sábado, 6 de agosto de 2022

Os Amigos de Francisco: Fidel Castro, Daniel Ortega, Renato Freitas e James Martin.





Em tempos em que o regime sandinista de Daniel Ortega continua fechando rádios e mídias católicas e atacando igrejas no país, sem que Francisco diga nada, o jornalista italiano Sandro Magister escreveu sobre os amigos de Francisco: Fidel Castro e o próprio Ortega.

No Brasil, dizem que o vereador petista Renato Freitas que invadiu Igreja Católica e foi cassado duas vezes, vai ser recebido por Francisco.

Nos Estados Unidos, é dito que Francisco escreveu mais uma carta em apoio ao padre que mais apoia LGBTQ+++ no mundo.

Aqui vai o texto de Sandro Magister, excelente sobre o comportamento de Bergoglio quando esteve em Cuba e sobre o silêncio de Francisco frente a perseguição sandinista na Nicarágua e mesmo apoio de Francisco aos pedidos de Ortega. Traduzo texto de Magister abaixo:

Castro, Ortega, Bergoglio. As más amizades do Papa

China e Rússia estão hoje invadindo quase todos os comentários sobre a política internacional da Santa Sé, em ambos os casos nada brilhantes.

Mas há outros países no mundo onde a Igreja Católica vive situações não menos dramáticas de autêntica perseguição. E, no entanto, o papa está calado, como no caso da Nicarágua. Ou, no outro extremo, exagera na loquacidade obsequiosa, como no caso de Cuba.

Sua admiração pelo regime cubano nunca foi algo que Jorge Mario Bergoglio manteve em segredo. Na foto acima ele é visto em pose deferente com Fidel Castro, nos quarenta minutos de conversa que teve com ele durante sua viagem a Havana em 2015.

Mas também com seu irmão Raúl, há décadas um verdadeiro homem forte do sistema persecutório castrista, o Papa Francisco diz que está cultivando “uma relação humana”. Ele teve o cuidado de dar a conhecer em uma entrevista à rede de TV mexicana Televisa em 11 de julho passado, exatamente um ano após a implacável repressão em toda a ilha do maior protesto popular contra a ditadura dos últimos trinta anos.

Na entrevista, o elogio de Francisco ao regime de Castro – “Cuba é um símbolo. Cuba é uma grande história ”- naturalmente ganhou as manchetes do “Granma”, o jornal oficial do partido comunista cubano. Mas levantou um coro unânime de protestos de representantes da oposição, em grande parte católicos, no exílio e em seu país de origem, todos profundamente feridos pelas palavras do papa.

Em 2015, o Papa Francisco disse a jornalistas que havia conversado amigavelmente com Fidel Castro sobre educação de Fidel na escola preparatória jesuíta e amizade de Fidel com alguns dos jesuítas. Dando credibilidade à tese crítica do professor Loris Zanatta da Universidade de Bolonha, especialista em América Latina, apresentada em seu livro de 2020 intitulado “Populismo jesuíta. Perón, Fidel, Bergoglio” e revisitado há poucos dias em seu comentário mordaz no jornal argentino “La Nación”.

Mas o que mais chamou a atenção nessa viagem papal a Cuba em 2015 foi o completo silêncio de Francisco sobre as vítimas do regime castrista, sobre os milhares de cubanos engolidos pelo mar enquanto tentavam escapar da tirania e sua recusa em se encontrar com membros da oposição.

Em 1998, um deles, quando João Paulo II estava visitando Cuba, chegou a subir ao altar para trazer as oferendas durante a Missa na Plaza de la Revolución, enquanto da praça vinha o grito alto e ritmado de “Libertad! ”, uma palavra que o papa pronunciou treze vezes em sua homilia.

Em 2015 nada disso. A polícia castrista rastreou e registrou todos os admitidos nas missas de Francisco, em Havana como em outras cidades, além de misturar em esquadrões de delatores pertencentes ao partido. E nos nove discursos de sua visita a Cuba, Bergoglio pronunciou a palavra “libertad” apenas uma vez, como se fosse um dever oficial.

