segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Papa Francisco e o Islã: Uma Crítica do Padre Samir e um Apelo de Asia Bibi




A foto acima é muito famosa e eu a detesto. Mostra João Paulo II beijando o Alcorão. Então, a crítica que vou mostrar aqui que um padre jesuíta fez ao Papa Francisco sobre o Islã também serve a outros papas.

Mas vou começar pelo apelo de Asia Bibi.  Ela é uma católica do Paquistão que está presa há mais de quatro anos sob acusação de blasfemia contra o Islã, isto é motivo para sentença de morte no País. Asia Bibi escreveu para o Papa Francisco. É uma carta bonita, em que revela o amor de Bibi por Cristo, celebrando o Natal, e pelo Papa, quando pede a ele que a ajude a sair da prisão.

A lei sobre blasfemia faz parte da Lei Sharia do Islã, que tem fonte no Alcorão e no Hadith (história de vida de Maomé), qualquer um que faz um gesto que seja considerado um insulto ao Islã ou a Maomé corre o risco de sofrer pena de morte. É o que enfrenta Asia Bibi no Paquistão, um país islâmico que não é dos mais fundamentalistas, bem menos radical do que Irã ou a Arábia Saudita, por exemplo. É o caso até da livraria que foi incendiada na semana passada no Líbano.

Os papas precisam entender o Islã antes de tecer considerações sobre ele ou beijar o Alcorão.

Padre Samir Khalil Kamir é jesuíta, assim como o Papa Francisco. É egipcio e eespecialista em Islã. É considerado um dos maiores conselheiros em matéria de islamismo para o Vaticano. Ele ensina em Beirute, Paris e Roma e é autor de vários livros sobre a relação enter Islã e Cristianismo. Qualquer debate sobre o assunto no Vaticano, envolve sua presença, como mostra este vídeo do YouTube de um seminário sobre a Primavera Árabe.

Sandro Magister, um dos jornalistas mais conhecidos no mundo em assuntos relacionados ao Vaticano, publicou uma crítica do Padre Samir ao que o Papa Francisco falou sobre o Islã na exortação apostólica Evangelii Gaudium. Esta crítica saiu inicialmente no site Asia News.

Padre Samir não poupou suas críticas. Eu diria que ele não criticou, ele detonou a abordagem do Papa Francisco em matéria de Islã.

As partes do Evangelii Gaudium que o padre Samir criticou estão nos parágrafos 252 e 253, descritos abaixo. Disse o Papa Francisco:

252. Neste tempo, adquire grande importância a relação com os crentes do Islã, hoje particularmente presentes em muitos países de tradição cristã, onde  podem celebrar livremente o seu culto e viver integrados na sociedade. Não se deve jamais esquecer que eles «professam seguir a fé de Abraão, e connosco adoram o Deus único e misericordioso, que há-de julgar os homens no último dia». Os escritos sagrados do Islão conservam parte dos ensinamentos cristãos; Jesus Cristo e Maria são objecto de profunda veneração e é admirável ver como jovens e idosos, mulheres e homens do Islão são capazes de dedicar diariamente tempo à oração e participar fielmente nos seus ritos religiosos. Ao mesmo tempo, muitos deles têm uma profunda convicção de que a própria vida, na sua totalidade, é de Deus e para Deus. Reconhecem também a necessidade de Lhe responder com um compromisso ético e com a misericórdia para com os mais pobres. 

253. Para sustentar o diálogo com o Islã é indispensável a adequada formação dos interlocutores, não só para que estejam sólida e jubilosamente radicados na sua identidade, mas também para que sejam capazes de reconhecer os valores dos outros, compreender as preocupações que subjazem às suas reivindicações e fazer aparecer as convicções comuns. Nós, cristãos, deveríamos acolher com afecto e respeito os imigrantes do Islão que chegam aos nossos países, tal como esperamos e pedimos para ser acolhidos e respeitados nos países de tradição islâmica. Rogo, imploro humildemente a esses países que assegurem liberdade aos cristãos para poderem celebrar o seu culto e viver a sua fé, tendo em conta a liberdade que os crentes do Islão gozam nos países ocidentais. Frente a episódios de fundamentalismo violento que nos preocupam, o afecto pelos verdadeiros crentes do Islão deve levar-nos a evitar odiosas generalizações, porque o verdadeiro Islão e uma interpretação adequada do Alcorão opõem-se a toda a violência.

