terça-feira, 30 de setembro de 2014

Papa Francisco, a Teologia da Libertação e o Peronismo.


Segundo um amigo próximo de João Paulo II, o Papa Francisco é peronista, que defende um capitalismo sem livre mercado, um capitalismo em que alguns se juntam ao estado para ganhar dinheiro e oprimir o povo.

Rocco Buttiglione foi muito próximo do Papa João Paulo II, assessorava o papa em questões relacionadas a economia. E conheceu de perto o que se passa na América Latina. Ele deu uma entrevista e revelou o que ele pensa do Papa Francisco.

Vale muito a pena ler a entrevista dada ao site Real Clear Religion. Ele conta a história de como se aproximou do Papa João Paulo II, na luta contra o comunismo. Vou traduzir aqui apenas as parte relativas ao Papa Francisco:


RCR: Você é muitas vezes creditado por levar João Paulo II a defender o livre mercado, especialmente no contexto da Centesimus Annus. Como você persuadiu ele? 

RB: Eu não diria isso, mas eu era um amigo. Eu conversei com ele sobre o que eu entendia do mundo.

RCR: Você acha que o papa Francisco também precisa se educar sobre economia? 

Buttiglione: Bem, você teve um papa da Polônia que veio a amar os Estados Unidosmuito mais que qualquer um imagina. Agora você tem um papa da América Latina e em um diálogo com ele nõs devemos tentar explicar outras coisas. Ele é não pode ser um papa apenas latino-americano, ele tem de aumentar seus horizontes. Como ele vai fazer isso?

Uma das primeiras coisas que João Paulo II fez quando se tornou papa foi visitar a América Latina. Lá, ele deu uma série de homilias, que se tornaram uma encíclica regional. Esta encíclica não é contra a Teologia da Libertação, mas é uma encíclica que diz: Nós queremos uma teologia do ponto de vista latino-americano. Ok.  Mas você acha que pode fazer isso usando Marxismo? Isso é errado. Você precisa de um diferentes abordagens para produzir uma verdadeira teologia teologia da libertação. 

Eu lembrei de um dia em que eu estava em Lima com Don Ricci,e falamos com um grupo de teólogos da teologia da libertação. Era o dia da festa do Senhor dos Milagres e o povo estava na rua. Eu disse aos teólogos. Vocês falam do povo? Abram as portas e olhem as ruas. Eles são o povo. Ele são o povo que não proletários marxistas, eles são o povo da cultura e religião. 

Então nós começamos a trabalhar na América Latina para criar grupos que queriam construir a verdadeira teologia da libertação, que não é marxista.

RCR: Qual teologia da libertação influencia o Papa Francisco? 

Buttiglione: Ele não é um marxista. Politicamente, ele é um Justicialista (Peronista). Os ocidentais podem chamar isso de populista. Justicialismo na Argentina tem sido um enorme movimento, dando pela primeira vez às pessoas do Terceiro Mundo a ideia de que elas têm dignidade. Eles são anti-capitalista e anti-marxista. Existe um modelo anglo-saxão de capitalismo, com a ideia de homem que se faz sozinho (self-made man). Isso é americano. Mas isso não é o capitalismo na Argentina. Na Argentina algumas pessoas fazem contrato com o estado, não enfrentam concorrência, não enfrentam risco e oprimem o povo. É o capitalismo criado pelo Estado.

Se eu pudesse sugerir um livro para o Papa Francisco, gostaria de sugerir que lesse Friedrich Hayek no livto The Counter-Revolution of Science: Studies on the Abuse of Reason. Irá ajudá-lo.

RCR: Se você pudesse dar um conselho ao Papa Francisco, qual seria?

Buttiglione: Bem, eu devo defendê-lo por três motivos: "Ele é o papa, ele é um amigo, e porque ele me disse: "Oh li todos os seus livros".  Mas, isso não é verdade!

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Eu não me surpreendi muito com as respostas. Já fui a Argentina umas três na vida e sempre fiquei impressionado com a mentalidade argentina.

Eu costumo dizer que cabeça política de argentino é bem pior do que a de brasileiro. Nós tivemos nosso peron, foi Getúlio Vargas, mesmo modelo populista que tinha atração pelo nazismo e dominava os sindicatos e povo com benesses. Mas nós brasileiros, superamos rapidamente o getulismo, os argentinos estão presos ao peronismo em todos os partidos políticos, desde a extrema esquerda até a extrema direita. E o capitalismo é o mesmo das facções políticas, é o capitalismo dos amigos do poder. O que os americanos chamam de crony capitalism.

O Papa tem um ranço peronista realmente. Buttiglione tem razão.

Eu fiquei impressionado foi quando ele diz que o Papa mentiu sobre ter lido todos os livros de Buttiglione. Talvez foi em tom de brincadeira que o Papa falou. Em todo caso, não gosto muito de frases ditas "socialmente".


(Agradeço a indicação da entrevista ao site The American Catholic)

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