segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Banqueiros e Guerra

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Na semana passada, eu comentei no meu outro blog (Bloco 11, Cela 18) que o banco Standard Chartered foi acusado de enviar bilhões de dólares ao Irã de forma ilegal (sem revelar o nome dos clientes), violando a regra de que o mercado financeiro sediado nos Estados Unidos não pode fazer negócios com o Irã. Aqui também comentei o caso do HSBC.

Hoje leio um interessante texto de Gordon Crovitz no Wall Street Journal sobre o assunto.

Como antecendente histórico da intromissão bancária em negócios de guerra, Crovotz cita o envio de ouro  da antiga Tchecoslováquia, que estava depositado no Banco da Inglaterra, para a Alemanha, em 1939, depois que a Alemanha invadiu aquele país. A Inglaterra estava no período de tentativa de apaziguamento da Alemanha, que não deu certo e só fortaleceu a Alemanha militarmente e financeiramente para a guerra, e o sistema financeiro britânico queria manter as boas relações de negócio com a Alemanha

O texto é realmente muito bom, pois mostra que embora as restrições financeiras de negócio com o Irã possam não conter a produção da bomba nuclear neste país, os banqueiros não têm o direito decidir o que é certo ou errado fazer em termos de política internaiconal, se devem ou não financiar um país.

O mesmo vale para financiamento de traficantes de drogas e terroristas (caso do HSBC).

No Brasil, agora avalia-se a participação de bancos na corrupção política, nos mensalões, forjando empréstimos. Mas também dever-se-ia observar os bancos brasileiros no financiamento de negócios relacionados a drogas e grupos terroristas.

Mas temos sérios problemas para isto.

O Brasil não considera nem o Hamas, nem o Hezbollah, nem as FARC, como grupos terroristas. Para o Brasil, são apenas grupos políticos (apesar do grande histórico de assassinatos, sequestros e ataques terroristas) e isto dificulta o enquadramento penal, mesmo porque no Brasil nós também não temos nem definição para terrorismo em nosso código penal.


 

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