel em Gaza, interferiu nos planos que Israel tem para Gaza e alertou Israel para que não faça nenhum ato militar contra Irã, antes de consultá-lo.

Os inimigos mais temidos por Trump não estão fora dos Estados Unidos e sim dentro (assim como acontece com os inimigos do Brasil). Trumpo inclusive foi persguido por juízes na tentativa de evitar que ele se candidatasse (já vi isso em outros países também).

Nos Estados Unidos, os juízes são normalmente ideologizados pelo Partido Democrata, que não vota em nada a favor do governo Trump, mesmo que o voto seja de apoio econômico aos próprios americanos.

Vários juízes, por exemplo, quiseram barrar a posição de Trump de deportação de ilegais nos Estados Unidos, mesmo se o ilegal é criminoso perigoso.

E agora três juizes se juntaram para proibir que Trump deternmine tarifas contra outros países, incluindo China. Governo Trump ja disse que vai recorrer.

São juízes achando que são ilustres sabedores da verdade, que foram eleitos pelo povo, e que podem mandar em um presidente. 

Onde eu já vi isso, mesmo?

Sim, o poder judiciário é o mais perigoso de todos. Ele pode tirar tudo que você construiu em uma canetada e, niguém, nem mesmo o presidente dos Estados Unidos, tem poder sobre ele, a não ser recorrendo dentro do próprio poder judiciário. O povo pode, em regume minimamente democrático (não sei se o caso do Brasil) tirar líderes do legislativo e do executivo, mas não do judiciário. E este pode determinar a vida dos líderes do legislativo e do executivo.


terça-feira, 27 de maio de 2025

Petição ao Papa Leão XIV pede Revogação de Traditionis Custodes



Divulgo abaixo a petição do Life Site que pede a revogação do documento do papa Francisco, Traditionis Custodes, que promove perseguição à liturgia tradicional da missa latina. Mas também há o lançamento de um projeto para uma "liturgia mais reverente" do arcebispo de São Francisco, Salvatore Cordileone. Ele está a pedir ajuda a seminaristas e padres.  Se você é padre ou seminarista, entre em contato.

Aqui vai a tradução da petição.

Peça ao Papa Leão XIV que abandone a Traditionis Custodes e suspenda todas as supressões da Missa em Latim.

Em uma atitude chocante, o Bispo Michael T. Martin, de Charlotte, Carolina do Norte, anunciou que todas as Missas Tradicionais em Latim (MTLs) celebradas nas igrejas paroquiais diocesanas serão suspensas a partir de 8 de julho de 2025. Os fiéis que frequentam essas missas — muitos dos quais são famílias jovens, convertidos e católicos devotos — agora serão obrigados a dirigir para fora da cidade para participar da MTL... em um centro cristão protestante.

Não se trata apenas de uma mudança na política litúrgica — trata-se de um deslocamento espiritual.

Durante anos, a MTL floresceu em Charlotte, atraindo um número crescente de fiéis. A reverência, a música sacra e a continuidade com séculos de tradição católica enriqueceram paróquias e inspiraram vocações. No entanto, agora, sob a sombra da Traditionis Custodes, essas comunidades prósperas estão sendo marginalizadas — literal e espiritualmente.

Imagine ouvir que você não pode mais adorar na sua própria igreja paroquial... que sua forma de culto, antes chamada de "a coisa mais linda deste lado do céu", agora deve ocorrer em um prédio alugado usado para cultos não católicos.

Isso não é cuidado pastoral. É abandono.

O Papa Leão XIV precisa ouvir os fiéis católicos de todo o mundo. A Igreja Católica Romana não é uma ameaça à unidade — é um tesouro vivo da Igreja. Os fiéis que são atraídos por ela não são rebeldes — são católicos que amam a Igreja e querem adorar como os santos fizeram.

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Assinem a petição clicando aqui.



segunda-feira, 26 de maio de 2025

Rússia Recusa Vaticano como Palco de Paz para a Guerra

Em 2024, a Igreja Ortodoxa Russa divulgou uma declaração enquadrando a guerra da Rússia contra a Ucrânia - e contra os países ocidentais - como guerra sagrada, e a Rússia estaria a lutar contra o Anticristo. Recentemente, o Papa Leão XIV apresentou desejo de sediar encontro de paz entre Rússia e Ucrânia em encontro com representantes dos Estados Unidos. E o presidente Trump aceitou e divulgou esse desejo do papa nas redes sociais. Depois disso, Leão XIV confirmou junto com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni

Mas hoje leio que a Rússia, por meio de seu ministro do exterior, Sergei Lavrov, recusou  a ideia de se sentar à mesa com a Ucrânia no Vaticano, por questões religiosas. Lavrov disse:

"Muitas pessoas estão fantasiando sobre quando e onde (a reunião) acontecerá. Não temos nenhuma ideia no momento. Mas imaginem o Vaticano como um local para negociações. Seria um pouco deselegante para países ortodoxos usarem uma plataforma católica para discutir questões sobre como remover as causas profundas (do conflito). Acho que não seria muito confortável para o próprio Vaticano receber delegações de dois países ortodoxos nessas circunstâncias".

Hummm...interessante ver uma análise diplomática fundamentada em religião,  coisa raríssima de se ver, inclusive quando a análise são feitas por papas, que muitas vezes parecem políticos ou a ONU. Mesmo que a análise de Lavrov tenha outros motivos escusos.

A Igreja Católica tem até certa presença na Ucrânia, especialmente no oeste do país, por conta da influência polonesa histórica, mas a força na Rússia é nula.

Certamente, os líderes da Igreja Ortodoxa Russa, que sempre são bem próximos de quem está no poder na Rússia, não gostaram nada do "palco Vaticano " para a paz. Além disso, o Vaticano é bem longe da Rússia. Da Rússia para a Itália se atravessa países da OTAN que são arriscados para russos em tempos de guerra. 

Não se sabe ainda se teremos mesmo essa reunião para a paz. Trump anda insistindo e mesmo ameaçando os dois lados, mas os dois lados parecem bem intransigentes. E, como se diz no momento, a diplomacia que os dois lados fazem atualmente é a "diplomacia-por-drone", isto é, enquanto negociam um ataca o outro usando drones de guerra.

 

sábado, 24 de maio de 2025

"Teologia Feminista" em Seminário de Aracaju. Que Troço é Esse, Santo Agostinho?



Um dos defeitos deste blog é se concentrar muito na hierarquia católica de Roma, enquanto não observa o que ocorre nos seminários de países que moro ou morei.

Justifico essa falha geralmente dizendo que denunciar seminários é uma tarefa muito complicada para um leigo, que não convive diariamente nos seminários, tem outros afazeres,  e não pode comprovar muito o que diz. O leigo pode sofrer consequências jurídicas. Sei que também é complicado para o clero, pois arrisca ser afastado da vocação que tanto almeja.  

Desde meus 18 anos que ouço ex-seminaristas falarem de gravissimos problemas em seminários.

Vou falar hoje de um que vi na internet que, se não é dos mais graves, reflete um grave problema: desprezo à Bíblia e aos doutores da Igreja.


"De 27 a 30 de maio acontecerá a XX Semana de Teologia do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição. A partir do tema "A virtude da Esperança: tópicos de teologia do Ano Jubilar 2025 ", dialogaremos sobre a importância da esperança cristã para a Igreja e para o mundo, por meio da pesquisa teológica. Desejamos que toda a comunidade eclesial e acadêmica sinta-se convidada a participar desse momento de formação e comunhão! " 

Vai participar do seminário o arcebispo de Aracaju, Dom Josafá. O tema é "esperança", que é uma virtude teologal. O seminário contará com palestras de leigos, que discutirão, por exemplo, a esperança em Santo Agostinho.

Mas entre as palestras apareceu um debate sobre "teologia feminista". 

Que troço é isso? O que isso tem a ver com a virtude teologal da esperança?

Cada palavra teológica ou bíblica é estudada e definida a exaustão tanto por Agostinho como por Tomás de Aquino. 

Por exemplo, eu estudo paz e guerra. E um dos critérios de guerra justa modernos é "chance de sucesso" ou "provável vitória", que inclusive faz parte do Catecismo da Igreja atualmente. Mas esse critério nunca foi determinado por Agostinho (considerado o pai da guerra justa), nem por Aquino. Eles nunca o aceitariam, pelo simples fato, na minha opinião, que a definição de "sucesso" é impossível na relação do mundo mundano com o Paraíso e eles nunca aceitariam definir algo com base em probabilidade. Os fundamentos deles eram o pecado humano e as virtudes teologais e cardeais.

Assim, certamente, eles desprezariam com todas as forças uma "teologia feminista", pois seria a redução da teologia em nome de uma ideologia que é nefasta para a Igreja e para as famílias. 

Não conheço a palestrante (Professora Cinthia Almeida), mas a não ser que ela condene esse troço, a palestra deveria ser abandonada pelos seminaristas.

Uma rápida pesquisa na internet me diz que a professora é advogada da área do trabalho e faz doutorado em filosofia com pesquisa sobre "conhecimento e linguagem". Bom, em termos de filosofia, o estudo  de conhecimento e linguagem é muito complexo, remonta  Wittgenstein, Frege e Bertrand Russell, mas a descrição dela me fez pensar que não é na linha lógica/matemática de Wittgenstein que ela trabalha e sim em pesqusa filológica (estudo da linguagem em textos, algo bem mais subjetivo).

Em todo caso, a descrição que li diz que ela não tem formação em teologia ou em filosofia ética para ensinar para seminaristas. 

Por que se faz isso com seminaristas em seminários sobre uma virtude teologal tão difícil como a esperança? Há tanta coisa a ser debatida sobre o assunto. "Teologia feminista" não serve para curso nenhum, muito menos em seminários para formação de padres.

Além de "teologia feminista", haverá uma palestra sobre o filósofo sul-coreano/alemão Byung-Chul Han, que costuma se concentrar em coisas modernas, como criticas ao "neoliberalismo" e às tecnologias, cultura pop, algo bem estranho à virtude teologal da esperança. Mas talvez o padre que falará o assunto conseguirá juntar Byung-Chul Han com Agostinho ou Aquino. Será bem difícil. Ele, para mim, é mais indicado ara um debate sobre a Rerum Novarum e inteligência artificial, coisas assim.  Eu, por curiosidade, ficaria tentado a assistir essa palestra, mas desconfio que em 5 minutos eu completamente acharia fora de lugar o debate sobre ele. 

O seminário parece que tenta se justificar no ano jubileu e no tema "esperança" determinado pelo papa Francisco. Temos o texto do Vatican News sobre o assunto, que foi divulgado em abril, cujo foco era Tomás de Aquino, que faz 800 anos de nascimento em 2025. A coisa é bem mais séria do que "teologia feminista", como podem ver no texto clicando aqui.

Rezemos pelos seminaristas, Os seminários são realmente muito difíceis para os verdadeiros vocacionados.

