segunda-feira, 10 de junho de 2019

Cardeais e Bispos Divulgam Declaração de 40 Verdades da Fé Contra as Confusões de Francisco


Mais um documento que procura dar alguma clareza de fé em tempos de Francisco. O cardeal Muller já tinha feito isso e muitos outros teólogos e filósofos já assinaram inúmeros apelos ao Papa para que ele explicasse seus atos.

Dessa vez, os cardeais Janis Pujats e Raymond Burke e arcebispos, Tomash Peta, Jan Pawel e Athanasius Schneider divulgam hoje documento com 40 verdades da fé. Algumas dessas verdades fazem referência a palvras e atos do Papa Francisco e outras procuram conter a extensa confusão na Igreja no pontificado de Francisco. Os autores pedem que mais clérigos assinem o documento.

O site Life Site News diz que documento foi divulgado em várias línguas. Eu não havia conseguido o link para o português, mas depois meu leitor Emanoel  me enviou um link do Dies Irae com a versão em português.

O documento tem 8 páginas e tem uma nota explicativa, difícil colocar tudo no blog.

Praticamente todos os pontos estão relacionados a alguma fala do Papa Francisco:

Eu vou colocar alguns dos pontos que achei mais interessantes. O documento reafirma as verdades da fé católica, desde a defesa da Pena de Morte até a defesa do casamento e da vida.


1) Sobre as novidades na fé. Item 1 do documento afirma que essas novidades não podem atentar contra os preceitos de fé e a Tradição da Igreja:

O significado correcto das expressões “tradição viva”, “Magistério vivo”, “hermenêutica da continuidade” e “desenvolvimento da doutrina” inclui a verdade de que qualquer nova compreensão do depósito da fé não pode ser contrária ao que a Igreja sempre propôs no mesmo dogma, no mesmo sentido e no mesmo significado (cf. Concílio Vaticano I, Dei Filius, 3, cap. 4, «in eodem dogmate, eodem sensu, eademque sententia»).                

2) Sobre muçulmanos adorarem o mesmo Deus cristão, o documento nega isso, explicitamente. Item 5;

Os muçulmanos e todos aqueles que não têm fé em Jesus Cristo, Deus e homem, mesmo sendo monoteístas, não podem prestar a Deus a mesma adoração dos cristãos, isto é, o culto sobrenatural em Espírito e Verdade (cf. Jo 4, 24; Ef 2, 8) de quantos receberam o Espírito de adopção filial (cf. Rm 8, 15).   

3) Sobre as ideias panteístas, que muitas vezes estão relacionadas no ambientalismo exagerado do Papa Francisco, os cardeais e arcebispos negam a proximidade com o cristianismo. Item 6

As espiritualidades e religiões que promovam qualquer tipo de idolatria ou panteísmo não podem ser consideradas nem como “sementes” nem como “frutos” do Verbo Divino, porque se trata de enganos que impedem a evangelização e a salvação eterna dos seus aderentes, como ensina Sagrada Escritura: «para os incrédulos, cuja inteligência o deus deste mundo cegou, a fim de não verem brilhar a luz do Evangelho da glória de Cristo, que é imagem de Deus» (2Cor 4, 4).     

4) Os cardeais e arcebispos asseguram que o Inferno existe, item 8

O inferno existe e aqueles que são condenados por qualquer pecado mortal sem arrependimento são eternamente punidos pela justiça divina (cf. Mt 25, 46). Segundo o ensinamento da Sagrada Escritura, não apenas os anjos caídos, mas também as almas humanas são eternamente condenadas (cf. 2Ts 1, 9; 2Pe 3, 3). Além disso, os seres humanos eternamente condenados não serão aniquilados, uma vez que as suas almas são imortais de acordo com o ensinamento infalível da Igreja (cf. V Concílio Lateranense, sess. 8).                     

