sexta-feira, 16 de maio de 2014

Bispos e Aiatolás conversam sobre Bomba Nuclear no Irã.


A CNBB dos Estados Unidos (USCCB) resolveu ir ao Irã conversar com aiatolás sobre bomba nuclear (foto acima). O que pode dar errado? Tudo. O que pode dar certo? Na minha opinião, nada.

A reunião de quatro dias ocorreu em março, mas só ontem foi divulgada. Segundo, a USCCB, estavam esperando autorização do governo americano. Teve a participação de três bispos americanos (liderados pelo bispo Richard Pates), aiatolás e quatro "estudiosos muçulmanos proeminentes" e foi agendada por estudantes iranianos que moram nos Estados Unidos.

O texto do jornal Catholic Herald diz que o encontro no Irã teve como anfitrião o aiatolá da cidade de Qom. E que a reunião começou com a discussão de conceitos básicos filosóficos e teológicos que os católicos e muçulmanos têm em comum. Toda vez que leio isso, eu me arrepio, porque eu sei que simplesmente não existe preceitos comuns uma vez que Alá e o Deus cristão não são os mesmos e que o Alcorão condena os cristãos. Sempre que posso recomendo que leiam o livro de Rémi Brague, católico premiado pelo próprio Vaticano, que escreveu o livro On the God of the Christians (and on one or two others).

O Bispo Pates disse que os líderes religiosos iranianos e os bispos começaram a partir da "crença comum" de muçulmanos e católicos na existência de um Deus único que criou os seres humanos e que, portanto, cada pessoa deve ser reverenciada. Um segundo ponto em comum veio do ensino de ambas as fés que, por causa de sua criação por Deus, cada pessoa tem direitos inerentes à dignidade humana.

Infelizmente, os bispos não consideraram que o Irã não aceita os direitos humanos universais da ONU, por considerarem que têm lógica ocidental (o que eles têm razão, a lógica é judia-cristã). Além disso, os bispos não leram que o Alcorão (Alá) separa entre os fiéis e infiéis, desprivilegiando e até pedindo a eliminação dos infiéis, especialmente judeus e cristãos. 

O testo da Catholic Herald diz que os líderes muçulmanos e católicos concordam que o uso de armas nucleares é imoral porque vidas inocentes seriam inevitavelmente perdidas. A partir daí , as discussões consideram a moralidade de um governo obter capacidades de armas para defender seu povo contra ameaças externas.

Interessante, mas até meio estúpido ver esta discussão. Para começar, dizer que as armas nucleares matam inocentes não as distingue completamente das outras armas. Não conheço nenhuma guerra que morreram só combatentes. E os iranianos já sabem disso. Além disso, o texto não revela  como a discussão se desenrolou sobre a necessidade de um país se defender.

O bispo Pates disse que também se falou sobre a moralidade de sanções econômicas contra o Irã, que se destinam a pressionar o governo para parar a sua busca da capacidade de armas nucleares. Ele disse que a delegação não viu nenhuma evidência específica de pobreza ou outros efeitos óbvios das sanções, mas que ouviram histórias de seu impacto.

Para finalizar, recentemente eu ouvi falar de um livro de Robert Reilly que se chama The Prospects and Perils of Catholic-Muslim Dialogue.

Gosto de Robert Reilly, ele mostrou em outro livro (The Closing of the Muslim Mind) que os muçulmanos não seguem a razão (algo que o Papa Bento XVI também reparou). Neste livro sobre o diálogo entre católicos e muçulmanos, pelo o que li na crítica (não comprei o livro), Reilly diz que os católicos têm de encontrar muçulmanos que usem a razão, e com isso descartem certos preceitos islâmicos que não seguem a razão. Bom, isto vai ser extremamente difícil no Irã desde 1979. Ainda mais, em um assunto tão sensível quanto bomba nuclear.

Para mim, a Igreja Católica, antes de ir conversar com o Irã, deveria primeiro analisar o que ela própria pensa sobre bomba nuclear. Deveria reler especialmente o padre John Courtney Murray.

