Trump liberou 80 mil páginas sobre o assassinato de John Kennedy (JFK), que ocorreu em 22 novembro de 1963, no Dallas. 80 mil páginas, repito! Tem muita coisa lá, muita coisa que não necessariamente se refere ao assassinato de Kennedy.
Uma delas são algumas linhas que relacionam a CIA (serviço secreto dos Estados Unidos) com o pontificados de João XXIII e Paulo VI, quando a CIA tinha um católico como diretor, John McCone (na foto acima com irmão de JFK, Robert Kennedy, que também foi assassinado). McCone liderou a CIA de 1961 a 1965, pegando parte do pontificado de ambos papas e o período do assassinato de Kennedy (que também era católico).
Quando eu escrevi meu livro sobre guerra justa, Teoria e Tradição da Guerra Justa, eu comentei sobre o relacionamento de PIO XII com militares alemães que queriam assassinar Hitler, com base em um livro que disseca a questão. Além disso, a ideia de que o Vaticano tem seu próprio serviço secreto remonta séculos. Vaticano nega, mas não se pode negar que o Vaticano possui muitas informações valiosas sobre inúmeros países.
A passagem dos arquivos JFK, que está trazendo debate e curiosodade, ocorreu em um memorando, marcado como “Secreto/Sensível”, escrito por Walter Elder ao diretor da CIA na época (anos 70), William Colby, para descrever o que Elder chamou de “exemplos de atividades que, para observadores hostis ou para alguém sem conhecimento completo e um tipo especial de motivação, poderiam ser interpretadas como atividades que excediam o estatuto da CIA” durante o mandato do diretor John McCone no início da década de 1960.
McCone, era um republicano (não era do partido de JFK), rico empresário da Califórnia. Ele serviu como subsecretário da Força Aérea dos EUA durante o governo Truman e presidiu a Comissão de Energia Atômica durante o governo Eisenhower. Como diretor da CIA, ele desempenhou um papel importante durante a Crise dos Mísseis Cubanos de outubro de 1962.
A passagem é a seguinte, traduzo em seguida:
“Finally, and this will reflect my Middle Western Protestant upbringing, McCone’s dealings with the Vatican, including Pope John XXIII and Pope Paul VI, would and could raise eyebrows in certain quarters.”
“Finalmente, e isso refletirá minha educação protestante do Centro-Oeste, as relações de McCone com o Vaticano, incluindo o Papa João XXIII e o Papa Paulo VI, levantariam e poderiam levantar sobrancelhas em certos setores”.
Bom, nada mais do que isso.
Pode ser apenas por conta do preconceito protestante assumido, mas pode ser também muita coisa, em tempos de "ostpolitik" em que o Vaticano procurava se aproximar do mundo comunista.
Para uma leitura sobre a questão, sugiro aqui e aqui.
Um comentário:
olá, Dr Pedro.
Lembro que quando Trump anunciou a liberação desses arquivos ele até citou algumas teorias sobre a morte de JFK, entre as incluiu a suspeita do próprio vice de Kennedy.
É muito documento. Os antigos especialistas no assunto que ainda estão vivos e saudáveis devem estar tendo muito trabalho. Eu desejo que se tragam muitas verdades sobre esse fato histórico, e acho que foi uma grande ATITUDE POLÍTICA de Trump essa liberação.
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