  

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Morre Filósofo Alasdair MacIntyre

Minha tese de doutorado em filosofia é sobre o pensamento sobre guerra da filósofa católica Elizabeth Anscombe, e eu não poderia de registrar no blog a morte de um filósofo que foi tão influenciada por ela. Ontem, morreu Alasdair MacIntyre, autor do livro After Virtue, que virou leitura obrigatória para todos que estudam ética filosófica, apesar de ser um filósofo que nunca obteve o grau de PhD (a não ser por honra). 

Alasdair MacIntyre, assim como Anscombe, foram católicos convertidos, com a diferença que MacIntyre passou por diversas ideologias (incluindo comunismo) e religiões (incluindo o ateísmo e o anglicanismo) antes de se converter ao catolicismo, enquanto Anscombe se converteu ainda bem jovem ao catolicismo e nunca mudou de religião após sua conversão. Na vida pessoal também são bastante diferentes, Anscombe casou apenas uma vez, enquanto MacIntyre casou-se três vezes.

Li um excelente artigo hoje de um ex-aluno de MacIntyre, que fala um pouco sobre sua vida e seu pensamento. Leiam, clicando no link. O autor reconta como MacIntyre ajudou a destruir os Beatles, hehehe.

Rezemos pela sua alma, seu legado filosófico vai permanecer e continuará influente. 

Ele, por sinal, escrevia muito bem (ao contrário de Anscombe, hehehe).



quarta-feira, 21 de maio de 2025

Trump é uma Lenda. Acho Melhor Lula Não Pisar no Salão Oval



Trump, hoje, esfregou na cara do presidente da África do Sul, com fotos e imagens, dentro do Salão Oval, que o governo sulafricano está estimulando o assassinato de fazendeiros brancos. Momento realmente histórico que merece aplausos de pé do mundo.

Vocês já pensaram no Lula querendo ir conversar com Trump para melhorar o comércio e sentar naquela cadeira do Salão Oval. Cadeira na qual já sofreu destruição pública gente como Justin Trudeau, Mark Carney, Zelensky, Keir Starmer, e agora o presidente a África do Sul, Cyril Ramaphosa?

Governo Lula  e o STF perserguiram ao ponto de impor multas extravagantes em Elon Musk e suas empresas, e Elon Musk, certamente está entre as pessoas que Trump mais valoriza.

Sobre a África do Sul o que ocorre la´é uma verdadeira desgraça. Eu já estive no país duas vezes e dá para sentir a divisão não só entre brancos e pretos, mas também entre os descendentes de indianos.

Trump é realmente um lenda. Goste dele ou não goste (eu tenho lá minhas críticas em assuntos éticos), ele é uma lenda inesquecível e insuperável atualmente.


terça-feira, 20 de maio de 2025

Leão XVI ao Brasil Repete Francisco: "Casa Comum", "Dívida Ecológica", COP30, "Justiça Ambiental"...

 

Vídeo de Leão XVI ao Brasil repete o ambientalismo radical de Francisco. A mensagem de Leão XIV hoje é puro suco de Francisco ambiental.

Infelizmente. Putz, Leão XIV.

Professor Hermes Nery preparou uma petição para que Leão XIV não apoiasse a COP 30. Acho que Leão XIV vai seguir neste erro pagão. Mas vale a pena assinar a petição, nosso juiz é Deus.

Rezemos pelo Papa e pela Igreja.


segunda-feira, 19 de maio de 2025

Leão XIV: Papa Francisco Está no Céu. E Sinolidade Acelerada



Parece que é uma no cravo outra na ferradura. Leão faz homilia inaugural e não cita sinolidade. No dia seguinte pela manhã, diz: 

"Ciente de que sinodalidade e ecumenismo estão intimamente relacionados, desejo assegurar minha intenção de dar continuidade ao compromisso do Papa Francisco em promover o caráter sinodal da Igreja Católica e desenvolver formas novas e concretas para uma sinodalidade cada vez mais intensa no campo ecumênico."

Além disso, na homilia exalta a unidade da Igreja, contra a divisão deixada por Francisco. Hoje sai notícia que Leão XIV disse que sentiu "fortemente a presença espiritual do Papa Francisco nos acompanhando do céu".

Francisco também disse que Bento XVI estava no céu. Mas certamente o caso de Francisco é bem pior dado tantas heresias ditas e assinadas, apesar da crítica renúncia de Bento XVI.

Por favor, papa e membros do clero, parem com essa história de santificar morto e dizer que quem morreu foi para o céu. Estimula os leigos a todo velório dizer a mesma coisa do falecido(a). Que tal dizer que o falecido está a expurgar seus pecados, com vistas a entrar no céu? Todos, incluindo santos, expurgam pecados.

Em relação a Leão XIV, parece que teremos um papa querendo agradar a todos, isso nunca é bom. Aliás, o meio termo é "vomitado" por Deus. Lembremos o que diz Apocalipse 3:15-16:

"Conheço as tuas obras: tu não és nem frio nem quente. Quem me dera que fosses frio ou quente! Mas, porque és morno, e não és frio nem quente, eu te vomitarei."

Ele não conseguirá unidade sendo mais ou menos.

Rezemos por Leão XIV e pela Igreja!


domingo, 18 de maio de 2025

Meus Comentários sobre Homilia Inaugural de Leão XIV

O discurso revela preocupação com a divisão dentro da Igreja em tempos pós-desastre do pontificado de Francisco e também que ele tentará ser servo da Igreja,  em tempos de pós-desastre da dedicação ao mundo político que foi Francisco.

Detalhe que está sendo falado nas redes: Leão XIV não falou o termo sinodalidade. 

Os temas principais foram amor e unidade.

Mas ele citou "exploração de recursos da Terra" que lembra o ambientalismo radical de Francisco.

E mais uma vez vemos um papa repetir um erro teologico, na minha opinião. Ele repete que amor de Deus é "incondicional". 

Amor de Deus é infinito mas não é  incondicional.  Basta ler a Bíblia, com seus mandamentos,  bem-aventuranças e condenações. 

Só se imaginarmos que os condenados continuam a ser amados por Deus. Mas para estarmos com Deus temos condições profundas e exigentes. Todo católico é chamado a ser santo. E isso é extremamente difícil. 

Não foi uma homilia brilhante, nem marcante, mas, em geral, foi boa.

Vejam a tradução do discurso abaixo, com fonte The National Catholic Register 

Texto completo da homilia do Papa Leão XIV na missa de inauguração: “Esta é a hora do amor”

Caros Irmãos Cardeais, Irmãos Bispos e Sacerdotes, Distintas Autoridades e Membros do Corpo Diplomático, e todos aqueles que aqui viajaram para o Jubileu das Confrarias, Irmãos e Irmãs:

Saúdo a todos com o coração repleto de gratidão no início do ministério que me foi confiado. Santo Agostinho escreveu: “Senhor, tu nos criaste para ti, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em ti” (Confissões, I: 1,1).

Nestes dias, vivemos intensas emoções. A morte do Papa Francisco encheu nossos corações de tristeza. Naquelas horas difíceis, sentimo-nos como as multidões que o Evangelho diz serem “como ovelhas sem pastor” (Mt 9,36).  No entanto, no Domingo de Páscoa, recebemos a sua bênção final e, à luz da ressurreição, vivemos os dias seguintes na certeza de que o Senhor nunca abandona o seu povo, mas o reúne quando está disperso e o guarda “como o pastor guarda o seu rebanho” (Jr 31,10).

Com este espírito de fé, o Colégio Cardinalício reuniu-se para o conclave. Vindo de diferentes origens e experiências, colocamos nas mãos de Deus o nosso desejo de eleger o novo Sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, um pastor capaz de preservar a rica herança da fé cristã e, ao mesmo tempo, olhar para o futuro, a fim de enfrentar as questões, as preocupações e os desafios do mundo de hoje.

Acompanhados pelas vossas orações, pudemos sentir a ação do Espírito Santo, que soube harmonizar-nos como instrumentos musicais, para que as cordas do nosso coração vibrassem numa única melodia. Fui escolhido, sem qualquer mérito meu, e agora, com temor e tremor, venho a vós como um irmão que deseja ser servo da vossa fé e da vossa alegria, caminhando convosco pelo caminho do amor de Deus, que nos quer todos unidos numa só família.

Amor e unidade: estas são as duas dimensões da missão confiada a Pedro por Jesus. Vemo-lo no Evangelho de hoje, que nos leva ao Mar da Galileia, onde Jesus iniciou a missão que recebeu do Pai: ser “pescador” da humanidade para a resgatar das águas do mal e da morte.  Caminhando pela praia, ele havia chamado Pedro e os outros primeiros discípulos para serem, como ele, "pescadores de homens". Agora, após a ressurreição, cabe a eles continuar essa missão, lançar suas redes repetidamente, levar a esperança do Evangelho às "águas" do mundo, navegar pelos mares da vida para que todos possam experimentar o abraço de Deus.

Como Pedro pode realizar essa tarefa? O Evangelho nos diz que isso só é possível porque sua própria vida foi tocada pelo amor infinito e incondicional de Deus, mesmo na hora de seu fracasso e negação. Por isso, quando Jesus se dirige a Pedro, o Evangelho usa o verbo grego ágapáo, que se refere ao amor que Deus tem por nós, à oferta de si mesmo sem reservas e sem cálculos. Já o verbo usado na resposta de Pedro descreve o amor de amizade que temos uns pelos outros.

Consequentemente, quando Jesus pergunta a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” (Jo 21,16), ele está se referindo ao amor do Pai. É como se Jesus lhe dissesse: “Só se tiveres conhecido e experimentado este amor de Deus, que nunca falha, poderás apascentar os meus cordeiros. Só no amor de Deus Pai poderás amar os teus irmãos com esse mesmo ‘mais’, isto é, oferecendo a tua vida pelos teus irmãos.”

A Pedro é, assim, confiada a tarefa de “amar mais” e dar a sua vida pelo rebanho. O ministério de Pedro distingue-se precisamente por este amor abnegado, porque a Igreja de Roma preside à caridade e a sua verdadeira autoridade é a caridade de Cristo. Nunca se trata de capturar os outros pela força, pela propaganda religiosa ou por meio do poder. Em vez disso, é sempre e somente uma questão de amar como Jesus amou.

 O próprio apóstolo Pedro nos diz que Jesus “é a pedra que vós, os construtores, rejeitastes e que se tornou a pedra angular” (At 4,11). Além disso, se a rocha é Cristo, Pedro deve pastorear o rebanho sem jamais ceder à tentação de ser um autocrata, dominando sobre aqueles que lhe foram confiados (cf. 1 Pd 5,3). Pelo contrário, ele é chamado a servir a fé dos seus irmãos e a caminhar ao lado deles, pois todos nós somos “pedras vivas” (1 Pd 2,5), chamados pelo nosso batismo a construir a casa de Deus em comunhão fraterna, na harmonia do Espírito, na coexistência da diversidade. Nas palavras de Santo Agostinho: “A Igreja é composta por todos aqueles que estão em harmonia com os seus irmãos e que amam o seu próximo” (Serm. 359,9).

 Irmãos e irmãs, gostaria que o nosso primeiro grande desejo fosse uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado. Neste nosso tempo, ainda vemos demasiadas discórdias, demasiadas feridas causadas pelo ódio, pela violência, pelo preconceito, pelo medo da diferença e por um paradigma económico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres.