Pressionado por jornalistas no voo de volta de Cuba sobre seu fracasso em se encontrar com dissidentes, Francisco respondeu o seguinte:

“Antes de mais nada, ficou bem claro que eu não daria nenhuma audiência aos dissidentes, porque eles não eram os únicos a pedir uma audiência, mas também pessoas de outros setores, incluindo vários chefes de Estado. Não, não estava previsto que haveria audiência: nem com dissidentes, nem com outros. Segundo: da nunciatura foram feitas ligações telefônicas para algumas pessoas que fazem parte desse grupo de dissidentes. A tarefa do núncio era informá-los de que com prazer, ao chegar à catedral, saudaria os que ali estivessem. Mas como ninguém apareceu para a saudação, não sei se eles estavam lá ou não.”

Na realidade, os dissidentes não estavam lá, pois a polícia havia identificado todos eles e os expulsou.

*

Quanto à Nicarágua, a memória remonta ao confronto frontal em 1983 entre João Paulo II e o regime revolucionário sandinista da época, repleto de padres que se tornaram oficiais, um confronto que culminou em gritos hostis orquestrados da multidão contra o papa, durante a missa de encerramento.

Ainda no topo da Nicarágua está o inamovível Daniel Ortega, com sua esposa Rosario Murillo como vice-presidente. Mas a Igreja Católica sofreu uma reviravolta na sorte. Já não está meio a serviço do regime através da atividade de seu clero, militante e contrário a um João Paulo II identificado com as potências neocoloniais, mas é totalmente perseguido e humilhado, sendo apenas o Papa Francisco descaradamente elogiado por Ortega como um “amigo da revolução sandinista”.

O problema é que Francisco não se afasta desse uso inescrupuloso de sua pessoa por Ortega. Ele nunca empregou uma palavra em público em defesa da Igreja da Nicarágua.

Um protesto tímido não do papa, mas dos escritórios do Vaticano surgiu apenas quando Ortega, em março passado, expulsou o núncio pontifício, o polonês Waldemar Stanislaw Sommerga, da Nicarágua, exigindo que ele deixasse o país imediatamente após ser notificado da disposição. O Vaticano respondeu à notícia com uma declaração em 12 de março expressando “grande surpresa e arrependimento”.

O problema é que o núncio, por mandato do papa, há muito negociava com Ortega sem nunca obter nada, perdendo a aprovação dos bispos do país e essencialmente de toda a Igreja nicaraguense.

Não apenas isso. Os bispos mais detestados pelo regime receberam até ameaças de morte. Contra o mais combativo deles, o auxiliar de Manágua Silvio Báez, o regime apresentou a falsa acusação de tramar um golpe de Estado, e Ortega pediu a Francisco que o chamasse de volta à linha. Contra sua vontade, o papa o transferiu em 2019 de Manágua para Roma, com a promessa de lhe atribuir um lugar na cúria vaticana. Mas nada foi feito e hoje Báez vive exilado em Miami, ainda comprometido com a liberdade de seu país.

O fato é que hoje a Nicarágua é um dos países do mundo onde a Igreja Católica é mais perseguida. Não há como contar os assassinatos, prisões, assaltos militares a igrejas onde os opositores buscam abrigo. Um bispo, Rolando Álvarez, jejuou em maio passado em protesto contra a repressão.

No início de julho o regime nem poupou as irmãs de Santa Teresa de Calcutá. Ordenou a sua expulsão imediata do país. Em 6 de julho, os primeiros quinze cruzaram a pé a fronteira sul com a Costa Rica, que poucos dias antes havia sido visitada pelo secretário vaticano para as relações com os Estados, Paul Richard Gallagher.

Mas nem mesmo no memorando oficial do Vaticano que deu conta da viagem de Gallagher, publicado naquele mesmo 6 de julho, apareceu a menor menção à expulsão das irmãs de Santa Teresa de Calcutá.

Sobre a perseguição na Nicarágua, o silêncio da Sé do pontificado de Francisco é cada vez mais ensurdecedor.


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