sexta-feira, 6 de maio de 2022

Editorial Wall Street Journal Contra Posição de Francisco na Guerra da Ucrânia


O jornal Wall Street Journal fez um editorial condenando a posição do Papa Francisco frente a guerra da Ucrânia. Na entrevista, que esclareceu qual é suposição frente a guerra, Francisco se mostrou do lado de Putin, contra a OTAN, e usou palavras grosseiras para descrever a reunião que teve com o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa (o patriarca já reagiu quanto a isso). 

O Wall Street Journal é o jornal mais lido e mais respeitado dos EUA. No Brasil é que ainda se acha que é o New York Times. O Wall Street Journal costuma trazer críticas a Francisco especialmente por conta do silêncio de Francisco frente às atrocidade da China. No mesmo editorial sobre a Guerra da Ucrânia, o jornal lembra disso.

Aqueles que tentam salvar as palavras do papa na entrevista usam a velha fórmula de que a entrevista que ele deu não foi gravada e sugerem que o jornal que fez a entrevista pode ter mudado as palavras o papa.

Isso é "BS" (bobagem) e tentativa de salvar o papa dele mesmo, como sempre.

Vou traduzir abaixo o editorial do Wall Street Journal sobre o Papa e a Guerra da Ucrânia abaixo.

Papa Francisco culpa a OTAN

Logo após a desastrosa retirada dos Estados Unidos do Afeganistão, o Papa Francisco citou a ex-chanceler alemã Angela Merkel ao criticar a guerra de 20 anos: “É necessário acabar com a política irresponsável de intervir de fora e construir a democracia em outros países, ignorando as tradições dos povos”.

O problema é que o Papa estava citando Vladimir Putin, não a Angela Merkel. Essa gafe veio à mente quando um jornal italiano publicou uma entrevista com o Papa na terça-feira.

Francisco sugeriu que talvez "a OTAN latindo no portão da Rússia" tenha levado Putin a invadir seu vizinho, que não pertence à aliança. “Não tenho como dizer se a raiva dele foi provocada”, continuou ele. “mas suspeito que talvez tenha sido facilitada pela atitude do Ocidente”. Questionado se era certo enviar armas para que a Ucrânia pudesse se defender, o papa disse: “Não sei”, antes de criticar o comércio global de armas.

Desde a invasão, Francisco pediu o fim da guerra e criticou a violência, mas não criticou diretamente a Rússia por iniciar o conflito. Agora que ele finalmente fala, ele culpa a OTAN por aceitar membros que querem evitar ser invadidos pela Rússia. Que terrível sinal moral para enviar aos ditadores.

O papa disse que pediu uma audiência com Putin, mas não recebeu resposta. Questionado se visitaria Kiev, ele disse que deveria ir a Moscou primeiro: “Se Putin decidir deixar a porta aberta . . . ” Este é um padrão. Lembre-se de que o papa se recusou a se encontrar com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em 2020, pelo menos em parte devido à oposição dos Estados Unidos ao acordo notório do Vaticano com o Partido Comunista Chinês.

Não se trata de saber se o Vaticano se alinha perfeitamente com o Ocidente ou se o papa próximo dos EUA João Paulo II foi um crítico veemente da Guerra do Iraque de 2003, mas manteve o respeito daqueles que se lembravam de sua oposição ao imperialismo soviético. A consistência importa.

O Papa é o líder espiritual de mais de um bilhão de católicos, mas a autoridade moral por trás do papado – por mais danificada que esteja – ainda pode transcender a religião de tempos em tempos. Isso torna o equívoco de Francisco sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia ainda mais frustrante para aqueles que lembram o quão poderosa uma força para o bem pode ser um papa.


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