De nossa parte, queremos ser um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade no mundo. Queremos dizer ao mundo, com humildade e alegria: Olhai para Cristo! Aproximai-vos d’Ele! Acolhei a sua palavra que ilumina e consola! Escutai a sua oferta de amor e tornai-vos a sua única família: no único Cristo, somos um. Este é o caminho a percorrer juntos, entre nós, mas também com as nossas Igrejas cristãs irmãs, com aqueles que seguem outros caminhos religiosos, com aqueles que procuram Deus, com todas as mulheres e homens de boa vontade, para construir um mundo novo onde reine a paz!

Este é o espírito missionário que nos deve animar: não nos fecharmos em pequenos grupos, nem nos sentirmos superiores ao mundo. Somos chamados a oferecer o amor de Deus a todos, para alcançar aquela unidade que não anula as diferenças, mas valoriza a história pessoal de cada um e a cultura social e religiosa de cada povo.

Irmãos e irmãs, esta é a hora do amor! O coração do Evangelho é o amor de Deus que nos torna irmãos e irmãs. Com o meu predecessor Leão XIII, podemos perguntar-nos hoje: se este critério «prevalecesse no mundo, não cessariam todos os conflitos e a paz voltaria?» (Rerum Novarum, 21).

Com a luz e a força do Espírito Santo, construamos uma Igreja fundada no amor de Deus, sinal de unidade, uma Igreja missionária que abre os braços ao mundo, anuncia a Palavra, se deixa «inquietar» pela história e se torna fermento de harmonia para a humanidade. Juntos, como um só povo, como irmãos e irmãs, caminhemos em direção a Deus e amemos-nos uns aos outros.

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Rezemos pelo Papa Leão XIV.  

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Ex-Chefe do FBI Ameaça Matar Trump

 



A notícia do momento nos Estados Unidos é o fato de que James Comey, ex-diretor do FBI de Obama, publicou um mensagem com os números 86 47, em clara ameaça de assassinar Trump, ou a incentivar que se mate Trump. 

86 significa remover, apapagr, não disponivel. É dito que em restaurante um prato que não existe mais ou foi removido, que saiu de cardápio, recebe o número 86. O número passou a significar, eliminar, matar.  E 47 é relacionado a Trump, pois Trump é o atual presidente número 47 da história dos Estados Unidos.

Com toda a repercussão, encontraram também uma imagem de uma governadora democrata que tinha na sua sala uma plaquinha com 86 45, do período do primeiro governo Trump, quando ele foi o presidente de número 45.

James Comey, no post, disse que tinha encontrado aqueles números formados por pedras na areia da praia. Depois apagou seu post, com uma desculpa idiota.



Mas o governo Trump já está procurando processá-lo por incentivar o assassinato do presidente.

Comey é acusado de durante sua chefia do FBI de proteger a família Clinton, de seus crimes, de proteger os Obamas, e de perseguir Trump.

Trump sempre nomeou a ideologia política dentro de órgãos de segurança, como FBI, CIA, de "deep state", que procurar derrubar todos os adversários da esquerda, especialmente Trump. Esse "deep state" também promove guerras, porque o dinheiro corre para eles. Então, Trump combina muita ameaça para eles, tanto ideológica, como por promover a pacificação.

Trump comentou o "8647" de Comey: "Ele sabe exatamente o que ele quis dizer. Sabe que significa assassinato do presidente"

Sim, claro, sabe.





quinta-feira, 15 de maio de 2025

Leão XIV Corrigirá Erros de Francisco?


Logo no primeiro discurso como papa, Leão XIV agradeceu Francisco. Pode ser simplesmente pelo fato de que foi Francisco quem o elevou a cardeal e assim permitiu que ele se tornasse papa. Eu mesmo, na minha vida profissional, posso dizer que alguns chefes que estavam longe de comungar das minhas crenças ou da minha ética, me colocaram em ótimas posições, enquanto outros, que eram bem mais próximos do que eu penso, foram péssimos chefes comigo. Então eu entenderia neste sentido o agradecimento. Mas, obviamente não foi isso, o agradecimento é muito mais significativo.


Na opinião do autor do artigo, Gaetano Masciullo, Leão XIV começará fazendo um "resignifcaçao" dos termos de Francisco. Sinolidade, por exemplo, será considerada a tradicional ajuda dos bispos no trabalho do papa. Missão significará novamente levar Cristo a todos, e por aí vai.

Hummm...rezemos que ele faça isso.

Mas eu acho que deixará muita sujeira debaixo do tapete. Minha sugestão inicial seria reconhecer todos aqueles, cardeais, arcebispos, bispos, e padres que lutaram contra os erros de Francisco por 12 anos, coisa que Prevost não fez. Seria um ótimo sinal inicial e mesmo uma maneira de pedir perdão pelo prório silêncio.

Depois deve claramente reconhecer os erros de Francisco, para que a sujeita saia.

O autor diz que seria ingênuo achar que Leão XIV  irá contra o Magistério de Bergoglio, pois "a Igreja sempre foi governada segundo um critério de prudência e com uma visão de longo prazo".

Bom, os erros foram muito grosseiros e atacaram diversos dogmas, precisam ser remediados imediatamente.

O arcbispo Schneider parece concordar comigo, com estratégia um pouco diversa.


Schneider destacou questões doutrinárias e litúrgicas, além de nomeações de pessoal.

Ele disse que primeiro teria que começar primeiro com a reafirmação da primazia de Cristo. Confirmar, fortalecer todos os fiéis na fé, como Jesus a deu a Pedro e a ele [Leão]. Também neste caso, em vista da evidente confusão em que a Igreja se afundou em termos doutrinários e morais, é realmente urgente fortalecer e confirmar na fé.

Schneider falou de três pontos adicionais que, segundo ele, precisavam ser abordados:

  1. A verdade sobre a singularidade de Jesus Cristo como o único caminho para a salvação e que outras religiões não são meios de graça ou caminhos de salvação. Deve ser declarada com uma afirmação cristalina.
  2. A ordem divina da sexualidade humana deve ser abordada de forma extremamente clara. Os principais tópicos que envolvem este tema, que em nossos dias evidentemente causam tanta confusão na Igreja, dizem respeito à imoralidade e à maldade intrínsecas dos atos e estilos de vida homossexuais e, em seguida, ao divórcio. Isso deve ser enfatizado. E à indissolubilidade do matrimônio.
  3. Fazer um esclarecimento solene ou definitivo sobre o sacramento da ordenação, estabelecendo que o sacramento da ordem – por ser um único sacramento nos três graus de episcopado, preletrado e diaconato – é, por direito divino, reservado aos fiéis do sexo masculino.
Em relação ao culto, Schneider disse que o papa deve revogar completamente a Traditionis Custodes. Pois é realmente uma humilhação, uma perseguição a uma parte dos fiéis e também uma rejeição de toda a tradição da liturgia da Igreja. Portanto, isso deve ser sanado. Ele deve restaurar a completa liberdade de uso da liturgia de todas as épocas.

Schneider acrescentou que a seleção episcopal é fundamental. Ele deve nomear bispos com muito cuidado, porque os bispos devem ser realmente homens de Deus, de fé católica. A isso ele deve prestar muita atenção.

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Isso mesmo, são questões urgentes!


quarta-feira, 14 de maio de 2025

Trump e Leão XIV. "Vamos Negociar". 15 Anos de Blog


Ontem, este blog fez 15 anos de existência. Gostaria de agradecer a Deus pela graça de escrever. Implorar que tudo seja para a gloria de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo,  e com apoio do Espírito Santo. Pedindo a intervenção de Nossa Senhora sempre. Agradeço também a todos os amigos do blog. Vamos ver até quando vou escrever aqui.

Momento propicio de celebrar o blog, pois ao que parece com Leão XIV terei uma combinação própria deste blog: teologia,  economia e relações internacionais. 

No dia que Trump recebeu um ex terrorista islâmico que lidera a Síria para tentar negociar um bom comportamento dele, Leão XIV conclamou os países para a paz e para os negócios.

Parece combinado entre os dois, hehehe. 


A Tese de Leão XIV. Que seja Assim. Amém. Amém.

 


O Papa Leão XIV, nascido Robert Francis Prevost, é doutor em direito canônico pelo Pontifício Colégio de São Tomás de Aquino (Angelicum), em Roma, obtido em 1987. Sua tese de doutorado foi intitulada “O ofício e a Autoridade do Prior local na Ordem de Santo Agostinho". Papa Francisco não tinha doutorado.

Hoje, Christine Niles, ressaltou a tese de Leão XIV que conclui dizendo que: "Não há espaço no conceito de autoridade de Agostinho para alguém que busca egoísmo e poder sobre os outros."

Citando Santo Agostinho no latim original, ele escreveu: "Praeposti sumus, et servi sumus; praesumus, sed si prosumus." "Somos colocados no comando e somos servos; possuímos autoridade, mas somente se servirmos."

Em outro post, Christine Niles ressaltou ainda mais isso, pois durante uma missa celebrada com cardeais na Capela Sistina em 9 de maio para encerrar o conclave que o elegeu, o primeiro pontífice americano disse que aqueles com um "ministério de autoridade" — como o próprio papa — deveriam aprender a "se afastar para que Cristo permaneça, a se fazer pequeno para que Ele seja conhecido e glorificado, a se dedicar ao máximo para que todos tenham a oportunidade de conhecê-Lo e amá-Lo".

Ótimo, os papas são ditos ser o "Servus Servorum", que significa "Servo dos Servos" em português. 

Ao que parece, graças a Deus, Leão XIV deseja ser servo da Igreja e não que a Igreja seja serva dele.

Amém, amém, amém.


sábado, 10 de maio de 2025

Leão XIV: Por que Foi Eleito? Quem é? O Que Pensa? Trump teve Influência?


Há um ótimo texto no site The Remnat Newspaper debatendo as teorias sobre como foi eleito Leão XIV, por que ele foi eleito, sua história e o que ele pensa sobre assuntos chaves da Igreja atualmente. O texto é de autoria de Gaetano Masciullo.

Será que ele foi eleito por ação do cardeal Parolin, de um cardeal italiano, ou de um cardeal americano? Sua eleição foi influenciada por uma doação de Trump? O texto debate essas coisas, por exemplo.

Vou traduzir a parte do texto que fala sobre isso:

Robert Francis Prevost é o Papa Leão XIV. Uma Primeira Análise.

Por: Gaetano Masciullo | Colunista do Remnant

Por Dentro do Conclave

Então, o que aconteceu durante o Conclave? Se a eleição de Prevost não foi acidental, como sua rapidez sugere, e se a maioria dos cardeais eleitores foi nomeada por Francisco, é possível identificar um plano estratégico por trás dessa eleição papal?

Por enquanto, três cenários podem ser considerados. O primeiro sugere que Prevost era o Plano B de Pietro Parolin. Nos últimos dias, muita atenção tem sido dada à ambição de Parolin de ascender ao Trono Papal e às suas tentativas de garantir o quórum necessário reunindo votos tanto de conservadores quanto de progressistas. Isso ocorreu em resposta à pressão das facções mais progressistas que apoiam Tolentino de Mendonça e Jean-Marc Aveline, das mais conservadoras que defendem Péter Erdő e das mais moderadas que defendem Pierbattista Pizzaballa.

