sábado, 24 de maio de 2025

"Teologia Feminista" em Seminário de Aracaju. Que Troço é Esse, Santo Agostinho?



Um dos defeitos deste blog é se concentrar muito na hierarquia católica de Roma, enquanto não observa o que ocorre nos seminários de países que moro ou morei.

Justifico essa falha geralmente dizendo que denunciar seminários é uma tarefa muito complicada para um leigo, que não convive diariamente nos seminários, tem outros afazeres,  e não pode comprovar muito o que diz. O leigo pode sofrer consequências jurídicas. Sei que também é complicado para o clero, pois arrisca ser afastado da vocação que tanto almeja.  

Desde meus 18 anos que ouço ex-seminaristas falarem de gravissimos problemas em seminários.

Vou falar hoje de um que vi na internet que, se não é dos mais graves, reflete um grave problema: desprezo à Bíblia e aos doutores da Igreja.


"De 27 a 30 de maio acontecerá a XX Semana de Teologia do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição. A partir do tema "A virtude da Esperança: tópicos de teologia do Ano Jubilar 2025 ", dialogaremos sobre a importância da esperança cristã para a Igreja e para o mundo, por meio da pesquisa teológica. Desejamos que toda a comunidade eclesial e acadêmica sinta-se convidada a participar desse momento de formação e comunhão! " 

Vai participar do seminário o arcebispo de Aracaju, Dom Josafá. O tema é "esperança", que é uma virtude teologal. O seminário contará com palestras de leigos, que discutirão, por exemplo, a esperança em Santo Agostinho.

Mas entre as palestras apareceu um debate sobre "teologia feminista". 

Que troço é isso? O que isso tem a ver com a virtude teologal da esperança?

Cada palavra teológica ou bíblica é estudada e definida a exaustão tanto por Agostinho como por Tomás de Aquino. 

Por exemplo, eu estudo paz e guerra. E um dos critérios de guerra justa modernos é "chance de sucesso" ou "provável vitória", que inclusive faz parte do Catecismo da Igreja atualmente. Mas esse critério nunca foi determinado por Agostinho (considerado o pai da guerra justa), nem por Aquino. Eles nunca o aceitariam, pelo simples fato, na minha opinião, que a definição de "sucesso" é impossível na relação do mundo mundano com o Paraíso e eles nunca aceitariam definir algo com base em probabilidade. Os fundamentos deles eram o pecado humano e as virtudes teologais e cardeais.

Assim, certamente, eles desprezariam com todas as forças uma "teologia feminista", pois seria a redução da teologia em nome de uma ideologia que é nefasta para a Igreja e para as famílias. 

Não conheço a palestrante (Professora Cinthia Almeida), mas a não ser que ela condene esse troço, a palestra deveria ser abandonada pelos seminaristas.

Uma rápida pesquisa na internet me diz que a professora é advogada da área do trabalho e faz doutorado em filosofia com pesquisa sobre "conhecimento e linguagem". Bom, em termos de filosofia, o estudo  de conhecimento e linguagem é muito complexo, remonta  Wittgenstein, Frege e Bertrand Russell, mas a descrição dela me fez pensar que não é na linha lógica/matemática de Wittgenstein que ela trabalha e sim em pesqusa filológica (estudo da linguagem em textos, algo bem mais subjetivo).

Em todo caso, a descrição que li diz que ela não tem formação em teologia ou em filosofia ética para ensinar para seminaristas. 

Por que se faz isso com seminaristas em seminários sobre uma virtude teologal tão difícil como a esperança? Há tanta coisa a ser debatida sobre o assunto. "Teologia feminista" não serve para curso nenhum, muito menos em seminários para formação de padres.

Além de "teologia feminista", haverá uma palestra sobre o filósofo sul-coreano/alemão Byung-Chul Han, que costuma se concentrar em coisas modernas, como criticas ao "neoliberalismo" e às tecnologias, cultura pop, algo bem estranho à virtude teologal da esperança. Mas talvez o padre que falará o assunto conseguirá juntar Byung-Chul Han com Agostinho ou Aquino. Será bem difícil. Ele, para mim, é mais indicado ara um debate sobre a Rerum Novarum e inteligência artificial, coisas assim.  Eu, por curiosidade, ficaria tentado a assistir essa palestra, mas desconfio que em 5 minutos eu completamente acharia fora de lugar o debate sobre ele. 

O seminário parece que tenta se justificar no ano jubileu e no tema "esperança" determinado pelo papa Francisco. Temos o texto do Vatican News sobre o assunto, que foi divulgado em abril, cujo foco era Tomás de Aquino, que faz 800 anos de nascimento em 2025. A coisa é bem mais séria do que "teologia feminista", como podem ver no texto clicando aqui.

Rezemos pelos seminaristas, Os seminários são realmente muito difíceis para os verdadeiros vocacionados.

  

Um comentário:

Adilson disse...

Ola Dr. Pedro.
Acho que a tendência é piorar, Dr. Pedro.
Uma mentalidade já foi criada e já é praticamente dominante. Acho mesmo que só se vence isso por orações: o velho, bom e santo Rosário. É demasiado demais pra pessoas como nós: temos nossas vidas e problemas para resolver. O que podemos fazer é apoiar pessoas sérias, grupos, sociedades religiosas tradicionais, conversando com colegas dispostos a ouvir.

Acabaram praticamente com tudo: até os símbolos da Igreja foram adulterados, como se pode ver lá na noticia que você indicou. Realmente, o CV II foi um duro golpe certeiro. Nem sequer sabemos "quem" o deu. Digo "quem" porque quando se investiga só um pouquinho as origens desse mal, não sei quem eram eram aquelas pessoas que compunham o Clero: eram realmente pastores dominado por todos os vícios repugnantes que vemos hoje espalhados pelo mundo? Ou eram "sei lá o quê" (tipo burocratas, meros intelectuais, protestantes, judeus acolhidos, etc.)?
Como ensinou Nosso Senhor: "primeiro se amarra o dono da casa..."
O mal se expandiu tanto, que até pessoas que se apresentam pra combater, como o Bernardo Kursten, caem na ilusão de que é capaz. Mas sem sequer conhecer a si mesmo (só busca saber de algo pra ter, e não pra SER) quando vê o tamanho se dobra, e entra em confusão: temendo desagradar a GRANDE MASSA já corrompida pela ignorância fica enxugando gelo para não lhes dizer a verdade, e acabar perdendo uma grande clientela, como aquele mágico que tentou subornar São Pedro. E por outro lado, sabendo que desconhece a Tradição da Igreja e percebendo que há incontáveis pessoas mais preparado e mais culto nos Ensino da Igreja, opta por ficar quietinho.

Resultado: o cara cai na crença de que os tradicionalistas e conservadores são radicais e não passam de um bando de malucos apegados a um passado que não existe mais. Ele faz igual o padre amigo dele, que ao dar um curso sobre a Missa, escondeu propositalmente, e ainda o faz, que a Missa Tridentina foi sim IMPEDIDA de ser praticada; e quando não o foi declaradamente, fizeram como os agentes soviéticos: praticaram espiral do silêncio: fizeram de tudo para que a expressão não caísse na boca do povo.

É isso.