São Tomás de Aquino, o "Doutor Angélico", certa vez, diante de um crucifixo em Nápoles, ouviu estas palavras de Jesus: “Bem tem você escrito sobre Mim, Tomás, o que devo te dar em recompensa?" São Tomás respondeu: “Nada senão a Ti mesmo, meu Senhor". Em latim, São Tomás disse: Nil, Nisi Te, Domine. Em inglês: Naught save Thyself, O Lord.
terça-feira, 31 de agosto de 2021
Meu Catolicismo de Infantaria e o Catolicismo Feliz de Peter Kreeft
segunda-feira, 30 de agosto de 2021
domingo, 29 de agosto de 2021
Carta do Cardeal Burke. Continuemos em Oração
Cardeal Burke sofreu muito por conta da Covid. Saiu recentemente da UTI. Enviou carta de agradecimento. Vejam abaixo.
A Letter of Gratitude from Cardinal Burke
ON AUG 28, 2021
Praised be Jesus Christ!
In the Sacred Heart of Jesus and through the Immaculate Heart of Mary, I express deep gratitude to God, who has brought me to this point of healing and recovery. As previously communicated by the leadership and staff of the Shrine of Our Lady of Guadalupe, for whom I also express my profound appreciation, I am no longer intubated with a medical ventilator. I have been transferred out of the Medical Intensive Care Unit and settled in a hospital room where the doctors, nurses, and numerous hospital staff have provided vigilant, superb, and steadfast medical care. For these dedicated professionals, too, I offer heartfelt thanks, as well as to the priests who have ministered to me sacramentally. To those who have offered innumerable Rosaries and prayers, lighted candles, and requested the offering of the Holy Mass, I extend my sincere gratitude, and I ask the Lord and His Mother to bless you all. I also thank my brother bishops and priests who have offered Mass for me or prayed for me at the altar.
This generous outpouring of grace unites me to you in a special way, as I am also particularly united to all victims suffering from the effects of the COVID-19 virus. With all my heart, I express to you my wish that I could respond to every phone call, text message, and email. However, due to the intensive rehabilitation that I will soon begin, providing a response beyond these universal letters will not be possible. In your charity, I know you will understand this circumstance and accept that I must preserve my energy so that I can recover my health and strength. Hospital regulations limit visitors to immediate family members. During the forthcoming extended period of convalescence, it is my intention to provide only occasional updates when there is something significant to share with you.
The Shrine of Our Lady of Guadalupe has accepted the necessary and crucial role of direct communication, on my behalf. Again, in your kindness, may I ask that you direct all of your communication to me through the Shrine’s website, at GuadalupeShrine.org/MessageCardinalBurke.
Of late, I have been reminded of the motto that I took when I was selected for the episcopacy: “Secundum Cor Tuum” (According to Your Heart). All things ordered in and through the Divine Will have as their origin the Sacred Heart of Our Savior, whose fundamental motivation is His Eternal Love for His Father and for His children. Since Divine Providence has governed that I remain hospitalized for the present, I now reaffirm that same episcopal conviction: suffering, united with the suffering of Jesus Christ, is truly efficacious in His Divine Plan for our salvation when accepted willingly and wholeheartedly. Saint Paul, under the inspiration of the Holy Spirit, teaches us the meaning of our suffering: “Now I rejoice in my sufferings for your sake, and in my flesh I complete what is lacking in Christ’s afflictions for the sake of his body, that is, the Church” (Col 1:24).
United with Jesus Christ, Priest and Victim, I offer all that I suffer for the Church and for the world. Asking God’s blessing upon you and your family, and confiding your intentions to the intercession of Our Lady of Guadalupe and Saint Juan Diego, Saint Michael the Archangel, Saint Joseph, Saints Peter and Paul, and your holy patron saints, I remain
Yours in the Most Sacred Heart of Jesus and the Immaculate Heart of Mary, and in the Purest Heart of Saint Joseph
Raymond Leo Cardinal Burke
28 August 2021
Feast of Saint Augustine, Bishop and Doctor of the Church
sábado, 28 de agosto de 2021
EUA Diz que Matou "Um Planejador" dos Ataques Terroristas no Afeganistão. Será?
Usando um drone militar, os Estados Unidos dizem que matou "um planejador" dos ataques terroristas de sexta-feira que levou a vida de 12 soldados americanos. O Estado Islâmico assumiu o atentado e assim esse "planejador" seria do Estado Islâmico, que deve lutar pelo poder contra o Talibã, dentro do Afeganistão.
O texto do Zero Hedge desconfia que não houve ataque ou que o "planejador" foi morto. Diz:
"não está claro como o aparelho de inteligência dos EUA, que falhou tão miseravelmente com a evacuação do Afeganistão, conseguiu rastrear e eliminar com sucesso a única pessoa que supostamente estava por trás de tudo. Na verdade, chegando ao ponto mais baixo para o administrador Biden, não seria uma grande surpresa para o presidente fabricar um ataque de drones inteiro apenas para apaziguar seus senhores da mídia neo-con e na esperança de aumentar seu índice de aprovação de crateras.
Contradizendo um pouco a narrativa oficial, um funcionário dos EUA citado pela Bloomberg disse que a pessoa não identificada era suspeita de estar envolvida na trama de futuros ataques, mas não tinha ligação direta com o ataque de quinta-feira em Cabul.
Em outras palavras, Biden afirma que realizou o que é efetivamente uma cópia carbono da operação que Trump usou para tirar o general do Irã, Qasem Soleimani, em janeiro de 2020. A única diferença é que naquela época tudo foi comprovado, não havia apenas evidências do ataque, mas também a confirmação no terreno. Desta vez, no entanto, as pessoas estão compreensivelmente céticas de que alguma dessas coisas tenham acontecido."
Biden perde enorme popularidade por conta do desastre no Afeganistão, até a imprensa amiga está batendo nele, e os pais dos soldados mortos aparecem nas televisões americanas e dizem que Biden deu as costas para os filhos deles.
Usar drone militar é caro, mas evita enfrentamento corporal que sujeitam soldados a mortes. Por outro lado, não se vence guerras com drones, especialmente guerras que envolvem ideologias terroristas.
Diz o texto dos militares americanos:
"As forças militares realizaram uma operação de contraterrorismo hoje contra um planejador do ISIS-K”, disse o Capitão Bill Urban, porta-voz do Comando Central dos EUA. Ele acrescentou que o ataque não tripulado ocorreu na província de Nangahar, no Afeganistão, a leste de Cabul. O alvo foi morto por um drone Reaper enquanto trafegava em um veículo.
“As indicações iniciais são de que matamos o alvo”, disse Urban em um comunicado. “Não sabemos de vítimas civis.”
Quem vai conseguir provar que o drone matou "um planejador" dos ataques de sexta? Ninguém.
E quem vai saber se houve vítimas civis? Ninguém.
A ideia de pessoas inocentes civis é bem complexa no debate filosófico sobre guerras, só para começar. E o uso de drones em um país tribal e inóspito como o Afeganistão torna isso ainda mais difícil. Fico pensando como a filósofa Elizabeth Anscombe (sempre preocupada com civis em guerra) responderia aos drones e ao Afeganistão. Eu apostaria que ela condenaria completamente os drones, pela obscuridade tanto de quem realiza o ataque como das vítimas dos ataques, em países como Afeganistão ou Iêmen.
Em todo caso, se houve ataque ou não, os EUA não vão sair tão cedo do Afeganistão.
quinta-feira, 26 de agosto de 2021
10 Marines Mortos por Terrorismo. Estados Unidos vão ter de voltar Lá.
10 marines mortos em dois ataques terroristas no Afeganistão. EUA nem saíram e vão ter de voltar e começar do zero, mas agora sem apoio dos aliados, com ódio dos cidadãos não islâmicos afegãos, e com a China interessada no Afeganistão.
A Geopolítica do Relativismo (explico no post passado) não serve para nada, a não ser para dar poder ao Islã e ao pecado.
quarta-feira, 25 de agosto de 2021
A Geopolítica do Relativismo.
Eu gosto muito dessa frase do grande Richard Weaver (pena que morreu tão cedo): "Um Herói Nunca é um Relativista". Acho essa frase lapidar e fundamental.
O resultado de qualquer ação relativista é a sujeição ao absoluto.
Nada mais claro para mostrar isso que a derrocada da gestão Biden no Afeganistão. Biden, o "católico", o representante do relativismo ateu e gayzista, ao ponto de colocar uma bandeira gay na embaixada americana do Vaticano e na embaixada americana do Afeganistão, agora se ajoelha e se humilha para o mais absoluto Islã.
No Islã, não tem essa de "dê ao Estado o que é do Estado e a Deus o que é de Deus", nem essa de "deixai o joio conviver com o trigo". O Islã quer tudo e todos. É a oposição extrema ao relativismo.
Ontem, Trump divulgou um vídeo sobre a derrocada do governo Biden, chamou Biden de "surrender-in-chief" (ao algo como o chefe da rendição, fazendo paralelo com termo usando para definir os presidentes americanos: commander-in-chief (comandante supremo)).
O vídeo é claro e não se pode negar a veracidade dele. Vejam abaixo:
Diz um parte do texto:
"É claro que a China fez tudo ao seu alcance para impedir as investigações internacionais sobre as origens do vírus. Depois de sabotar a primeira investigação da OMS, Pequim informou que tratará a próxima delegação de cientistas da mesma forma.
Na quarta-feira, com o relatório do governo Biden previsto para ser divulgado em questão de dias, um burocrata chinês sênior alertou durante uma coletiva de imprensa que Pequim "retaliará" se o relatório da inteligência detectar um vazamento de laboratório ocorrido na China.
“Continuaremos a cooperar com organizações internacionais como a OMS em suas pesquisas e na busca das origens”, disse Fu Cong, diretor-geral do Departamento de Controle de Armas do Ministério das Relações Exteriores. "Mas não aceitamos acusações infundadas com motivação política. E se eles querem acusar a China sem base, é melhor estarem preparados para aceitar o contra-ataque da China."
---
E eu nem falei do Estado Islâmico que já está no Afeganistão, do ressurgimento da Al-Qaeda e dos movimentos da Rússia.
segunda-feira, 23 de agosto de 2021
EPISÓDIO I - A MISSA DE TODOS OS TEMPOS
Quem Sabe Glenn Greenwald Possa Explicar Biden para Brasileiros.
sábado, 21 de agosto de 2021
Barroso: "Posições Anticientíficas Não São Protegidas pela Liberdade de Expressão". Mas o que é Ciência?
O ministro do STF Luís Roberto Barroso, conhecido especialmente pela sua defesa do aborto (coisa completamente anticientífica), disse que "mentiras, ódio, teorias conspiratórias, desinformação e posições anticientíficas não são protegidas pela liberdade de expressão".
Eu vou considerar aqui só a questão de "posições anticientíficas", pois o resto é meio óbvio que ele não sabe o que ele está falando, uma vez que mentiras é justamente a mola financeira da profissão dele, o ódio pode ser justificado e teorias conspiratórias e desinformação são palavras que precisam de qualificação para serem levadas a sério.
Sobre "posições científicas" o que Barroso faz é atacar a própria ciência, pois o que a ciência faz é justamente atacar a ciência em voga, ou, em outras palavras, ser anticientífico por um momento até ter a teoria aceita. Galileu é um dos cientistas ícones da esquerda global pois ele supostamente se levantou contra a Igreja que seria atrasada cientificamente. Mas o que Galilei fez foi justamente ser anticientífico na sua época, pois sua teoria heliocentrista não poderia ser provada, quando ele a defendeu não contra a Igreja, mas contra os mais renomados cientistas de sua época. E outra coisa, a teoria heliocentrista nem dele era, e sim de um clérigo da Igreja, Nicolau Copérnico, que não foi condenado pela Igreja por defender em livro sua posição "anticientífica".
Além disso, para tudo aquilo que Barroso condena (mentiras, ódio, desinformação e anticientifismo) precisaria de algum juiz para determinar. Ele seria o juiz disso tudo? Quem o elegeu para isso? Que formação filosófica ele tem para isso?
A filosofia da ciência é um assunto bem complexo desde Aristóteles, passando de forma mais moderna por Roger Bacon, Francis Bacon, Gregor Mendel, David Hume, Karl Popper, Thomas Khun, George Lemaitre, Stanley Jaki, Gottlob Frege, Wittgenstein, dentre muitos outros.
Cada um dos citados acima tem sua própria definição de ciência.
Cada um desses citados acima exige uma vida inteira para entender a obra e o pensamento deles, frente a seus críticos.
Talvez o mais conhecido entre os brasileiros é o Karl Popper, com sua teoria da falseabilidade, que diz que só é ciência aquilo que pode ser falseado. Não concordo com a definição de Popper, pois ele exclui a própria matemática, que não pode ser falseada, mas Popper condenaria Barroso, pois nada do que ele disse é científico.
O vídeo abaixo da filósofa emérita Susan Haack deve ajudar o Barroso a ter uma ideia de onde ele se meteu.
A ocorrência da pandemia só fez diagnosticar que a ciência não serve de guia.
Quantas vezes os ilustres cientistas voltaram atrás no que disseram? O caso mais clássico é o do Dr. Fauci, que pode ele mesmo ter contribuído financeiramente com a própria pandemia. Mas já tivemos recomendação para não usar máscara, depois para usar mais de uma. Já tivemos recomendação que só idosos devem tomar vacina. Já tivemos recomendação de que não se deve sair de casa, e depois de que pode-se caminhar ao ar livre. Já tivemos recomendação de que deve-se usar separador de plástico entre as pessoas nos restaurantes, e agora se diz que isso não serve pra nada. Já tivemos recomendação de que deve-se tomar apenas duas doses de vacina, agora se fala em três ou mais doses e de tomar doses todos os anos. Já disseram que o coranavirus "com certeza" é de origem natural e hoje se diz que muito provavelmente foi criado em laboratório chinês. Já disseram que as vacinas são completamente diferentes e hoje se condena os "sommerliers" da vacina....