No entanto, pouca consideração foi dada à possibilidade de Parolin ter tido uma estratégia alternativa, uma maneira de garantir a eleição de alguém semelhante a ele — outro revolucionário da desaceleração — caso seu próprio nome fosse comprometido, o que foi precisamente o que aconteceu. Se essa era a expectativa de Parolin, visto que estava presente e sorridente na sacada da Basílica de São Pedro ao lado do Cardeal Vinko Puljić, então ele poderia ver Prevost, seu par, como maleável ou pelo menos simpático às suas políticas eclesiásticas.

No entanto, vale lembrar que muitos de seus eleitores também esperavam que Wojtyla fosse um papa fraco e facilmente influenciável, mas ele provou ser um líder forte que moldou decisivamente o curso histórico da Igreja, independentemente do julgamento que se possa ter de seu pontificado. Em outras palavras, uma vez que um homem alcança o Primado, não há garantia de que ele se conformará às expectativas daqueles que o promoveram.

O segundo cenário, por outro lado, poderia ver Prevost como o resultado de uma convergência de votos transversais, alcançada por meio da discreta orquestração de figuras influentes, como o cardeal italiano Giuseppe Versaldi. Versaldi, criado cardeal por Bento XVI e servindo como Prefeito da Congregação para a Educação Católica sob Francisco de 2015 a 2022, representa uma figura típica dentro do governo da Cúria Romana.

Acredita-se que, nos últimos anos, Versaldi tenha construído uma rede de apoio e credibilidade em torno de Prevost. Agindo com discrição, ajudou a torná-lo conhecido e respeitado dentro do episcopado italiano, assegurando sua autoridade nos Palácios Sagrados e promovendo-o como uma alternativa viável a Pietro Parolin — mais espiritual e confiável, mas ainda diplomático.

Prevost é inegavelmente uma figura reservada. Aqueles que interagiram com ele, seja no Peru ou no Vaticano nos últimos anos, o descrevem como um indivíduo gentil, tranquilo e reflexivo, aberto a ouvir todos os pontos de vista. Um papa diplomático, como era de se esperar após doze anos de Francisco, marcado por uma abordagem pastoral centralizada e ideologicamente orientada.

Em ambos os casos, os próximos anos — ou mesmo meses — poderão testemunhar um fortalecimento positivo da Cúria.

Um terceiro cenário também surgiu nas últimas horas, sugerindo que o verdadeiro criador do papa pode ter sido o Cardeal Timothy Dolan, de Nova York. Acredita-se que ele tenha desempenhado um papel fundamental, assim como no Conclave anterior, quando ajudou a moldar a candidatura de Jorge Mario Bergoglio, embora posteriormente tenha se decepcionado com o resultado.

Segundo alguns relatos da mídia, Dolan trabalhou para consertar as divisões dentro da Igreja Americana. De um lado, estavam figuras anti-Trump ferrenhas como McElroy e Wilton Gregory, enquanto do outro, estavam conservadores como Di Nardo e o próprio Dolan. Eles finalmente reconheceram que havia chegado a hora de agir como uma equipe unida.

O Cardeal Dolan, sem surpresa, observou que o futuro papa seria "uma mistura dos três últimos". E com a eleição de Prevost, ele certamente pode afirmar que estava certo. Diz-se que a verdadeira manobra ocorreu no Pontifício Colégio Norte-Americano.

Confiante em si mesmo, Dolan tuitou e exibiu seus sorrisos habituais, enquanto contabilizava os votos para Prévost — um candidato com um perfil idealmente comercializável: americano de nascimento, mas missionário no Peru, sólido na doutrina, curial em experiência como ex-prefeito da Congregação para os Bispos e fluente em italiano, inglês e espanhol.

Após obter amplo apoio dos americanos, os votos decisivos para a eleição de Prévost teriam vindo de cardeais asiáticos e africanos — os mesmos que Parolin não conseguiu conquistar, apesar dos rumores de um acordo com outro dos primeiros favoritos, o cardeal filipino Tagle. Os cardeais africanos e asiáticos estavam supostamente indecisos no início das Congregações e, no final, seus votos no Conclave inclinaram-se para o Ocidente, ou pelo menos para uma visão particular do Ocidente.

Também é possível que Prévost tenha recebido apoio de membros da Cúria, devido à substancial doação que, segundo várias fontes, o Presidente Trump teria feito — uma suposta doação de 14 milhões de dólares ao Vaticano por ocasião do funeral do Papa Francisco.

Essa quantia teria sido bem recebida pela Santa Sé, dado o déficit estimado de 70 milhões de euros deixado por Bergoglio. Alguns consideraram a doação um ato de generosidade, enquanto outros levantaram questões sobre potenciais segundas intenções, especialmente considerando a proximidade de Trump com o Cardeal Timothy Dolan, uma figura-chave no Conclave, a quem o próprio Trump certa vez elogiou: "Não tenho preferências, mas devo dizer que temos um cardeal de Nova York, Timothy Dolan, e ele é muito bom. Veremos o que acontece."

Quem era Prevost antes do Pontificado

Robert F. Prevost sempre se manteve longe dos holofotes e das câmeras ao longo de sua vida, mesmo durante seus mandatos como bispo e cardeal da Cúria. Este é um sinal encorajador após doze anos de protagonismo midiático, que às vezes tem sido constrangedor, inadequado e até prejudicial aos fiéis.

No entanto, pouco se sabe sobre suas posições em diversos tópicos. Até o momento, Prevost tem se alinhado consistentemente com as visões de Francisco, particularmente sobre ecologia, imigração e pobreza. Ele expressou apoio à prática introduzida por Bergoglio de conceder a Comunhão a católicos divorciados e recasados ​​civilmente. Ele é claramente a favor da sinodalização da Igreja, como destacado em seu discurso inaugural — um assunto de grande preocupação.

Ele provavelmente se opõe à bênção de casais do mesmo sexo, conforme liberalizada pela Fiducia supplicans. Sua posição sobre a liturgia, particularmente em relação à proibição da Missa Tridentina através da Traditionis custodes, permanece desconhecida.

Da mesma forma, sua posição sobre os acordos secretos sino-vaticanos, mediados principalmente por Parolin e renovados diversas vezes sob Francisco, não é clara. Por fim, ainda é incerto se ele está entre os prelados que defendem modificações ou mesmo a abolição da Humanae Vitae de Paulo VI.

No entanto, sua carreira progrediu rapidamente. Ingressou na Ordem de Santo Agostinho em 1977 e emitiu os votos solenes em 1981. Com formação em matemática, teologia e direito canônico, foi ordenado sacerdote em 1982. Três anos depois, ingressou na missão agostiniana no Peru, onde atuou como chanceler da Prelazia Territorial de Chulucanas. Após um breve período nos Estados Unidos, de 1987 a 1988, como diretor vocacional e diretor de missão, retornou ao Peru, onde liderou o seminário agostiniano em Trujillo por dez anos, lecionando direito canônico e ocupando diversos cargos pastorais e administrativos.

Em 1999, foi eleito prior provincial dos agostinianos em Chicago e, em 2001, tornou-se prior geral da Ordem, cargo que ocupou até 2013. Em 2014, o Papa Francisco o nomeou administrador apostólico da Diocese de Chiclayo, elevando-o a bispo no ano seguinte. Posteriormente, assumiu cargos de liderança na Conferência Episcopal Peruana de 2018 a 2023, contribuindo para a estabilidade política do país.

Em janeiro de 2023, o Papa Francisco o nomeou prefeito do Dicastério para os Bispos. Este é um dos cargos curiais mais importantes e sensíveis, provavelmente rivalizando apenas com a Secretaria de Estado e o Dicastério para a Doutrina da Fé em importância. É o prefeito deste Dicastério que supervisiona a seleção de bispos em todo o mundo. Em setembro do mesmo ano, foi criado cardeal.

Há um último aspecto crucial a considerar sobre Robert F. Prevost, uma questão de grande preocupação. Após anos em que a Igreja foi abalada por escândalos de abuso sexual, o novo Papa traz consigo graves acusações de encobrimento de abusos. Fontes indicam que essas alegações dizem respeito ao seu mandato como Bispo de Chiclayo, de 2006 a 2010, durante o qual ele supostamente protegeu dois padres peruanos acusados ​​de abuso. A responsabilidade de Prévost também é questionada em relação ao seu período como Provincial dos Agostinianos em Chicago, um caso envolvendo seu amigo e padrinho, o Cardeal de Chicago, Blase Joseph Cupich.

Permanece incerto se essas acusações são fundadas ou se são meramente tentativas de desacreditar prelados influentes.

Independentemente disso, inimigos da Igreja, tanto internos quanto externos, poderiam usar essas questões para manter seu pontificado sob pressão contínua. Como frequentemente acontece, os principais meios de comunicação provavelmente evitarão discutir o assunto até que o Papa Leão XIV provoque uma figura poderosa ou irrite facções insatisfeitas dentro da Igreja. Esse cenário lembra o que ocorreu durante o pontificado de Bento XVI.


sexta-feira, 9 de maio de 2025

A Igreja da Infância de Leão XIV. Abandonada

 



O morador de Chicago Ashley Fitzgerald resolveu ir ontem visitar a Igreja que é dita ser a igreja que o papa Leão XIV frequentava na infância, em Chicago. A Igreja foi abandonada e desconsagrada, tristemente. Há um vídeo na internet que divulga a alegria em 1956 quando ela foi construída.

Chicago, como eu lembrei na live de ontem, é a cidade sede do Partido Comunista dos Estados Unidos. Obama não saiu de lá, por acaso. 

Leão XIV deveria ter em mente as imagens que Fitzgerald mostrou e entender os efeitos do Concílio Vaticano II e tentar reconstruir a Igreja, que por acaso foi a mensagem que São Francisco de Assis recebeus de Deus,e que infelizmente o Papa Francisco não fez, pelo contrário. 

É dito que Leão XIV é registrado como republicano ( o partido de Trump), mas que não gosta do movimento político de Trump. Bom, deve ser do tipo Bush/McCain, progressista (aceita várias ideias da esquerda), mas pelo menos forte em ser pró-vida.

Bom, se Leão XIV defender o Magistério e a fé Católica, eu já estou 80% satisfeito, ele pode achar que existe mudança climática provocade pela ação humana, ou que o mundo deve abandonar as bombas atômicas, ou que os países devem gastar mais em coisas bolsas famílias. Imigração já é um assunto que tenho mais dificuldade pois vai no sentido de destruir as igrejas, como a de Chicago.

Abaixo, vai o vídeo da Igreja de Santa Maria, na época de sua construção (1956), antes do Concílio Vaticano II.


quinta-feira, 8 de maio de 2025

Live: Habemus Papam. Leão XVI.


Professor Hermes Nery me pediu para fazer live após a fumaça branca, até após o discurso do novo papa Leão XIV. Analisamos as opções para o pontificado e o discurso inicial do papa.