5) Reafirma que só existe uma religião desejada por Deus e não várias, renegando o que assinou Francisco junto com um líder muçulmano no documento de Abu Dhabi. Item 9.

A religião nascida da fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado e o único Salvador da humanidade, é a única religião desejada positivamente por Deus. É errado afirmar que, assim como Deus quer positivamente a diversidade dos sexos masculino e feminino e a diversidade das nações, também quer a diversidade das religiões.  

6) Os pecados estabelecidos pela Igreja não se contradizem, item 14.

Todos os mandamentos de Deus são, igualmente, justos e misericordiosos. É, portanto, errado dizer que uma pessoa, obedecendo a uma proibição divina – como, por exemplo, ao sexto mandamento, ou não cometendo adultério –, possa pecar contra Deus por tal acto de obediência, prejudicar-se moralmente ou pecar contra o próximo.     

7) Itens 16 e 17 são contra o aborto:

A lei natural e divina impede que uma mulher, que concebeu um filho no seu ventre, mate essa vida humana nela presente, seja no caso em que seja ela mesma a fazê-lo, seja no caso em que o façam outros, directamente ou indirectamente (cf. João Paulo II, Encíclica Evangelium Vitae, n. 62).    

Os procedimentos que provocam a concepção fora do útero «são moralmente inaceitáveis, porquanto separam a procriação do contexto integralmente humano do acto conjugal» (João Paulo II, Encíclica Evangelium Vitae, n. 14).          

8) Item 22 reforça que o pecado do segundo casamento (problema trazido pelo documento Amoris Laetitia do Papa Francisco);

Quem obteve um divórcio civil do cônjuge com quem é validamente casado (ou casada) e tem um matrimónio civil com outra pessoa durante a vida do cônjuge, e vive more uxorio com o seu parceiro civil e opta por permanecer neste estado com pleno conhecimento da natureza do seu acto e com pleno consentimento da vontade para com esse acto, encontra-se num estado de pecado mortal e, portanto, não pode receber a graça santificante e crescer na caridade. Portanto, estes cristãos, a menos que vivam como “irmão e irmã”, não podem receber a Sagrada Comunhão (cf. João Paulo II, Exortação Apostólica Familiaris Consortio, n. 84).       

9) Item 23 reafirma o gravíssimo pecado dos atos homossexuais:

Duas pessoas do mesmo sexo pecam gravemente quando procuram um prazer venéreo recíproco (cf. Lv 18, 22; Lv 20, 13; Rm 1, 24-28; 1Cor 6, 9-10; 1Tm 1, 10; Jd 7). Os actos homossexuais «não podem, em caso algum, ser aprovados» (Catecismo da Igreja Católica, n. 2357). Assim, é contrário à lei natural e à Revelação Divina alegar que Deus, o Criador, assim como deu a alguns humanos uma disposição natural para experimentar atracção sexual por pessoas do sexo oposto, a outros deu uma disposição natural para sentir desejo sexual em relação a pessoas do mesmo sexo e que, neste último caso, Deus quer que se coloque em prática tal conduta em algumas circunstâncias.       

10) Item 28 reafirma que a Igreja aceita a possibilidade de uso da pena de morte:

Em conformidade com a Sagrada Escritura e a tradição constante do Magistério ordinário e universal, a Igreja não errou ao ensinar que o poder civil possa legitimamente exercer a pena capital contra os malfeitores, quando isso é verdadeiramente necessário para preservar a existência ou a justa ordem da sociedade (cf. Gn 9, 6; Jo 19, 11; Rm 13, 1-7; Inocêncio III, Professio fidei Waldensibus praescriptaCatecismo Romano do Concílio de Trento, p. III, 5, n. 4; Pio XII, Discurso aos participantes do Encontro Nacional de Estudos da União dos Juristas Católicos Italianos, 5 de Dezembro de 1954).         