Vivemos em um mundo político (não só no Brasil) cada vez mais idiota.
O STF é e será um enorme peso para a política brasileira, que em si já é uma enorme desgraça.
sexta-feira, 20 de agosto de 2021
Ei Biden, Como Está sua Credibilidade Internacional? Vamos ver o que Diz um Soldado Inglês.
quinta-feira, 19 de agosto de 2021
Engenheiro da Google Revela Segredos da Google em Livro.
quarta-feira, 18 de agosto de 2021
Talibã Debocha de Biden e Condena Facebook
terça-feira, 17 de agosto de 2021
Vídeo - Talibã: "Ocidente Não Pode Negar Dinheiro ao Afeganistão por Causa da Sharia"
segunda-feira, 16 de agosto de 2021
Soldados Mortos no Afeganistão Morreram Para o Quê?
Afeganistão: 2 mil soldados mortos, 1 Trilhão de dólares e Pauta LGBT
domingo, 15 de agosto de 2021
A Igreja Católica pode Ser Destruida?
Certa vez, dois amigos economistas que são ambos professores de economia nos EUA, publicaram um artigo usando "teoria dos jogos" (abordagem microeconômica) para tratar de terrorismo.
Sabendo que eu tinha publicado sobre terrorismo Islâmico no exterior, um deles pediu para eu avaliar o artigo.
A minha resposta foi (eu podia ser direto pois eram amigos e já professores): vocês demonstraram que não sabem nada de terrorismo no artigo. Pois trataram o terrorismo como se fosse uma ideologia localizada em uma região ou país, que podia ser derrotado simplesmente com o domínio territorial da região ou do país. Sei que fizeram isso para facilitar o "jogo" que usaram, mas não mostrem isso para nenhuma pessoa que saiba o que é terrorismo.
Me lembrei disso ao ver um post do Padre Z, no qual ele lembra que Nosso Senhor falou que a Sua Igreja não seria nunca vencida pelo inferno. Padre Z argumenta no entanto que Nosso Senhor não disse que a Sua Igreja em Roma ou nos Estados Unidos nunca seria derrotada.
O terrorismo Islâmico é plenamente baseado na fé islâmica e na vida de Maomé (o que é praticamente a mesma coisa). Não é um território, é uma doutrina, um modo de pensar. O terrorista Islâmico pode ser seu vizinho.
A fé católica, a fé em Cristo, pode estar em qualquer lugar, não depende de paises, nem de cultura.
Cristo prometeu que ele vence e vencerá. Podemos ver isso todo dia. Não precisamos do juizo final, nem de papas.
O Padre Z nos remete para um podcast do jornalista católico Damian Thompson que discute justamente se a Igreja Católica está sendo destruída pelo papa Francisco. Thompson ressalta i) o julgamento do bispo argentino Gustavo Zuchetta por abuso sexual contra homens (Francisco protegeu Zuchetta no Vaticano e o nomeou bispo); ii) o julgamento do Cardeal Becciu por corrupção. Becciu foi nomeado cardeal por Francisco; iii) o documento Traditionis Custodes; e iv) acordo Vaticano-China
A questão de que a Igreja de Cristo não será vencida pelo mal não é tão simples. O que é a Igreja Católica? É a noiva de Cristo. Onde ela está? No coração dos homens.
Lutemos pela Igreja de Cristo em todos os lugares a partir do nosso amor por ela.
sexta-feira, 13 de agosto de 2021
Saiu no New York Times: "Francisco está Destruindo a Igreja Católica"
Talvez agora a questão chegue no Brasil, pois jornalista brasileiro em geral acha que o New York Times (NYT) dita a pauta dos Estados Unidos (o jornal mais lido, no entanto, é o Wall Street Journal). Jornalista brasileiro que ao menos ler jornal internacional costuma ler só o NYT, um jornal abertamente esquerdista. Lá o Trump é o demônio, e é assim que é visto no Brasil.
Mas saiu ontem, na seção de opiniões, um artigo chamado "Pope Francis is Tearing the Catholic Church Apart" (Papa Francisco está Destruindo a Igreja Católica). A expressão "to tear apart" pode ser traduzida por rasgar, aniquilar ou destruir. De forma famosa, Reagan usou o verbo "to tear" exigindo que Gorbachev destruísse o muro de Berlin ("Mr. Gorbachev tear down this wall"). Como se tratava de um muro, tear down (derrubar, jogar ao chão) fica mais indicado. A Igreja Católica é um instituição, não apenas um prédio. Muitos devem conhecer a canção do Double You, Looking at the my Girl, na letra se diz "she is tearing me apart". Neste caso, se quer dizer, "ela me aniquila", algo como ela o deixa completamente fora de si. Francisco está então destruindo o que é ontologicamente a Igreja Católica.
O texto do NYT foi escrito por Michael Brendan Dougherty. É um excelente artigo. Ele começa contando que começou a seguir a missa tridentina em 2001, antes de Bento XVI reestabelecer a missa em latim, em 2007, apesar de ser algo que a Igreja nunca disse que era proibido.
Vou traduzir o texto do NYT. Vejamos:
Papa Francisco está destruindo a Igreja Católica
por Michael Brendan Dougherty
No verão de 2001, dirigi até Poughkeepsie, NY, para encontrar o que chamamos
de "missa latina tradicional", a forma de culto católico romano que
remonta a séculos e foi autorizada pela última vez em 1962, antes que o
Concílio Vaticano II mudasse tudo . Naquela época, os católicos conservadores
chamavam as pessoas que o procuravam essas missas de "cismáticos" e
"Rad Trads".
Os frequentadores da missa não eram exatamente uma comunidade; éramos uma
rede clandestina de românticos, odiadores do Papa João Paulo II, pessoas que
haviam sido rejeitadas pela igreja dominante e - creio - alguns santos.
Lá aprendi que a língua latina não era a única característica distintiva
dessa forma de adoração. Todo o ritual era diferente da missa pós-Vaticano II.
Não era uma mera tradução para o vernáculo moderno; menos de 20 por cento da
missa em latim sobreviveu na Nova.
Levei um mês para me adaptar ao seu ritmo. Mas naquele ar denso de agosto, o
longo silêncio antes da consagração da hóstia caiu sobre meu coração, como o
sol pousando no botão da oração pela primeira vez.
Anos depois, o Papa Bento XVI permitiu que os devotos desta missa
florescessem na corrente principal da vida católica, um gesto que começou a
drenar o radicalismo do movimento tradicional e nos reconciliar com nossos
bispos. Hoje, é celebrado em paróquias prósperas, cheias de famílias jovens.
No entanto, esta missa e o modesto contingente crescente de católicos que a
frequentam são vistos pelo Papa Francisco como um grave problema. Ele divulgou
recentemente um documento, Traditionis Custodes, acusando católicos como nós de
serem subversivos. Para proteger a “unidade” da Igreja, ele aboliu as
permissões que o Papa Bento XVI nos deu em 2007 para celebrar uma liturgia,
cujo coração permanece inalterado desde o século VII.
Para aqueles de nós que percorrem longas distâncias para participar dela,
sua perseverança é um dever religioso. Para o papa, sua supressão é uma
prioridade religiosa. A ferocidade de sua campanha empurrará essas famílias e
comunidades jovens em direção ao radicalismo que absorvi anos atrás em
Poughkeepsie, antes de Bento XVI. Isso os levará à crença de que a Nova Missa
representa uma nova religião, dedicada à unidade do homem na terra, em vez do
amor de Cristo.
Na missa latina, o padre fica de frente para o altar com as pessoas. Nunca
teve coisas estranhas, como às vezes você encontra em uma missa moderna, como
balões, música de violão ou aplausos. Não há o estilo religioso gabby de
apresentador de talk-show do padre. Na missa em latim, temos, em seu lugar, um
padre que faz suas ações discretamente, um escultor operário. Ao dirigir o
sacerdote para o drama do altar, a missa antiga abre espaço para a nossa
própria oração e contemplação.
Nos anos após o Papa Bento XVI liberar o antigo rito, as paróquias começaram
a trazer de volta os tons místicos do canto gregoriano, a polifonia sagrada
escrita por compositores há muito falecidos como Orlando Lassus e Thomas
Tallis, bem como compositores contemporâneos como Nicholas Wilton e David
Hughes.
Esses desdobramentos culturais da missa latina são o motivo pelo qual, depois do Vaticano II, os romancistas ingleses Agatha Christie e Nancy Mitford e outros luminares da cultura britânica enviaram uma carta ao Papa Paulo VI pedindo que continuasse [Esta carta histórica pode ser lida, clicando aqui]. A carta dirigida a Paulo VI nem mesmo foi escrita por cristãos, mas dizia: “O rito em questão, em seu magnífico texto latino, também inspirou uma série de realizações inestimáveis nas artes - não apenas obras místicas, mas obras de poetas, filósofos, músicos, arquitetos, pintores e escultores em todos os países e épocas. Portanto, pertence à cultura universal, bem como aos clérigos e cristãos formais. ”
Mas o Concílio Vaticano pediu uma revisão de todos os aspectos do ato
central de adoração, então os degraus do altar, tabernáculos e baldaquins foram
destruídos em incontáveis paróquias. Esse fermento foi acompanhado por novas
teologias radicais em torno da missa. Um calouro em estudos religiosos
saberia que revisar todos os aspectos vocais e físicos de uma cerimônia e mudar
o fundamento lógico para ela constitui uma verdadeira mudança de religião. Apenas
bispos católicos superconfiantes poderiam imaginar o contrário.
Os progressistas mais francos concordavam com os tradicionalistas
radicais que o Vaticano II constituía uma ruptura com o passado. Eles chamaram
o Vaticano II de “um novo Pentecostes” - um “Evento” - que deu à Igreja uma
nova autocompreensão. Eles acreditavam que sua revolução havia sido
paralisada em 1968 quando o Papa Paulo VI publicou a "Humanae Vitae",
afirmando a oposição da Igreja à contracepção artificial, e a colocou no gelo
em 1978 com a eleição do Papa João Paulo II.
Para erradicar a velha missa em latim, o Papa Francisco está usando o
papado precisamente da maneira que os progressistas alegavam deplorar: ele
centraliza o poder em Roma, usurpa as prerrogativas do bispo local e institui
um estilo de microgestão motivado pela paranóia de deslealdade e heresia .
Talvez seja para proteger suas crenças mais profundas.
O Papa Francisco prevê que voltaremos à Nova Missa. Meus filhos não
podem voltar a ela; não é sua formação religiosa. Francamente, a Nova Missa não
é a religião deles. Em inúmeras alterações, a crença de que a missa era um
verdadeiro sacrifício e que o pão e o vinho, uma vez consagrados, se tornavam o
corpo e o sangue de nosso Senhor, foi minimizada ou substituída nela. Com
o sacerdote voltado para o povo, o altar foi separado do tabernáculo. As
orações prescritas da Nova Missa tendiam a nunca mais se referir a essa
estrutura mais como um altar, mas como a mesa do Senhor. As orações que
apontavam para a presença real do Senhor no sacramento foram visivelmente
substituídas por outras que enfatizavam a presença espiritual do Senhor na
congregação reunida.
As orações da missa tradicional enfatizavam que o sacerdote estava
re-apresentando o mesmo sacrifício que Cristo fez no Calvário, aquele que
propiciou a ira de Deus pelo pecado e reconciliou a humanidade com Deus. A nova
Missa retratou-se como uma narrativa e memória histórica dos acontecimentos
evocados na Escritura, e a oferta e o sacrifício não eram de Cristo, mas do
povo reunido, como diz a oração eucarística mais usada na nova Missa, “desde os
tempos. para envelhecer, reúne um povo para Ti, a fim de que de leste a oeste
uma oferta perfeita possa ser feita.”
Para os católicos, a forma como oramos molda o que acreditamos. O
antigo ritual nos aponta fisicamente para um altar e tabernáculo. Dessa forma,
ele nos aponta para a cruz e para o céu como o horizonte final da existência do
homem. Ao fazer isso, mostra que Deus graciosamente nos ama e nos redime,
apesar de nossos pecados. E a prova está na cultura que esse ritual produz.
Pense na grande interpretação de Mozart sobre a fé na Eucaristia: “Ave Verum
Corpus” (Hail True Body).
O novo ritual nos aponta para uma mesa vazia e postula consistentemente a
unidade da humanidade como o horizonte último de nossa existência. Na Nova
Missa, Deus deve a salvação ao homem, por causa da dignidade inata da
humanidade. Onde havia fé, agora presunção. Onde havia amor, agora mera
afirmação, que não se distingue da indiferença. Inspira cantigas leves como
"Gather Us In". Vamos cantar sobre nós!
Acredito que a prática da Nova Missa forma as pessoas para uma nova fé: para
se tornar verdadeiramente cristão é preciso deixar de ser cristão de todo. Onde
a nova fé é praticada com um espírito zeloso - como na Alemanha agora - bispos
e padres querem conformar o ensino da religião às normas morais da sociedade
descrente ao seu redor. Quando a nova fé era jovem, após o concílio, ela se
expressou destruindo o as estátuas, as cerimônias e devoções religiosas que
existiam antes.
Não sei se os bispos vão adotar o zelo de Francisco para esmagar a missa em
latim. Não sei o quão doloroso eles estão dispostos a tornar nossa vida
religiosa. Se o fizerem, eles criarão - ou revelarão - mais divisão na
igreja. O velho slogan do movimento tradicional de missas latinas vem à mente:
Nós resistimos a você na sua cara (We resist you to the face).
Tenho fé que, um dia, até historiadores seculares verão o que foi feito
depois do Vaticano II e verão o que foi: o pior espasmo de iconoclastia na
história da igreja - superando a iconoclastia bizantina do século IX e a
Reforma Protestante.
