quarta-feira, 2 de junho de 2010

BRIC

Ontem, tive a chance de me reunir com três colegas de três países diferentes: Canadá, Cingapura e China. Eles me disseram sobre seus planos profissionais como professores e analistas das relações internacionais. Percebi que eles estão mais ou menos trabalhando sobre o mesmo tema: "nova ordem internacional", "ascendência dos países em desenvolvimento", "novos atores no cenário internacional" ou "a atuação dos BRICs".

BRIC é uma sigla internacional para Brasil, Rússia, Índia e China. Foi criada pelo analista Jim O'Neill do "Goldman Sachs" em 2001. A idéia é que esses populosos e territorialmente grandes países estão tendo mais poder no cenário internacional. O mundo da pesquisa acadêmica entrou nisso de cabeça e hoje há milhares, senão milhões, de textos sobre o assunto. E esses países também entraram na onda e hoje fazem reunião conjunta, apesar de não se conhecer nenhuma decisão do grupo ainda.

Disse aos meus colegas, que não vi muita semelhança entre os países, além do fato de serem grandes e populosos. Um dos meus colegas argumentou que a China tem grande relação comercial com o Brasil. E eu perguntei: com quem a China não tem grande relação comercial? Quais são as proximidades entre Brasil e Rússia? E com a Índia?

Outra coisa ainda me aflige nesse debate: a China tem grande preocupações com suas fronteiras, tem problemas com a Coréia do Norte, com Taiwan, com o Tibete e com a própria Índia. A Índia também se preocupa com seus vizinhos. Tem sérios problemas com o Paquistão, Bangladesh, Afeganistão e Sri Lanka. A Rússia não fica atrás, tem fontes de conflito com o Afeganistão, Geórgia e Ucrânia. E o Brasil não tem que se preocupar com seus vizinhos? Está tudo resolvido, como se o Brasil fosse os Estados Unidos e os países vizinhos fossem o Canadá?

Por último e para mim a questão central é: que valores esses “novos atores” trazem para o cenário internacional? Não conheço nenhum texto discutindo isso, mas sei que deve haver alguns entre os milhares sobre o assunto. Infelizmente, os artigos dos meus colegas nada falavam sobre isso.

Nenhum comentário: