Eu escrevi um livro sobre guerra justa (Teoria e Tradição da Guerra Justa) que descreve como o cristianismo entende a guerra desde os ensinamentos bíblicos até a guerra contra o Estado Islâmico.
Digo que, se após a Revolução Francesa era muito difícil exaltar a reação dos líderes da Igreja em guerras movidas por ideologias heréticas, após a Primeira Guerra Mundial isso ficou virtualmente impossível. Desde Bento XV, papa durante a Primeira Guerra, temos cada vez mais a liderança de covardes, impulsionados pela estúpida declaração tomada do condecorado herói de guerra , John Kennedy, "guerra nunca mais, nunca mais guerra", que sai da boca dos papas desde Paulo VI.
Os líderes da Igreja não lideram e condenam as ideologias que matam os cristãos, nem mesmo se matam padres durante liturgias.
Matança generalizada há décadas de cristãos pelo Islã. Não se houve uma palavra contra o Islã, mesmo que essa religião tenha sido condenada nos mais severos termos pelos santos e doutores da Igreja desde o seu surgimento.
Outro dia, o cardeal Parolin teve a coragem de dizer que a matança de cristãos na Nigéria não era culpa do Islã, era uma simples luta entre pastores por terras.
Matança e perseguição de cristãos em regimes comunistas. Não se ouve uma palavra contra esses regimes do Vaticano.
É sobre esse regime de covardes que escreveu ontem o teólogo Robert Royal. Traduzo abaixo:
Sobre Pastores Muçulmanos, Mártires Católicos e o Declínio Institucional
Robert Royal
27 de outubro de 2025
É comum hoje lamentar a perda generalizada de fé nas instituições: governos, escolas, faculdades e universidades, tribunais, autoridades médicas, religiões e (não menos importante) a Igreja Católica. Existem muitas razões, boas e ruins, para essa perda de fé. Na maioria dos casos, é simplesmente a reação ao fracasso de nossas instituições em cumprir seus propósitos. Às vezes, ocorrem falhas tão bizarras que somos tentados a desistir dessas instituições.
A Igreja Católica perdeu muita confiança, é claro, devido à crise dos abusos sexuais. Por mais que a Igreja tenha sido injustamente criticada, enquanto outras instituições – como as escolas públicas – têm históricos comparáveis e até piores, com pouco dano à sua reputação, a humilhação serviu como um alerta. Ou teria servido, se toda a Igreja tivesse adotado medidas eficazes para esse problema tão real. No entanto, inexplicavelmente, temos padres famosos como Marko Rupnik S.J., acusados de abusos e blasfêmias estarrecedores, e ainda assim ativos no ministério. Assim como outros.
E, em um nível menos escandaloso, considere a recente controvérsia sobre as declarações do Cardeal Parolin a respeito da perseguição aos cristãos na Nigéria. Uma porta-voz da Ajuda à Igreja que Sofre, que publicou um relatório na semana passada sobre a perseguição aos católicos em todo o mundo, defendeu a afirmação do Cardeal de que os católicos nigerianos eram frequentemente vítimas de conflitos sociais – e não religiosos. Ela caracterizou isso como uma observação espontânea, apenas para reconhecer a complexidade da situação.
Talvez sim, mas é precisamente o que uma pessoa em uma posição de alta responsabilidade – Parolin é o Secretário de Estado do Vaticano – diz quase aleatoriamente que é revelador. (Um "ato falho" se você acredita nisso.) Parte do que nos dá confiança, ou não, no julgamento de uma pessoa é a capacidade de dimensionar corretamente as coisas em situações que são sempre complexas.
Parolin estava correto ao afirmar que existem outras causas além do antagonismo religioso para o assassinato de cristãos na Nigéria. Em particular, a disputa por terras entre pastores muçulmanos Fulani e agricultores cristãos. Mas isso é apenas uma pequena parte do problema. (A alegação ocasional do Vaticano de que as "mudanças climáticas" explicam as ações de grupos violentos também se enquadra nessa categoria.) E é verdade que até mesmo alguns muçulmanos "moderados" são atacados por islamistas radicais na Nigéria.
Mas chamar a atenção para essa questão secundária, quando cerca de 8.000 cristãos foram mortos, a maioria por islamistas radicais, precisamente por causa de sua fé, somente desde o início de 2025, sugere uma vontade quase deliberada de não abordar o verdadeiro problema.
A perseguição e o martírio de cristãos nigerianos são tão graves que o jornal Washington Post, decididamente secular e progressista, me convidou recentemente para escrever um artigo de opinião (aqui). Não deixe de ler os comentários se precisar de mais provas de como muitos americanos, ultimamente, enlouqueceram completamente.