O papa Bento XVI nos permitiu temporariamente começar a reparar os danos. O
que o Papa Francisco propõe com sua repressão é acobertar de novo o Vaticano
II.
quinta-feira, 12 de agosto de 2021
A Fraude Woke e o Diploma para Burros
terça-feira, 10 de agosto de 2021
Imigrante que Matou Padre e Incendiou Igreja na França Encontrou Francisco em 2016
Reportagem da French Catholic Media mostra que Emmanuel Abayisenga, de Ruanda, que assinou a facadas um padre na França e é principal suspeito de atear fogo na Catedral de Nantes, teve encontro com Papa Francisco em 2016. A reportagem mostra a foto acima do encontro entre os dois.
A La Croix confirmou o encontro do imigrante com Francisco.
Acredita-se que o papa se encontrou com Abayisenga durante uma reunião para o Festival Europeu de Alegria e Misericórdia no Salão Paulo VI do Vaticano.
Segundo La Croix, Abayisenga viajou para Roma com um grupo de Nantes. Ele estava sob a proteção da comunidade cristã local depois de chegar à cidade em 2012, disse o jornal católico.
O evento para pessoas socialmente excluídas foi organizado pela organização francesa Fratello, como parte do Jubileu da Misericórdia da Igreja Católica. Cerca de 3.600 pessoas compareceram, incluindo muitos da França, Polônia e Roma.
Claramente, a "misericórdia" de Francisco não foi nada convincente para ele.
A imigração em massa na Europa é em si um gigantesco erro que tem e terá consequências terríveis. O imigrante de Ruanda só é mais um a mostrar isso de forma explicita, a facadas.
A misericórdia sem a Verdade da Fé é uma heresia. Abrir as portas de sua casa para qualquer um é um enorme erro. Abrir as portas de um país para qualquer um é odiar seu país.
Leiam a reportagem sobre o encontro clicando aqui.
Envelope enviado a Francisco com 3 Balas e sobre Problemas Financeiros. Identificado Remetente
Um homem já conhecido pela polícia do Vaticano enviou uma carta para o Papa Francisco com 3 balas dentro e mencionando aa fraudes financeiras.
O assunto saiu em vários sites, como aqui, afirmando que a carta tem procedência da França, contém 3 balas e fala da corrupção financeira no Vaticano.
Procurei em sites italianos e descobri que o remetente já foi identificado e que é conhecido da polícia do Vaticano. Mas nenhum site diz quem é o homem, nem os motivos que enviou a carta, nem por que ele já era conhecido do Vaticano (talvez tenha enviado outras cartas no passado).
Vejam o que diz o site italiano Il Sole 24 Ore. Traduzo abaixo.
Um envelope com três balas, endereçado ao Papa Francisco, foi encontrado em Peschiera Borromeo, na região milanesa. Esta noite os carabinieri da estação Paullo intervieram no centro de triagem onde o gerente, um italiano de 57 anos, relatou a presença de um envelope, com porte francês, contendo 3 cartuchos, presumivelmente de uma pistola, sem remetente e destinados, com caneta e escrita dificilmente legível em 'O Papa - Cidade do Vaticano, Piazza S. Pietro em Roma'.
O envelope com os três cartuchos foi apreendido pelos Carabinieri da Compagnia di San Donato Milanese (Milão) e as investigações são realizadas pela unidade de investigação do comando provincial de Milão. O envelope, de acordo com o que se apurou, continha três balas do tipo Flobert, calibre 9 milímetros.
Remetente identificado
Enquanto isso, o homem que teria enviado um envelope endereçado ao Papa Francisco com as três balas foi identificado. Pelo que se soube, trata-se de um homem já conhecido dos gendarmes do Vaticano, com quem os carabinieri milaneses se coordenarão para avaliar seu gesto e possível perigo. Quem quer que tenha enviado o envelope já teria enviado cartas ao Vaticano no passado. No momento, a informação que mais interessa aos investigadores é saber onde ele está: obviamente, seria um alarme diferente saber na França e não na Praça de São Pedro em Roma, como alguns investigadores apontam. O carimbo da carta é francês, e no envelope também haveria uma cópia de um depósito de 10 euros, mas não se sabe em que circunstâncias.
segunda-feira, 9 de agosto de 2021
Leigos Italianos dizem a Francisco: Pare de Fazer Guerra contra a Igreja
O jornal italiano Il Foglio publicou uma carta de conhecidos leigos católicos italianos, do último dia 5 de agosto. O assunto repercutiu nos EUA no site Church Miltant e no blog Monday Vatican.
Vou traduzir aqui a carta dos leigos católicos que é bem direta a Francisco. Vejamos abaixo:
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"O último livro de Andrea Riccardi, fundador de Sant'Egidio e voz conhecida do mundo católico esquerdista, intitula-se "A Igreja Queima. Crise e futuro do Cristianismo ”.
Não escrevemos nenhum livro, não realizamos nenhuma análise detalhada, mas vemos a cada dia o fogo lento que devora e destrói a Igreja Católica na Itália e no mundo.
A renúncia de Bento XVI, agora há oito anos, deixou muitos na desolação e outros na esperança. Já faz algum tempo que se fala do "efeito Bergoglio", aludindo a um renascimento que infelizmente nunca aconteceu. Pelo contrário! A "Igreja nas ruas" permaneceu um slogan sem confirmação na realidade. Pelo contrário, a cidade sagrada do cristianismo, na era do covid, foi a primeira a barricar suas igrejas, dando ao mundo um sinal de total deserção.
Assistimos a vias sinodais que pareceram verdadeiras guerras civis, com manobras empenhadas em garantir uma democracia ao estilo soviético e que conduziram a documentos polémicos e praticamente inúteis. As igrejas, os confessionários e até os cofres do Vaticano estão cada vez mais vazios: um sinal de que o povo de Deus não reconhece a voz dos pastores.
Os católicos chineses, liderados pelo cardeal Zen, sofrem com os acordos do Vaticano com a ditadura comunista chinesa; cardeais que estão ao seu lado, como Becciu, acabaram em escândalos econômicos que não se viam desde os dias de Marcinkus; outros, como Caffarra, Burke, Sarah, Müller, Pell foram humilhados, silenciados e ignorados; outros ainda, muito próximos de você, impediram que a Conferência dos Bispos Americanos se aprofundasse na crítica à pedofilia ...
Como se isso não bastasse, ordens religiosas conservadoras inteiras foram comissionadas e tiveram que sofrer uma perseguição inimaginável, mesmo nos tempos mais sombrios da Santa Inquisição; mesmo personalidades de orientação completamente oposta, como Enzo Bianchi, receberam suas "misericordiosas" da noite para o dia, com uma dureza sem precedentes. Então, bispos, padres, religiosos ... em todo o país.
A Igreja hoje é um verdadeiro "hospital de campanha" cheio de feridos, que necessita urgentemente não tanto de discursos de misericórdia, mas de misericórdia verdadeira, real, concreta. Da paz.
Sua última disposição contra a chamada Missa em Latim causou ainda mais estragos e divisões, sem qualquer motivação. Por que negar o que seu antecessor havia concedido? Por que humilhar um pequeno rebanho de fiéis, acusando a todos de forma sumária, sem apelação, e como isso parece cada vez mais evidente, sem fundamento?
Assim, passados 8 anos, a “igreja arde” como nunca antes: está dividida e dilacerada, na Itália, na China, nos EUA, na Alemanha… como no tempo de Lutero.
Também nós leigos - embora mais livres e não sujeitos a arbitrariedades crescentes no mundo clerical - sofremos com este clima que se tornou pesado, quase irrespirável, este desaparecimento agora total de toda pluralidade sã. A Igreja Matriz parece cada vez mais com uma madrasta, impõe anátemas, excomunhões, comissariados, continuamente.
Por isso, pedimos-vos com humildade: acabe com esta guerra civil na Igreja, como Pai que olha para o bem de todos os seus filhos, e não como chefe de uma corrente clerical que parece querer usar a sua autoridade monárquica sem limites, muitas vezes além dos limites do direito canônico, para realizar uma agenda pessoal ideológica.
Assinam:
Luigi Abeti,
Tina Abbate,
Francesco Agnoli,
Sabrina Caporali,
Teresa Di Chio,
Claudio Forti,
Silvia Frassinito,
Giacomo Luigi Mancini,
Simone Ortolani,
Riccardo Rodelli,
Manuela Zanzottera,
Giovanni Zenone
domingo, 8 de agosto de 2021
Bispo Argentino, Inspirado por Francisco, Reza para Pachamama. Fiéis Reagiram!
Bispo argentino, inspirado declaradamente por Francisco, resolveu fazer oração para Pachamama. Os fiéis reagiram fortemente. Daí, ele teve de pedir desculpas e apagou a publicação da oração (imagem acima). No pedido de desculpas, ele disse que fez isso "em comunhão com Francisco". Nisso ele tem razão.
Outro dia, eu vi no Fratres in Unum, que o bispo auxiliar de BH, Dom Joaquim Mol, resolveu atacar simplesmente São João Maria Vianney em nome da tal "Igreja Conciliar". Agiu assim, certamente, também inspirado por Francisco. Fiéis também reagiram e ele apagou o post.
É isso aí grandes fiéis, estejamos armados com Cristo para combater clérigos heréticos sempre, sejam eles papas, bispos, padres, diáconos ou leigos.
Vejamos o relato do National Catholic Register sobre o caso argentino.
Diocese argentina pede desculpas pela oração à Pachamama
BUENOS AIRES, Argentina - A Diocese de Venado Tuerto, filial da Caritas, se desculpou na terça-feira por ter postado em suas redes sociais uma oração a Pachamama, uma divindade andina.
“A pachamama é um símbolo da fertilidade, da terra e da sacralidade da vida. É um mito cheio de significado espiritual (que) pode ser usado com vantagem ”, disse a postagem de 1º de agosto, agora excluída.
“Algumas festas religiosas têm um significado sagrado e são ocasiões de confraternização e fraternidade. Esses são os novos caminhos para a Igreja e para a conquista de uma ecologia integral. Santo Padre Francisco. #somoscaritasarag #caritasvt #equipomagrevenadotueto ”, dizia o post.
A oração dizia: “Salve Pachamama, doce fonte de nossa vida, que sejas venerada para sempre. Benditos os frutos de teu ventre, nosso pão de cada dia, que sejas bendita agora e para sempre. Olha com compaixão, Santa Mãe, para o ser humano matilha que te destrói por ambição. Bendita seja sua clemência, Pachamama. Minha terra devastada pela loucura. Você é a fonte da vida e da alegria. Pachamama, terra sagrada, Mãe Santa, Virgem Maria. ”
O Dia da Pachamama é comemorado anualmente em 1º de agosto nas comunidades Quechua e Aymara nas montanhas dos Andes da Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador e Peru em homenagem à divindade andina.
A postagem da oração atraiu um grande reação nas redes sociais, levando à sua exclusão.
Cáritas Venado Tuerto postou 3 de agosto no Facebook: “Queremos pedir desculpas a todos aqueles que se sentiram ofendidos com nosso post sobre a Pachamama, a intenção foi comunicar nossa comunhão com Francisco que na Exortação Apostólica Querida Amazônia nos diz: 'É possível assumir um símbolo indígena de alguma forma, sem necessariamente considerá-lo idolatria. Um mito carregado de significado espiritual pode ser aproveitado e nem sempre considerado um erro pagão. Algumas festas religiosas têm um significado sagrado e são ocasiões de reunião e fraternidade , embora necessite de um processo gradual de purificação ou amadurecimento. Um missionário de almas tentará descobrir as necessidades e preocupações legítimas que procuram uma saída em expressões religiosas por vezes imperfeitas, parciais ou equivocadas ... ”(79). certamente estará centrado no único Deus e Senhor, ao mesmo tempo em que estará em contato com as necessidades cotidianas de quem busca uma vida digna ... '(80) ”
A oração à Pachamama existia antes do Sínodo Amazônico, realizado no Vaticano em outubro de 2019.
Durante o sínodo, figuras esculpidas em madeira de uma mulher grávida foram exibidas em igrejas e eventos relacionados. Essas figuras, referidas pelo Papa Francisco e outros como "Pachamama", foram consideradas por alguns como retratando uma deusa da fertilidade andina, enquanto os porta-vozes do Vaticano as caracterizaram mais vagamente como símbolos de "vida".
Duas dessas figuras da “Pachamama” foram finalmente retiradas de uma igreja perto do Vaticano e jogadas no Tibre, sendo posteriormente recuperadas.
O Papa Francisco pediu desculpas aos que se ofenderam com as estátuas da Pachamama sendo jogadas no Tibre e disse que elas haviam sido exibidas na igreja “sem intenções idólatras”.
O Dia da Pachamama é comemorado anualmente em 1º de agosto nas comunidades Quechua e Aymara nas montanhas dos Andes da Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador e Peru em homenagem à divindade andina.
sábado, 7 de agosto de 2021
Chesterton Não é da Igreja de Francisco
quinta-feira, 5 de agosto de 2021
Limite de Qualquer Papa: a Tradição. Até Cristo Respeitou a Tradição.
O Catolicismo se diferencia do protestantismo em muitas coisas (transubstanciação, contra sola fide, Nossa Senhora, santos, imagens de santos, purgatório...), mas uma que é muito importante é a doutrina católica de que a Tradição tem o mesmo peso magisterial que a Bíblia ou em outras palavras o catolicismo não é "sola scriputura".
Essa doutrina católica que põe a transmissão viva do Evangelho (Tradição) no mesmo patamar da Bíblia também tem outra importante função, qual seja: evita que a "monarquia" da Igreja, em que o Papa tem vastos poderes, se transforme em uma ditadura. Qualquer papa é limitado pelo que o disse Cristo e a Tradição (espelhada nas vidas e obras dos apóstolos e santos da Igreja).
Foi sobre isso que falou o teólogo Peter Kwasniweski no vídeo acima, em conferência na cidade de Litleton, Colorado, nos EUA.
Kwasniweski foi bastante histórico e teologicamente profundo na sua análise. Sensacional.
É um texto longo. Em resumo, Kwasniweski nos diz:
Se o papa pode mudar a liturgia da missa, ele pode mudar o dia do Natal.
