terça-feira, 19 de novembro de 2024

Ciência Politizada - Como Corrigir?

 


O cientista político e matemático Roger Pielke Jr escreveu um artigo tratando das raízes da descrença na ciência: a politização da ciência. Para ver que isso é verdade não precisa ser cientista, basta pesquisar no Wikipedia, que virou site com viés de extrema esquerda.

Mas vou tecer alguns comentários.

Eu estou escrevendo sobre ética da guerra, nas minhas leituras, sobre guerra e filosofia, eu vi o quanto as guerras influenciaram a filosofia. Desde Sócrates que foi herói de guerras ou Xenophon, seu aluno, que foi guerreiro mercenário, até chegar aos nossos dias. As guerras infliuenciaram a filosofia (a política), e a filosofia (política) influenciou as guerras.

Assim, também ocorre com as descobertas científicas, o que seria de Descartes sem as descobertas científicas ( e sem as guerras religiosas), ou Kant sem Newton, ou Oppenheimer sem a bomba atômica, que é uma enorme descoberta científica e também a mais poderosa arma? A ciência infliuencia a filosofia (política), e a filosofia (política) também influencia a ciência.

Outro diz, eu vi o matemático John Lennox contar que a BBC lhe convidou para dar uma entrevista. O tema seria escolas religiosas. Ele perguntou: "por onde vamos começar, pelas escolas que ensinam o ateísmo?" Lennox quis dizer que qualquer escola ensina religião, mesmo a que diz que nao ensina. A BBC desistiu da entrevista (by the way, isso é muito corriqueiro comigo, alguém me chama para uma entrevista eu faço aguns comentários, e a pessoa desaparece. E estou longe de ser um John Lennox).

O que quero dizer é que os cientistas e os guerreiros estão inseridos em um contexto social e político, assim a própria formaçao deles leva essa traço. Não é possível fugir disso completamente.

O que quero dizer é que o problema não é a "politização". É pior: é a desonestidade mesmo. O problema é a impureza no coração dos cientistas, a ganância por ganhar dinheiro  que pisa nos pilares da produção científica. Em uma sociedade que tem um viés esquerdista, o cientista que quer "se dá bem" fala o que os esquerdistas querem ouvir.

Dessa forma, a raiz da desconfirança com a ciência é bem mais profunda, "está no coração dos homens", como disse Cristo.

Mas traduzo abaixo os últimos patágrafos do texto do Pielke Jr aqui:

"A ciência — a busca sistemática do conhecimento — funciona porquea comunidade adere a um conjunto compartilhado de normas. Uma formulação amplamente discutida, articulada pelo sociólogo  Robert K. Merton na década de 1930, sustenta que, para a ciência funcionar, quatro coisas principais têm que acontecer: 1) Os cientistas devem colaborar; 2) reconhecer que as descobertas científicas não são baseadas em quem está fazendo uma afirmação; 3) insistir que as instituições científicas (como periódicos) devem ser desinteressadas em vez de defensoras de uma causa; e 4) expressar ceticismo em relação às afirmações e sempre submetê-las a escrutínio.

Nos exemplos que contei, cada uma dessas normas foi violada, pois os editores de periódicos aparentemente buscaram proteger ou mesmo transformar a publicação científica em uma arma para proteger ou promover uma perspectiva consideradaimportante além da ciência. Mas quando a autocorreção na ciência é interrompida, a ciência deixa de funcionar. Isso, por sua vez, ameaça a confiança pública e a tomada de decisões eficaz.

O contexto maior aqui revela uma espécie de omertà científica entre especialistas e jornalistas. Embora muitos cientistas tenham falado sobre as origens da Covid-19, muitos também enfrentaram ataques pessoais e ameaças às suas carreiras, tanto de seus colegas quanto de jornalistas de grandes veículos. A pesquisa climática pode ser ainda pior. Minhas próprias experiências são bem conhecidas: fui atacado pela Casa Branca, investigado pelo Congresso e expulso de um trabalho de redação no 538 de Nate Silver por esforços com o apoio de um bilionário obscuro — tudo pelo pecado de publicar um resumo de uma pesquisa precisa, mas indesejada, revisada por pares. As pressões sociais e profissionais na pesquisa climática são imensas.

A única maneira de a ciência nessas áreas voltar aos trilhos é com uma liderança mais forte e comprometida com as normas científicas. Isso significa colocar as coisas em ordem, mesmo — e talvez especialmente — quando isso pode significar a retratação de um artigo com significado político. Editores de periódicos que fazem isso e se encontram na proverbial mira precisarão ser apoiados por conselhos editoriais e editores que também têm a coragem de respeitar as normas científicas.

Garantir a integridade científica na pesquisa publicada é uma escolha. Essa escolha é consequente e vai muito além dos benefícios de curto prazo e prejuízos que resultam de uma decisão de retratação específica. É em tais escolhas que a confiança pública duradoura na ciência, em última análise, repousa."


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