O julgamento sobre fraudes financeiras no Vaticano se torna ainda mais caótico.
Vou tentar explicar a nova notícia do caos, à medida que entendi.
O monsenhor Perlasca estava envolvido como participante das fraudes financeiras do Vaticano, especialmente na compra de um imóvel de luxo Londres. Ele era para ser réu, junto com seu chefe na época das fraudes, o cardealBecciu. Mas Perlasca resolveu falar tudo que sabe e se tornou testemunha de acusação. A principal testemunha de acusação.
Perlasca depôs, então, acusando fortemente o cardeal Becciu.
Mas daí durante o depoimento foi perguntado a ele quem o ajudou a escrever seu depoimento. Perlasca disse que não lembrava. 🙈
E então veio uma bomba, o promotor mostrou mensagens de texto que sugeriram que Perlasca escreveu o depoimento implicando Becciu depois de receber ameaças e conselhos de uma mulher que queria se vingar de Becciu, chamada Francesca Chaouqui.
A especialista em relações públicas Francesca Chaouqui serviu anteriormente em uma comissão papal encarregada de investigar as vastas e obscuras finanças do Vaticano. Ela é conhecida nos círculos vaticanos por seu papel no escândalo “Vatileaks” de 2015-2016, quando foi condenada por conspirar para vazar documentos confidenciais do Vaticano para jornalistas e recebeu uma pena suspensa de 10 meses. Ela escreveu um livro sobre assunto e se diz inocente e perseguida por Becciu
Chaouqui nutria rancor contra Becciu, a quem ela culpava por supostamente apoiar sua acusação. Ela aparentemente viu a investigação sobre o empreendimento imobiliário de Londres como uma chance de acertar as contas e implicar Becciu em supostas irregularidades que ela havia descoberto durante seus dias de comissão.
Ao que parece, Chaouqui fez Perlasca acreditar que ela estava trabalhando junto com os promotores, a polícia e o papa. Os promotores negam.
Na mensagem a Perlasca, Chaouqui diz:"Eu sei tudo sobre você… e guardo tudo em meus arquivos. Perdoo, Perlasca, mas lembre-se, você me deve um favor. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde chegaria o momento e enviaria esta mensagem a você. Porque o Senhor não permite que os bons sejam humilhados sem reparação. Perdoo você, Perlasca, mas lembre-se, você me deve um favor."
Chaouqui não disse o que queria. Mas outras mensagens reveladas no tribunal indicam que ela persuadiu um amigo e confidente da família Perlasca, Genoveffa Ciferri, de que poderia ajudar Perlasca a evitar o processo se ele seguisse o conselho de Chaouqui.
De acordo com os textos de Ciferri, o esquema elaborado supostamente se desenrolou da seguinte forma:
Ciferri acreditou em Chaouqui quando ela se gabou de estar trabalhando de mãos dadas com promotores do Vaticano, gendarmes e o papa na investigação criminal. Ciferri queria ajudar Perlasca e, assim, deu-lhe o conselho de Chaouqui anonimamente.
Ciferri depois confessou tudo ao promotor Alessandro Diddi em um texto de 26 de novembro no qual ela disse que havia tramado com Chaouqui na esperança de poupar Perlasca de se tornar um réu criminal. Ciferri encaminhou a Diddi 126 mensagens de texto que ela trocou com Chaouqui e disse que Chaouqui ajudou a redigir o depoimento de agosto de 2020 no qual Perlasca denunciou o cardeal Becciu.
As implicações da alegada interferência de Chaouqui eram claras para os presentes no tribunal: Perlasca, uma importante testemunha de acusação, pode ter sido persuadido a fornecer possivelmente um falso testemunho sobre Becciu e outros por alguém por uma pessoa querendo se vingar de Becciu. Além disso, Chaouqui se gabou de trabalhar em estreita colaboração com os investigadores do caso.
Resta saber, na minha opinião, se Becciu e os promotores desejam levar Chaouqui ao tribunal. Ao que parece, ela pode jogar muito mais caos no ventilador já que não tem muito a perder. Quantos ela pode levar ao tribunal se ela depor?
Não sei se entenderam o caos. Nem eu. É uma caixa de Pandora que libera falsidades e roubos financeiros em cada depoimento.
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