No pontificado de Francisco, as duas correntes contra a Igreja se uniram: Francisco une em uma pessoa o espírito do Vaticano I e o espírito do Vaticano II, uma visão ultramontanista da liderança papal e uma orientação teológica modernista.
Aqui vai o texto da palestra dele abaixo traduzido, a partir do original disponibilizado no site Rorate Caeli. Leiam e usem como ensino de outros:
“O Limite do Papa à Tradição como um Limite Legislativo: Respondendo à Apologética Ultramontanista” - Texto Completo da Palestra do Dr. Kwasniewski.
por Peter A. Kwasniewski
Os apologistas católicos fizeram um grande trabalho ao longo das décadas. Eles refutaram muitos protestantes, mórmons, testemunhas de Jeová ou, de outra forma estranhamente, ajudaram judeus, muçulmanos, ateus, agnósticos, neopagãos e membros de todas as formas de religiões falsas a encontrar Cristo e entrar em Sua Igreja. Por isso, todos somos gratos, e que esse trabalho continue por muito tempo.
Mas os mesmos apologistas não se saem tão bem quando voltam seus olhos para assuntos intraeclesiais, particularmente quando se trata de explicar a natureza, propósito e limites da infalibilidade papal. Mesmo lá, os apologistas se dão bem quando estão justificando coisas maravilhosas como Humanae Vitae, pois seu ensino está de acordo com a lei natural e divina e a tradição da Igreja, e o trabalho do papa é defender tudo isso, independentemente das pressões contra isso.
Ainda assim, quando os papas tomam decisões espetacularmente ruins ou ensinam coisas ambíguas ou "male soans" (que soam mal) ou materialmente erradas, esses apologistas são pegos de surpresa e de mãos vazias. Eles são tentados a ignorar o problema como uma exceção embaraçosa ou a apelar bravamente a um ultramontanismo impensado, como se a pura fanfarronice fosse de alguma forma encobri-lo.
Vimos muito deste último problema desde o lançamento do Motu proprio Traditionis Custodes. A maioria dos comentaristas, é verdade, cai em duas categorias mais óbvias: os progressistas que se regozijam descaradamente com a derrota dos tradicionalistas desagradáveis e quase todos os outros que vêem a ação do Papa Francisco como injustificada, maliciosa, inflamatória, belicosa, impraticável e - pior pecado depois do Vaticano II - totalmente impastoral. Mas há uma multidão de apologistas que se autoproclamam que se apressaram em fazer podcasts defendendo o suposto direito do papa de criar, abolir e modificar a liturgia quase da maneira que ele quiser.
Esta palestra não será uma crítica extensa do Traditionis Custodes - que podem ser encontrados em muitos outros lugares neste momento.[1]. Em vez disso, quero explicar como chegamos a um ponto de tal absurdo que um Romano Pontífice pode ousar, com o golpe de uma caneta, consignar às margens e ao eventual esquecimento um patrimônio litúrgico ininterrupto de milênios e reivindicar que os novos ritos criadas pelo comitê de Paulo VI são a “única” (unica) lex orandi ou lei da oração da Igreja Católica - e o absurdo ainda maior de que apologistas católicos o defendam e seu suposto “direito” de fazê-lo.
A falha fundamental desses apologistas é que, como seus oponentes protestantes doppelgänger, eles caíram na técnica de texto de prova. Em vez de sola scriptura, geralmente é solo papa; onde o calvinista cita São Paulo sobre a justificação pela fé somente, o papal cita um ditado conciliar sobre a jurisdição papal universal. Na verdade, todos os polêmicos (incluindo tradicionalistas) têm uma tendência a revisar o texto, como se isso encerrasse um debate, quando, na realidade, apenas o inicia. Pois não se deve apenas citar uma passagem da Escritura, dos Padres, dos Doutores ou do Magistério, deve-se também entender quando, onde, por que e como foi declarado - em outras palavras, seu contexto. Alguns textos são claros o suficiente para fazerem o trabalho pesado para nós, mas outros são sutis, parciais, exagerados, discretos, etc., e precisam ser encaixados em seus lugares como pedras em uma parede. É a parede que procuramos, não as pedras individuais arrancadas dela.[2]
Assim, os apologistas católicos adoram citar o Pastor Aeternus do Concílio Vaticano I (1870) sobre a jurisdição do papa:
"Portanto, ensinamos e declaramos que, por decreto divino, a Igreja Romana possui uma preeminência de poder ordinário sobre todas as outras Igrejas, e que este poder jurisdicional do Romano Pontífice é episcopal e imediato. Tanto o clero quanto os fiéis, de qualquer rito e dignidade, tanto individual quanto coletivamente, são obrigados a se submeter a esse poder pelo dever de subordinação hierárquica e verdadeira obediência, e isso não apenas em questões relativas à fé e à moral, mas também naquelas que dizem respeito a disciplina e o governo da Igreja em todo o mundo. (Pastor Aeternus, cap. 3, n. 2)"
Apressam-se a citar a encíclica Mediator Dei de Pio XII (1947): “Só o Soberano Pontífice tem o direito de reconhecer e estabelecer qualquer prática relativa ao culto a Deus, de introduzir e aprovar novos ritos, bem como de modificar aqueles que julga exigir modificação ”(nº 58).[3] O Código de Direito Canônico (1983) afirma o "poder ordinário supremo, pleno, imediato e universal do papa na Igreja" (Can. 331). Como observa John Monaco: “Como a administração dos sacramentos está dentro da disciplina da Igreja, não é surpreendente que o direito canônico designe a ordenação da liturgia ao papa (Can. 838 §2) e até mesmo conceda a ele o poder de 'aprovar ou definir os requisitos para sua validade '(Can. 841). ”[4]
Até agora tudo bem. Mas deixá-los assim é dar textos sem contexto.
Primeiro, a liturgia não pode ser reduzida a apenas uma questão de disciplina; diz respeito sempre à doutrina da fé e da moral como professada pela Igreja ao longo de toda a sua história e expressa no Magistério de cada época.[5] O papa não é um solista, mas um membro de uma orquestra, e a partitura que ele toca já existe antes de ele assumir o cargo - quanto mais, mais tarde na história estaremos.
Em segundo lugar, a jurisdição papal sobre questões disciplinares não existe no vácuo: é um componente do ofício do papado, que tem sua própria natureza, propósito e deveres. O poder de introduzir, remover ou alterar ritos litúrgicos não é uma espécie de onipotência [Ockhamista] sem referência à sabedoria, bondade ou retidão: existem condições inerentes ao papado que delimitam e condicionam o poder, que dotam seu uso com autoridade ou a falta dela. [6] É por isso que os historiadores podem fazer julgamentos sobre quando os papas exerceram bem ou mal seu poder, com prudência ou imprudência, com justiça ou injustiça.
Terceiro, só porque algo é declarado em um documento magisterial não significa que seja declarado da melhor maneira possível, ou de uma forma que não o exponha a um mal-entendido errôneo. Um exemplo revelador é ninguém menos que o Mediador Dei, no qual Pio XII em um ponto inverte o axioma tradicional lex orandi, lex credendi, dizendo que a lex credendi deve determinar a lex orandi, e que isso explica por que o papa pode modificar a liturgia para fazer com que expresse certas doutrinas mais claramente..[7] De certa forma, isso é verdade: o que a liturgia já ensina, ainda que de forma tênue ou difusa, pode ser cristalizado em uma nova observância, como quando Pio XI em 1925 introduziu a festa da realeza de Jesus Cristo. Essa realeza já era professada por muito tempo pela Igreja e estava presente em toda a liturgia, mas o papa, em resposta ao secularismo moderno, desejava que a liturgia ensinasse essa verdade mais diretamente.[8] Seria falso, no entanto, dizer que um papa tem autoridade para traduzir qualquer fantasia que vier à sua cabeça, ou qualquer projeto teológico de estimação, em alguma expressão litúrgica - como (por exemplo) um Domingo Anti-Armas, ou a aprovação de uma casula da cor do arco-íris para simbolizar a inclusão LGBTQ. Podemos rir de tais exemplos e dizer "isso nunca poderia acontecer", mas a única razão pela qual pensamos assim é que reconhecemos implicitamente que o papa não é quem principal ou definitivamente define a lex credendi ou a lex orandi.[9]
Para compreender a relação entre o papado e a legislação litúrgica, devemos começar com a questão fundamental: qual é a obrigação do papa para com a tradição? Uma resposta exemplar a esta pergunta pode ser encontrada em uma fonte medieval antiga: o Atestado de Fé do Pontífice, ou “Juramento Papal”, contido no Liber Diurnus Romanorum Pontificum, um manual de formulários usado pela chancelaria pontifícia, alguns dos quais datam de antes até São Gregório Magno. [10] Embora haja debate sobre o uso exato desse juramento no rito pelo qual um papa foi investido em seu cargo, não pode haver dúvida de que ele reflete a mente da cristandade, no sentido de que resumiu o que se esperava de um papa, bem como a forma como os papas se viam, como falavam e agiam. É, portanto, um testemunho valioso do que nossos antepassados, do final do primeiro milênio ao início do segundo, viram como os limites do poder papal. “A principal obrigação e a qualidade mais distinta de um novo papa”, como resume o bispo Athanasius Schneider, era “sua inabalável fidelidade à Tradição, conforme lhe foi transmitida por todos os seus predecessores”. O juramento “nomeava, em termos concretos, fidelidade à lex credendi (a Regra de Fé) e à lex orandi (a Regra de Oração)”.
De acordo com o Juramento, o papa jura:
"Eu, (nome), pela misericórdia de Deus diácono, eleito e futuro bispo, pela graça de Deus, desta Sé Apostólica, juro-te, beato Pedro, príncipe dos Apóstolos. . . e à vossa Santa Igreja, que hoje assumi para governar sob a vossa proteção, que guardarei com todas as minhas forças, mesmo para entregar o espírito ou derramar o meu sangue, a fé justa e verdadeira que, tendo sido transmitida por Cristo seu autor e transmitido por seus sucessores e discípulos até minha pequenez, encontrei em sua Santa Igreja; e com sua ajuda suportarei pacientemente as dificuldades dos tempos; Preservarei o mistério da sagrada e individual Trindade que é um Deus, bem como a dispensação segundo a carne do unigênito Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, e os outros dogmas da Igreja de Deus, assim como eles são depositados pelos concílios e constituições universais dos pontífices apostólicos e pelos escritos dos doutores mais aprovados da Igreja, isto é, tudo o que diz respeito à justeza da vossa e da nossa fé ortodoxa transmitida por vós; Eu, também, guardarei inalterado, mesmo por um til, os conselhos sagrados e universais. . . e eu pregarei tudo o que eles pregaram e condenarei em coração e palavra tudo o que eles condenaram; Devo, além disso, diligente e cordialmente confirmar e salvaguardar inalterados todos os decretos dos pontífices apostólicos meus predecessores, e tudo o que eles promulgaram e confirmaram no sínodo e individualmente, e os manterei em vigor inabalável assim como meus predecessores os estabeleceram, e condenarei com uma sentença de autoridade igual todas as coisas e pessoas que eles condenaram e rejeitaram; Devo manter inviolados a disciplina e o ritual da Igreja tal como os encontrei e recebi transmitidos pelos meus predecessores [disciplinam et ritum Ecclesiae, sicut inueni et a sanctis predecessoribus meis traditum repperi, inlibatum custodire], e preservarei a propriedade da Igreja inalterada e cuidar para que ela seja mantida inalterada; Não subtrairei nem alterarei nada da tradição que meus mais estimados antecessores salvaguardaram e recebi, nem devo admitir nenhuma novidade, mas devo guardar e venerar fervorosamente com todas as minhas forças tudo o que eu encontrar transmitido como verdadeiro discípulo de meus predecessores e seguidor; mas se acontecer algo contrário à disciplina canônica, devo corrigi-lo e guardar os cânones sagrados e as constituições de nossos pontífices como mandatos divinos e celestiais, sabendo que no juízo divino prestarei contas estritas de tudo o que professo tu cujo lugar ocupo por condescendência divina e cujo papel cumpro com a ajuda da tua intercessão."[11]
Da mesma forma, o Concílio de Constança do século XV (1414-1418) “pronunciou-se sobre o papa como a primeira pessoa na Igreja que está vinculada pela Fé e que deve guardar escrupulosamente a integridade da Fé”[12]:
"Visto que o Romano Pontífice exerce um poder tão grande entre os mortais, é justo que ele seja vinculado ainda mais pelos vínculos incontestáveis da fé e pelos ritos que devem ser observados em relação aos sacramentos da Igreja."
De acordo com esta trigésima nona sessão de Constança, o papa recém-eleito deveria fazer um juramento de fé que incluía esta passagem:
"Eu, NOME, eleito Papa, com o coração e a boca, confesso e professo a Deus Todo-Poderoso, cuja Igreja eu comprometo com sua ajuda a governar, e ao beato Pedro, príncipe dos apóstolos, que enquanto eu estiver nesta vida frágil Vou acreditar firmemente e manter a fé católica, de acordo com as tradições dos apóstolos, dos conselhos gerais e de outros santos padres. . . e preservarei esta Fé inalterada até o último ponto e a confirmarei, defenderei e pregarei até a morte e o derramamento de meu sangue, e da mesma forma vou seguir e observar de todas as maneiras o rito transmitido do eclesiástico sacramentos da Igreja Católica. "[13]
Esses textos não são discrepantes bizarros, mas refletem um consenso comum da vinculação do papa à tradição, tanto que canonistas e teólogos eminentes poderiam sustentar que um papa merece resistência se for culpado de ferir a tradição ou o povo cristão que confia nisso.
O cardeal Juan de Torquemada (1388-1468) afirma que se um papa deixar de observar "o rito universal do culto eclesiástico" e "se separar com pertinácia da observância da igreja universal", ele é "capaz de cair em cisma" e não deve ser obedecido nem “tolerado” (non est sustinendus).[14] O conhecido comentarista de São Tomás, Cardeal Cajetan (1469-1534), aconselha: “Você deve resistir, na cara dele, a um papa que está abertamente destruindo a Igreja. Um caso de simonia, mesmo cometido por um papa, deve ser denunciado. ” [15] Cajetan está falando sobre simonia, a compra ou venda de ofícios eclesiásticos, que era obviamente um problema enorme nos séculos passados; mas está longe de ser o pior pecado ou o maior problema. Falando objetivamente, a imposição de disciplina prejudicial, como a promulgação de uma liturgia válida, mas inadequada e inautêntica, ou um ataque à integridade da doutrina, é certamente pior do que a simonia. Francisco Suárez (1548–1617) declara: “Se o Papa dita uma ordem contrária aos bons costumes, não é necessário obedecê-lo; se ele tenta fazer algo manifestamente oposto à justiça e ao bem comum, seria lícito resistir a ele; se ele ataca pela força, pode ser repelido pela força, com a moderação característica de uma boa defesa”. [16] Suárez alega ainda que o papa poderia ser cismático “se quisesse derrubar todas as cerimônias eclesiásticas baseadas na tradição apostólica.” [17] Observe que ele diz “baseadas”, apostolica traditionale firmatas: ele está falando sobre toda a estrutura que foi erguida sobre as origens apostólicas. Isso significaria algo como o Missale Romanum de 1570.) O dominicano Sylvester Prierias (1456–1523 ), uma figura importante na resposta inicial a Martinho Lutero, explica que se o papa está destruindo a Igreja por meio de ações más,
"ele certamente pecaria; ele não deveria ter permissão para agir dessa maneira, nem deveria ser obedecido no que era mau; mas ele deve ser combatido com uma repreensão cortês. (…) Ele não tem o poder de destruir; portanto, se houver evidência de que ele está fazendo isso, é lícito resistir a ele. O resultado de tudo isso é que se o Papa destrói a Igreja por suas ordens e atos, ele pode ser resistido e a execução de seu mandato impedida. O direito de resistência aberta ao abuso de autoridade dos prelados também decorre da lei natural."[18]
Francisco de Vitoria (1483-1546) também diz: “Se o Papa por suas ordens e seus atos destrói a Igreja, pode-se resistir a ele e impedir a execução de seus comandos.” São Roberto Belarmino (1542–1621) concorda:
"Como é lícito resistir ao papa, se ele agrediu a pessoa de um homem, então é lícito resistir a ele, se ele agrediu almas ou perturbou o estado, e muito mais se ele se esforçou para destruir a Igreja. É lícito, eu digo, resistir a ele, não fazendo o que ele manda, e impedindo a execução de sua vontade; ainda assim, não é lícito julgá-lo, puni-lo ou mesmo depo-lo, porque ele nada mais é do que um superior." [19]
Observe - e este é um ponto crucial - que todas essas autoridades presumem que somos capazes de reconhecer que o papa está atacando almas ou destruindo a Igreja em um determinado momento ou com uma determinada política. Em outras palavras, o papa não é o único juiz se está ajudando ou prejudicando a Igreja, como se esperássemos que ele anuncie: “Irmãos e irmãs, agora estou ajudando a Igreja, então vocês devem obedecer me perfeitamente ”ou“ Ai de mim, agora estou prejudicando a Igreja, então você tem permissão para resistir a mim ”. Há algum papel que nossa razão e fé informadas desempenham na avaliação de suas palavras e ações. Os fiéis de Cristo não estão simplesmente em uma postura passiva aos mandamentos, decretos ou ações papais; sua obediência é inteligente, livre e conscienciosa.
Claro, a “posição padrão” para um católico é assumir o melhor, desejar obedecer e seguir; de modo que a pessoa teria de ser, por assim dizer, compelida a uma postura diferente, especialmente uma postura de resistência; mas mesmo dizer isso é admitir que é possível para um papa agir tão erradamente que pode ser visto como algo que está prejudicando a Igreja e como merecedor de resistência. Resumindo: o direito de resistir a um abuso de poder logicamente implica o direito de julgar que algo é um abuso de poder. [20] Esta capacidade de reconhecer os abusos é inseparável da adesão louvável e normativa dos fiéis aos costumes imemoriais e à tradição venerável. Para que o "sistema imunológico" da Igreja funcione em tempos de crise, deve haver católicos que não sejam tão intimidados pela autoridade, seja secular ou eclesiástica, que deixem de se apegar ao que receberam. Isso, de fato, é exatamente o que a primeira geração de tradicionalistas fez na esteira da reforma litúrgica pós-conciliar. [21]
Para ver que a posição que estou defendendo aqui não é extravagante, devemos considerar um famoso defensor dela nos últimos tempos: ninguém menos que Joseph Ratzinger. Em O Espírito da Liturgia (2000), Ratzinger escreve:
"Depois do Concílio Vaticano II, surgiu a impressão de que o papa realmente poderia fazer qualquer coisa em questões litúrgicas, especialmente se estivesse agindo sob o mandato de um concílio ecumênico. Eventualmente, a ideia de que a liturgia é dada, o fato de que não se pode fazer com ela o que se quer, desapareceu da consciência pública do Ocidente. Na verdade, o Concílio Vaticano I de forma alguma definiu o papa como um monarca absoluto. Pelo contrário, apresentou-o como fiador da obediência à Palavra revelada. A autoridade do papa está vinculada à Tradição de fé, e isso também se aplica à liturgia. Não é “fabricado” pelas autoridades. Até mesmo o papa só pode ser um servo humilde de seu desenvolvimento legítimo e integridade e identidade permanentes ... A autoridade do papa não é ilimitada; está a serviço da Sagrada Tradição."
Bento XVI retoma o mesmo tema em 2005, em sua primeira homilia papal em São João de Latrão:
"O poder que Cristo conferiu a Pedro e aos seus sucessores é, em sentido absoluto, um mandato para servir. O poder do ensino na Igreja envolve um compromisso com o serviço da obediência à fé. O papa não é um monarca absoluto cujos pensamentos e desejos são lei. Pelo contrário: o ministério do papa é uma garantia de obediência a Cristo e à sua Palavra. Não deve proclamar as suas próprias ideias, mas antes comprometer-se constantemente a si e à Igreja na obediência à Palavra de Deus, face a todas as tentativas de a adaptar ou diluir e a todas as formas de oportunismo. ... O papa sabe que em suas decisões importantes, ele está vinculado à grande comunidade de fé de todos os tempos, às interpretações vinculantes que se desenvolveram ao longo da peregrinação da Igreja. Assim, seu poder não está acima da Palavra de Deus, mas a serviço dela. Incumbe-lhe fazer com que esta Palavra continue presente na sua grandeza e ressoe na sua pureza, para que não seja despedaçada pelas contínuas mudanças de uso."[22]
Observe que Ratzinger reconhece a liberdade do papa de agir ou não de acordo com sua natureza; ele não é um autômato que nunca deixará de fazer a coisa certa, mas alguém que recebeu um dever solene que deve cumprir, para não prejudicar a Igreja.
Se tivermos essa compreensão verdadeiramente católica do papado - que o vê como um ofício a serviço de uma herança sagrada a ser recebida, protegida, defendida, exposta e transmitida - segue-se que a abolição dos ritos litúrgicos imemoriais está absolutamente fora do pergunta. Como Joseph Ratzinger observou em um discurso em 1998: “É bom lembrar aqui o que o Cardeal Newman observou, que a Igreja, ao longo de sua história, nunca aboliu nem proibiu as formas litúrgicas ortodoxas, se fizesse isso seria totalmente alheio ao Espírito da Igreja .”[23] Já podemos ver o germe de sua conhecida declaração na carta aos bispos que saiu com Summorum Pontificum: “O que as gerações anteriores consideravam sagrado, permanece sagrado e grande também para nós, e não pode ser tudo de repente totalmente proibido ou mesmo considerado prejudicial. Cabe a todos nós preservar as riquezas que se desenvolveram na fé e na oração da Igreja, e dar a elas o seu devido lugar. ” Lembre-se da declaração impressionante que o Cardeal Ratzinger fez em uma entrevista em 1996: “Uma comunidade está questionando seu próprio ser quando de repente declara que o que até agora era sua posse mais sagrada e mais elevada é estritamente proibida, e quando faz o anseio por ela parecer totalmente indecente. Pode-se confiar mais nele sobre qualquer outra coisa? Não vai proibir amanhã o que prescreve hoje? ”[24]
Como vimos há pouco, Ratzinger se refere ao cardeal Newman como testemunha. Vamos dar uma olhada na passagem pertinente no grande Oxford don. Em um sermão chamado "Cerimônias da Igreja", St. John Henry Newman explica que tão grande é a reverência que devemos ter para com as formas litúrgicas herdadas que até o próprio Nosso Senhor e Seus Apóstolos, em vez de criar a liturgia cristã de novo, continuaram a seguir os ritos judaicos de culto, que foram elaborados e transformados por eles nos ritos apostólicos da Missa, os sacramentos, o Ofício Divino, bênçãos e consagrações:
"Questões de fé, de fato, Ele nos revela por inspiração, porque são sobrenaturais: mas questões de dever moral, por meio de nossa própria consciência e da razão divinamente guiada; e questões de forma [isto é, maneiras de orar], por tradição e uso prolongado, que nos vinculam à sua observância, embora não sejam prescritas nas Escrituras. As formas de devoção são partes da devoção. Quem pode, na prática, separar sua visão do corpo e do espírito? por exemplo, que amigo seria para nós se nos tratasse mal, negasse comida ou nos aprisionasse; e dizer, afinal, que foi o nosso corpo que ele maltratou, e não a nossa alma? Mesmo assim, ninguém pode realmente respeitar a religião e insultar suas formas. Admitindo que as formas não são imediatamente de Deus, o longo uso as tornou divinas para nós; pois o espírito da religião os penetrou e vivificou de tal maneira que destruí-los é, em relação à multidão de homens, desestabilizar e desalojar o próprio princípio religioso. Na maioria das mentes, o uso os identifica tanto com a noção de religião, que um não pode ser extirpado sem o outro.
Os serviços e ordenanças da Igreja são a forma externa em que a religião tem sido representada para o mundo há muito tempo, e sempre foi conhecida por nós. Lugares consagrados à honra de Deus, clérigos cuidadosamente separados para Seu serviço, o dia do Senhor piedosamente observado, as formas públicas de oração, as decências da adoração, essas coisas, vistas como um todo, são sagradas em relação a nós, mesmo que eles não foram, como são, sancionados divinamente. Ritos que a Igreja nomeou, e com razão, - pois a autoridade da Igreja vem de Cristo -, sendo usados por muito tempo, não podem ser abandonados sem causar dano às nossas almas."[25]
Wolfram Schrems comenta esta passagem:
"A Igreja nunca abole as orações costumeiras santificadas pelo uso prolongado…. É sempre um sacrilégio e severamente prejudicial para a Fé quando um antigo e santificado costume de oração é abolido. O Papa São Pio V, cuja reforma tridentina do missal foi tudo menos revolucionária, declarou que a partir de então todos os ritos na igreja latina foram proibidos, exceto aqueles que tivessem mais de 200 anos. Pio V conhecia os limites do poder papal."[26]
Quando Ratzinger fornece uma definição de "rito", ele a vincula imediatamente à tradição, ao conteúdo da fé e ao ato de transmissão (que é o que a palavra latina traditio e a palavra grega paradosis significam):
"O "rito", a forma de celebração e oração que amadureceu na fé e na vida da Igreja, é uma forma condensada de Tradição viva em que a esfera que usa esse rito expressa toda a sua fé e sua oração, e assim ao mesmo tempo, a comunhão de gerações umas com as outras torna-se algo que podemos experimentar, comunhão com as pessoas que oram antes de nós e depois de nós. Assim, o rito é algo de benefício que se dá à Igreja, forma viva de paradosis, transmissão da Tradição."[27]
Em outras palavras, mais uma vez: lex orandi, lex credendi, lex vivendi. O rito desenvolve-se ao longo do tempo no seio da Igreja como expressão de quem ela é, do que crê, da forma como reza e, por isso, é sempre entregue à Igreja nos tempos sucessivos. O papa não pode e não deve interromper esta transmissão ou fazer com que ela se desvie, mas antes aquele “servo dos servos de Deus” que auxilia em sua fiel realização.
