quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Islâmicos vs. Islamistas

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Robert Spencer (foto abaixo), para mim, o maior especialista em Islã no Ocidente, escreveu ontem no National Review sobre a possível diferença entre Islâmicos e Islamistas. O Islâmico seria um muçulmano moderado, pluralista e o Islamista seria um muçulmano radical ou terrorista muçulmano.

 

Spencer está discutindo a partir do que ocorreu na semana passada, em que o bósnio Mevlid Jasarevic resolveu atirar contra a embaixada americana em Sarajevo. Jasarevic foi chamado de Islamista por este ato.

Spencer argumenta sobre a bobagem ocidental de se fazer a distinção entre Islâmico e Islamista quando os dois defendem o mesmo livro Corão e a mesma tradição islâmica (Hadith). Além disso, os dois defendem o mesmo objetivo político: derrotar o ocidente e especialmente o "povo do livro" (judeus e cristãos). O objetivo do ocidente com esta distinção parece ser encontrar aliados entre os muçulmanos, desconhecendo a base da religião deles.

Vejam o que diz Spencer (traduzo em azul). Depois disso, falo sobre uma pesquisa entre os muçulmanos canadenses, que reflete bem o diz Spencer. 

Last Friday, a Bosnian Muslim named Mevlid Jasarevic walked up to the U.S. Embassy in Sarajevo with a rifle and opened fire, terrorizing the city center until he was wounded by a police sharpshooter. Media reports identified him as a “radical Islamist.” What made him an “Islamist”? The fact that he shot up the embassy. On Thursday, Mevlid Jasarevic was simply a Muslim. He became an Islamist with the first shot from his Kalashnikov.

My point is that while my friend Andy McCarthy is quite right that there are some Muslims who are interested in implementing Islam’s supremacist political program and some who are not, the “Islam/Islamism” distinction is worthless to distinguish one group from the other. This is precisely because, as Andy quotes me as saying before, the distinction is artificial and imposed from without. There are not, in other words, Islamist mosques and non-Islamist mosques, distinguishable from one another by the sign outside each, like Baptist and Methodist churches. On the contrary, “Islamists” move among non-political, non-supremacist Muslims with no difficulty; no Islamic authorities are putting them out of mosques, or setting up separate institutions to distinguish themselves from the “Islamists.” Mevlid Jasarevic could and did visit mosques in Austria, Serbia, and Bosnia without impediment before he started shooting on Friday; no one stopped him from entering because he was an “Islamist.”

So if Muslims do not generally make this distinction among themselves, should non-Muslim analysts make it? The problem I see with doing so is that for all too many it is a way of implying that Islam itself has no political or supremacist elements, and that those Muslims who do hold political and supremacist aspirations constitute a tiny minority of extremists who have twisted and hijacked the religion. This is not only false, but misleading; it can and does make for wrongheaded and foolish policies that have wasted American lives, money, and matériel, and led us into numerous alliances and agreements with entities we would have been wiser about, had our analysis of Islam been more realistic and accurate.

...We assume that Muslims who aren’t in al-Qaeda reject the al-Qaeda program, and certainly many do. But for some, the rejection is of al-Qaeda’s tactics, not of its goal. 

...Using the term “Islamist” for the dominant, mainstream, and traditional understanding of Islam, as if it were the non-traditional minority offshoot, deceives in precisely that way. 

...We do indeed, as Andy says, want Muslims as our allies, provided they sincerely reject Islam’s political and supremacist aspects. But it does them no service, and non-Muslims no service, to purvey comforting fictions about Islamic doctrine. 

(Na última sexta-feira, o muçulmano bósnio Mevlid Jasarevic caminhou até a embaixada dos Estados Unidos em Sarajevo com um rifle e abriu fogo, aterorizando o centro da cidade até que ele foi ferido por um franco atirador da polícia. A mídia o identificou como "radical islamista". O que faz dele um Islamista? O fato que ele atirou na embaixada. Na quinta-feira, Mevlid Jasarevic era simplesmente um muçulmano. Ele se tornou um Islamista no primeiro tiro de sua Kalashnikov.

Meu ponto é que enquanto meu amigo Andy McCarthy está certo em dizer que há alguns muçulmanos que estão interessados em implementar a supremacia política islâmica e alguns não estão, a distinção Islã/Islamista não tem sentido para distinguir um grupo do outro. Isto é precisamente porque, como Andy me cita antes, a distinção é artificial e imposta de fora. Não há, em outras palavras, mesquitas islamistas e mesquitas não-islamistas, distintas uma das outras, como igrejas batistas e metodistas. Pelo contrário, "Islamistas" se movem entre os não-políticos, não-supremacistas muçulmanos, sem dificuldade; nenhuma autoridade islâmica coloca-os fora das mequistas, ou estabelecem instituições separadas para os distinguir dos "Islamistas". Mevlid Jasarevic pôde visitar as mesquitas na Áustria, Sérvia, e Bósnia sem qualquer impedimento antes dele começar a atirar na sexta; ninguém o impediu de entrar porque ele era um "Islamista"

Então se muçulmanos não fazem essa distinção entre eles, por que analistas não-muçulmanos devem fazer? O problema que eu vejo em fazer isso é que muitos podem achar que isso implica que o Islã propriamente dito não tem elementos políticos ou de supremacia, e que aqueles muçulmanos que mantém aspirações políticas e supremacistas constituem um pequena minoria de extremistas que distorcem a religião. Isto não é apenas falso, mas enganoso; isto pode levar a políticas tolas que levam a perdas de vidas, dinheiro e equipamentos americanos e nos conduz a inúmeras alianças e acordos com entidades que nós deveríamos desconfiar, se nossa análise do Islã fosse mais realista e precisa.

Nós assumimos que os muçulmanos que não estão na al-Qaeda rejeitam o programa da al-Qaeda, e certamente muitos rejeitam. Mas, para alguns, a rejeição é contra as táticas, e não contra os objetivos da al-Qaeda.

...Usar o termo "Islamista" para a corrente dominante, principal e tradicional do Islã, como se ela fosse uma minoria não-tradicional, engana-nos precisamente desta maneira.

...Nós de fato, como diz Andy, queremos muçulmanos como aliados, desde que eles rejeitem os aspectos políticos e supremacistas. Mas não traz nenhum serviço nem a eles, nem aos não-muçulmanos, criar reconfortantes ficções sobre a doutrina islâmica.)



Hoje li uma reportagem da CNEWS que confirma os argumentos de Spencer, mais uma vez. A reportagem relata uma pesquisa divulgada ontem que mostra que uma grande parte dos muçulmanos canadenses "não renega a al-Qaeda". 35% dos entrevistados disseram que não rejeitam a al-Qaeda. Não renegar de maneira alguma a al-Qaeda é pensar como terrorista. 35% é muita gente que é abertamente pró-al Qaeda. Além disso,  62% dos entrevistados desejam que o Canadá assuma alguma forma da lei Sharia islâmica, aquela que permite apedrejamento de adúlteros, ter escravos, matar gays, apóstatas e quem faz proselitismo do cristianismo, e exigir cobrança de taxas para quem não for islâmico.

E olhem que esta pesquisa foi feita no Canadá, quantos por cento vocês acham que não renegam a al-Qaeda na Bósnia, no Egito, no Paquistão, na Arábia Saudita, no Iêmen, no Irã, na Síria, no Iraque, na Líbia, na Palestina, no Afeganistão, no Sudão, na Nigéria, na Argélia, na Somália,...?



(Agradeço a notícia do Canadá ao site Weasel Zippers e o texto de Robert Spencer ao blog Atlas Shrugs)

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