sábado, 28 de junho de 2014

Video: "Vitória sobre Infiéis" e "Vitória sobre meus Inimigos"


Consegui ontem no site da Front Page a tradução do que disse o imã durante o encontro religioso que o Papa Francisco promoveu entre cristãos, judeus e muçulmanos. Na oportunidade, eu acompanhei o encontro mas como não entendo nem hebraico nem árabe não tinha entendido muito do que foi dito.

Vejam o vídeo abaixo. É um vídeo penoso de ser assistido, mas vale à pena colocar no blog pois é uma tradução de um fato histórico e traz a forte controvérsia sobre a oração muçulmana feita na ocasião. No vídeo, esta controvérsia aparece aos 4 minutos (foto acima).





O Imã mencionou basicamente duas passagens do Alcorão, 2:285 e 2:286, ao que parece o Vaticano não esperava que ele fizesse isso, não estava no roteiro do encontro, e uma parte do verso 2:286 foi negada que o Imã tenha dito, depois foi aceitado o fato.

O artigo do Front Page é de Ned May, e ele descreve a confusão sobre esta parte do verso 2:286, o vídeo chegou a ser editado para esconder esta parte e o Vaticano negou. Mas depois foi aceito que apesar de não fazer parte do que estava escrito para ser dito pelo imã, o imã disse e representantes da Igreja passaram então a reduzir a força dessa parte comparando-a com o Salmo 25.

O verso 2:285 fala do respeito dos muçulmanos pelos profetas do Islã.

Mas o que diz o verso 2:286, o verso da controvérsia?

O site Quran Browser traz diversas versões desse verso. Vejamos uma versão e traduzo em seguida:

2:286 - Allah burdens not a person beyond his scope. He gets reward for that (good) which he has earned, and he is punished for that (evil) which he has earned. "Our Lord! Punish us not if we forget or fall into error, our Lord! Lay not on us a burden like that which You did lay on those before us (Jews and Christians); our Lord! Put not on us a burden greater than we have strength to bear. Pardon us and grant us Forgiveness. Have mercy on us. You are our Maula (Patron, Supporter and Protector, etc.) and give us victory over the disbelieving people."

Tradução minha:

Alá não sobrecarregue uma pessoa além de seu alcance. Alá recebe recompensa para quem faz o bem e condena quem faz o mal. "Nosso Senhor não nos castigue se nos esquecemos ou caímos em erro, nosso Senhor não ponhas sobre nós um fardo como o que você pôs sobre aqueles que vieram antes de nós! (Judeus e Cristãos). Nosso Senhor não nos sobrecarregue com um peso maior que temos força para suportar. Perdoe-nos e concede-nos o perdão. tende piedade de nós. Você é nosso Maula (Patrono, Apoioador, Protetor, , etc) e dar-nos a vitória sobre os infiéis".

O padre jesuíta Felix Korner, professor da Universidade Pontifícia Gregoriana, comparou este verso com uma passagem do Salmo 25.

O Salmo 25 diz (versão Bíblia Sagrada, site Biblia Católica On Line):

"Em Ti Confio, meu Deus. Que eu não fique envergonhado, e os meus inimigos não triunfem sobre mim!"

Mas dizer: "meu Deus, que eu seja vitorioso sobre os infiéis" é o mesmo que dizer :"que meus inimigos não triunfem sobre mim"?

Eu acho que não, é bastante diferente e reflete claramente as diferenças na história de judeus, cristãos e muçulmanos. 

Os judeus depois que saíram da escravidão do Egito lutaram pela Terra Prometida, lá encontraram pagãos e lutaram contra eles, venceram e por vezes foram derrotados por eles. Não há no judaísmo (consequentemente também não no cristianismo) uma guerra indiscriminada contra infiéis. No cristianismo, isto seria completamente um despropósito. Cristo ensina a amar os inimigos. A Teoria da Guerra Justa cristã (que é baseada tanto no Novo quando no Velho Testamento) nunca defendeu guerra contra infiéis simplesmente por serem infiéis.

O Islã nasceu em terras dominadas pelo cristianismo, judaísmo e paganismo. Maomé é um líder político, além de líder religioso. Ele roubou caravanas para financiar sua guerra, e estabeleceu impostos como qualquer líder político. Nada mais diferente de Cristo que ensinou: dê a César o que é de César. Os muçulmanos lutaram contra todos os infiéis, e os versos do Alcorão são cheios de ódio a judeus, cristãos e pagãos. O objetivo é claro, é ver o Islã dominando todos, vencendo todos os infiéis. Não há Terra Prometida no Islã, todas as terras para os muçulmanos têm estar sob domínio político e religioso do Islã. O mundo do Islã é este mundo, o mundo cristão é outro.

Eu respeito, mas discordo completamente da comparação do padre Korner.


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