É por isso que o Cardeal Ratzinger foi capaz de escrever estas palavras poderosas sobre o que deu errado no período após o Concílio:
"A reforma litúrgica, em sua realização concreta, se distanciou ainda mais de sua origem. O resultado não foi uma reanimação, mas uma devastação. No lugar da liturgia, fruto de um desenvolvimento contínuo, eles colocaram uma liturgia fabricada. Eles abandonaram um processo vital de crescimento e devir para substituir uma fabricação. Não quiseram continuar o desenvolvimento, o amadurecimento orgânico de algo que viveu ao longo dos séculos, e o substituíram, à maneira da produção técnica, por uma fabricação, produto banal do momento".[28]
Ratzinger favoreceu uma reforma litúrgica gradual e conservadora. Embora sempre tenha reconhecido a validade sacramental do Novus Ordo, ele entendeu a ruptura que ocorreu devido a um papa que, ao contrário de centenas de seus antecessores, não agiu como jardineiro e preferiu atuar como mecânico ou fabricante , resultando em uma forma de liturgia romana tão diferente de sua tradição anterior que deveria ser vista como um ano zero, o início de uma nova “tradição” e não a continuação da antiga tradição. É por isso que Bento XVI poderia chamá-las de duas “formas” e propor sua coexistência; ele não conseguia pensar em outra forma papalmente responsável de sair do impasse, mas permitir que o que ele considerava os pontos fortes de cada "forma" passasse para a outra, para seu "enriquecimento mútuo". Por mais complicada que tenha sido sua solução, devemos notar que ela foi escolhida (ironicamente, talvez) porque era mais coerente com uma visão tradicional do papado: o papa, preocupado acima de tudo em transmitir o que havia recebido - mesmo que algo do que ele havia recebido era problemático! - promove processos graduais e orgânicos em vez de impor "soluções" repentinas que ameaçam mais caos. [29]
Acho que agora estamos em uma posição melhor para ver por que o primeiro e mais básico erro que os apologistas papais cometem é presumir que a liturgia é meramente "disciplinar", [30] e que a jurisdição "universal e imediata" do papa o dota com o poder de mudar qualquer coisa - exceto as chamadas "formas dos sacramentos". [31] Eles podem citar textos-prova para esse efeito, mas, ao fazê-lo, os removem do contexto da tradição viva, ao mesmo tempo diacrônica e sincrônica , que estabelece os limites para o exercício desse poder. Sebastian Morello expressa este ponto extremamente bem:
"O governo existe per se para a proteção da sociedade e seu modo de vida, de modo que a sociedade possa alcançar os fins para os quais as comunidades humanas foram formadas; o governo não é o criador da sociedade. Da mesma forma, o papa e os bispos têm o mandato de guardar e transmitir a tradição que foi transmitida a eles (2 Tess. 2:15), e não devem repudiá-la ou revogá-la, nem inventar sua própria nova versão. A tradição da Igreja, tanto crença quanto prática, não é deles, com a qual eles podem fazer o que quiserem. A tradição da Igreja pertence a todos os fiéis. Desta tradição, os bispos (incluindo o papa) são os guardiães e servos. Eles nunca podem ser os criadores nem os donos da doutrina, prática ou vida litúrgica da Igreja, mas são encarregados de proteger e promulgar a herança religiosa comum de todos os fiéis. O fato de papas e bispos se comportarem como se a tradição da Igreja fosse sua pertença, com a qual podem fazer o que quiserem, com o resto dos fiéis apenas tendo que aceitá-lo, marca a forma mais crua de clericalismo." [32]
Como John Henry Newman reconheceu, a autoridade papal faz sentido precisamente dentro do contexto da tradição comunal: ela serve a um propósito óbvio de prevenir a corrupção e resolver as dificuldades que possam surgir. Não é uma abstração flutuante, mas um serviço a um determinado depósito, que antes de tudo é o depósito revelado da fé, mas também um depósito de tradições eclesiásticas e costumes que cresceram com ele, expressivos e protetores dele. Esta soma total é confiada ao papa para custódia e transmissão. Sim, todos nós sabemos que pequenos acréscimos ou modificações são possíveis e às vezes desejáveis, mas o consenso geral entre canonistas e teólogos é que estes devem ser de natureza a permanecer em harmonia e com respeito ao que já está lá.
Dizer que só o papa pode determinar quando e como ele exerce sua autoridade disciplinar é dizer que não há como o papa abusar dela - ou abusar de alguém ou de alguma coisa. Quer dizer que ele tem direitos, mas não tem deveres; poder, mas sem limites - natural, divino, eclesiástico - ao seu poder. Aqueles que afirmam que o papa tem autoridade para revogar ou abolir um rito litúrgico imemorial e substituí-lo por uma nova construção mostram que abandonaram o catolicismo confessional histórico em favor de uma caricatura. É uma reductio ad absurdum do papado, que faz o jogo dos protestantes, e assim ortodoxos estariam inteiramente certos em se opor a ela. [33]
Para manifestar mais plenamente o absurdo a que o catolicismo seria necessariamente reduzido seguindo as consequências lógicas da linha hiperpapalista, consideremos quatro conjuntos de questões que podem ser colocadas. [34]
1. O papa pode remover partes inteiras da Missa - por exemplo, decretar que a Missa é apenas a Missa dos Fiéis ou Liturgia da Eucaristia, e não junto com a Missa dos Catecúmenos ou Liturgia da Palavra?
2. Que discrição o papa tem para mudar as datas das festas e épocas litúrgicas? Ele pode mudar a data do Natal? Ele poderia remover o Natal ou a Páscoa do calendário litúrgico? Ele poderia remover a Quaresma e o Advento do calendário?
3. O papa pode mudar o rito bizantino, determinando que seja oferecido apenas em latim (ou em esperanto)? Ele pode suprimir completamente o rito bizantino? Ele pode forçar uma Igreja de rito sui juris bizantino a usar o rito armênio?
4. O papa pode criar um rito litúrgico inteiramente novo, sem precedentes? Ele poderia criar um rito amazônico que não tenha nenhuma semelhança com o rito romano? Ele poderia mudar o rito da Igreja latina para o rito amazônico ou, nesse caso, o rito bizantino? Essa adoção faria do rito bizantino o rito romano, visto que é literalmente o rito da Igreja em Roma?
A todas essas perguntas, um papal de estrita observância teria que responder "sim". O que está em jogo não é se o papa fará tal coisa, mas se ele pode e pode. E existem duas possibilidades sozinhas. Ou ele tem o poder para fazer isso - ele poderia emitir um decreto com força de lei - mas ele não tem autoridade (moral) para fazê-lo; ou ele não tem, de fato, tal poder: ele pode fazer um decreto procedimentalmente válido que deixaria de ser legalmente válido por causa de seu conteúdo (como os advogados naturais dizem que é possível). No primeiro cenário, ele faz um decreto procedimentalmente válido e juridicamente vinculativo que era moralmente errado de se fazer; neste último cenário, ele comete um ato que é nulo e sem efeito, não tendo a razão de lei. [35] Em qualquer dos casos, a lei resultante ou a aparência de lei trariam graves danos à Igreja e o próprio legislador seria culpado de pecado grave. [36] Se for uma lei ruim, estaríamos certos em trabalhar e orar por sua revogação ou modificação e buscar mitigar seus efeitos tanto quanto possível; se for uma lei injusta e, portanto, nenhuma lei, poderíamos legitimamente ignorá-la e agir livremente contra suas disposições.
Questões como as mencionadas acima nos ajudam a ver os limites implícitos ou explícitos que existem antes de um papa chegar ao poder e que existem abaixo e além de seu cargo. As realidades litúrgicas são concretas e definidas; são regras ou regras genuínas para a Igreja. É por isso que Massimo Viglione está certo em dizer:
"A lex orandi da Igreja, de fato, não é um “preceito” do direito positivo votado por um parlamento ou prescrito por um soberano, que sempre pode ser retratado, alterado, substituído, melhorado ou piorado. A lex orandi da Igreja, além disso, não é uma “coisa” específica e determinada no tempo e no espaço, mas é o conjunto coletivo das normas teológicas e espirituais e das práticas litúrgicas e pastorais de toda a história da Igreja, desde tempos evangélicos - e especificamente do Pentecostes - até hoje. Embora obviamente viva no presente, está enraizado em todo o passado da Igreja. Portanto, não estamos falando aqui de algo humano - exclusivamente humano - que o último chefe pode mudar a seu bel-prazer. A lex orandi compreende todos os vinte séculos da história da Igreja, e não há homem ou grupo de homens no mundo que possa mudar este depósito de vinte séculos. Não há papa, concílio ou episcopado que possa mudar o Evangelho, o Depositum Fidei ou o Magistério universal da Igreja. Nem pode a Liturgia de todos os tempos ser [decisivamente] mudada." [37]
Lembre-se de um fato que parece surpreendente para nós hoje, mas não teria surpreendido ninguém durante a maior parte da história da Igreja: a liturgia da Igreja ocidental ou de rito latino existiu em suas muitas variedades por 1.500 anos - por quinze séculos completos - antes de qualquer papa exercer autoridade papal para codificar ou definir um livro litúrgico. Em resposta à revolta protestante, São Pio V deu o passo grave de estabelecer uma edição definitiva ou editio typica de um rito que tinha sido usado século após século como um costume oficial. Longe de “criar seu próprio missal” (como alguns continuam a dizer ignorantemente), Pio V tomou a atitude mais conservadora possível nas circunstâncias: agiu precisamente para conservar a tradição em face de um massivo ataque herético com suas inúmeras inovações.
O cardeal Raymond Leo Burke, um dos mais eminentes canonistas da Igreja Católica e durante anos o canonista-chefe do Vaticano, assume a mesma posição, em uma passagem que resume todas as nossas considerações até este ponto.
"O Romano Pontífice pode revogar juridicamente o usus antiquior? A plenitude do poder (plenitudo potestatis) do Romano Pontífice se faz para defender e promover a doutrina e a disciplina da Igreja. Não é um “poder absoluto” que incluiria o poder de mudar a doutrina ou erradicar uma disciplina litúrgica que está viva na Igreja desde o tempo do Papa Gregório o Grande e até antes. . . . Nosso Senhor, que deu o maravilhoso dom do usus antiquior, não permitirá que seja erradicado da vida da Igreja."
É preciso lembrar que, do ponto de vista teológico, toda celebração válida de um sacramento, pelo próprio fato de ser um sacramento, é também, além de qualquer legislação eclesiástica, um ato de culto e, portanto, também uma profissão de fé. Nesse sentido, não é possível excluir o Missal Romano, segundo o usus antiquior, como expressão válida da lex orandi e, portanto, da lex credendi da Igreja. Trata-se de uma realidade objetiva da graça divina que não pode ser mudada por um simples ato da vontade mesmo da mais alta autoridade eclesiástica. [38]
Assim, quando os apologistas dizem alegremente: “O papa pode mudar a liturgia como quiser”, podemos interromper para expressar nossa discordância polida. O Papa, ou outros na hierarquia, podem legislar para a liturgia, no sentido das condições que a cercam, as edições impressas dela, as qualificações dos ministros para ela, etc., mas eles não legislam liturgia per se. Plenitude de poder significa poder para fazer tudo o que pode (legalmente) ser feito, não poder para fazer o que quer que o portador queira. [39] Se a afirmação “o papa pode mudar a liturgia como quiser” for aceita sem qualificação, então a tradição não significa essencialmente nada. E esta não é uma visão católica (e nunca foi), mas nominalista e voluntarista. [40] O padrão católico é formulado com veemência pelo pe. John Hunwicke:
"Santa Tradição, é claro, tem a Sagrada Escritura como uma de suas estruturas governantes. Santa Tradição, cuja manifestação principal, no dia a dia, está na Liturgia. A Sagrada Tradição é nossa verdadeira Senhora. A Sagrada Tradição é a auctoritas definitiva e dominante na vida da Casa de Deus. Nenhuma auctoritas pode subsistir em atos que subvertam manifestamente a Sagrada Tradição." [41]
Nesta palestra, não explorei em profundidade as disposições específicas do Traditionis Custodes ou o relato que o Papa Francisco dá de sua decisão na carta que o acompanha. [42] Mas isso está na mente de todos e, portanto, parece adequado abordá-lo de forma mais direta.
O cardeal Walter Brandmüller escreveu um breve artigo no qual assinalava que uma lei que não é recebida ou aprovada, isto é, deixada de lado na prática e não cumprida, é reconhecida na Tradição canônica como carente da plena natureza do direito. Afirma, ainda, que há situações em que o direito consuetudinário pode suspender a obrigatoriedade de uma nova lei contrária a ele; a lei canônica prevê costumes que anulam a legislação contrária. Por último, Sua Eminência nos lembra que uma lei duvidosa não vincula, ou seja, se a relevância, aplicabilidade ou compatibilidade da lei com outras leis não é clara ou problemática, ela carece de toda a força da lei. E isso certamente é verdade para esse motu proprio cheio de erros e canonicamente desajeitado. Eu iria mais longe e afirmaria que o motu proprio carece de legitimidade jurídica - em outras palavras, é ilícito ou ilegítimo porque se baseia em múltiplas falsidades demonstráveis e contém contradições e ambigüidades que tornariam sua aplicação arbitrária e incerta. [43]
Mesmo se, para fins de argumentação, admitíssemos que o documento tem força legal (pelo menos na medida em que seja inteligível) e que suas disposições se enquadram no que o papa pode fazer, ainda teríamos o direito e o dever de lutar por sua revogação e por resistir a ela de todas as maneiras que se abram para nós. Pois ainda seria um uso tirânico do poder pelo qual um hierarca domina seus súditos e os despoja do que lhes pertence e, de fato, busca em última instância a liquidação de uma minoria na Igreja, como o Partido Comunista Chinês , com quem o Vaticano tem uma aliança secreta, reúne minorias étnicas e religiosas e as coloca em “campos de reeducação”, onde podem aprender a ser cidadãos chineses exemplares.
Como chegamos a este ponto, onde em vez de um papa que recebe, guarda, promove e pratica a tradição, temos um papa que tentou desencadear uma guerra global contra os católicos, contra padres, religiosos e leigos, que estão fazendo o que ele deveria estar fazendo? Essa é uma grande questão para a qual outra palestra seria necessária, mas deixe-me dar um esboço de uma resposta. Existem duas causas principais.
