terça-feira, 28 de outubro de 2025

A Hierarquia dos Covardes no Vaticano


Eu escrevi um livro sobre guerra justa (Teoria e Tradição da Guerra Justa) que descreve como o cristianismo entende a guerra desde os ensinamentos bíblicos até a guerra contra o Estado Islâmico. 

Digo que, se após a Revolução Francesa era muito difícil exaltar a reação dos líderes da Igreja em guerras movidas por ideologias heréticas, após a Primeira Guerra Mundial isso ficou virtualmente impossível. Desde Bento XV, papa durante a Primeira Guerra, temos cada vez mais a liderança de covardes, impulsionados pela estúpida declaração tomada do condecorado herói de guerra , John Kennedy, "guerra nunca mais, nunca mais guerra", que sai da boca dos papas desde Paulo VI.

Os líderes da Igreja não lideram e condenam as ideologias que matam os cristãos, nem mesmo se matam padres durante liturgias.

Matança generalizada há décadas de cristãos pelo Islã. Não se houve uma palavra contra o Islã, mesmo que essa religião tenha sido condenada nos mais severos termos pelos santos e doutores da Igreja desde o seu surgimento.

Outro dia, o cardeal Parolin teve a coragem de dizer que a matança de cristãos na Nigéria não era culpa do Islã, era uma simples luta entre pastores por terras.

Matança e perseguição de cristãos em regimes comunistas. Não se ouve uma palavra contra esses regimes do Vaticano.

É sobre esse regime de covardes que escreveu ontem o teólogo Robert Royal. Traduzo abaixo:

Sobre Pastores Muçulmanos, Mártires Católicos e o Declínio Institucional

Robert Royal

27 de outubro de 2025

É comum hoje lamentar a perda generalizada de fé nas instituições: governos, escolas, faculdades e universidades, tribunais, autoridades médicas, religiões e (não menos importante) a Igreja Católica. Existem muitas razões, boas e ruins, para essa perda de fé. Na maioria dos casos, é simplesmente a reação ao fracasso de nossas instituições em cumprir seus propósitos. Às vezes, ocorrem falhas tão bizarras que somos tentados a desistir dessas instituições.

A Igreja Católica perdeu muita confiança, é claro, devido à crise dos abusos sexuais. Por mais que a Igreja tenha sido injustamente criticada, enquanto outras instituições – como as escolas públicas – têm históricos comparáveis ​​e até piores, com pouco dano à sua reputação, a humilhação serviu como um alerta. Ou teria servido, se toda a Igreja tivesse adotado medidas eficazes para esse problema tão real. No entanto, inexplicavelmente, temos padres famosos como Marko Rupnik S.J., acusados ​​de abusos e blasfêmias estarrecedores, e ainda assim ativos no ministério. Assim como outros.

E, em um nível menos escandaloso, considere a recente controvérsia sobre as declarações do Cardeal Parolin a respeito da perseguição aos cristãos na Nigéria. Uma porta-voz da Ajuda à Igreja que Sofre, que publicou um relatório na semana passada sobre a perseguição aos católicos em todo o mundo, defendeu a afirmação do Cardeal de que os católicos nigerianos eram frequentemente vítimas de conflitos sociais – e não religiosos. Ela caracterizou isso como uma observação espontânea, apenas para reconhecer a complexidade da situação.

Talvez sim, mas é precisamente o que uma pessoa em uma posição de alta responsabilidade – Parolin é o Secretário de Estado do Vaticano – diz quase aleatoriamente que é revelador. (Um "ato falho" se você acredita nisso.) Parte do que nos dá confiança, ou não, no julgamento de uma pessoa é a capacidade de dimensionar corretamente as coisas em situações que são sempre complexas.

Parolin estava correto ao afirmar que existem outras causas além do antagonismo religioso para o assassinato de cristãos na Nigéria. Em particular, a disputa por terras entre pastores muçulmanos Fulani e agricultores cristãos. Mas isso é apenas uma pequena parte do problema. (A alegação ocasional do Vaticano de que as "mudanças climáticas" explicam as ações de grupos violentos também se enquadra nessa categoria.) E é verdade que até mesmo alguns muçulmanos "moderados" são atacados por islamistas radicais na Nigéria.

Mas chamar a atenção para essa questão secundária, quando cerca de 8.000 cristãos foram mortos, a maioria por islamistas radicais, precisamente por causa de sua fé, somente desde o início de 2025, sugere uma vontade quase deliberada de não abordar o verdadeiro problema.

A perseguição e o martírio de cristãos nigerianos são tão graves que o jornal Washington Post, decididamente secular e progressista, me convidou recentemente para escrever um artigo de opinião (aqui). Não deixe de ler os comentários se precisar de mais provas de como muitos americanos, ultimamente, enlouqueceram completamente.

Eu mesmo escrevi sobre os conflitos entre pastores e agricultores e os ataques a muçulmanos moderados em meu livro Os Mártires do Novo Milênio, mas, mais importante ainda:

De acordo com a Open Doors, 4.998 cristãos morreram na Nigéria em 2023; “houve mais pessoas mortas por causa de sua fé cristã do que em todos os outros lugares do mundo juntos”. De 2019 a 2023, 33.000 cristãos de várias denominações e vários milhares de muçulmanos moderados foram mortos por extremistas islâmicos pertencentes ao Boko Haram, militantes Fulani (anteriormente, em sua maioria, "pastores" muçulmanos envolvidos em disputas de terras com cristãos) e o Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP), entre outros. Durante um período ainda mais longo (2009-2021), a Sociedade Internacional para as Liberdades Civis e o Estado de Direito (Intersociety) – um grupo de monitoramento nigeriano – documentou 43.000 cristãos mortos, 18.500 cristãos "desaparecidos", 17.500 igrejas atacadas, 2.000 escolas primárias cristãs destruídas e muito mais.

Esses pastores de gado têm maneiras incomuns de conseguir terras para pastagem.

O relatório de 2025 da Ajuda à Igreja que Sofre (Aid to the Church in Need) evita abordar diretamente tudo isso, mas, em última análise, chega ao ponto crucial: “De acordo com líderes tradicionais e organizações internacionais, os incidentes no Cinturão Médio não são ataques aleatórios, mas sim parte de uma campanha de limpeza étnica e religiosa.” (Ênfase adicionada.)

Por que toda essa hesitação em reconhecer a pior perseguição de cristãos no mundo? A resposta parece ser o medo de ter que reconhecer que o Islã, desde a sua fundação, tem sido um movimento militante que se espalhou por terras cristãs por meio da conquista. E tenta fazer isso mesmo hoje. Muçulmanos individualmente podem acreditar em coexistência pacífica ou pelo menos em esperar o momento certo, como seu fundador às vezes fazia. Mas, das três “religiões do Livro”, somente o Islã abriga muitos adeptos que acreditam que evangelizar pela espada é algo admirável.

A Igreja na Europa – incluindo, infelizmente, o Papa Leão – finge que as massas de muçulmanos que buscam “asilo” em países historicamente cristãos não representam nenhum problema, a não ser a nossa falha em acolhê-los, valorizá-los e integrá-los. Essa visão completamente irrealista está sendo diariamente refutada pela acentuada ascensão de movimentos “populistas” em todos os principais países europeus.

