segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Angela Merkel e o Multiculturalismo



Na semana passada, a primeira-ministra da Alemanha Angela Merkel disse que o multiculturalismo falhou. Isto é, a idéia de que é possível formar uma sociedade com diversas pessoas de diversas religiões e culturas, resultando que todos trabalhem juntas com o mesmo propósito tinha falhado. Friso a palavra juntas, porque é aqui que está o problema.

Quem já morou na Europa fica mais claro, mas acontece em qualquer lugar (mesmo no Brasil tido como um país que todos estão unidos na diversidade). As pessoas de diferentes religiões e culturas geralmente vivem afastadas uma das outras. As pessos vivem em mundos diferentes. Para que uma sociedade se desenvolva em uma mesma direção é necessário que alguns princípios sejam defendidos por todos, ou pelo menos pela imensa maioria. Por exemplo, a defesa da liberdade da mulher é uma conquista ocidental que não é compartilhada pelo islamismo, assim como a liberdade para os homossexuais. A idéia de que um estado deva ser laico também é um valor ocidental não reconhecido pelo islamismo.  O comunismo foi derrotado na Europa, mas ainda persiste na Ásia.

Tenho um amigo que trabalha na ONU na área de refugiados. Ele sempre me relata a dificuldade de adptação dos refugiados. Eles resistem em aceitar os valores dos países que os recebe e os cidadãos desse país também resistem a agregar esses indivíduos.

Merkel disse:

"At the beginning of the 1960s our country called the foreign workers to come to Germany and now they live in our country," said Ms. Merkel at the event in Potsdam, near Berlin. "We kidded ourselves a while. We said: 'They won't stay, [after some time] they will be gone,' but this isn't reality. And of course, the approach [to build] a multicultural [society] and to live side by side and to enjoy each other ... has failed, utterly failed." (No começo da década de 60, nosso país chamava trabalhadores estrangeiros para vir para a Alemanha e agora eles vivem em nosso país. Nós enganamos nós mesmos um pouco. Nós pensamos: "Eles não vão ficar, [depois de um tempo] eles irão embora", mas esta não é a realidade. E lógico, a abordagem de construir uma sociedade multicultural para que todos vivam lado a lado com prazer...tem falhado, completamente falhado) .

Merkel lembrou um fato que eu mesmo falo para o meu amigo da ONU. Muitos refugiados não se esforçam, e alguns nem querem, aprender a língua do país que o recebe. Merkel disse que "aqueles que não aprendem a língua alemã imediatamente não são bem-vindos".

O problema da imigração é sério, especialmente nos países ricos, onde imigrantes vão buscar trabalho e as garantias do estado do bem-estar social (creche de graça para os filhos, auxílio desemprego, juros baixos para habitação, etc.). Atualmente, há discussão desse problema tanto na Europa como nos Estados Unidos. Sarkozyu mandou de volta ciganos, a Alemanha tem problemas com turcos e muçulmanos, os Estados Unidos têm problemas com otráfico de drogas e de pessoas na fronteira com o México, a Bélgica tem uma vasta população muçulmana que ameaça a cultura do país, a Romênia não quer aceitar de volta os ciganos deportados pelos franceses, etc..Mas não apenas no mundo ocidental, para ver isso para pensar como o irã reagiria se uma grande massa de muçulmanos sunitas entrassem no país, ou sobre o efeito de uma população de palestinos no Líbano ou no Egito.

Devemos entender que os país ricos devem se preocupara em manter sua cultura e seus valores. Não devemos querer, quando estamos em um outro país, que este país se transforme culturalmente em nosso país de origem. Não é que o estrangeiro deva compartilhar todos os valores do país que o recebe, mas deve pelo menos respeitá-los.

Sem falar, que a aceitação de muitos estrangeiros pode mudar completamente o panorama eleitoral de um país. Imaginemos se o Brasil recebesse chineses em número exagerado, e eles, ao chegar aqui, não aprendessem nem a língua portuguesa, mas adquirissem possibilidade de voto capaz de eleger senadores. O político brasileiro, se ele prórpio não fosse chinês, teria de aprender chinês (como os presidenciáveis americanos têm de aprender espanhol) ou falaria em resistência a cultura chinesa.

O mutliculturalismo só funciona se for no sentido de aceitação de mesmo princípios. Mas alguns princípios se chocam com a cultura de alguns. Por isso, a dificuldade.

Por vezes, o debate sobre imigração recai nas questões econômicas: como o imigrante contribui com o PIB do país e quanto ele explora os gastos públicos. Mas, como bem lembra Ed West em seu blog do The Telegraph hoje: imigração é muito mais uma questão social e de valores do que simplesmente econômica.

Para ler o excelente texto de West, acesse:
http://blogs.telegraph.co.uk/news/edwest/100059379/the-immigration-debate-is-about-society-not-economics-says-the-delightful-ed-west/

2 comentários:

Ed West disse...

Obrigado, Pedro!

Francisco disse...

O que eu penso,veja bem,minha opinião.
*99% da migração é econômica.(1% vai pelas "lindas montanhas geladas,pelas belas prais ensolaradas,pelas lindas mulheres...etc..)"
*quando a origem é culturalmente rica,existe uma
união social maravilhosa(ex:espanhóis e o Curintia,italianos e o Parmera...etc...).
*quano a origem é primitiva,intolerante e preconceituosa,só existe a mistura por razões de economia.