A primeira causa é o que chamei de “o espírito do Vaticano I” - Vaticano I, veja bem. Esse concílio deu uma definição estreita de infallibilidade papal, juntamente com uma ampla descrição da posição única do papa como vigário de Cristo no corpo visível da Igreja na Terra. Tragicamente, em vez de ser aceita em sua modéstia e entendida em continuidade com a compreensão mais plena da relação do papado com a tradição que resumi nesta palestra, a constituição Pastor Aeternus foi considerada por muitos como um endosso de um hiperpapalismo que concentra toda autoridade, toda verdade, toda lei e a soma total da “identidade católica” no ofício papal e na própria pessoa do papa, como se então emanasse dele para todas as outras autoridades. Embora os ultramontanos mais extravagantes tenham perdido no concílio, seu culto ao Pontífice Romano não apenas sobreviveu, mas prosperou, levando ao longo do tempo ao fenômeno do papa superstar, cujas palavras e ações são transmitidas instantaneamente por todo o mundo para um público palpitante que aguarda orientação. Isso tende a enfraquecer o instinto católico de receber a verdade da Fé de uma rica rede de fontes pelas quais ela chega até nós: Sagrada Escritura, Sagrada Tradição, os monumentos da tradição eclesiástica (o maior dos quais é a Sagrada Liturgia), os Padres e Doutores da Igreja, os grandes santos místicos e ascéticos, devoções e costumes populares. Além disso, substituiu um novo tipo de epistemologia ou teoria do conhecimento em que nosso acesso à verdade é obtido não tanto pelo exercício da virtude da fé e do poder da razão em seus próprios objetos, mas pela subjugação de alguém. intelecto e vontade para o intelecto e vontade de um superior hierárquico, tidos como única e suficiente medida da verdade. A obediência é então reinterpretada como a evacuação de seu próprio conhecimento e julgamento a fim de ser preenchido com qualquer conteúdo preenchido, sem perguntas sobre como ele está ou não em harmonia com qualquer outro conteúdo de qualquer outra fonte. Bem, o catolicismo é inerentemente sobre a submissão hierárquica, e a virtude da obediência é preciosa para nós; mas, como sabemos, corruptio optimi pessima, a corrupção do melhor é o pior: existe uma submissão legítima e outra ilícita, uma obediência verdadeira e uma falsa, e a diferença pode ser dramática. Essas distinções raramente são feitas porque estamos todos sob a influência de uma noção exageradamente jesuíta de obediência cega (que não vou culpar a Santo Inácio de Loyola, cujo aniversário para a vida eterna celebramos hoje, mas sim a seus sucessores [44]). e, conseqüentemente, perdemos um sensus Catholicus mais rico das normas que governam a vida e o pensamento cristão. Voltando então ao ultramontanismo, vemos nele uma confluência de vários fatores: uma tendência crescente da Igreja a imitar o absolutismo do Estado moderno, juntamente com o colapso das estruturas jurídicas intermediárias, subsidiárias e dos centros culturais de gravidade que funcionavam como “freios e equilibra ”, por assim dizer, sobre a autoridade centralizada e as idéias monopolizadoras; [45] uma espécie de clericalismo e triunfalismo que não é absolutamente a mesma coisa que celebrar a dignidade do sacerdócio e o reinado de Cristo Rei; e, como mencionei, uma noção jesuíta de obediência cega à autoridade religiosa. Se você colocar todas essas coisas juntas, você tem uma visão de que a Igreja é governada por um monarca absoluto [46] cujas idéias são corretas, cuja vontade é a lei, cujo poder ultrapassa sem limites a história, o costume, a tradição, ou mesmo o anterior ensino magisterial. Ele é um oráculo délfico, um deus mortal, uma imagem da onipotência divina, uma concentração de todo o catolicismo. Isso, desnecessário dizer, não é e não pode ser o que o papado é. [47]
A segunda causa da nossa crise é o Modernismo, que surgiu na segunda metade do século XIX, atingindo seu primeiro apogeu durante o reinado de Pio X, e então, tendo passado à clandestinidade, ressurgiu com maior força durante o pontificado de Pio XII, após que fluiu para o Concílio Vaticano II e exerceu uma influência inquestionável na formulação dos documentos, bem como na sua implementação. Todo o programa de “modernização” recebeu não só uma dimensão pastoral ou prática, que pode ter sido inocente, mas também teológica, que se tornou ideológica: uma conformação da Igreja aos ideais e valores do mundo liberal produzidos por a era das revoluções, em perfeita contradição com as condenações do Syllabus of Errors de Pio IX. [48] Até João XXIII, os papas foram mais ou menos resolutamente antimodernistas. Depois de João XXIII, a situação torna-se mais ambígua, confusa e anárquica, com os papas parecendo falar dos dois lados da boca: às vezes reafirmam o ensino tradicional, enquanto outras vezes parecem contradizê-lo ou misturá-lo com o estrangeiro idéias, ou simplesmente evitá-lo, condenando-o ao silêncio. [49] Com o Papa Francisco, entretanto, passamos para uma nova fase, onde o modernismo, em um grau ou outro, está misturado a quase tudo que ele diz e faz; nem é difícil provar. Assim, no pontificado de Francisco, as duas correntes se uniram: ele une em uma pessoa o espírito do Vaticano I e o espírito do Vaticano II, uma visão ultramontanista da liderança papal e uma orientação teológica modernista. [50] Verdadeiramente uma combinação monstruosa e a maior provação que a Igreja já enfrentou, embora a maioria dos católicos esteja tão obcecada pela modernidade e tão impressionada com a autoridade papal que tendem a pensar que seria pior para o papa ter uma amante ou praticar simonia. Como gosto de lembrar às pessoas, o Papa Alexandre VI - um Borgia que teve pelo menos sete filhos por meio de duas amantes que também eram mulheres casadas e que generosamente esbanjaram cargos em seus parentes - não resistiu a seus apetites de luxúria e ambição, mas nunca se atreveu a tocar na liturgia da Igreja Católica, em sua doutrina, ou mesmo em seus ensinamentos morais que ele mesmo violou. [51] Ele não suprimiu, por exemplo, textos litúrgicos que falam de pecado, julgamento, morte e a realidade do inferno, [52] ou a necessidade de desprezar os bens terrenos e desejar os celestiais. [53] Ele não declarou que a pena de morte era errada ou que católicos divorciados e recasados civilmente podiam receber os sacramentos sem arrependimento. Esses atos flagrantes contra a natureza, o propósito e os limites do papado foram deixados para Paulo VI e Francisco cometerem.
Tendo aberto essas enormes perspectivas, devo encerrar esta palestra. Qual deve ser a nossa resposta como católicos a uma situação verdadeiramente catastrófica na Igreja? A resposta é tão simples quanto antiga: ora et labora, reze e trabalhe. Foi assim que os monges e monjas beneditinos mantiveram a luz da fé acesa na Idade das Trevas e lançaram as bases para a era gloriosa que se seguiu, a cristandade em seu apogeu. Nós caímos em uma nova Idade das Trevas, mas nossas ferramentas devem ser as mesmas que as deles. Parte de nosso trabalho deve ser o trabalho de estudo: precisamos ler livros - não apenas livros espirituais - que nos ajudarão a compreender, pensar com clareza, agir bem e dar boas explicações aos outros. Nem todo mundo é chamado para ser um estudioso, mas todos podem reservar um tempo diário para dez ou vinte páginas. Quero recomendar quatro livros em particular que se relacionam com o meu tema.
1. Bishop Athanasius Schneider’s Christus Vincit: Christ’s Triumph Over the Darkness of the Age. Quando as pessoas me perguntam: “O que devo ler para entender a crise atual da Igreja, como chegamos aqui e como saímos dela?”, Sempre recomendo este livro, que é escrito com a clareza, a firmeza, a bondade , e a ortodoxia pela qual o Bispo Schneider é famoso.
2. Roberto de Mattei’s Love for the Papacy and Filial Resistance to the Pope in the History of the Church. Precisamos saber sobre os tempos da história em que os papas erraram, doutrinariamente ou prudentemente, e foram legitimamente resistidos pelos membros da Igreja. É reconfortante - tanto no sentido atual da palavra (consolar, tranquilizador) quanto em seu sentido antiquado (fortalecer, galvanizar) - saber que existem precedentes para tal resistência e saber como eram. A Providência Divina cria as pessoas certas no momento certo.
3. Defending the Faith Against Present Heresies, edited by John Lamont and Claudio Pierantoni. A melhor crítica em um volume da teologia do Papa Francisco e do governo da Igreja. Como eu disse antes, o contexto é muito importante para alcançar o entendimento, e este livro fornece um contexto rico e completo para compreender o significado e a função do Traditionis Custodes.
4. Lastly, Are Canonizations Infallible? Revisiting a Disputed Question. Muitos católicos tradicionais ficaram incomodados com a canonização rápida do trio de papas do Concílio Vaticano II, a saber, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II. Esta coleção oferece uma excelente introdução à história da canonização, as mudanças feitas no processo em vários pontos, a natureza e os objetos da infalibilidade papal e, finalmente, razões para questionar a infalibilidade das canonizações - em outras palavras, que algumas canonizações podem estar em erro, e que esta é uma postura que os católicos estão autorizados a tomar.
O que fazemos então? Eu gostaria de fazer eco a uma declaração recente do Dr. Joseph Shaw: “A melhor maneira de responder a Traditionis Custodes é continuar com o trabalho de restauração da Tradição,” de todas as formas disponíveis para nós. Shaw continua falando sobre o treinamento do servidor do altar e como remendar as vestimentas.
Agora e sempre, apegue-se à fé. Ensine a fé. Viva a fé com amor e zelo. Deus cuidará do resto.
[2] For more on the question of context, see my article “Sun, Moon, and Stars: Tradition for the Saints,” OnePeterFive, February 3, 2021.
[3] It is worth pointing out that the word ritus (translated here as “rites”) is not at all self-evident; in fact, it is a term of almost notorious vagueness, that can refer to anything from a particular ceremony (the “rite of communion,” i.e., how communion is distributed, whether under one or two species) to a full liturgy (the “rite of Mass” or the “rite of baptism,” i.e., the entire thing with all its elements) to an entire rite with all its many liturgies (“the Roman rite,” “the Byzantine rite”) to a particular use within that rite (“the Dominican rite,” which would more properly be called “the Dominican use”). Pope Pius XII would not have meant: “I can make up a Pacellian Rite, to stand alongside the Liturgy of St John Chrysostom and the Roman Mass,” but rather something like “the supreme authority of the Church can withdraw the chalice from the non-celebrants.” For that matter, would not a patriarch have an analogous power over his ritual church?
[4] John A. Monaco, “Was the Sacred Liturgy made for the pope, or the pope for the Sacred Liturgy?,” Catholic World Report, July 28, 2021.
[5] All authorities recognize that liturgy is a locus theologicus unto itself. This implies that it is not simply the product of a handful of theologians in a committee rubber-stamped by the Church’s legislative authority.
[6] Fr. John Hunwicke, “Does Traditionis Custodes possess Auctoritas?,” Fr Hunwicke’s Mutual Enrichment, July 17, 2021. William of Ockham famously argued that divine omnipotence should be understood as not “limited” in any way by logically prior commitments of what God owes to His own goodness or to the nature of His creatures according to His wise design. For a full exposition, see my article “William of Ockham and the Metaphysical Roots of Natural Law,” The Aquinas Review (2004): 1–84 (available here).
[7] For a critique of the Pian formulation, see Fr. Christopher Smith, “Liturgical Formation and Catholic Identity,” in Liturgy in the Twenty-First Century: Contemporary Issues and Perspectives, ed. Alcuin Reid (London/New York: Bloomsbury, 2016), 260–86. Fr. Smith quotes Aidan Kavanaugh: “To reverse the maxim, subordinating the standard of worship to the standard of belief, makes a shambles of the dialectic of revelation… The law of belief does not constitute the law of worship. Thus the creeds and the reasoning which produced them are not the forces which produced baptism. Baptism gave rise to the Trinitarian creeds. So too the Eucharist produced, but was not produced by, a scriptural text, the Eucharistic prayer, or all the various scholarly theories concerning the Eucharistic presence. Influenced by, yes. Constituted or produced by, no” (261–62).
[8] And in fact, the potential falsehood in Pius XII’s reformulation ends up being actualized by Paul VI’s deconstruction and reconstruction of the feast of Christ the King: see Michael P. Foley, “A Reflection on the Fate of the Feast of Christ the King,” New Liturgical Movement, October 21, 2020; idem, “The Orations of the Feast of Christ the King,” New Liturgical Movement, October 23, 2020; Peter Kwasniewski, “Should the Feast of Christ the King Be Celebrated in October or November?,” Rorate Caeli, October 22, 2014; “Between Christ the King and ‘We Have No King But Caesar,’” OnePeterFive, October 25, 2020.
[9] If one objects that the pope couldn’t make such changes because he couldn’t teach the doctrines behind them, I would note that my three examples need not be taken as actually asserting heresies: to be against possession of weapons is not to say self-defense is immoral; to remove miracles from the readings is not, in itself, a denial of their truth or of divine inspiration; to suggest certain sinners should be permitted to attend Mass is not necessarily an endorsement of their lifestyle—although all three would imply errors and promote their flourishing. The absurdity of such papal innovations would not be exclusively doctrinal, but simultaneously liturgical, theological, and moral.
[10] Contrary to what some have claimed, this Papal Oath is certainly authentic, although many spurious versions of it circulate on the internet. There are two modern critical editions of the Liber Diurnus, the one published in 1869 by Marie Louis Thomas Eugène de Rozière, and another published in 1889 by Theodor E. von Sickel. According to Sickel, the three versions that survive to-day (the Vatican, Clermont, & Milan MSS; in 1958 Hans Foerster published diplomatic editions of all three) represents its state of development during the reign of Hadrian I (late 8th to early 9th centuries). The papal oath is formula 83, and although Gottfried Buschbell argued in 1896 that it stopped being used after 787, in his 1948 book on the Photian schism Francis Dvornik makes an excellent case for its continued use in the 11th century, when Cardinal Deusdedit wrote a compilation of canon law and included the papal oath therein. It appears that the papal oath ceased to be used sometime after the 11th century; it is tempting to connect its fall into desuetude with the expansive views of papal power held by St Gregory VII and his reformist successors.
[11] Translated by Gerhard Eger and Zachary Thomas, from the Vatican MS text as edited by Hans Foerster (1958, pp. 145–48). For the full Latin text and additional notes, see “‘I Shall Keep Inviolate the Discipline and Ritual of the Church’: The Early Mediæval Papal Oath,” Canticum Salomonis, July 31, 2021.
[12] See Bishop Athanasius Schneider, “On the question of a heretical pope,” Gloria Dei, March 28, 2019.
[13] This and the preceding text are from the thirty-ninth session of Constance, held October 9, 1417, and subsequently ratified by Pope Martin V and Pope Eugene IV, with the implicit or explicit caveat (to quote the words of the latter) “absque tamen præjudicio juris dignitatis et præeminentiæ Sedis Apostolicæ” (see “The Council of Constance”; cf. T. Shahan, s.v. Council of Constance, in The Catholic Encyclopedia [New York: Robert Appleton Company, 1908]). Although the text of this oath was copied from a forged oath attributed to Boniface VIII, it nevertheless expresses a properly Catholic attitude toward the papacy, at a time when many were scandalized by an office that was failing, in practice, to secure unity of faith and governance. See Phillip H. Stump, The Reforms of the Council of Constance (1414–1418) (Leiden: Brill, 1994), 115 (citation: https://bit.ly/3C06Ug3). My citing of approved passages of Constance should not be taken in any way as an esoteric hint that I embrace conciliarism, which I reject as much as I reject hyperpapalism. In a healthy ecosystem every organism depends on every other one doing its own thing in its proper place. When one species takes over, or an foreign species is introduced, the whole ecosystem suffers harm.