Os próprios governos europeus têm medo de reconhecer a ameaça – e a crescente reação. Eles simplesmente não sabem o que fazer em relação à situação perigosa que criaram; estão relutantes em confrontar seus próprios fracassos no que permitiram (muitas vezes incentivados por motivos “cristãos e humanitários”); e estão pessoalmente com medo, já que há agressões físicas contra pessoas que se manifestam.

Parolin não é papa hoje por vários motivos. Seus comentários sobre pastores de gado desviaram a atenção dos massacres diários de cristãos nigerianos e se somam ao seu desastroso acordo, ainda "secreto", com o governo comunista chinês.

O abandono virtual dos católicos chineses leais a Roma é um verdadeiro escândalo. O motivo pelo qual Parolin e Francisco decidiram firmar o tipo de acordo que João Paulo II, Bento XVI e os papas anteriores a eles se recusaram categoricamente a assinar será um dos grandes enigmas a serem desvendados pelos estudiosos quando a história da perda de influência da Igreja em nossos tempos for escrita.

Além da nossa turbulência espiritual, moral e litúrgica, porém, já podemos perceber que talvez isso também tenha algo a ver com o forte apoio da Igreja a imigrantes ilegais, grupos LGBT e até mesmo políticos pró-aborto – e a relativa fraqueza na defesa do povo fiel de Deus.



sábado, 25 de outubro de 2025

Quem Quer Saber do Sínodo? Ninguém

 


Abriu nova sessão do sínodo da sinodalidade ontem. Quem estava assistindo online? 125 pessoas!!

125 pessoas devem ser apenas os organizadores da coisa. 

Isso está pior do que uma reunião de condomínio!






sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Pesquisa sobre Padres em 2025: Quanto Mais Velho é um Padre, Mais Esquerdista

 



Quanto mais velho é um padre, mais provável de ser de esquerda, mais aprova feminismo, aborto, movimento LGBT,  sinodalidade, missa nova e menos devoto ele é em relação à Eucaristia.  Isso é o que diz a Pesquisa "Estudo Nacional de Sacerdotes Católicos de 2025" (The 2025 National Study of Catholic Priests) da Catholic University of America. Quanto mais jovem, mais conservador socialmente, mais aprova a missa tridentina, mais detesta sinodalidade e mais devoto ele é. 

O Estudo divulgou seus resultados no último 14 de outubro e mostra que há um abismo teológico entre padres mais velhos e mais jovens. Enquanto mais de 70% dos padres ordenados antes de 1975 se descreveram como teologicamente progressistas, apenas 8% dos ordenados após 2010 o fizeram.

Apenas 11% dos padres ordenados antes de 1980 disseram que o acesso à Missa Tradicional em Latim deveria ser uma prioridade, em comparação com 20% entre os ordenados entre 1980 e 1999 e 39% entre os ordenados no século XXI.

Padres mais jovens são mais propensos a citar a devoção eucarística como prioridade e menos propensos do que clérigos mais velhos a enfatizar as mudanças climáticas, a imigração, a comunidade LGBT, a pobreza, o racismo e a justiça social.

Apenas 29% da geração de padres pós-2000 nomeou a sinodalidade como prioridade, em comparação com 57% do grupo de 1980-1999 e 77% da coorte pré-1980.

Padres mais jovens se sentem mais solitários. Apenas 27% dos clérigos ordenados antes de 1975 foram classificados como solitários, em comparação com 34% na coorte de 1980-1999 e 40% dos ordenados após 2000. A explicação para isso é que padres ordenados mais recentemente recebem responsabilidades maiores do que as gerações anteriores.

Costumo dizer que aqueles que passaram como jovens nos anos 60, como o Papa Francisco, Leão XIV, Lula ou Hillary Clinton, são mais provavelmente de esquerda. A minha mãe, que foi jovem nos anos 60, tinha uma tendência de esquerda revolucionária contra a Igreja, mesmo tendo sido católica toda a sua vida. Eu vi muito mais catolicismo nos meus avós e neles me inspirei do que nos meus pais. Entre os padres é a mesma coisa.

Ao que parece, os padres estão cada vez mais se desvencilhando dos terríveis anos 60. É o que diz a pesquisa. Aqui vão dois outros gráficos da Pesquisa além do que vai lá em cima.






quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Formação Esto Vir para Homens

 


Meu grande amigo e mestre de catolicismo (além de contabilista), Gustavo Abadie, desenvolveu um curso para homens, chamado Formação Esto Vir. Diz a descrição do curso: "A Formação Esto Vir é um caminho de transformação para homens católicos que desejam viver sua vocação com coragem, fé e propósito. Em uma trilha com 4 módulos essenciais, você será conduzido a uma jornada que toca as raízes da masculinidade cristã — como fiel católico, marido, pai e empreendedor."

Recomendo com olhos fechados.

Abadie sabe quem é o maior modelo, o maior benchmark, o ápice da masculinidade: Cristo

Façam o curso. É essencial hoje em dia, em tempos de homens efeminados e mulheres masculinizadas. Acessem o curso clicando aqui.


quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Teologia da Relação entre Catolicismo, Judaismo e Estado de Israel

 

Hoje, vi a recomendação deste livro do renomado padre dominicano Thomas Joseph White, em que constam ensaios sobre como os católicos devem lidar com o judaísmo, com o povo judeu e com o Estado de Israel.

Pareceu-me bem interessante. Vou dar aqui a minha opinião básica sobre o assunto, depois traduzo o que se diz em um resumo destes ensaios escrito por Casey Chalk para o site The Catholic World Report.

Eu sei, este é um assunto controverso, quase proibido. Mas acho o seguinte: 

Há um ódio infundado contra Israel e os judeus (por vezes, parece-me diabólico). Ontem mesmo, por conta de uma simples partida entre Itália e Israel, dentro da Itália, houve quebra-quebra terrível, por conta de manifestações de muçulmanos e esquerdistas pró-palestina.

Por outro lado, por vezes vemos cristãos declarar amor e defesa incondicionais sem qualquer  fundamento racional ou religioso ao Estado de Israel e aos judeus, como o governo Trump e sua administração. Apoio a Israel parece definir políticos cristãos de direita. Isso, para mim, não tem muita justificativa. Enquanto políticos ou religiosos de esquerda, mesmo cristãos, beijam o Alcorão, mas não demonstram apreço ao judaísmo.

Como os católicos devem lidar com os judeus e o Estado moderno de Israel?

Primeiro, as primeiras coisas. O que diz a Bíblia? Cristo, São José, Maria e os apóstolos são todos filhos do povo judeu. Cristo disse que veio cumprir o que diz a Bíblia judaica. Disse que não mudaria um pingo no i das escrituras. Há muitas passagens na Bíblia em que Cristo diz que veio primeiro para a salvação do povo judeu, e mesmo a raiva de Cristo porque os judeus o negaram serve de exaltação ao povo judeu, assim como a raiva de Cristo aos Fariseus. Você não tem raiva daquilo que despreza. 