A live ficou excelente.

Viva Leão XIV! Que traga paz de Cristo para a Igreja.


terça-feira, 6 de maio de 2025

Pontuação de Cardeais. Burke e Muller Vencem. Hollerich, Fernandez e Zuppi são Piores


Véspera de conclave. Aproveitei descrição da posição de 41 cardeais feita pelo site College of Cardinals sobre 10 questões e fiz uma classificação. O site apenas diz se o cardeal apoia, é indeciso, não apoia ou não se tem informação sobre a posição dele. Eu coloquei isso em números, dei notas para os cardeais.

Se é indeciso, eu considerei que merece -1, pois, para mim, se alguém diz uma coisa, depois outra, ou sugere uma posição e depois outra, se apresenta como fraco.

Se o site não identificou nada de resposta do cardeal, eu coloquei zero. Sim, eu sei, o cardeal calado sempre ganha mais do que o disse uma coisa depois outra. O calado fica na frente do indeciso.  Pode-se considerar que merece nota menor ainda.  Mas quem é que está em cima do muro, o que diz uma coisa depois outra ou o que fica calado? Difícil. 

Para quem apoia, eu considerei nota -5, pois as 10 questões são terríveis para a Igreja

Para quem é decalaradamente contra, eu considerei que merecia nota 5.

Somando tudo, Burke e Muller ficam empatados no primeiro lugar, seguidos de Sarah e Eijk. O site não encontrou a posição de Sarah sobre o acordo chinês, e ele tirou zero neste item.  

Aliás, o acordo chinês é a questão que mais possui números zero, isto é, que mais cardeais não opinaram. Medo da China combinado com medo da cúria, talvez.

Os piores cardeais são Hollerich, Fernandez e Zuppi.

Quando sair o novo papa, se for eleito alguém dos 41 acima, podemos analisar como ele se posicionaria em cada questão. Papas costumam mudar durante o pontificado (para pior ou para melhor) e acertam mudanças com seus pares para serem eleitos (que tende a eleger quem fica no meio). Mas a tabela serve de análise. 

Onde estará o próximo papa, no primeiro, no segundo, ou no terceiro quadro acima?

Rezemos que pelo menos o próximo papa esteja no primeiro quadro.



domingo, 4 de maio de 2025

Jornal Inglês: A Proteção de Francisco a Estupradores e Abusadores Sexuais

 

O jornal inglês Daily Mail fez uma matéria ontem sobre como o Papa Francisco, que chama de "papa do povo", protegeu estupradores e abusadores sexuais, como os padres Marko Rupnik, Gustavo Zanchetta e Julio Grassi, além de McCarrick.

O artigo é assinado pelo jornalista católico Damian Thompson. Traduzo abaixo:

REVELADO: Como o Papa do Povo protegeu predadores sexuais no clero – incluindo um padre acusado de estuprar freiras violentamente

Por DAMIAN THOMPSON

Publicado: 22h09 BST, 3 de maio de 2025 | Atualizado: 22h21 BST, 3 de maio de 2025

Quando os cardeais do mundo se reuniram em Roma na última segunda-feira para a primeira de suas cruciais discussões pré-conclave, eles levantaram "a questão do abuso clerical", de acordo com um porta-voz do Vaticano.

Os cardeais estão proibidos de revelar qualquer coisa que tenha sido dita.

Mas, a portas fechadas, os preparativos para o conclave – que começa na quarta-feira – já estão mergulhados em escândalos.

Além das dúvidas sobre a verdadeira idade de Philippe Ouedraogo, um cardeal de Burkina Faso que alguns afirmam ter 80 anos, o que significa que ele é velho demais para votar, e das preocupações com a presença do cardeal peruano Juan Luis Cipriani, que enfrenta acusações de abuso sexual (que ele nega), vários cardeais criticaram o legado do falecido Papa Francisco.

"Temos ouvido muitas queixas contra o papado de Francisco nestes dias", disse um cardeal não identificado à America Magazine, uma publicação jesuíta.

De qualquer forma, podemos ter certeza de que o debate de segunda-feira foi assombrado por uma série de escândalos chocantes, cujos detalhes são desconhecidos pela grande maioria dos 400.000 católicos que compareceram ao funeral do Papa Francisco há uma semana.

Se soubessem, a multidão teria sido muito menor.

O denominador comum desses escândalos – cujas vítimas incluíam 20 freiras eslovenas que alegam ter sido estupradas, seminaristas argentinos grotescamente agredidos por seu bispo e um adolescente belga submetido a abuso incestuoso por seu tio, um bispo – é que Francisco fez de tudo para ocultar ou desculpar esses crimes.

O "Papa do povo" foi eleito em 2013 com a promessa de responsabilizar a Igreja por abusos sexuais cometidos por clérigos.

E é verdade que ele estabeleceu novas regras para punir bispos considerados culpados.

Mas o primeiro pontífice argentino não praticou o que pregava.

O mistério mais obscuro dos 12 anos de reinado de Francisco foi seu hábito persistente de proteger da justiça acusados ​​com credibilidade e até mesmo predadores sexuais condenados.

O Papa goza de autoridade suprema sobre a Igreja Católica.

Ele pode distorcer ou ignorar o direito canônico, que supostamente pune criminosos sexuais, e o direito penal do Estado do Vaticano, sem ser questionado.

Foi exatamente isso que ele fez, repetidas vezes.

De fato, seu modus operandi sinistro antecedeu sua eleição: como Arcebispo de Buenos Aires, ele tentou manter um padre que abusava de meninos sem-teto fora da prisão.

Como Papa, ele foi questionado sobre isso e contou uma mentira descarada diante das câmeras.

O longo histórico de Francisco na proteção de predadores condenados e suspeitos deveria ter sido o maior escândalo enfrentado pela Igreja em décadas, senão séculos.

Por que, então, não dominou as manchetes em todo o mundo?

A resposta é que, embora alguns jornalistas tenham relatado os depoimentos comoventes das vítimas, eles não estabeleceram as conexões necessárias entre os casos separados por milhares de quilômetros e, em alguns casos, por várias décadas.

Enquanto isso, membros da equipe de imprensa do Vaticano lançaram uma cortina de fumaça para proteger um Papa cuja agenda de esquerda compartilhavam.

Agora, finalmente, é hora de uma análise do apoio de Francisco a alguns clérigos que enfrentaram acusações terríveis – especificamente três autodenominados "homens de Deus": Julio Grassi, Marko Rupnik e Gustavo Zanchetta.

"Uma descida ao inferno" foi como "Anna", uma ex-freira italiana de 58 anos, descreveu os nove anos de abusos que alegou ter sofrido nas mãos do Padre Marko Rupnik, um padre jesuíta esloveno – e amigo do Papa Francisco – que se tornou o artista de mosaicos mais bem-sucedido do mundo.

Em dezembro de 2022, Anna falou ao jornal italiano Domani, após seus mosaicos terem sido instalados em mais de 200 locais sagrados católicos, incluindo as basílicas de Lourdes e Fátima, o santuário nacional de São João Paulo II em Washington, D.C. e uma capela no Vaticano.

A arte de Rupnik causou arrepios em muitos católicos. Jesus, Maria e os santos eram retratados com enormes olhos negros e vazios.

Mas as autoridades da Igreja investiram centenas de milhões de libras em encomendas. Rupnik era intocável.

Suas supostas vítimas, no entanto, não eram. Na década de 1980, ele fundou uma ordem de religiosas na Eslovênia.

Anna ingressou aos 21 anos, atraída por seu "carisma" e "sensibilidade em identificar as fraquezas das pessoas".

Ele a tocava enquanto explicava sua arte. Então, ela conta, "ele me beijou levemente na boca, dizendo que era assim que ele beijava o altar onde celebrava a Eucaristia".

De acordo com Anna, Rupnik usava linguagem teológica enquanto a molestava. Logo depois que ela fez seus votos religiosos, ela disse que ele a atacou com tanta violência que ela perdeu a virgindade.

Ela disse que Rupnik abusou de 20 freiras, uma das quais quebrou o braço ao tentar resistir a ele.

Anna se manifestou em 2022 porque o Vaticano, embora informado pela ordem jesuíta de que as alegações eram críveis, recusou-se a apresentar qualquer acusação de direito canônico contra Rupnik.

Em 2019, o padre foi flagrado absolvendo uma vítima feminina no confessionário após um encontro sexual com ela – um crime que lhe rendeu excomunhão automática quando veio à tona.

Inacreditavelmente, enquanto sua excomunhão estava sendo processada, o Papa permitiu que ele fizesse reflexões espirituais às autoridades do Vaticano. E quando a pena foi imposta, Francisco a suspendeu misteriosamente em poucas semanas.

Em 2023, vazou a notícia de que Rupnik – já expulso dos jesuítas – estava retornando ao ministério na Eslovênia como um padre em boa situação.

A reação pública foi tão feroz que o Papa finalmente concordou com um julgamento. Mas nada aconteceu.

Em 2024, duas ex-freiras da comunidade de Rupnik, Mirjiam Kovac e Gloria Branciani, deram uma entrevista coletiva. Kovac falou de "jovens" submetidas a abusos sádicos.

Branciani descreveu ter sido forçada a participar de um ménage à trois com base na Santíssima Trindade e como isso envolveria ter que "beber o sêmen dele de um cálice durante o jantar".

Em outra entrevista, Branciani disse que, quando Rupnik "se jogou em cima de mim", ela protestou: "Mas eu posso engravidar".

A resposta assustadora do padre? "Você sempre pode fazer um aborto".

Ela caminhou pela floresta com a intenção de se matar, mas decidiu que "o Senhor não queria que eu morresse". Mesmo assim, Francisco não fez nada.

O prelado responsável pelo julgamento, Cardeal Victor Manuel Fernandez, explicou que "os piores casos" tinham prioridade.


Enquanto isso, o escritório de comunicações do Vaticano promovia repetidamente a arte de Rupnik online.


Um padrão surgiu, mesmo que os amigos de Francisco na mídia se recusassem a denunciá-lo. Quando se tratava de proteger seus aliados abusadores da justiça – por mais diabólico que fosse o crime – o falecido Papa era um reincidente.


Os sinais de alerta surgiram a partir do momento em que Jorge Mario Bergoglio [nome verdadeiro de Francisco] apareceu na sacada da Basílica de São Pedro em 2013.


Ele estava acompanhado pelo ex-arcebispo de Malines-Bruxelas, o falecido Cardeal Godfried Danneels, que foi gravado secretamente em 2010 dizendo a um jovem para se calar sobre o fato de ter sido abusado sexualmente por seu tio, o Bispo Roger Vangheluwe.


Danneels havia sido um dos cardeais que fizeram campanha para eleger Francisco. Ele recebeu sua recompensa no ano seguinte, quando o Papa convidou Danneels para ser o convidado de honra do Sínodo do Vaticano sobre a Família, dentre todos os assuntos.

O Papa Francisco também reabilitou um cardeal aposentado ainda mais inescrupuloso – Theodore McCarrick, ex-arcebispo de Washington, a quem o Papa Bento XVI havia ordenado que vivesse em reclusão após descobrir que ele tinha um longo histórico de abusos contra padres em formação, chegando a solicitar sexo no confessionário.