[14] Summa de ecclesia, lib. IV, pars Ia, cap. xi, § Secundo sic (fol. 196v of the 1489 Roman edition, p. 552 of the 1560 Salamanca edition, and p. 369v of the 1561 Venice edition). For the full text in Latin and in English, see “‘Beyond Summorum Pontificum: The Work of Retrieving the Tridentine Heritage’: Full Text of Dr. Kwasniewski’s Roman Forum Lecture,” Rorate Caeli, July 14, 2021, note 13.
[15] Cajetan, De Comparatione Auctoritatis Papae et Concilii. For a remarkable example of opposition to a papal command, see the account of what was done by Robert Grosseteste, recounted in Paul Casey, “Can a Catholic Ever Disobey a Pope?,” OnePeterFive, July 17, 2020.
[16] Suárez, De Fide, disp. X, sect. VI, n. 16; De Fide, disp. X, sec VI, no. 16. Compare a statement by the SSPX on July 19, 2021: “The traditional Mass belongs to the most intimate part of the common good in the Church. Restricting it, pushing it into ghettos, and ultimately planning its demise, can have no legitimacy. This law is not a law of the Church, because, as St. Thomas says, a law against the common good is no valid law” (“From Summorum Pontificum to Traditionis Custodes, or From the Reserve to the Zoo”).
[17] De Caritate, disp. XII, sect. 1: “si nollet tenere cum toto Ecclesiae corpore unionem et conjunctionem quam debet, ut si tentaret totam Ecclesiam excommunicare, aut si vellet omnes ecclesiasticas caeremonias apostolica traditione firmatas evertere.” It is important to note here that, when it comes to the oldest elements of liturgical rites, we very often don’t have any way to know (and may never have the ability to know) which of these are of merely human institution and which are not, which makes it all the more crucial not to eliminate them.
[18] Prieras, Dialogus de Potestate Papae, cited by Francisco de Vitoria, Obras, pp. 486–87. For a good discussion of this point of Catholic doctrine, see José Antonio Ureta, “The Faithful Are Fully Entitled to Defend Themselves Against Liturgical Aggression—Even When It Comes From the Pope,” The American Society for the Defense of Tradition, Family and Property, July 25, 2021. See also the superb Appendix II, “The Right to Resist an Abuse of Power,” in Michael Davies, Apologia pro Marcel Lefebvre (Kansas City: Angelus Press, 1979, repr. 2020), 379–419.
[19] Bellarmine, De Romano Pontifice, Bk 2, Ch. 29, seventh reply. “Judge” here means “bring to judgment” or issue a formal judicial sentence; it obviously does not exclude making a judgment of his words or acts.
[20] Nor can this be excluded as Protestant “private judgement.” Private judgement is, rather, the claim to be the final arbiter about what is contained in the word of God. A pope does not lay claim to be such a final arbiter unless he makes an ex cathedra declaration and anathematizes those who refuse to embrace it as part of the deposit of faith, or unless there is a teaching on a matter of faith and morals that is part of the universal ordinary Magisterium. Here, with papal disciplinary decisions and policies, we are in the realm of practical and prudential matters that can be evaluated by all who are involved, and where the pope’s own mind and will enjoy no guarantee of inerrancy or even of probity.
[21] See my article “It’s Time to Imitate Our Forefathers: Never Give Up!,” OnePeterFive, July 28, 2021.
[22] Homily for the Mass of Installation as the Bishop of Rome (May 7, 2005).
[23] Cardinal Joseph Ratzinger, “Ten Years of the Motu Proprio Ecclesia Dei,” a lecture given at the Ergife Palace Hotel, Rome, October 24, 1998.
[24] Joseph Ratzinger, Salt of the Earth (San Francisco: Ignatius Press, 1996), 176–77.
[25] Someone may object that Newman spoke these words as an Anglican. However, the truth they express is not specifically tied to Anglicanism but is part of that common Catholic inheritance that Newman first recognized and then later consistenly followed back to its root and home in the Catholic Church, whose traditional liturgy he so eloquently praised. See my articles “St. John Henry Newman, the Traditionalist,” part 1 and part 2, published at New Liturgical Movement on October 14 and 21, 2019.
[26] Wolfram Schrems, “The Council’s Constitution on the Liturgy: Reform or Revolution?,” Lecture given in Vienna on April 2, 2017, published at Rorate Caeli on May 3, 2018.
[27] Alcuin Reid, The Organic Development of the Liturgy, second ed. (San Francisco: Ignatius Press, 2005), Preface, 11.
[28] The original quotation is from an article in the German publication Theologisches 20.2 (February 1990): 103–4, referring to Ratzinger’s contribution to the book Simandron—Der Wachklopfer. Gedenkschrift für Klaus Gamber (1919–1989) (see http://www.theologisches.net/files/20_Nr.2.pdf). It has been quoted many times in many languages and forms: for a full history, see Sharon Kabel, “Catholic fact check: Cardinal Joseph Ratzinger and the fabricated liturgy,” June 19, 2021.
[29] As Traditionis Custodes makes manifest, Pope Francis does not have the same vision of the papacy, the same patience, or the same trust in the capacity of the “holy people of God” to be drawn toward that which is sacred and great, that which is traditional. For a more critical take on Summorum Pontificum, see my lecture “Beyond Summorum Pontificum: The Work of Retrieving the Tridentine Heritage,” Rorate Caeli, July 14, 2021.
[30] The quotation from Cardinal Burke, below, will make the point most explicitly: a liturgical act is a profession of faith and an exercise of the virtue of religion, so liturgical legislation cannot be divorced from the Church’s dogmatic teaching or her customary (and anthropologically grounded) exercise of justice toward God.
[31] A more fundamental problem, as Tracey Rowland has pointed out, is that neither then nor now has the Church developed an adequate theological language to talk about “culture.” There is law (we can talk about liturgy as a “discipline”) and sacramentology (we can talk about its validity, etc.), but for some reason we haven’t cognized what all the canonists and theologians of earlier ages took for granted, which is the sanctity of inherited custom as constitutive of the Catholic way of life.
[32] Sebastian Morello, “Reflections on Pope Francis’s Motu Proprio ‘Traditionis Custodes,’” The European Conservative, July 21, 2021.
[33] For the sake of strict accuracy we would have to distinguish between the act of creating and imposing on nearly everyone a different rite than the patrimonial one (which would be an act of violence and bad enough) and the act of abolishing or abrogating an immemorial liturgical rite (which is very much worse). Paul VI did the former but not the latter, whatever his practical intentions may have been; St. Pius V, St. John Henry Newman, and Joseph Ratzinger all suggest that it wouldn’t be easy to abrogate an immemorial liturgical tradition and that the Church has never actually done so—not even Traditionis Custodes directly attempts to do this. May we draw the conclusion that it is impossible in principle? I think we may.
[34] These questions were inspired by John A. Monaco’s “Some Questions on Traditionis Custodes,” OnePeterFive, July 20, 2021.
[35] See St. Thomas, Summa theologiae I-II, q. 96, a. 4: “The like [unjust laws] are acts of violence rather than laws; because, as Augustine says (De Lib. Arb. i, 5), ‘a law that is not just, seems to be no law at all.’ Wherefore such laws do not bind in conscience…”
[36] As Fr. Zuhlsdorf recently reminded us, Karl Rahner (Studies in Modern Theology [Herder, 1965], 394–95) discussed exactly this scenario: “Imagine that the Pope, as supreme pastor of the Church, issued a decree today requiring all the uniate churches of the Near East to give up their Oriental liturgy and adopt the Latin rite….The Pope would not exceed the competence of his jurisdictional primacy by such a decree, but the decree would be legally valid. But we can also pose an entirely different question. Would it be morally licit for the Pope to issue such a decree? Any reasonable man and any true Christian would have to answer “no.” Any confessor of the Pope would have to tell him that in the concrete situation of the Church today such a decree, despite its legal validity, would be subjectively and objectively an extremely grave moral offense against charity, against the unity of the Church rightly understood (which does not demand uniformity), against possible reunion of the Orthodox with the Roman Catholic Church, etc., a mortal sin from which the Pope could be absolved only if he revoked the decree.
“From this example one can readily gather the heart of the matter. It can, of course, be worked out more fundamentally and abstractly in a theological demonstration:
“1. The exercise of papal jurisdictional primacy remains even when it is legal, subject to moral norms, which are not necessarily satisfied merely because a given act of jurisdiction is legal. Even an act of jurisdiction which legally binds its subjects can offend against moral principles.
“2. To point out and protest against the possible infringement against moral norms of an act which must respect these norms is not to deny or question the legal competence of the man possessing the jurisdiction.”
[37] See “‘They Will Throw You out of the Synagogues’ (Jn 16:2): The Hermeneutic of Cain’s Envy against Abel,” Rorate Caeli, July 23, 2021.
[38] See the “Statement on the Motu Proprio Traditionis Custodes.” In a similar vein Martin Mosebach writes: “Pope Benedict did not ‘allow’ the ‘old Mass,’ and he granted no privilege to celebrate it. In a word, he did not take a disciplinary measure that a successor can retract. What was new and surprising about Summorum Pontificum was that it declares that the celebration of the old Mass does not need any permission. It had never been forbidden because it never could be forbidden. One could conclude that here we find a fixed, insuperable limit to the authority of a pope. Tradition stands above the pope. The old Mass, rooted deep in the first Christian millennium, is as a matter of principle beyond the pope’s authority to prohibit. Many provisions of Pope Benedict’s motu proprio can be set aside or modified, but this magisterial decision cannot be so easily done away with. Pope Francis does not attempt to do so—he ignores it. It still stands after July 16, 2021, recognizing the authority of tradition that every priest has the moral right to celebrate the never forbidden old rite” (“Mass and Memory,” First Things, July 30, 2021).
[39] “[A]t the [first] Vatican Council the idea that the Pope could govern the Church arbitrarily was dismissed as an absurdity by the majority of Fathers. Fr Cuthbert Butler, the historian of Vatican I, relates that when Bishop Verot of Savanna (USA) proposed a canon to this effect: ‘If anyone says that the authority of the Pope in the Church is so full that he may dispose of everything by his mere whim, let him be anathema,’ the response was that the Council Fathers had not assembled in Rome ‘to hear buffooneries’” (Geoffrey Hull, The Banished Heart: Origins of Heteropraxis in the Catholic Church [London: T&T Clark, 2010], 148).
[40] For a full exposition of why it is not and cannot be a Catholic view but is, in fact, anti-Catholic, see Fr. Chad Ripperger, The Binding Force of Tradition (n.p.: Sensus Traditionis Press, 2013) and Topics on Tradition (n.p.: Sensus Traditionis Press, 2013); Roberto de Mattei, Apologia for Tradition. A defense of Tradition grounded in the historical context of the Faith (Kansas City, MO: Angelus Press, 2019).
[41] “Traditionis Custodes,” Fr Hunwicke’s Mutual Enrichment, July 16, 2021.
[42] See my interview at The Remnant published on July 21 and my interview with Cameron O’Hearn.
[43] “Given its foundational falsehoods, does Traditionis Custodes lack juridical standing?,” LifeSite News, July 20, 2021.
[44] See John Lamont, “Tyranny and sexual abuse in the Catholic Church: A Jesuit tragedy,” Rorate Caeli, October 27, 2018.
[45] See Bronwen McShea, “Bishops Unbound,” First Things, January 2019.
[46] Contrary to the interpretation of Vatican I that Pius IX himself confirmed to a number of concerned parties.
[47] For more, see “My Journey from Ultramontanism to Catholicism,” Catholic Family News, February 4, 2021.
[48] We are all familiar with Joseph Ratzinger’s comment that Gaudium et Spes represents a “counter-syllabus,” as well as his claim, in the famous Christmas 2005 speech on the hermeneutic of reform-in-continuity, that the Church must sometimes repudiate certain teachings in order to remain faithful to others that are more fundamental.
[49] See my lecture “Modernism: History, Method, Mentality,” available at www.ApostasyConference.com/Lifetime.
[50] I say a “theological orientation” because it is difficult to think of Francis as a theologian; he is rather a product of the great modernists who came much earlier, and inconsistently parrots their views. He also may seem to lack a Pio Nono conception of the papacy, since he refuses to wear pontifical vestments, goes on about synodality, and in general presents himself as a manager rather than a ruler (so that Traditionis Custodes stands out starkly for its sweeping use of papal prerogatives); and yet he is treated like an absolute monarch by the people for whom this is useful, and he knows it. It is, in the end, his view of things that synodality is supposed to endorse, which makes him still the “be all and end all.” It’s a more confusing version of ultramontanism than the straight-up one seen in earlier pontificates, but it would be unimaginable without it, and its capacity for damage is proportionate to the continuing hold of this false view of papal authority. Something similar was true about Paul VI as well: he wouldn’t discipline dissidents against Humanae Vitae and wouldn’t say the magic words even to attempt to abrogate the Old Mass, but he was treated as an absolute monarch by ultramontanists around him and the liturgy was the one area in which he wielded his power atypically.
[51] It seems Alexander VI had more mistresses and children than the ones mentioned here, but historians cannot pinpoint all the details.
[52] See the work of Pristas, Cekada, Bianchi, and Fiedrowicz, inter alia.
[53] See Daniel van Slyke, “Despicere mundum et terrena: A Spiritual and Liturgical Motif in the Missale Romanum,” Usus Antiquior: A Journal Dedicated to the Sacred Liturgy, 1.1 (2010): 59–81, https://doi.org/10.1179/175789409X12519068630063.