Por outro lado, Cristo disse que veio trazer Nova Aliança, renegou o judísmo de sua época, e a própria geração de judeus de sua época, chegou a rogar praga a cidades inteiras de judeus, e disse que sua mensagem era universal. Sua morte na Cruz, resultado do abandono dos líderes religiosos judeus, abre a salvação para todos (ou para muitos).

Quanto ao Estado de Israel, para começar ele não se confunde com o povo judeu, é outra coisa, movido muito mais por ética secular do que por ética religiosa e mesmo a ética religiosa atual do judaísmo é bastante secular, social. Dessa forma, o Estado de Israel deve ser tratado como um estado amigo se segue princípios éticos adequados e inimigo se assim não o faz. A questão é que os princípios éticos dos países que estão na fronteira de Israel são claramente anticristãos e mesmo terrivelmente ruins, como os de fundamento islâmico. E isso acaba atraindo a amizade a Israel daqueles que compreendem o que é o Islã.

 Em termos gerais, minha opinião está de acordo com o que disse o padre White.  

Abaixo vai a tradução do resumo dos ensaios do padre White feito pelo The Catholic World Report:

Catolicismo e Israel: Perspectiva e percepção de um teólogo dominicano

por Casey Chalk

A posição convincente do Pe. Joseph White sobre o Israel moderno em Princípios da Teologia Católica: Livro 4, Sobre a Igreja, Maria, Natureza e Graça, é, em última análise, fundamentada nos ensinamentos e na tradição da Igreja, mantendo em tensão cuidadosa diversas verdades fundamentais.

Os últimos dois anos provocaram um debate significativo nos círculos católicos sobre como a Igreja deve entender e se relacionar com o moderno Estado de Israel.

Católicos proeminentes, como o Secretário de Estado Marco Rubio, professam "apoio inabalável" a Israel, enquanto a revista ecumênica (mas majoritariamente católica) First Things publica conteúdo que defende Israel em grande parte. Alternativamente, na Crisis Magazine, lemos títulos como "América em Primeiro Lugar Não Significa Apoio Ilimitado a Israel" e "Contra o Sionismo Católico". Por sua vez, Joe Heschmeyer, da Catholic Answers, pergunta: "Gênesis 12 está realmente dizendo que devemos 'dar à nação moderna de Israel ajuda militar em suas guerras'?" Sua resposta: "Não, segundo São Paulo".

Embora este tema tão discutido não seja central em Princípios da Teologia Católica: Livro 4, Sobre a Igreja, Maria, Natureza e Graça, uma nova coletânea de ensaios do renomado teólogo Pe. Thomas Joseph White, OP, o livro oferece duas reflexões extensas sobre Israel que proporcionam uma clareza profundamente necessária sobre as concepções católicas de Israel. O primeiro ensaio, "Sobre o Bom Supersessionismo: Judeus, Cristãos e a Aliança que nos Une e Divide", apresenta uma orientação revigorante sobre este tema teológico muito debatido, enquanto o segundo ensaio, "O Estado de Israel e a Santa Sé: Uma Perspectiva Teológica e Ética", ajuda os católicos a navegar pelo que a doutrina católica diz (e não diz) sobre Israel.

Supercessionismo verdadeiro e falso

O Padre White inicia o primeiro ensaio observando que, na teologia católica contemporânea, existem cinco expressões proeminentes da noção de uma superação cristã do povo de Israel.

A primeira, chamada de deslocamento pactual, postula que o povo de Israel e seus descendentes, embora outrora em aliança com Deus de origem sobrenatural, não mais desfrutam de um status eletivo, que foi transferido para a Igreja.

A segunda, a reprovação divina, é a ideia de que o povo judeu foi ou é coletivamente responsável pela morte de Cristo e, consequentemente, por decreto divino, está histórica e perpetuamente alienado coletivamente de Deus.

Outra tese supersessionista é a da mediação única de Cristo, que postula que, como a revelação de Deus dada em Cristo tem um caráter absoluto e universal, ela substitui toda revelação anterior dada a Israel ou reivindicações subsequentes de verdade religiosa.

A quarta teoria, a da mediação cristológica como deslocamento judaico, sustenta que, se alguém afirma que Cristo é o único e universal mediador salvador, isso implica tanto a substituição da aliança quanto a reprovação, e, portanto, o universalismo cristológico é antijudaico.

Finalmente, o cumprimento e a sublimação sacramentais são a afirmação de que os preceitos cerimoniais da Antiga Lei foram revogados pelos sacramentos da Nova Lei.

Com esse importante contexto em mente, White oferece um prefácio surpreendente para este debate: o supercessionismo bíblico é originalmente uma criação dos antigos profetas hebraicos, baseados na própria Torá. Isso ocorre porque a aliança de Deus com Israel substitui as alianças que Deus fez com Adão (e, portanto, com a raça humana) e, posteriormente, com Noé (Gn 3:14-19; 9:1-17). Além disso, a aliança com Abraão e Moisés ocorre dentro de um contexto mais amplo, no qual a graça concedida a Israel se destina a eventualmente se estender a toda a raça humana, algo que os profetas do Antigo Testamento constantemente lembravam ao povo de Israel. Assim, tanto judeus quanto cristãos são supersessionistas, e ambos o são em relação a todas as tradições e práticas religiosas humanas precedentes.

É claro que a perspectiva cristã oferece um sentido adicional de supersessionismo, baseado no fato de que a revelação dada ao antigo povo judeu está aberta ao cumprimento, e que o Novo Testamento afirma cumprir o Antigo. À luz da morte e ressurreição de Cristo, a aliança restrita à prática da lei mosaica realiza uma universalidade genuína, visto que a expiação de Cristo cumpre a lei e abre a aliança de Deus às nações, assim como o batismo cumpre e universaliza a circuncisão, continuando a dinâmica do Antigo Testamento de forma mais perfeita, fornecendo um meio pelo qual as nações gentias podem entrar na aliança.

Mas, embora o Novo Testamento substitua a lei cerimonial do Antigo Testamento, ele não substitui, estritamente falando, o antigo judaísmo bíblico. Como Jesus diz: “A salvação vem dos judeus” (João 4:22).

No entanto, White explica que a Igreja “substituindo” os atuais praticantes do judaísmo pós-bíblico é teologicamente ininteligível. Para começar, o judaísmo ortodoxo, como existe nos últimos dois milênios, é, em muitos aspectos, um desenvolvimento pós-cristão, que surgiu na esteira da destruição do Templo e de Israel como um antigo Estado-nação. Por isso, não pode realmente ser “substituído” em nenhum sentido inequívoco do termo, visto que se desenvolveu paralelamente à Igreja. Embora o Novo Testamento apresente um supersessionismo qualificado em relação à revelação e mediação de Cristo e sua nova economia sacramental, essas alegações não podem se referir diretamente ao povo judeu que veio depois de Cristo.