Francisco sabia dos hábitos de McCarrick, mas mesmo assim o tirou da aposentadoria como seu representante diplomático particular. Somente quando McCarrick foi acusado de agredir um menor o Papa o destituiu do título de cardeal.

É verdade que foi João Paulo II, e não Francisco, quem elevou McCarrick ao posto, ao mesmo tempo em que descartou relatos de abusos em série cometidos por monstros como o Padre Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo.

A teimosa recusa de João Paulo II em acreditar em acusações é uma mancha em sua reputação. Parece ter sido motivado por sua experiência na Polônia, onde os comunistas usaram falsas alegações de abuso para minar a Igreja.

A explicação para o comportamento muito pior do Papa Francisco também pode estar em seu país de origem.

Um dos mistérios de seu pontificado foi sua recusa em pisar na Argentina como Papa, apesar de visitar a maioria dos outros países latino-americanos. Mas sabemos que ele tinha muitos inimigos lá – e alguns amigos verdadeiramente depravados.

O padre da televisão, Padre Julio Grassi, era o Jimmy Savile da Argentina. Seu orfanato era um disfarce para agressões a adolescentes. Em 2008, ele foi condenado a 15 anos de prisão, mas permaneceu foragido durante o processo de apelação.

A Igreja Argentina então produziu um "contra-relatório" de 2.800 páginas, acusando as jovens vítimas de Grassi de mentirosas e homossexuais.

A iniciativa foi encomendada pelo presidente da conferência episcopal do país – o Cardeal Bergoglio, de Buenos Aires, que em breve se tornaria o Papa Francisco.

Grassi afirmou posteriormente que, durante os apelos fracassados, "Bergoglio nunca soltou minha mão".

No documentário "Código do Silêncio", de 2019, repórteres confrontaram o Papa na Praça de São Pedro. Perguntaram se ele havia tentado influenciar a justiça argentina. "Não", respondeu Francisco.

Então, por que ele encomendou um contra-inquérito? "Nunca o fiz", disse o Papa.

Esta foi uma mentira demonstrável. Outro escândalo argentino ainda está em andamento. Um dos primeiros atos de Francisco como papa foi nomear seu protegido, Padre Gustavo Zanchetta, conhecido como seu "filho espiritual", Bispo de Oran, uma diocese remota no norte do país.

Assim que chegou, Zanchetta começou a frequentar o seminário local, insinuando-se para os rapazes mais bonitos.

Isso se transformou em agressões revoltantes, descritas em documentos judiciais elaborados antes de Zanchetta ser considerado culpado de abusar de dois jovens e condenado a quatro anos e meio de prisão em 2022. O papel do Papa neste drama sórdido é perturbador.

Antes de Zanchetta renunciar em 2017, alegando "motivos de saúde", material pornográfico foi descoberto em seu telefone, incluindo fotos sexuais dele mesmo.

Francisco viu o material e o descartou como falso.

O que aconteceu em seguida desafia a crença. Após a renúncia de Zanchetta, acusado de má gestão financeira de fundos da Igreja, bem como de crimes sexuais, o Papa o convocou a Roma, onde criou um cargo para ele como "assessor do tesouro do Vaticano".

Quando Zanchetta foi arrastado de volta à Argentina para ser julgado, o Vaticano recusou o pedido do tribunal para apresentar as conclusões de sua própria investigação secreta sobre o bispo.

Alegando novamente "problemas de saúde", Zanchetta convenceu o tribunal a deixá-lo cumprir a pena em um hotel do Vaticano.

Enquanto isso, o Papa enviou investigadores a Oran, no que os moradores locais alegaram ser "uma campanha de retaliação autorizada pelo Vaticano contra aqueles que testemunharam contra o bispo".

O drama continua. No outono passado, Zanchetta foi visto em Roma; ele havia recebido permissão para receber tratamento médico lá.

Ele recebeu a ordem de retornar até 1º de abril deste ano – mas, como o site católico de jornalismo investigativo The Pillar noticiou em 14 de abril, ele havia desaparecido.

Enquanto isso, onde está o artista e predador Rupnik? Em março, o jornal italiano Daily Compass revelou que este acusado de estupro havia recebido refúgio no majestoso convento das Irmãs Beneditinas de Priscila, no topo de uma colina, em Montefiolo, nas Colinas Sabinas, ao norte de Roma.

O plano era transferir as irmãs para que o convento pudesse abrigar uma "comunidade artística" administrada pelos discípulos de Rupnik.

Mas isso foi antes do declínio repentino do Papa Francisco. No mês passado, Ed Condon, advogado da Igreja que edita o The Pillar, observou que o Vaticano estava finalmente se preparando para julgar Rupnik.

Enquanto isso, os jesuítas pagavam indenizações às suas supostas vítimas, enquanto seus mosaicos eram velados.

"O que mudou?", perguntou Condon. Uma possibilidade era que instituições de alto escalão "se sentissem repentinamente confortáveis ​​em se afastar publicamente de Rupnik e se aproximar de suas supostas vítimas, como resultado da recente enfermidade do Papa".

Em outras palavras, o padre que parece ter liderado um culto sexual no qual estuprou jovens mulheres ficou subitamente vulnerável porque seu protetor estava em seu leito de morte.

Se isso for verdade, então é difícil ler as homenagens ao "Papa do povo" sem se sentir mal.

A culpabilidade de Francisco nos casos de Rupnik, Grassi e Zanchetta foi estabelecida sem sombra de dúvida. E há outros escândalos que levantam questões sobre sua aparente disposição de usar seu cargo para proteger criminosos sexuais.

Por que, por exemplo, o chefe de gabinete de Francisco, Arcebispo Edgar Peña Parra, emitiu uma ordem em setembro passado reintegrando o padre argentino Ariel Alberto Principi, duas vezes condenado por abuso sexual infantil?

Sua ordem foi posteriormente cancelada, mas sob as instruções de quem ele estava agindo? Embora Peña Parra fosse muito próximo de Francisco, talvez nunca saibamos se foi obra do Papa – mas certamente não seria fora do contexto.

O que sabemos é que, na época da morte de Francisco, Grassi e Rupnik ainda eram padres e Zanchetta ainda era bispo.

E há um último detalhe perturbador – um detalhe pequeno, talvez, mas revelador. Até que um novo Papa seja eleito, o apartamento de Francisco permanece lacrado com uma fita vermelha. Lá dentro, pendurado na parede, há um mosaico de Rupnik.

Damian Thompson é ex-editor do Catholic Herald, editor associado do The Spectator e apresentador do podcast religioso Holy Smoke.


sexta-feira, 2 de maio de 2025

Ei, Conclave! Como a Igreja deve ver Darwnismo, Usura, Gays, Pena de Morte, Ecumenismo, Liturgia...

 


É uma carta sensacional, plena de conhecimento e de amor pela Igreja Católica, que ensina, com muito fundamento, como a Igreja deve tratar o darwninismo, a usura, a pena de morte, a eutanásia, o aborto, o homossexualismo, o casamento, a sinodalidade, a liturgia, a cremação, o ordenamento de padres, e muito mais.

Dr. Peter Kwasnieski, filósofo e teólogo católico, autor de mais de 20 livros, disponibilizou a carta aos cardeais, em templo de conclave. Ele é muito conhecido por conhecer profundamente a missa trindentina e defendê-la.

Traduzo a carta dele abaixo:

Renovação e Restauração na Igreja: Uma Carta Aberta aos Cardeais da Santa Igreja Romana.

Eminências:

O documento a seguir surgiu de discussões ao longo do último ano entre teólogos, pastores e canonistas, que foram incentivados a produzi-lo por um cardeal sênior. Originalmente, nossa ideia era buscar signatários — sabendo, como sabemos, quantas figuras notáveis ​​na Igreja Católica concordam ou simpatizam com os pontos aqui apresentados — mas, em vista da rapidez do próximo conclave, decidimos publicar a declaração como ela está.

Ao publicar esta declaração, não desejamos assumir tarefas para as quais não fomos chamados por Deus. Em vez disso, desejamos simplesmente oferecer, por amor à Igreja e de acordo com nossa perspectiva, algumas sugestões que podem ser úteis para aqueles que receberam a tremenda responsabilidade de governar o rebanho de Cristo. Fazemos isso, aliás, na festa tradicional de Santa Catarina de Sena, uma leiga que foi uma luz para a Igreja em seu tempo e nos lembra da necessidade de falar com ousadia ou parresia, como convém aos discípulos do único Mestre.

Os autores reconhecem que “em vastas áreas do mundo, a fé corre o risco de se extinguir como uma chama que já não tem combustível” (Bento XVI, Carta aos Bispos), enquanto erros e desvios abundam na Igreja; e esperam que as propostas aqui apresentadas constituam um chamado oportuno à metanóia.

Com a garantia de nossas fervorosas orações ao Espírito Santo pelo Colégio Cardinalício, especialmente no próximo Conclave, pedimos humildemente sua consideração devota sobre o conteúdo a seguir.

30 de abril de 2025, Santa Cataria de Siena.

Renovação e Restauração na Igreja

Credidi, propter quod locutus sum

“Eu cri, por isso falei”

Salmo 115:10

Nosso Senhor deixou à Sua Igreja tudo o que ela precisa para triunfar sobre qualquer obstáculo. “Porque a terra por si mesma produz fruto: primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga.” O colapso da Igreja em todas as suas antigas fortalezas, portanto, resulta menos da oposição externa do que da falha daqueles que estão dentro em usar corretamente os meios da graça.

Um historiador inglês observou: “Nada pode revigorar-se ou salvar-se da decadência, exceto por um retorno sobre si mesmo e uma retomada de seu próprio passado.” Especialmente isso deve ser verdade no caso da Igreja Católica, diretamente fundada como foi por um ato divino: Olhai para a rocha de onde fostes talhados.

Embora o governo da Igreja seja confiado ao papa e aos demais bispos, o direito canônico reconhece que outros fiéis também podem expressar suas opiniões de acordo com qualquer conhecimento, competência e posição que possuam. Os teólogos, pastores e canonistas que redigiram a seguinte declaração desejam expressar nossa convicção de que o ensinamento da Igreja, ou melhor, os ensinamentos de muitos clérigos, e também o que é apresentado como sua liturgia e disciplina, têm sido influenciados há muito tempo pelo espírito do mundo; e desejamos, com liberdade filial, expressar nossas opiniões sobre o caminho para a restauração e renovação.

As listas a seguir contêm algumas das verdades e princípios que parecem, em nossos dias, mais necessitar de reafirmação ou vindicação.

DOUTRINA

1. Revelação. A revelação divina requer o assentimento da fé às verdades proposicionais comunicadas por Deus. As afirmações feitas pelas Escrituras e pela Sagrada Tradição não são interpretações humanas da palavra de Deus; são a Sua comunicação dessas verdades proposicionais. Visto que tudo o que a Escritura e a Tradição propõem é a palavra de Deus, todas essas proposições são inteiramente verdadeiras.