Padre Samir comenta o que ele viu de bom na exortação apostólica em geral, antes de falar sobre o que o Papa Francisco falou sobre o Islã. Ele também viu coisas boas na parte sobre o Islã. Por exemplo, ele ressalta o pedido do Papa Francisco por liberdade religiosa em terras muçulmanas. No entanto, Samir lembra que o problema principal não é liberdade religiosa em terras muçulmanas, mas liberdade para conversão. E o Papa Francisco não tocou neste assunto.

Samir fez um comentário bem extenso sobre aqueles dois parágrafos e de maneira bem profunda. Eu não tenho tempo para traduzir tudo. Leiam tudo clicando aqui. Vou apenas fazer um resumo dos pontos principais:

1) Samir critica a ideia de que Alá é misericordioso da mesma maneira que o Deus cristão, como parece dizer o Papa no parágrafo 252. É bastante diferente. A misericórdia de Alá é como um rico dar esmola ao pobre, a misericórdia cristã é se idetificar e se igualar ao pobre, é bem mais profunda.

2) O Papa Francisco diz que o Alcorão manteve ensinamentos cristãos (parágrafo 252). Samir diz que isto é um pouco verdade, mas em geral o Islã tem base em evangélhos apócrifos que não possuem a mensagem cristã;

3) Samir trata da figura de Jesus no Alcorão. Lembra que apesar de ser mencionado, ele não é venerado, nem é Deus, nem foi crucifado ou ressucitou. Ele é apenas um profeta, menor do que Maomé, que é o último e mais importante profeta do Islã. O Alcorão nega os preceitos mais básicos do cristianismo (Trindade, crucificação e ressureição de Cristo, etc.).

4) Samir critica a idéia de que a ética no Islã seja semelhante ao do Cristianismo (parágrafo 252). A ética do Islã é apenas para os fiéis muçulmanos, não se aplica a todos, como é a do cristianismo. É a ética do Islã é legalista, não é voltada para o amor, como é a do cristianismo.

5) Criticando o parágrafo 253 do Papa Francisco, padre Samir ressalta que os fundamentalistas cristãos e islâmicos são bem diferentes. "Fundamentalistas cristãos não portam armas". Os terroristas islâmicos portam armas e estão apenas replicando a vida de Maomé, que conduziu mais de 60 guerras.

6) Finalmente o padre Samir critica a última frase do parágrafo 253, em que para o Papa Francisco o entendimento adequado do Islã não geraria violência. Padre Samir diz que isto é apenas um sonho, fora da realidade. A maioria dos muçulmanos pode contra a violência, mas não é correto dizer que o Islã é contra a violência, pois há muita defesa da violência no Alcorão, basta ver os capítulos 2 e 9.

----

William Kilpatrick da revista Crisis Magazine, estimulado pelas palavras do padre Samir, fez uma excelente análise da abordagem do Papa Francisco. Em resumo, Kilpatrick diz que o Papa está mais preocupado em ser bem recebido pelos adversários (ateus, muçulmanos, homossexuais) do que com a doutrina católica.

Infelizmente, Kilpatrick parece certo.



3 comentários:

Leonardo Santana de Oliveira disse...

Prezado Pedro, Salve Santíssima Imaculada Virgem Maria,Mãe de Deus,Co-Redentora pois trouxe ao mundo O Redentor.

Meu caro amigo,perfeito seu texto e as explicações desse Padre Jesuíta.

Será que o Padre Samir Khalil Kamir é também um "cismático" de Écône,rsrsrs, perdoe-me a ironia prezado Pedro mas ela se dirige aos conciliares que se negam a vêr a evidência e rasga as vestes exigindo tudo "preto no branco".

Prezado amigo em meu computado existe uma pasta que se chama "Refutando as superstições inventadas por homens", eu te peço permição para copiar e colar esses seus textos sobre a falsa religião islãmica nessa minha pasta.Eu me alimento muito dos ensinos que encontro em vosso blog.

Você me daria a pernissão?

In Corde Jesu, semper.

Pedro Erik Carneiro disse...

Caro Leonardo,
Eu sou muito cuidadoso em citar fontes de minhas informações, sempre agradeço as minhas fontes no final dos meus posts.
Muitos blogueiros brasileiros famosos não fazem isso.
Então, com vc tambem reconhecendo as fontes, claro que vc pode usar os meus posts e textos que indico.
Abraço,
Pedro Erik

Leonardo Santana de Oliveira. disse...

*permissão