Além disso, São Paulo ensina na Epístola aos Romanos, nos capítulos 9 a 11, que, após a vinda de Cristo, Deus permanece fiel à sua aliança com o povo judeu, incluindo aqueles que não creem em Jesus como Messias e Senhor. Deus não os abandona, e sua existência continuada mantém significado religioso, visto que a eventual reconciliação dos judeus com a Igreja tem significado escatológico. Tomás de Aquino, entre outros pensadores católicos, afirma que a existência continuada do povo judeu serve como um sinal perpétuo da realidade da antiga aliança. E a Nostra Aetate do Concílio Vaticano II rejeita explicitamente a ideia de que o povo judeu seja coletivamente réprobo e condena qualquer ensinamento que os despreze, favorecendo, em vez disso, as prerrogativas da caridade e da justiça humana.

Em suma, Cristo sem o judaísmo bíblico é ininteligível, e sem Cristo o mundo gentio não poderia receber as muitas verdades reveladas ao povo de Israel (sem mencionar Maria, que em sua virtude longânima personifica o Israel expectante e justo). Quando os cristãos, de alguma forma, negam a dignidade da aliança do povo judeu, eles não apenas substituem a Torá, mas também a Cruz, o que, por sua vez, mina o cerne da fé cristã.

Assim, enquanto a Igreja ensina que Cristo é o ápice da aliança abraâmica e mosaica, o povo judeu está relacionado a Deus por sua aliança original por meio de Cristo.

A Igreja Católica e o Israel Moderno

Diante do exposto, como a teologia católica deve entender o Estado de Israel? Certamente, o Antigo Testamento fornece evidências de uma promessa divina à terra de Israel, originalmente prometida a Abraão, reinstaurada na Torá e reiterada na literatura profética e na história do antigo povo de Israel. Por isso, é tentador tirar certas conclusões sobre a terra de Israel hoje, à luz de seu restabelecimento em meados do século XX, e especialmente como uma resposta à desumanidade da Shoah (holocausto).

No entanto, White acredita que isso seja um erro por quatro razões.

Primeiro, há pouca base para tal afirmação na tradição teológica católica clássica, visto que o Novo Testamento faz pouco ou nenhum pronunciamento sobre a questão do direito de Israel à terra ou qualquer significado cristológico e escatológico contínuo dos judeus que viveram na terra após a vinda de Cristo.

Em segundo lugar, se teólogos católicos demonstrarem respeito pela soberania política do Estado de Israel com base em uma teologia insuficientemente bíblica e católica, seus argumentos parecerão arbitrários. Para cristãos antipáticos à nação de Israel, tal posição poderia levar alguns a avaliar que o reconhecimento do Estado de Israel está correlacionado a uma inovação teológica injustificada e, portanto, por consequência, repudiar o reconhecimento diplomático de Israel é, na verdade, retornar às fontes teológicas tradicionais e à ortodoxia.

Em terceiro lugar, as fronteiras territoriais de Israel, no que se refere a promessas antigas, são historicamente obscuras. Como a antiga noção de terra prometida pretende se traduzir em um conceito de soberania estatal e respeito diplomático à identidade territorial no contexto dos Estados-nação modernos e à luz das guerras israelenses de expansão territorial? "Os católicos devem ter cuidado ao impor anacronicamente suas reconstruções históricas de Israel a uma situação histórica e política moderna que é, em muitos aspectos, nova e alheia ao texto bíblico", escreve White.

Em quarto lugar, existem novos conflitos e competições teológicas complicadoras. Muitos judeus que vivem em Israel ou em outros lugares e que apoiam a soberania política do Estado de Israel são seculares e não apelam para um direito divino à terra, enquanto muitos judeus religiosamente observantes não afirmam o direito divino à terra em seu contexto atual. Como uma teologia católica de Israel pode dar sentido a tais pessoas? Vincular as concepções teológicas católicas do povo judeu de forma muito rígida ao Estado moderno de Israel parece definir o judaísmo e os judeus com base na adesão relativa à promessa da terra.

Há uma base mais sólida para o reconhecimento católico do Estado moderno de Israel. O Direito Natural e os direitos dos Estados, por exemplo, aplicam-se a qualquer povo que compartilhe uma cultura, história, tradição jurídica e sistema de governo interno comuns, bem como uma unidade territorial ou localização contínua no tempo e no lugar. O Direito Natural também reconhece o lugar dos Estados-nação dentro de uma ordem internacional mais ampla, unida pela justiça comum e chamada a uma colaboração de fraternidade ou fraternidade universal. E o Direito Natural reconhece nações distintas e seus papéis na economia divina e na ordem universal mais ampla de todas as nações. Além disso, o Direito Natural exige certo respeito e tolerância pela liberdade religiosa dos outros.

É claro que esses princípios se aplicariam não apenas a Israel, mas também ao povo palestino nos Territórios Palestinos e na Faixa de Gaza. E isso incluiria a população cristã histórica dessa região, que era a maioria no século V e permaneceu representando cerca de 10% da população da Palestina até meados do século XX.

Judeus e cristãos, observa White, compartilham um patrimônio espiritual comum e uma missão potencialmente convergente. Eles compartilham uma fonte comum de revelação. No entanto, a aliança contínua do povo com Deus não depende do moderno Estado de Israel, mesmo que o Estado moderno possa, de alguma forma qualificada, incorporar ou expressar o compromisso contínuo com a busca da aliança com Deus por parte do povo judeu e refletir uma certa adequação teológica da promulgação da aliança na terra de Israel.

Em suma, os católicos devem manter reservas quanto a uma noção distintamente teológica do direito à terra, porque tal perspectiva corre o risco de minar qualquer compromisso com o reconhecimento do Estado de Israel, baseando esse reconhecimento em uma fundamentação teológica que é "nova, não testada e não amplamente aceita". Além disso, a reserva é justificada porque os povos das nações vizinhas de Israel — algumas das quais incluem populações cristãs históricas significativas — têm uma reivindicação tão legítima à lei natural e à lei interna quanto o Estado de Israel.

A posição convincente de White sobre o Israel moderno é, portanto, em última análise, fundamentada nos ensinamentos e na tradição da Igreja, mantendo em tensão cuidadosa a validade do supersessionismo, da lei natural e da importância da aliança duradoura de Deus com o povo judeu. Assim como no restante desta excelente coletânea, não esperávamos menos de um dos melhores teólogos dos Estados Unidos.


terça-feira, 14 de outubro de 2025

Estados Unidos, Rússia e Arábia Saudia Rejeitam Apoio ao Ambientalismo Climático no Banco Mundial


Além dos Estados Unidos, da Rússia e da Arábia Saudita, o Kuwait também rejeitou e o Japão e a Índia se abstiveram de assinar o programa de agenda climática do Banco Mundial que pretende continuar o financiamento relacionado à hipótese de aquecimento global (mudança climática, crise climática, esse tipo de coisa).

Ambientalistas poderiam retrucar que os países que não assinaram são países produtores de combustíveis fósseis; são, então, os vilões; então seria normal não assinarem. 

Mas se é assim, cadê os outros países que vivem da produção de combustíveis fósseis (Venezuela, Irã, Catar e mesmo o Brasil)? 