2. Estabilidade do dogma. Os dogmas da Igreja jamais poderão ser entendidos em um novo sentido, em razão de algum avanço real ou alegado nas ciências empíricas ou em qualquer outro ramo do conhecimento humano. Embora essa verdade tenha sido definida pelo I Concílio Vaticano, ela tem sido amplamente ignorada.

3. Censuras doutrinárias. As diversas censuras doutrinárias ou teológicas devem ser restauradas como o meio normal do ensinamento papal. Censuras globais, no entanto, pelas quais uma série de proposições é condenada com muitas censuras, sem indicação de qual proposição recebe qual censura, não devem ser utilizadas.

4. Heresiarcas modernos. Alguns heresiarcas influentes do século XX devem ser condenados nominalmente em um futuro concílio ecumênico, assim como alguns homens foram condenados após sua morte pelo Segundo Concílio de Constantinopla. Em particular: Karl Rahner por seu relato da justificação e da Assunção de Nossa Senhora; Hans Urs von Balthasar por seu neouniversalismo e sua “teologia do Sábado Santo” neocalvinista; e Teilhard de Chardin por ser um mitologista disfarçado de cristão.

5. A identidade da Igreja. A identidade entre a Igreja Católica Romana e a Igreja de Cristo deve ser declarada sem ambiguidade: não há nada que seja verdadeiro para a Igreja de Cristo que não seja verdadeiro para a Igreja Católica Romana.

6. Corpos cristãos não católicos. Esses corpos não são, em si mesmos, meios de salvação, visto que a adesão a eles envolve um pecado contra a fé e a caridade. Mesmo que um indivíduo não católico possa ser inocente diante de Deus de heresia e cisma, sua adesão a tal corpo é uma grave desordem objetiva. Todo ecumenismo legítimo deve ter como objetivo levar os cristãos não católicos a renunciar à heresia e ao cisma dos corpos aos quais pertencem.

7. Religiões não cristãs. Para ser salvo, é necessário crer e acolher a oferta de salvação que Deus fez. Isso significa chegar à fé em Jesus Cristo. Os judeus não podem ser salvos guardando a lei mosaica sem reconhecer a Cristo. O Islã foi criado para combater o Cristianismo: "Este é o Anticristo, que nega o Pai e o Filho". Toda adoração a ídolos é adoração a demônios e é odiosa a Deus.

8. Communicatio in sacris. Toda participação ativa nos serviços religiosos de não católicos, sejam eles cristãos ou não, é um pecado proibido pela lei divina.

9. Criação. O primeiro homem e a primeira mulher vieram diretamente das mãos de Deus, e todos nós descendemos deles. A teoria da descendência humana dos animais deve ser condenada como incompatível com a revelação divina. A variedade e a beleza das criaturas derivam do ato direto do Criador: para um cristão supor que elas são explicadas pela ação do acaso, mesmo como uma causa próxima, é uma reversão inconsciente ao paganismo. "Pela inveja do diabo, a morte entrou no mundo".

10. A Realeza de Cristo. As sociedades civis como tais, e portanto suas autoridades temporais, estão sujeitas à realeza de Cristo. Consequentemente, são obrigados a professar a fé católica e a auxiliar a Igreja. Embora esse dever tenha sido definido por Pio IX em Quanta cura e reconhecido no preâmbulo de Dignitatis humanae, a definição deve ser repetida e ainda mais clara. Nenhuma sociedade pode ser verdadeiramente neutra em questões religiosas: "Quem não está comigo, está contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha."

11. Liberdade religiosa. Um juízo de consciência sincero e moralmente irrepreensível não confere, por si só, direitos. Para conferir direitos, um juízo de consciência deve ser verdadeiro. O dever do poder civil de dar liberdade, dentro dos devidos limites, à prática privada e pública das religiões monoteístas existe para permitir que os não cristãos alcancem a fé sobrenatural e o batismo sem sofrer coerção. Este princípio não pode ser invocado em prejuízo das sociedades católicas.

12. Normas morais absolutas. As condenações de João Paulo II à negação de normas morais absolutas devem ser reiteradas como um pronunciamento inegavelmente infalível, e aqueles que a negam devem ser anatematizados.

13. Correção. A distinção entre correção fraterna e correção por um superior é hoje frequentemente ignorada na prática. A primeira deve ser aplicada somente quando se julgar que o infrator não será agravado; a segunda deve ser aplicada mesmo que o superior julgue que o infrator será agravado, visto que é um dever de justiça para com a comunidade que ele governa.

14. Eutanásia. Aos católicos que morrem em consequência de eutanásia deve ser negado o sepultamento cristão, e qualquer pessoa que participe de sua eutanásia deve ser excomungada.

15. Fertilização in vitro. Pedimos aos bispos que exponham o caráter pecaminoso desse procedimento em suas cartas pastorais ou em outros lugares.

16. Salário digno. O dever dos empregadores de pagar um salário adequado para permitir que um homem crie uma família sem a necessidade de a esposa trabalhar fora de casa deve ser definido como uma questão de direito natural.

17. Usura. A usura – isto é, a cobrança de quaisquer juros com base apenas em um empréstimo, e não simplesmente a cobrança de uma taxa de juros excessiva ou ilegal – deve ser novamente condenada como um pecado pessoal e um mal social, excluída pelas Escrituras e pela tradição.

18. Pena de morte. Esta não é excluída nem mesmo sob o Evangelho, quando necessária para a proteção da ordem moral e da sociedade civil. O acréscimo ambíguo ou incoerente ao Catecismo da Igreja Católica feito em 2018 deve ser corrigido.

19. Sacramentos. Visto que, como afirma o Concílio de Trento, “toda a verdadeira justiça ou começa, ou sendo iniciada é aumentada, ou sendo perdida é reparada” através dos sete sacramentos da Igreja, deve ser explicitamente rejeitada a opinião segundo a qual os sacramentos existem para manifestar ou celebrar uma salvação já obtida.

20. Confissão. Pedimos frequentemente aos bispos que exponham o ensinamento da Igreja de que a confissão sacramental é o único meio ordinário de perdão dos pecados graves cometidos após o batismo.

21. Ordenação de mulheres. A definição de João Paulo II, na Ordinatio sacerdotalis, da impossibilidade da ordenação sacerdotal de mulheres deve ser reiterada como um pronunciamento inegavelmente infalível, e aqueles que a negam devem ser anatematizados. Deve-se também definir que as mulheres não podem receber o sacramento da ordem em nenhum de seus graus.

22. Poder papal de jurisdição. Como os bispos são sucessores dos apóstolos, eles não podem ser tratados como se fossem gerentes intermediários. A plenitude papal de poder não significa que um papa pode depor bispos simplesmente por sua própria vontade; ele pode depor um bispo somente por um devido processo legal e quando justificado por lei natural ou divina.

23. Sinodalidade. É estranho à tradição apostólica que sejam realizadas reuniões em que outros fiéis, ou mesmo não católicos, votem sobre questões doutrinárias ao lado dos bispos, mesmo que tais votações sejam apresentadas como meramente consultivas. Além disso, parece bom afirmar que um bispo governa corretamente sua Igreja local por direito divino como vigário de Cristo e não como vigário de qualquer sínodo, conferência episcopal ou outra organização ad hoc.

24. Matrimônio. Deve-se reafirmar de forma definitiva que o fim primordial do matrimônio é a procriação e a educação cristã dos filhos. Embora a natureza pecaminosa de todas as formas de contracepção tenha sido definida por Paulo VI na Humanae vitae, a definição deve ser repetida e ainda mais esclarecida.

LITURGIA

1. Limites do poder eclesial. A Igreja não tem o direito de alterar radicalmente a sagrada liturgia. A responsabilidade e o direito do papa em relação à liturgia é preservar e proteger o que já existe, não substituí-lo. Embora as liturgias tradicionais da Igreja permitam algumas mudanças, como a celebração de novos santos, somente mudanças desse tipo, isto é, de um tipo já garantido pela tradição imemorial, devem ser introduzidas por um concílio, papa ou patriarca.

2. O breviário (saltério). A revisão do saltério do breviário romano por Pio X, que não foi adotada pelas ordens monásticas, parece ter excedido esses limites e deveria ser revertida ou, pelo menos, tornada opcional. Se necessário, o clero secular poderia ser dispensado da recitação de algumas horas.

3. Semana Santa. A revisão das cerimônias da Semana Santa por Pio XII ultrapassou esses limites, prevaleceu por apenas quatorze anos e deve ser revertida.

4. A revolução da década de 1960. A tentativa de Paulo VI de suprimir o missal, o breviário, o ritual, o pontifício, o cerimonial dos bispos e o martirológio da Igreja Romana ultrapassou amplamente esses limites. O erro fundamental da reforma litúrgica foi buscar adaptar a liturgia ao homem moderno, em vez de adaptar o homem moderno à liturgia. A impossibilidade de suprimir a Missa tradicional em latim deve ser definida, e qualquer tentativa de proibir os sacerdotes do rito latino de celebrá-la deve ser condenada.

5. Missa Solene Pontifícia. Pedimos aos bispos da Igreja Latina que deem o exemplo de fidelidade à tradição, celebrando frequentemente a Missa tradicional em latim em suas catedrais, sempre que possível na forma mais solene.

6. Concelebração. A prática de simples padres concelebrarem entre si é uma novidade das últimas décadas, que leva à diminuição do número de missas celebradas na Igreja e, portanto, presumivelmente também ao fluxo de graça e misericórdia sobre ela, devendo, portanto, ser revogada.

7. Latim. A liturgia do rito latino deve normalmente ser celebrada em latim e não na língua vernácula; isso também permitirá que a Bíblia Vulgata receba novamente o "lugar de honra" reconhecido pela Dei Verbum como devido a ela. "Devemos admitir que é um golpe de mestre do protestantismo ter declarado guerra à língua sagrada. Se algum dia conseguir destruí-la, estará a caminho da vitória" (Dom Prosper Guéranger).

8. Ritos das ordens religiosas. As ordens religiosas que possuíam tradições litúrgicas distintas antes do Concílio Vaticano II devem retornar a elas.

9. Rito da Sagrada Comunhão. A forma de distribuição da Sagrada Comunhão nas mãos dos fiéis, que se tornou prática na Igreja Latina, foi um abuso fraudulentamente apresentado como um retorno ao costume primitivo. Deve ser abolida, e a Sagrada Comunhão deve ser novamente dada exclusivamente na língua e pelos sacerdotes.

10. Arte e arquitetura. Os regulamentos canônicos sobre arquitetura eclesiástica e arte sacra devem ser restaurados e aplicados. Arte e arquitetura que sejam irreconhecíveis pelo povo cristão como sagradas devem ser banidas das igrejas católicas: arte e arquitetura existentes desse tipo devem ser vendidas ou destruídas. Novas igrejas devem ser construídas de modo que o celebrante no altar-mor fique voltado para o leste, de acordo com um costume apostólico comum ao Oriente e ao Ocidente.

1. Música. Música infantil, sensual ou sentimental, indigna da sagrada liturgia, infelizmente é amplamente difundida. O canto gregoriano e a polifonia devem, mais uma vez, ocupar o primeiro lugar em toda a Igreja Latina.