Para que serviu a reunião? Não sei. No máximo, serve como propaganda para o Irã.



6 comentários:

Duddu Pontes disse...

Pedro, boa noite.

Ainda sobre a questão da perseguição muçulmana e o silencio dos meios de comunicação e da própria Igreja, viu esse caso?

http://www.padrereginaldomanzotti.org.br/noticias/sudao-mulher-crista-e-condenada-a-morte.html

O Padre Reginaldo Manzotti(não sei se você o conhece) tem um programa diário de rádio, chamado 'Experiência de Deus', das 10 às 11 da manhã, que é retransmitido de sua rádio em Curitiba por mais de 1.200 rádios irmãs em todo o Brasil! É um grande evangelizador, faz um trabalho maravilhoso de catequese pra adultos e evangeliza também através da música!

Enfim, tem um alcance enorme por aqui, e, no programa de sexta-feira, ele denunciou essa perseguição cristã e também a perseguição 'branca' que sofremos aqui no Brasil através das promulgações de leis que ferem nossas crenças cristãs!

Diante do atual silêncio da grande mídia e do clero(como a CNBB) é maravilhoso que um sacerdote que alcance tanta gente todo dia se proponha a falar sobre o assunto!

Que seja espelho para que a Igreja reaja perante as ameaças que a cercam!

Abraco!

Pedro Erik Carneiro disse...

Caro Duddu,

Vi sim este triste e penoso caso, mais um de tantas barbaridades mulculmanas.

Jah ouvi falar do padre Manzotti, mas nunca assisti ao programa dele. Bom saber de voz no clero no Brasil contra o silencio que mata.

Abraco,
Pedro Erik

Anônimo disse...

Olá Pedro, tudo bem?
Já estou me habituando a acompanhar seus interessantes textos. É consolador saber que ainda existem católicos dispostos a anunciar a Verdade.
Sobre este específico texto, discordo, entretanto, da sua afirmação que os direitos humanos da ONU têm lógica judaico-cristã. A esse respeito, indico a leitura do belo texto "Carlos Magno, a carta européia e a decepção de João Paulo II", disponível no link http://www.montfort.org.br/old/veritas/carlosmagno.html, especificamente o capítulo 1 - Relativismo religioso. No final do texto há ainda uma crítica contundente ao método "dialogante" de evangelização adotado após o CVII, principalmente por Paulo VI. Se tiver tempo, dê uma conferida.
Um abraço,
Gustavo.

Pedro Erik Carneiro disse...

Caro Gustavo,

Obrigado pelo seu comentário.
Mas acho que estamos falando de coisas diferentes.
É claro que a ONU prega hoje relativismo religioso e aborto. Mas eu falo da formação dos direitos humanos na ONU que teve a participação do ilustre católico tomista Jacques Maritain.
Abraço
Pedro Erik

Anônimo disse...

Olá amigo!
O que me causa estranheza na declaração de direitos humanos da ONU é seu antropocentrismo, daí eu disse discordar da dita "lógica judia-cristã". Afinal, como Cristo nos ordena no primeiro mandamento, nossa vida se pauta na busca por Deus com toda a alma, de todo o coração e com toda força. Essa sim, a meu ver, é a verdadeira lógica cristã. Sobre o sr. Maritain, não conheço sua obra, por isso não tenho condições de argumentar. Saliento apenas que no último século muitos foram tomistas apenas no nome. Não sei se é o caso.
Um grande abraço.
Até mais.
Gustavo.

Pedro Erik Carneiro disse...

Caro Gustavo,

Maritain é um tomista respeitadissimo e teve uma vida que beira a santidade, junto com sua esposa. Leia sobre ele e sua luta para encontrar um ponto comum teológico e filosófico na formação dos direitos humanos na ONU.
Apesar de ter falhas não se pode negar que a base destes direitos eh ocidental e por isso judaico-cristão.
Grande abraço,
Pedro Erik