Os ambientalistas poderiam dizer que esses outros países são pobres, então vão receber dinheiro do programa do Banco Mundial. 

Mas por que esses países que não assinaram apoiavam antes o programa e agora deixaram de apoiar? O que aconteceu? Além disso, em termos de PIB, a Rússia é tão pobre como o Brasil e o Kuwait é bem mais pobre.

Além disso, o que explica que o Japão e a Índia se abstiveram?

Quando eu lidei com o tema "aquecimento global" lá pelos idos de 2009, na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, o professor de lá, um alemão, resolveu dar aula em cima de uma charge que mostrava o rico americano explorando o pobre indiano que sofreria o aquecimento global provocado pelas emissões americanas. Na época, eu retruquei dizendo que a Índia iria receber recursos dos Estados Unidos e que a Índia emitia muito carbono, muito mais que muitos países ricos, e só não emitia mais porque a população era muito mais pobre e bem maior. 

Neste mesmo ano, 2009, Al Gore declarou que em 5 ou 7 anos, as geleiras do Ártico desapareceriam. Isso já faz 16 anos agora; emitiu-se muito mais CO2 e as geleiras continuam firmes lá. Além dessa previsão errada, inúmeras previsões não se cumpriram sobre o assunto.

Sem os Estados Unidos, o país que sustenta financeiramente as principais instituições internacionais (Banco Mundial, FMI, ONU, etc.), sem a Rússia, e sem o Japão, sobram de mais relevantes os países europeus que continuam na doutrina ambientalista tresloucada. A China, o maior poluidor do mundo, nunca se importou com o assunto em sua produção energética. A suposta poluição por carbono da China supera em muito a poluição emitida pelos países europeus. O resto são países que esperam receber dinheiro e não contribuir financeiramente.

A Declaração de Trump na ONU de que a hipótese de mudança climática é uma fraude atingiu em cheio o Banco Mundial, instituição que há muito vive disso.  Inúmeros profissionais vivem dessa hipótese. Eu mesmo conheci alguns brasileiros que trabalham com isso.

Como diz o Scott Adams, no seu livro Loserthink, "quando tem dinheiro, reputações, poder, ego e complexidade envolvidos, é irracional assumir que você terá ciência objetiva".

A hipótese climática envolve tudo isso, não seja irracional.

Traduzo a reportagem da Reuters sobre o assunto:

EUA se recusam a assinar declaração conjunta dos diretores do Banco Mundial sobre a agenda climática
Por Reuters

WASHINGTON, 9 de outubro (Reuters) - Dezenove dos 25 diretores executivos do Banco Mundial emitiram uma declaração conjunta esta semana afirmando seu apoio ao trabalho contínuo do banco em relação às mudanças climáticas, desafiando os EUA, o maior acionista do banco, e vários outros países.

Os diretores executivos dos EUA, Rússia, Kuwait e Arábia Saudita se recusaram a assinar o documento; Japão e Índia – ambos negociando acordos comerciais com os EUA – se abstiveram, disse uma fonte familiarizada com o assunto.

Os diretores, que representam 120 países, emitiram a declaração após uma reunião do conselho com a diretoria do Banco Mundial, ressaltando sua expectativa de que o banco cumpra as metas do seu plano de ação para as mudanças climáticas, incluindo o compromisso de destinar 45% de seu financiamento anual a projetos relacionados ao clima.

O documento, cuja cópia foi vista pela Reuters, reflete a profunda divisão que separa a maioria dos outros países dos EUA e de alguns aliados em relação às mudanças climáticas. Ele foi divulgado dias antes do início das reuniões anuais em Washington do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. Os EUA são os maiores acionistas de ambas as instituições e desempenham um papel fundamental na definição de seus trabalhos e agendas.

A Reuters noticiou esta semana que a União Europeia redobrará seu apoio à reforma dos bancos globais de desenvolvimento para que façam mais no combate às mudanças climáticas.

Em abril, nas últimas reuniões do FMI e do Banco Mundial, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, pediu que ambas as instituições se concentrassem em seus mandatos principais e disse que estavam dedicando tempo e recursos demais a tópicos como as mudanças climáticas.

Os líderes de ambas as instituições têm se mantido em silêncio sobre as mudanças climáticas desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, assumiu o cargo, e o assunto não é destacado na agenda da próxima semana. No mês passado, Trump descartou as mudanças climáticas como uma "fraude".

A declaração também pediu o alinhamento do trabalho do banco com o Acordo Climático de Paris, do qual o presidente dos EUA, Donald Trump, se retirou logo após assumir o cargo em janeiro. Também pediu que as mudanças climáticas continuem sendo consideradas em seu principal trabalho de diagnóstico.



domingo, 12 de outubro de 2025

Como Explicar que um Presidente (ou Papa) Odeie Seu Próprio País (Sua Igreja)

A minha primeira impressão de Obama é que ele odiava os Estados Unidos, tudo o que representava os Estados Unidos, história, poder militar, ética. A minha primeira impressão do Papa Francisco é que ele odiava tudo o que representava a Igreja, odiava, por exemplo, a história das Cruzadas, da Inquisição, odiava a beleza das igrejas, odiava o anticomunismo da Igreja.

Com isso, é preciso explicar como eles chegaram ao poder. Mas também temos que explicar por que eles odiavam aquilo que lideravam.

Hoje, li um artigo de Daniel Hannan, conservador inglês, que tenta explicar por que os intelectuais do Reino Unido odeiam o próprio país, odeiam a própria bandeira do país.

A resposta que ele dá é: "Os bárbaros comunistas influenciados por Lenin chegaram ao poder e às universidades."  A ideia de Lenin é que os países ricos capitalistas só são ricos porque exploram os países mais pobres; a riqueza destes países não tem nada a ver com a liberdade política ou econômica, a elite acredita que foi por roubo que os países ricos enriqueceram.

Talvez se possa achar que um Papa considere que a Igreja tem poder no mundo porque explorou economicamente e politicamente os povos.

Daniel Hannan é muito muito influente no Reino Unido. Ele é um dos inspiradores do Brexit. Mas eu discordo dele em vários pontos no texto, especialmente na exaltação, apesar de ser normal e saudável, que faz do próprio país. Eu já morei no Reino Unido e conheço a história deste país. O texto dele, no entanto, vale para levantar o debate de por que alguns líderes hoje em dia odeiam aquilo que lideram. 

Apenas de ser um texto ligeiro. 

Eu acho que a explicação é bem mais profunda e precisa bem mais da teologia e bem menos da política e da economia.

Leiam o texto dele clicando aqui.


sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Cardeal Zen Condena Peregrinação LGBT Dentro do Vaticano

Por incrível que pareça, existem mais santos e mártires chineses do que santos e mártires brasileiros (há algo em torno de 120 santos e mártires chineses contra menos de 40 no Brasil). E cada vez fica mais claro que testemunhamos mais um santo chinês que ainda está vivo entre nós, o cardeal Joseph Zen.

