sexta-feira, 20 de julho de 2012

Crise Financeira, Protestantes e Católicos

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É um assunto recorrente há muito tempo, a idéia de que os católicos são piores do que os protestantes em gerenciar seus países. Agora, durante a crise na Europa, em que Portugal, Espanha e Itália estão em crise financeira, novamente levanta-se as vozes com este pensamento.

Ed West do jornal The Telegraph falou sobre o tema ontem. Ele mostra que a Grécia, que é cristã ortodoxa, precisa ser incluída na lista dos países em crise e que  verdade a relação não é entre religião e crise financeira, ou religião e má administração de países, ou mesmo religião e nível de corrupção nos países. O que há é a relação entre cultura com estas coisas. Pois a Aústria (de maioria católica) se comporta de forma semelhante a Alemanha (de maioria protestante), Lituânia (católica) é semelhante à vizinha Letônia (protestante) e Polônia (católica) é melhor que a República Tcheca (protestante) em termos de corrupção.

Eu acrescentaria que este assunto é pura bobagem. Basta olhar o mapa acima. Os protestantes e católicos estão juntos nos mesmos países. Para comprovar que a culpa da crise financeira é dos católicos teríamos que observar se os católicos se comportam de forma diferente dos protestantes em cada país, além de definir quem é católico e quem é protestante. Isto é, há vários tipos de católicos e vários tipos de protestantes. Quantos são os católicos e protestantes que não seguem os preceitos de suas igrejas?

Além disso, teríamos que escolher as variáveis econômicas. O PIB não explica a a boa administração de um país.  O país mais rico do mundo, que é de maioria protestante, está em situação financeira, que em muitas variáveis (como a dívida pública per capita), está pior do que a Grécia. Os Estados Unidos também é muito pior do que muitos países católicos em nível de corrupção. Na Europa, a Alemanha também tem, em algumas variáveis econômicas importantes, números piores do que a Itália. A Espanha tem um dos menores níveis de endividamento de toda a Europa (68,5% do PIB), bem menor do que o da Alemanha (81,5%).

Finalmente, teríamos que observar o relacionamento entre os países no mundo globalizado. Algumas vezes este relacionamento é perverso para alguns. Recentemente, eu li um texto de  Ambrose Evans-Pritchard, falando como o relacionamento econômico Alemanha- Itália (ou Zona do Euro- Itália) tem sido perverso para a Itália.
  

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