terça-feira, 28 de julho de 2020

A Política Externa de Trump e as Ameaças no Futuro


A questão militar mais perigosa que se avizinha é um conflito entre Estados Unidos e China. Eu costumo dizer que se Trump ganhar teremos certamente uma guerra fria ou mesmo quente. Acho que a guerra fria já começou desde o ano passado, pelo menos. Se Biden ganhar, a China já venceu e teremos que esperar que a Rússia, outra ditadura que também é inimiga do Ocidente mas é bem menos rica que a China, enfrente o perigo chinês. 

Como diz um amigo meu: nos dois casos, nós brasileiros, estaremos à deriva.

Mas de que lado o Brasil está atualmente? Comercialmente somos completamente dependentes da China e a China se adentra no domínio de nossas empresas e de nossas mídias.  Nós estaremos claramente do lado certo, se estivermos do lado da cultura Ocidental, como o Brasil esteve (de forma tardia e limitada) durante as duas guerras mundiais. Isso só Trump defende.

Victor Davis Hanson é um historiador militar que respeito muito. Infelizmente, o que eu mais admirava já faleceu em 2012 (John Keegan). Mas Hanson tem livros ótimos sobre guerras, especialmente defendendo o Ocidente na história.  Recentemente ele escreveu um livro em defesa da posição política e militar de Trump que é best seller nos Estados Unidos (The Case for Trump) e faz sempre uma análise excelente sobre a política externa dos presidentes dos Estados Unidos.

Na semana passada, Hanson escreveu um artigo sobre a política militar de Trump para o mundo com base em um texto escrito pelo general McCaster da agência de segurança nacional (National Security Strategy).

O texto de Hanson deve servir de base para qualquer um que escreva sobre o assunto, pois ele pontua claramente a estratégia de política externa de Trump, o que o diferencia de Obama, e o que ele (ou Biden) vão enfrentar no futuro próximo.

Trump, para Hanson, usa a estratégia de "Engajamento Reativo" para a política externa, não busca guerras, mas deixa claro sua posição militar, aumenta os gastos militares, exige que aliados aumentem seus gastos militares também, exige que os parceiros comerciais (especialmente a China) seja leal nas negociações, procura independência energética (o que afasta o país das relações com os países muçulmanos do Oriente Médio) e age de forma bem agressiva se precisar.



2 comentários:

Horácio Ramalho disse...

Saudações Professor. Ainda não li o artigo de Hanson, mas pela expressão 'engajamento reativo' e pelo pequeno resumo que o senhor fez, parece que Trump quer seguir à risca a máxima do 'se quiser paz, se prepare para a guerra'. Infelizmente, o nosso país não possui recursos de poder ou líderes políticos com uma visão que lhes permita criar uma grande estratégia brasileira, de modo que nós sempre temos que escolher um lado aliado à uma potência internacional. Nós temos muito potencial, é verdade, mas sempre ficamos no caminho por causa de problemas estruturais internos: desde a independência, nossa economia ficou refém de ciclos econômicos, materializados na demanda internacional por alguma commoditie; o Estado brasileiro se tornou tão grande, que não é mais uma relação parasitária com o povo, mas cancerígena, sugando impostos, se endividando e destruindo o poder de compra da moeda; uma economia pouco diversificada; e o quê, na minha opinião, é a maior deficiência do nosso país em termos de hard Power, a falta de armas nucleares. Estas últimas, em minha opinião, devido ao seu poder destrutivo, ultrapassaram a qualidade de mero vetor militar à serem aplicadas em combate. Se tornaram verdadeiras garantias existenciais daqueles que as possuem, apólices de seguro contra a intervenção direta. Basta pensar que o Paquistão hoje, só não é mais um estado indiano por causa delas. Por isso defendo que o Brasil tenha estas armas, mas o senhor sabe melhor do que eu dos impedimentos. Mas só focando na capacidade militar convencional, mesmo esta é tratada com desdém pelos líderes do país. Não é que falte dinheiro, mas o gasto com pessoal e a pouca vontade do congresso em apoiar um aumento dos gastos com defesa, que não seja aumento de salários, praticamente não existe. Estou no momento escrevendo meu TCC, tratando desta questão: é uma proposta para a criação de um fundo de investimento para o ministério da defesa, que combina recursos da extração mineral com instrumentos financeiros. Mas acho que tal proposta é utópica demais para o Brasil. Resta-nos pedir a Deus que proteja nosso país em meio às disputas entre as grandes potências, até que um dia tenhamos um povo que desperte para a realidade da geopolítica do mundo e do meio desse povo, saiam os líderes que sempre precisamos, mas não tivemos nas últimas décadas.

Pedro Erik Carneiro disse...

Obrigado, meu caro amigo.

Interessante sua proposta de ministério da defesa. O difícil é que o Brasil ainda está longe de fornecer o básico para a população (saude, educação...) Eu sei, China e Paquistão também não. Mas estes países têm inimigos óbvios, nós não. Caso muito a se pensar. Interessante.

E sim, precisamos de lideres e pensadores como você. Urgente!!!

Abraço