Li hoje que o cardeal Zen condenou a peregrinação LGBT dentro do Vaticano, durante as celebrações do jubileu. Assunto muito recente que ninguém lembra mais e que o Vaticano reza para que todos esqueçam.

Traduzo abaixo o texto do Life Site News sobre a condenação que cardeal Zen fez à peregrinação LGBT e à atitude do Vaticano.

Cardeal Zen condena "peregrinação" LGBT na Basílica de São Pedro: "Ofensa a Deus"

O Cardeal Joseph Zen denunciou a peregrinação LGBT no Vaticano e juntou-se aos apelos de outros bispos para reparar a profanação da Basílica de São Pedro.

Numa declaração em chinês publicada na quarta-feira, Zen escreveu: "Recentemente surgiram notícias de que uma organização LGBTQ+ organizou um evento para o Ano Santo, onde os participantes entraram na Basílica de São Pedro, em Roma, para passar pela Porta Santa."

"Brandiram adereços com as cores do arco-íris, usaram roupas com slogans e casais do mesmo sexo deram as mãos apaixonadamente – foi inteiramente uma ação de protesto", observou o bispo emérito de Hong Kong.

"Esta não foi uma peregrinação jubilar (onde os fiéis renovam os votos batismais, se arrependem dos pecados e se comprometem com a reforma). Tais ações insultam gravemente a fé católica e a dignidade da Basílica de São Pedro – uma grave ofensa a Deus!"

“O Vaticano sabia deste acontecimento de antemão, mas não emitiu qualquer condenação posterior. Consideramo-lo verdadeiramente incompreensível!”

Zen enfatizou que “aqueles com atração pelo mesmo sexo” devem ser tratados com caridade; no entanto, “não podemos dizer-lhes que o seu estilo de vida é aceitável”.

“Nós não somos Deus”, continuou. “Deus chama-nos a transmitir o que Jesus nos ensinou – isto é, o verdadeiro amor por eles. Devemos ajudá-los a obter a graça através da oração e dos sacramentos para resistir à tentação, viver virtuosamente e trilhar o caminho para o céu.”

Zen fez referência ao apelo para atos de reparação feito por quatro bispos: Dom Athanasius Schneider, bispo auxiliar de Astana, Cazaquistão; Dom Joseph Strickland, Bispo Emérito de Tyler, Texas; Dom Marian Eleganti, bispo auxiliar emérito de Chur, Suíça; e Dom Robert Mutsaerts, bispo auxiliar de ‘s-Hertogenbosch, Holanda.

Afirmou apoiar firmemente este apelo e sugeriu que, após o festival de meados do outono na China, os fiéis deveriam "reunir-se com os paroquianos vizinhos durante três dias para recitar as orações anexas".

"Além disso, realizar um ato de abnegação ou uma ação de caridade para oferecer reparação diante de Deus pelos pecados dos nossos irmãos e irmãs que erraram", concluiu.

O bispo emérito de Hong Kong junta-se à lista de prelados ortodoxos que condenaram publicamente a "peregrinação LGBT" no Vaticano. Para além dos quatro bispos que compilaram a oração de reparação, o evento foi também criticado pelo Cardeal Gerhard Müller, que afirmou tratar-se "indubitavelmente" de um sacrilégio.




quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Primeira Encíclica de Leão XIV e a Continuação de Decapitação de Cristãos.


Hoje, foi anunciada a primeira encíclica de Leão XIV, Dilexi Te. 

Primeiro, acho estranho alguém escrever uma encíclica, que tem tanto impacto global, sendo tão ocupado, em tão pouquíssimo tempo, pouco mais de 4 meses.  

O tema escolhido, no entanto, os pobres, é bem "chocho", simples, pois há muitas passagens bíblicas tanto no Velho como no Novo Testamento, e isso realmente facilita.

Mas sendo assim, será que precisamos da encíclica? A encíclica não é chover na enchente? Além de ser um tema neutro e insosso? Não lembra aquelas cansativas homilias de hoje em dia a repetir que Deus tem misericórdia, que Deus é amor, que Deus perdoa tudo...? 

Quando teremos uma encíclica sobre a questão do terrorismo do Estado Islâmico que assola o mundo há décadas? Isso, sim, seria um assunto "sal da terra". Quando escrevi meu livro sobre guerra justa, publicado em 2016 (Teoria e Tradição da Guerra Justa, editora Vide Editorial), eu já perguntava quando o Papa iria escrever sobre o terrorismo islâmico.  

Hoje leio que o Estado Islâmico de Moçambique, conhecido em inglês como Islamic State Mozambique Province (ISMP), festeja a decapitação de mais de 30 cristãos e destruição de inúmeras igrejas

Traduzo abaixo o que site Menri, que acompanha a jihad (terrorismo islâmico) pelo mundo, sobre o que ocorre em Moçambique.

Estado Islâmico de Moçambique (ISMP) documenta decapitações, disparos contra cristãos e incêndios em igrejas e casas no norte do país; mais de 30 decapitados em setembro

Nos últimos dias, a Província do Estado Islâmico de Moçambique (ISMP) reivindicou vários ataques a civis cristãos nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, no norte de Moçambique. O ISMP divulgou também um conjunto de fotos que documentam os seus ataques em Cabo Delgado, mostrando agentes a decapitar os habitantes locais e a incendiar casas e igrejas na zona.

Num comunicado de 25 de setembro, o ISMP afirmou que os seus agentes capturaram e posteriormente decapitaram dois cristãos em Chiure-Velho, no distrito de Chiure, na província de Cabo Delgado, no norte do país.

Um comunicado de 28 de setembro referia que os agentes do ISMP atacaram a aldeia de Nabatini no dia 23 de setembro, no distrito de Montepuez, província de Cabo Delgado, incendiando uma casa cristã.

Os agentes do ISMP invadiram a aldeia de Nacocha no dia 26 de setembro, no distrito de Chiure, em Cabo Delgado. Dispararam e mataram um cristão local e queimaram duas igrejas e outros bens. No mesmo dia, agentes do ISMP atacaram a aldeia de Nacussa, no distrito de Chiure, incendiando duas igrejas.

A 29 de setembro, o ISMP alegou que os seus combatentes invadiram a aldeia de Mahip, em Montepuez, na província de Cabo Delgado, no dia anterior, e incendiaram 23 casas e uma igreja[4]. Também no dia 28 de setembro, os combatentes do ISMP atacaram a aldeia de Macomia, matando quatro cristãos e apreendendo os seus bens pessoais, antes de recuarem ilesos para as suas bases, segundo o comunicado.

O ISMP informou que os seus combatentes, no dia 29 de setembro, capturaram e decapitaram um cristão no distrito de Macomia, província de Cabo Delgado, Moçambique.

Reivindicando a responsabilidade por um ataque a 30 de setembro, um comunicado do ISMP afirmou que os combatentes do grupo realizaram um ataque à aldeia de Nakioto, no distrito de Mimba, província de Nampula. Os atacantes incendiaram uma igreja e mais de 100 casas de cristãos, regressando ilesos às suas posições.