11) Os itens 30 a 40 tratam do sacramento da Eucaristia, enfatizo a parte que fala da necessidade do estado de graça (item 37):

Em virtude da vontade de Cristo e da tradição imutável da Igreja, o sacramento da Sagrada Eucaristia não pode ser dado àqueles que estão em estado público de pecado objectivamente grave, e a absolvição sacramental não pode ser dada àqueles que expressam a sua relutância em se conformarem à lei divina, mesmo se essa relutância diz respeito a uma só matéria grave (cf. Concílio de Trento, sess. 14, c. 4; João Paulo II, Mensagem ao Cardeal William Wakefield Baum, 22 de Março de 1996).     


Em inglês, para acessar todo o documento clique aqui, para acessar a nota explicativa clique aqui.



13 comentários:

Rafael P. disse...

Caro Erik,

Lembro que não é de hoje que se diz que "a Igreja precisa evoluir" no que se refere aos pontos mais sensíveis da sociedade atual. Eu inclusive já fiz parte desse coro, quando afastado da Igreja. Infelizmente a ignorância e a falta de conhecimento nos levam ao erro (ref. Oséias).

Considero de grande valia esse documento. No atual momento, grande parte das pessoas usam o "Mas o Papa Francisco disse..." como a tábua da verdade para muitas coisas. E em conjunto com o outro post (Pope Francis Forgets), instalou-se uma grande confusão e essas verdades precisam ser proclamadas.

Minha triste constatação é que esse documento será lido por uma pequena minoria, em contrapartida aos estragos que já foram disseminados pela grande mídia.

Enfim, rezemos pelo Papa.

Pedro Erik Carneiro disse...

Caro Rafael,

É sempre uma minoria mesmo que segue a Cristo. Não se preocupe tanto com quantidade. "A porta do céu é estreita" mesmo.

Eu, por exemplo,não costumo me preocupar em ter milhares de seguidores. E tenho até medo disso, talvez me leve a pecar.

Sim, rezemos pelo Papa.

Abraço,
Pedro Erik

Adilson disse...

Dr. Pedro, o senhor está de parabéns por esta postagem. É isso que me faz amar este Blog. Creio que a internet, no lado bom da coisa, possibilitou os católicos (os realmente preocupados e devotados) a ficar de olhos bem abertos com respeito aos ataques contra a Igreja: creio que não podemos mais se dar ao luxo de baixar a cabeça para uma obediência maléfica e cega, que só aumenta a destruição da Igreja. Fico me perguntando: será que o papa Francisco tinha ciência de que haveria uma resistência assim? Rezo pelo papa todos os dias, mas isso não significa, como querem muitos católicos desleixados, que devo ficar na zona do conforto de achar que não preciso fazer nada e me submeter a heresias.

Adilson disse...

Alguém está sabendo da nova publicação da CNBB que o pe PAULO RICARDO irá apresentar hoje em seu canal? link abaixo:
https://mail.google.com/mail/u/0/?tab=rm&ogbl#inbox/FMfcgxwCgzLHLkDsLQXCfHqzHqWxFVjt

Pedro Erik Carneiro disse...

Muito obrigado, meu caro Adilson. Conto com as orações de meus leitores para me fortalecer na minha luta diária. Vocês também estão nas minha orações.

Abraço,
Pedro Erik

Emanoel Truta disse...

Boa noite, Pedro!

Ótima iniciativa. Em meio a tanta confusão, reafirmar a Fé Católica é sempre necessário.

Encontrei a declaração traduzida em português e disponibilizo o link: http://diesiraept.blogspot.com/2019/06/a-igreja-do-deus-vivo-coluna-e.html.

Infelizmente, já dizia Chesterton: "estão querendo parar o vazamento no lugar errado".


Pelo pouco que já li e reli, se voltarmos ao que ocorreu após o Concílio Vaticano II, e ao que todos os Papas antes desse Concílio condenaram, chegaremos a raiz do problema.


No mais rezemos pelo Papa, pelos bispos e por toda a Igreja e uns pelos outros.