Eu mesmo escrevi sobre os conflitos entre pastores e agricultores e os ataques a muçulmanos moderados em meu livro Os Mártires do Novo Milênio, mas, mais importante ainda:
De acordo com a Open Doors, 4.998 cristãos morreram na Nigéria em 2023; “houve mais pessoas mortas por causa de sua fé cristã do que em todos os outros lugares do mundo juntos”. De 2019 a 2023, 33.000 cristãos de várias denominações e vários milhares de muçulmanos moderados foram mortos por extremistas islâmicos pertencentes ao Boko Haram, militantes Fulani (anteriormente, em sua maioria, "pastores" muçulmanos envolvidos em disputas de terras com cristãos) e o Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP), entre outros. Durante um período ainda mais longo (2009-2021), a Sociedade Internacional para as Liberdades Civis e o Estado de Direito (Intersociety) – um grupo de monitoramento nigeriano – documentou 43.000 cristãos mortos, 18.500 cristãos "desaparecidos", 17.500 igrejas atacadas, 2.000 escolas primárias cristãs destruídas e muito mais.
Esses pastores de gado têm maneiras incomuns de conseguir terras para pastagem.
O relatório de 2025 da Ajuda à Igreja que Sofre (Aid to the Church in Need) evita abordar diretamente tudo isso, mas, em última análise, chega ao ponto crucial: “De acordo com líderes tradicionais e organizações internacionais, os incidentes no Cinturão Médio não são ataques aleatórios, mas sim parte de uma campanha de limpeza étnica e religiosa.” (Ênfase adicionada.)
Por que toda essa hesitação em reconhecer a pior perseguição de cristãos no mundo? A resposta parece ser o medo de ter que reconhecer que o Islã, desde a sua fundação, tem sido um movimento militante que se espalhou por terras cristãs por meio da conquista. E tenta fazer isso mesmo hoje. Muçulmanos individualmente podem acreditar em coexistência pacífica ou pelo menos em esperar o momento certo, como seu fundador às vezes fazia. Mas, das três “religiões do Livro”, somente o Islã abriga muitos adeptos que acreditam que evangelizar pela espada é algo admirável.
A Igreja na Europa – incluindo, infelizmente, o Papa Leão – finge que as massas de muçulmanos que buscam “asilo” em países historicamente cristãos não representam nenhum problema, a não ser a nossa falha em acolhê-los, valorizá-los e integrá-los. Essa visão completamente irrealista está sendo diariamente refutada pela acentuada ascensão de movimentos “populistas” em todos os principais países europeus.
Os próprios governos europeus têm medo de reconhecer a ameaça – e a crescente reação. Eles simplesmente não sabem o que fazer em relação à situação perigosa que criaram; estão relutantes em confrontar seus próprios fracassos no que permitiram (muitas vezes incentivados por motivos “cristãos e humanitários”); e estão pessoalmente com medo, já que há agressões físicas contra pessoas que se manifestam.
Parolin não é papa hoje por vários motivos. Seus comentários sobre pastores de gado desviaram a atenção dos massacres diários de cristãos nigerianos e se somam ao seu desastroso acordo, ainda "secreto", com o governo comunista chinês.
O abandono virtual dos católicos chineses leais a Roma é um verdadeiro escândalo. O motivo pelo qual Parolin e Francisco decidiram firmar o tipo de acordo que João Paulo II, Bento XVI e os papas anteriores a eles se recusaram categoricamente a assinar será um dos grandes enigmas a serem desvendados pelos estudiosos quando a história da perda de influência da Igreja em nossos tempos for escrita.
Além da nossa turbulência espiritual, moral e litúrgica, porém, já podemos perceber que talvez isso também tenha algo a ver com o forte apoio da Igreja a imigrantes ilegais, grupos LGBT e até mesmo políticos pró-aborto – e a relativa fraqueza na defesa do povo fiel de Deus.
Um comentário:
Tudo isso é terrivelmente angustiante.
A postagem de hoje me fez lembrar de quando esse blog noticiou sobre os ataques do Estado islâmico e a tenebrosa perseguição aos cristãos.
Acho que foi em 2016, quando aqui se noticiou que a câmara dos Comuns fez um relatório sobre a intervenção militar desastrosa do Reino Unido (junto com a França) na Líbia em 2011 culpando o primeiro-ministro David Cameron. Parece que Sarkosi tá preso, não sei porquê. Não acompanho. Cameron tambem deveria.
Lembro que blog também falou que padres do Oriente choravam com o mal que os muçulmanos faziam. Acho que foi um vídeo do 60 minutes.
Também lembro da destruição da antiga igreja de São Jorge. Terrível.
E do padre francês morto na França e a maior vergonha da Igreja, Francisco, dizendo que os porcos de Alá matavam por causa do capitalismo. Nojento e vil. Coisa diabólica.
Todos esses males aconteceram com o silêncio papado e todo o alto clero do Vaticano. Terrível.
A postagem de hoje me angústias.
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