Ainda na província de Nampula, agentes do ISMP terão atacado a aldeia de Minhanha, no distrito de Memba, um ataque que resultou no incêndio de uma igreja e de cerca de 10 casas cristãs. Os combatentes regressaram ilesos às suas posições, afirma a reportagem.

A 30 de setembro, o ISMP divulgou um conjunto de 20 fotos que documentavam os ataques, mostrando agentes a decapitar os habitantes locais, a disparar sobre prisioneiros à queima-roupa e a incendiar casas e igrejas.

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Rezemos. Os cristãos parecem sem pastor.




sexta-feira, 3 de outubro de 2025

10 Fases de Negação de que a Igreja Católica Está em Ruínas. Mas Para Onde Iremos?

 


Em João 6: 63-68, Cristo estava a fazer uma limpa geral entre seus discípulos e perguntou: Quereis vós também retirar-vos? Então, São Pedro respondeu: "Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens palavra de vida eterna."

A Igreja Católica, esposa de Cristo, está em descaminho generalizado, desde os seminários, em que não se ensina mais a fé,  até a mais alta hierarquia do papado. Mas para onde iremos?

Hoje, li um interessante texto sobre isso, no qual se descrevem as 10 fases de negação dos problemas da Igreja e da forma que devemos refletir sobre os tremendos erros que testemunhamos.

O artigo se chama "Claro como o Gelo?", escrito por James Green.

Traduzo abaixo as 10 fases que os fiéis católicos passam para aceitarem que o papado e a Igreja estão em ruínas e sobre como devemos lidar com isso. Acho que o autor tem toda razão. Vejam o texto completo, clicando aqui.

Claro como o gelo?

As 10 fases de negação por que acabámos de passar e reflexões sobre como não exagerar.

As Etapas de Aceitação da Crise

1.º O novo Papa é incrível e salvará a Igreja sozinho:

Vamos tentar ser positivos, disseram. Vai ser melhor do que pensávamos em quatro meses, disseram. Dêem-lhe apenas três meses para se adaptar ao cargo, disseram... (e, admito, estava à espera!)

Esta visão:

Durou alguns anos. (Papa Francisco)

Durou cerca de quatro meses para a maioria de nós (Papa Leão XIV)

2.º Ah, os esquerdistas (e o Padre James Martin) estão de volta, inventando coisas que o Papa disse. Mais um motivo para o apoiar:

Estão apenas, uh, a inventar um falso "espírito do Papa Francisco" ou uma falsa imagem do "Papa Leão"... Estão a trazer à tona o passado do Papa, não o presente, e não sabiam que o Cardeal Prevost é agora completamente diferente do Papa Leão XIV? Não podemos julgar a opinião de alguém pelo que as outras pessoas dizem sobre ele ou pelo que disse há dois anos...

3.º Bem, ele disse... qualquer coisa... mas está a ser mal interpretado:

Hmm, talvez ele precise de ser mais cuidadoso em entrevistas com pessoas com equipamento de gravação deficiente, mas não há aqui qualquer problema. Só precisamos de aprender a usar a chave descodificadora correta ou algo do género.

Ok, mas depois há a entrevista desta semana... Hmm... talvez o que ele quisesse mesmo dizer fosse...

4.º Ele deve estar cansado. Ah, porque é que ele se dá ao trabalho de dar entrevistas destas? Ele não sabe que fazer isso quando se está cansado é ambíguo:

São apenas comentários improvisados. Não lhes preste atenção. Prestem atenção apenas a estes aqui... Quando o Papa se encontrou com o Pe. James Martin foi porque a sua agenda estava a ser planeada para ele, e ele simplesmente teve de o fazer porque a imagem teria sido ainda pior se não o fizesse.

Mas depois comete o erro de pegar num documento formal escrito, numa carta ou exortação em nome do Papa... E os seus sonhos de explicar a situação facilmente são novamente frustrados.

5.º Bem, aquilo de que não gosto foi escrito em nome dele, mas ele provavelmente não o escreveu pessoalmente. A Igreja é uma enorme burocracia:

As coisas de que não gostamos não podiam ser culpa dele. Certamente que houve um ghostwriter por trás de tudo do que não gostamos. Sério? Por favor, que assim seja! Só usou a palavra sinodalidade porque o último escritor de discursos ainda está em atividade.

Este argumento funciona para si até que, novamente, cometa o erro de ouvir a última entrevista com o Papa, onde ele fala sobre a doutrina que talvez mude depois de as nossas atitudes mudarem.

6.º É um bom homem com maus conselheiros.

Tal como acontece com o Rei George ou Donald Trump, a culpa é realmente do Parlamento, do Gabinete Presidencial ou da classe dos doadores (ou, neste caso, da Cúria). Repare-os e eles deixarão de interferir nas boas intenções do Rei ou do Presidente (ou melhor, do Papa).

Esta é uma opinião realmente confortável. Quer que esta esteja certa. Quer que o Papa seja um homem simples e fácil de entender, com tudo o que não gosta a ser facilmente explicado através de uma "burocracia" confusa que esteve por trás de tudo o que não gosta. Mas, por vezes, é forçado a considerar que a Igreja está num ambiente mais complexo. Existem políticas internas, sim, mas também existem políticas externas mais complexas. (E pode haver aqui alguma verdade... ainda assim. Salte para o fim!)

7.º Ele está a ser propositadamente ambíguo, mas por boas razões:

Mas de uma forma que não o torna "realmente" responsável. Provavelmente tem alguma razão "equivocada", mas pelo menos parcialmente justificável, como impedir que os bispos alemães entrem "oficialmente" em cisma ou algo do género. É como um imperador Carlos V moderno, da última vez que os alemães entraram em cisma, tentando preservar a unidade na Igreja com concessões inconstantes como o Interino de Augsburgo.

Pode ter feito algumas nomeações duvidosas, mas pelo menos também fez algumas contra-indicações e disse algumas coisas mais claras.

Ele está a ser equilibrado. Ele está a tentar trazer unidade e paz à Igreja.

Mas esta posição é insustentável durante muito tempo. A maioria, tendo passado pelas últimas semanas, mudou de ideias. Agora, a abordagem é muito, muito tradicional para os tradicionalistas...

8.º É um produto da época em que foi ordenado, mas não é realmente culpa dele. Ele foi ensinado mal. ABAIXO O VATICANO II!

Esta é uma fase popular entre os católicos tradicionais. O Papa Leão XIV é um homem bom e bem-intencionado, moldado por circunstâncias muito más. Foi-lhe ensinado mal, mas tem boas intenções...

E esta abordagem pode mantê-lo nessa posição durante algum tempo. Mas, eventualmente, fica inquieto. Quer realmente saber o que está a acontecer. E depois, planeja aceder ao OnePeterFive.com para uma pequena aula de história, mas distrai-se com as últimas notícias vindas de Roma (ou da sua diocese local) e irrita-se, confuso. Explicar o papa é quase impossível agora, pelo menos se quiser manter-se intelectualmente honesto.

9.º Bem, ele está a fazer coisas estranhas, mas tudo bem, porque não é magistral, não é oficial, não está confirmado em... Ok, desisto...