DISCIPLINA

1. Confissão de fé. A atual Profissão de Fé, feita por titulares de cargos públicos desde 1989, precisa ser ampliada para denunciar explicitamente os erros modernos. Um possível começo seria restaurar o Credo do Papa Pio IV, complementado pelo Juramento Antimodernista de Pio X. Estes poderiam, por sua vez, ser complementados, por exemplo, pela Declaração das Verdades publicada por vários cardeais e outros bispos em 2019.

2. Seleção de bispos. Razões históricas explicam por que os papas, no decorrer do segundo milênio, nomearam todos os bispos da Igreja Latina. No entanto, esta não é a prática aprovada pelos Padres da Igreja. O atual processo de escolha de bispos tende a afastar os leigos da Igreja. A Igreja passa a se apresentar como uma organização administrada pelo clero em benefício próprio e que impõe exigências arbitrárias aos leigos. A heresia e o anticlericalismo só começaram a proliferar quando o método patrístico de eleger bispos caiu em desuso. São Leão Magno previu que privar os fiéis do direito de aprovar ou rejeitar um nomeado episcopal os levaria a desprezar seus pastores e a perder a fé: "Que ninguém seja ordenado contra a vontade expressa do lugar, para que uma cidade não despreze ou odeie um bispo que não escolheu, e lamentavelmente se afaste da religião por não ter sido autorizado a ter quem desejasse". Embora os bispos possam ser escolhidos pelos outros bispos da província e pelo clero da diocese, o consentimento dos leigos também deve ser recebido: esse consentimento não deve ser reduzido a uma cerimônia vazia, como ocorre atualmente. Isso, por sua vez, exige que os bispos excluam da comunhão eclesiástica qualquer membro do laicato que tenha publicamente discordado do dogma católico. Quando não houver consenso sobre um candidato adequado, o papa deve nomear um.

3. O colégio cardinalício. Os cardeais não devem perder o direito de eleger um papa aos 80 anos, mas somente se tiverem se tornado mentalmente incompetentes. Os cardeais em consistórios devem falar, respondendo às alocuções papais e levantando suas próprias questões, em vez de apenas ouvir o Papa falar com eles: este era o costume antigo.

4. Bispos. Os bispos não devem ser obrigados, nem "convidados" por uma ficção legal, a apresentar sua renúncia aos 75 anos. Eles são os pais de seu povo. Pela mesma razão, de acordo com a regra antiga e para excluir a ambição, eles não devem se mudar de uma diocese para outra. Se necessário, coadjutores podem ser providenciados.

5. Párocos. Os párocos não devem ser obrigados a se aposentar ou transferidos por vontade própria. Eles devem ter o direito de manter suas paróquias, a menos que sejam removidos por justa causa por um processo canônico.

6. Jurisdição. Uma vez que é a ordenação sacerdotal pela qual um membro dos fiéis pode agir na pessoa de Cristo, a Cabeça, a jurisdição eclesiástica normalmente não deve ser conferida àqueles que não receberam essa ordenação.

7. Dissidência pública. Nenhum membro dos fiéis deve ter permissão impune para expressar publicamente sua discordância com o dogma católico. Estadistas que defendem, aprovam, votam a favor ou implementam medidas contrárias aos princípios da lei natural — como aborto, eutanásia, fertilização in vitro, pseudogamia ou usura — devem primeiro receber uma advertência paternal de seu bispo e, se não se arrependerem, devem ser excluídos da comunhão.

8. Seminários menores. Os seminários menores devem ser revitalizados para proporcionar uma educação geral adequada ao futuro clero. Em particular, devem ensinar a língua latina em alto nível. Embora o Papa Pio XII tenha expressado o desejo de que todo o clero pudesse conversar facilmente em latim, poucos padres católicos hoje são capazes de compreender adequadamente até mesmo um simples texto latino.

9. Seminários maiores. De acordo com o Optatam totius, os seminaristas devem ser instruídos na filosofia perene e devem estudar os mistérios da fé sob a orientação de São Tomás de Aquino. Comentários bíblicos e outras obras de teologia que contradigam a fé católica não devem ser usados ​​como meio de instrução. De acordo com o direito canônico, todos os seminaristas de rito latino devem ser muito bem versados ​​em latim antes da ordenação. Embora os superiores devam impor uma boa disciplina no seminário, eles não devem treinar os seminaristas para a obediência servil ou cega.

10. Bispos e abuso sexual. Bispos que comprovadamente protegeram predadores sexuais devem ser privados de funções episcopais.

11. Abuso clerical e homossexualidade. Clérigos que se sabe serem culpados de abuso sexual de menores ou que se envolveram notoriamente em atividades homossexuais ou promoveram ideologia homossexual devem ser reintegrados ao estado laico.

12. Inclinações homossexuais. Aqueles que habitualmente experimentam inclinações homossexuais não devem ser admitidos em seminários; por outro lado, não parece haver razão per se para que tais pessoas, estando decididas, com a ajuda de Deus, a viver em perfeita continência, não sejam admitidas como membros não clericais daquelas ordens religiosas onde as austeridades tradicionais da vida religiosa são praticadas, visto que uma das razões para essas austeridades é enfraquecer a concupiscência e promover a virtude da castidade.

13. Ordens menores. As ordens menores e o subdiaconato devem ser restaurados. A existência desses degraus para o sacerdócio é tida como certa pelo Papa Cornélio em meados do século III, e sua (quase) abolição pelo Papa Paulo VI é difícil de compreender. Como parte do sacramento da ordem, eles conferem a graça ao ordenando e o preparam para o sacerdócio.

14. Continência. A prática da continência completa para todos os que pertencem às ordens maiores é de origem apostólica. Aqueles que se manifestam contra ela na Igreja Latina devem ser corrigidos e deve-se pensar em sua futura restauração em todas as Igrejas sui iuris.

15. Jejum eucarístico. A prática do jejum desde o início do dia anterior à recepção da Sagrada Comunhão é presumivelmente de origem apostólica, como também afirma Santo Agostinho. Embora exceções a ela sempre tenham sido permitidas no caso do viático, não parece possível provar que Pio XII tinha o direito geral de dispensá-la em todos os casos, e, portanto, deveria ser restaurada.

16. Jejum quaresmal. Segundo São Leão Magno, foram os próprios apóstolos, instruídos pelo Espírito Santo, que instituíram o jejum quaresmal. Relaxada por Pio XII devido às dificuldades causadas pela Segunda Guerra Mundial e quase abolida por Paulo VI, ela deve agora ser restaurada em sua totalidade, como continua sendo o caso nas Igrejas Católicas Orientais.

17. Vida religiosa. O descarte, por ordens religiosas, de suas regras ou constituições após o Concílio Vaticano II não foi apenas inédito e imprudente, mas também uma falha contra a virtude da pietas. Deve ser reparada, com essas ordens retornando a alguma versão de suas regras e constituições anteriores. Institutos que estão além de qualquer reforma, por maiores ou ricos que sejam, devem ser suprimidos, assim como aqueles fundados por pessoas que se sabe terem levado uma vida imoral.

18. Vida contemplativa. A vida contemplativa deve ser promovida, reconhecendo e fomentando comunidades religiosas que utilizam liturgias tradicionais e seguem modos de vida tradicionais. As políticas de Vultum Dei quaerere e Cor orans colocam em risco a vida contemplativa e devem ser revogadas.

19. Votos solenes. Não está claro por que os papas, em tempos recentes, se consideraram capazes de dispensar os votos religiosos solenes, quando seus predecessores não teriam concordado que eles tinham o direito de fazê-lo. O argumento de São Tomás, de que algo uma vez solenemente consagrado a Deus só pode perder sua consagração ao ser destruído, parece sólido. Poderia um papa, ao assinar um documento, tornar lícito o uso de um cálice consagrado como um recipiente comum para beber, ou mesmo (Deus nos livre) como um penico? Ao alegar dispensar os votos solenes, os papas correm o risco de dispensar invalidamente ou, alternativamente, fazer com que os votos solenes deixem de existir em qualquer lugar da Igreja, exceto nominalmente. Tais dispensas não devem mais ser concedidas.

20. Laicização. Da mesma forma, não está claro por que os papas, em tempos recentes, se consideraram capazes de conceder aos membros das ordens maiores que retornaram ao estado laico o direito de se casar. A validade de tais permissões não pode ser comprovada e, portanto, elas não devem mais ser concedidas.

21. Universidades católicas. Algumas universidades católicas com os mais altos padrões em filosofia, teologia e disciplinas relacionadas devem ser estabelecidas. Algumas universidades católicas existentes que já demonstram ortodoxia devem ser ajudadas a atingir esses padrões. Universidades que se dizem católicas, mas que na realidade estão impregnadas de heterodoxia e imoralidade generalizada, devem ser destituídas de seu nome católico, sendo proibido qualquer apoio financeiro a elas para católicos praticantes.

22. Casamentos mistos. Para que um católico receba permissão para se casar com um não católico, o parceiro não católico não deve simplesmente prometer não colocar obstáculos à educação católica dos filhos. Ele ou ela deve ser obrigado, como anteriormente, a prometer ativamente criá-los como católicos. Se o parceiro não católico se sentir incapaz de cumprir essa promessa, a permissão não deve ser concedida.

23. Decisões de nulidade. Os tribunais matrimoniais devem presumir que os cônjuges podem consentir com as obrigações do matrimônio, a menos que haja grave anormalidade psicológica. Por definição, tais casos são raros.

24. Cremação. A Igreja sempre defendeu o sepultamento de cadáveres e condenou a sua queima por motivos pagãos. A cremação hoje em dia é frequentemente escolhida por motivos insuficientes. Fundos devem ser disponibilizados para ajudar aqueles que se sentem obrigados a escolhê-la por falta de dinheiro.

25. Aparições. Se um bispo local decidir que não há razão para crer em alguma suposta aparição de Cristo, Maria ou um santo, em algum lugar de sua diocese, os fiéis de fora da diocese não devem ser autorizados a se reunir ali em grande número para fins religiosos. Se necessário, ele poderia proibir a distribuição dos sacramentos, exceto em caso de perigo de morte, a pessoas que não residam habitualmente naquele local.

26. Reparação. Assim como os bispos organizaram cerimônias de reparação pelos abusos sexuais cometidos por alguns membros de seu clero, acreditamos que eles deveriam organizar cerimônias de reparação pelos muitos crimes de tolerância ou promoção de heresia cometidos dentro da Igreja nas últimas décadas.

27. Israel segundo a carne. Visto que São Paulo ensina que o “acolhimento” do seu povo segundo a carne será “a vida dentre os mortos”, os católicos devem ser exortados a rezar para que todos os judeus reconheçam o seu Messias; essa intenção poderia ser confiada de modo especial a certas comunidades contemplativas, por exemplo, aos Carmelitas.

“Vede, pois, irmãos, como andais prudentemente, não como néscios, mas como sábios, redimindo o tempo, porque os dias são maus. Portanto, não vos torneis néscios, mas compreendei qual seja a vontade de Deus.” (Ef 5,15-17)