Que Nossa Senhora nos ajude a passar pela porta estreita e chegarmos ao céu.

Viva Cristo Rei!


Adilson disse...

A postagem de ontem realmente deu "pano pra manga", como diz o caipira. Hoje tirei um tempinho pra ler e seguir alguns links que o site Life Site News coloca no texto. É muita coisa. A parte boa é que esse site pró vida concentra o leitor no assunto ao mesmo tempo que faz uma retrospectiva histórica dos fatos. Isso significa que um leitor novo, que navega na página pela primeira vez, poderá se informar sobre os problemas, e assim não fazer confusão ou atacar os jornalistas e escritores. Claro, mas isso só funciona se o leitor for uma pessoa moralmente bem conduzida, seja católico ou não. Sabemos, que, no caso do Brasil, é muito comum a pessoa demonstrarem desprezo pelo conhecimento ou agredir verbalmente alguém que está trazendo o assunto com argumentos nada coerentes ou fora de contextos (são os males da má educação). Eu tenho visto isso aqui, quando presenciei leitores católicos fazendo acusações infundáveis contra o Blog; geralmente católicos que NUNCA leram o missal, uma simples bula ou qualquer outro documento da Igreja. Aquele tipo de pessoas que foram catequizadas lá na infância e nunca mais se recolheram pra rever as doutrinas da Igreja.
Mas voltando a postagem... então: me chamou a atenção a nota 3 que diz: "Sobre as ideias panteístas, que muitas vezes estão relacionadas no ambientalismo exagerado do Papa Francisco, os cardeais e arcebispos negam a proximidade com o cristianismo".

Achei interessante essa nota porque enquanto eu lia, me lembrei daquele fato em que o papa Francisco, não me engando, adotou essa estória de chamar a Terra de "mãe". Acho que foi em 2015.

Pedro Erik Carneiro disse...

Caros amigos, muito obrigado, pelos comentários.

O nosso amigo Emanoel disponibilizou a versão em português da Declaração. Vejam lá:

http://diesiraept.blogspot.com/2019/06/a-igreja-do-deus-vivo-coluna-e.html

Viva Cristo Rei!

Grande abraço,
Pedro Erik



Emanoel Truta disse...

Gostaria que dessem uma lida no item 10:

«A nossa religião [cristã] instaura efetivamente uma relação autêntica e viva com Deus, que as outras religiões não conseguem estabelecer, se bem que elas tenham, por assim dizer, os seus braços estendidos para o céu» (Paulo VI, Exortação apostólica Evangelii nuntiandi,53).

Parece um pouco ambíguo essa afirmação de Paulo VI? Corrijam-me, por caridade, se estiver enganado.

Viva Cristo Rei!

Pedro Erik Carneiro disse...

Bom, meu caro, os católicos não podem negar "aquilo que está escrito no coração dos homens". Isto é, há seres humanos que desconhecem a religião católica e mesmo assim possuem Deus no coração. Deus está presente no coração de todos os seres humanos que não o negam diretamente.
Os protestantes e muçulmanos não se enquadram nesse tipo que desconhece a Igreja Católica. Mas eles podem ter "braços estendidos para o céu" no sentido que buscam o verdadeiro Deus.

O parágrafo é muito curto para um assunto complexo, deve ser lido junto dos outros parágrafos que professam a única religião verdadeira, a religião católica.

E sim, Paulo VI foi perigosamente ambíguo sempre.

Abraço,
Pedro Erik

Emanoel Truta disse...

Obrigado Pedro pela ajuda.

Abraço

Viva Cristo Rei!

Rafael P disse...

Muito bom que postaram a versão em português. Se puder Pedro atualize o post colocando o link.

Um abraço!

Pedro Erik Carneiro disse...

Ok, Rafael P.

Vou cumprir seu pedido dando crédito ao Emanoel, que me passou a versão em português.

Abraço, meu amigo.
Pedro Erik