Agora está realmente confuso — e inquieto — e irritado. O problema foi o Vaticano I? Foi Newman? Foram John Courtney Murray e a CIA que nos levaram à situação actual? Foi Pio IX? Foi Leão XIII?

Na prática, está ainda mais confuso. Agora chegou-se ao nível do debate em que já não é um exercício intelectual, mas sim um exercício muito prático. Pode permanecer na Igreja? Precisa de se filiar num dos, digamos, movimentos independentes? Precisa de se tornar um sedevacantista? Precisa se tornar ortodoxo? Por outro lado, deveria, em confusão e desespero, desistir e juntar-se aos papas explicadores que deixou para trás há semanas?

10.º Fora do Abismo?

E o que vem depois disso?

Claro que, para alguns, o passo é tornar-se ortodoxo, tornar-se sedevacantista, etc., ou — para alguns — abandonar completamente a fé. A tentação de dar estes passos, eu sei, para muitos de vós, é real. Muita coisa correu mal. A posição da tradição, da Fé dentro da Fé, parece muito negra. Os prelados parecem demasiado perdidos, demasiado fracos, demasiado empenhados para consertar a situação.

A escrupulosidade de encarar uma dupla Aposta de Pascal, sentindo que as suas ações serão condenadas de qualquer maneira, no entanto, faz com que muitos católicos tenham medo de tomar um lado (o caminho sedevacantista) ou outro (permanecer na chamada "Igreja Novus Ordo") e, em vez disso, leva muitos de nós a "ficar em cima do muro" no meio do caminho de um certo tipo de relação ambígua com a Igreja e a sua autoridade — com, pior de tudo, muitas vezes uma perspetiva negativa e sem esperança sobre o futuro da Igreja. O medo, como sinto que está a atingir muitos de nós com muita força neste momento, torna-nos paranoicos, confusos e faz com que sejamos, com o tempo, tomados cada vez mais pelo desespero.

O que deve ser feito?

O que devemos fazer? O que deve ser feito?

Não tenho respostas perfeitas. Tenho aqui algumas reflexões, no entanto, sobre algumas coisas, acreditando como acredito que a Igreja, embora ferida, continua a ser o corpo de Cristo, que precisam de ser feitas:

É necessária uma grande limpeza na hierarquia e no Vaticano, um Departamento de Eficiência do Vaticano para eliminar o domínio burocrático sobre a fé.

Mas antes de nos podermos esforçar o suficiente para o alcançar, precisamos de nos lembrar que o Papa não o está a impedir de alcançar a santidade.

Claro que pode ser mais difícil em alguns aspetos. Claro que há causas de confusão e escândalos, mas será que a maioria de nós se esforçava realmente há dez anos, antes de Francisco? Alguns bispos estão a dificultar o acesso aos sacramentos? Mas estamos a esforçar-nos e a fazer a nossa parte hoje?

Se sim, e se nós estamos a esforçar mais do que há dez anos, então estamos muito bem, e talvez a confusão que encontramos na Igreja nos tenha ajudado a perceber a necessidade de nos esforçarmos mais.

Se não estamos a tentar, então não temos ninguém para culpar a não ser nós próprios.

Corrigir a actual confusão moral e litúrgica e clarificar as definições de infalibilidade e primazia papal para ter em conta eras como a nossa é provavelmente uma tarefa para o próximo Concílio.

Corrigirmo-nos a nós próprios é a nossa tarefa.

No nosso Dia do Juízo Final, todos esperamos estar certos quanto à nossa resposta específica aos problemas na Igreja. Mas seremos julgados principalmente pela caridade ou falta dela na nossa resposta, e não pelas minudências do conhecimento do direito canónico, nem pelos pecados dos nossos pares ou pela sua incapacidade de discernir a crise na perfeição.

Existe muita animosidade entre os tradicionais atualmente, com uma grande divisão entre os chamados "tradicionais loucos" e "tradicionais contentes" ou "realistas" versus "acomodadores". Discordamos uns dos outros sobre que tipo de resposta devemos dar a esta crise. Creio que existem erros na posição sedevacantista (e até na FSSPX), mas, tendo conversado bastante com os seus participantes, não os vou condenar, ou pelo menos a todos. Também não condenarei todos os Papas Explicadores, mesmo que agora considere muitos dos seus esforços hilariantes, contraproducentes e até perigosos. Posso continuar a discordar de ambos os lados, mas o nosso foco deve estar sempre em garantir que estamos a pregar em prol da verdade e não para a nossa própria autoglorificação, gostos ou orgulho. "O amor cobre uma multidão de pecados", e talvez até aqueles companheiros católicos que responderam de forma diferente de nós à crise actual também tenham esperança de salvação. Certamente devemos esperar o mesmo para nós próprios.

A única resposta aos dilemas da escrupulosidade que forçam tantos de nós à estagnação e à inacção, ou à raiva, ao ódio e à divisão contra os nossos irmãos católicos fiéis é que a caridade importa mais do que obter uma resposta perfeita. A caridade leva-nos à tradição e à Igreja, como a melhor forma de a sustentar, e o amor perfeito expulsa o medo, mas temos de admitir que a escrupulosidade é uma força motriz para muitas pessoas. Embora o temor do Senhor seja uma coisa, não creio que seja só isso. As nossas ações na Fé e para a preservar não podem ser motivadas apenas pelo medo.

Não somos "R&Rs" ou "tradicionais loucos" ou "a resistência" em primeiro lugar. Somos católicos. O exemplo de Santa Catarina de Sena, como já referi muitas vezes, a elogiar o Papa pelo que fez bem, ao mesmo tempo que o critica — e o reprime — com força! — quando necessário, mas sem centrarmos as nossas vidas totalmente nos caprichos da hierarquia, continua a ser o melhor conselho. É claro que há muito para criticar agora, mas esta é praticamente a única coisa que podemos fazer, para além de arruinar as nossas vidas escolhendo voluntariamente o desespero.

Os papas-explicadores vão agora papas-explicar, mas agora que a máscara parece ter caído e as coisas ficaram mais claras desde o encontro com James Martin, podemos todos voltar a unir-nos em torno da necessidade de resistir e pressionar por soluções para a confusão actual. O verdadeiro inimigo é a anti-Igreja burocrática construída dentro da Igreja, que está a tentar sufocar a fé com o seu absurdo intercessório ecuménico globalista do Fórum Económico Mundial, e podemos pelo menos concordar em lutar contra isso. Esperemos e rezemos para que seja isso mesmo que as recentes notícias desvairadas no Vaticano nos aproximem de fazer.

Que os nossos corações de pedra gelados "derretam" e se amoleçam com o fogo da caridade Divina!


quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Leão XIV "Abençoa" "Bloco de Gelo"!!




Leão XIV abençoa um suposto "bloco de gelo" em defesa da hipótese de mudança climática. 
Eu nasci católico, sempre fui católico. Digo a vocês que eu nunca vi em todos esses anos nada mais ridículo e não católico do que esta ação de Leão XIV. Perto disso, a Pachamama dentro de uma igreja se torna doutrina ortodoxa.


Perdão, não sei mais o que dizer.