terça-feira, 11 de agosto de 2020

Vaticano II, como a "Nova Coca-Cola"


A ideía de uma "nova Coca-Cola", lançada pela própria empresa, em 1985, é considerada a pior estratégia de marketing de todos os tempos. Tinha-se um produto de enorme sucesso e resolveu-se alterar a fórmula porque estava perdendo um pouco de mercado para a concorrente Pepsi. Esperava-se que fosse um sucesso devastador, mas foi um desastre monumental.

O site The American Catholic comparou o Concílio Vaticano II com a ideia de lançar a Nova Coca-Cola. Acho que tem muito a ver.

O site também trouxe a opinião do teólogo Peter Kwasniewski, que disse que o Concílio Vaticano II não deve ser esquecido, deve é ser lembrado com vergonha e arrependimento.

Aqui vai a tradução de parte do excelente artigo de Kwasniewski:

É certamente um “sinal dos tempos” ver tantas discussões hoje sobre o Concílio Vaticano II, muitas das quais são muito mais realistas em sua avaliação de seus possíveis defeitos do que nas décadas passadas, quando era obrigatório celebrar o Concílio como um verdadeiro novo Pentecostes, ou pelo menos como um momento de retificação dos problemas legados por quatro séculos de catolicismo tridentino. Devemos agradecer ao Arcebispo Viganò por reacender uma discussão que poderíamos caracterizar como “mais vale tarde do que nunca”.

Infelizmente, muitas das respostas publicadas desde o artigo de Viganò parecem motivadas pelo desejo de “salvar a face eclesial”. George Weigel se refugia em generalidades benignas e na adoração ao herói de Wojtyłan. Adam De Ville apela à Volcanologia para descartar as críticas ao Concílio como um "trauma escolhido" de colapso do tempo. Bishop Barron fornece respostas curtas para perguntas massivas. John Cavadini expressa simpatia por Viganò mas, depois de catalogar todas as coisas maravilhosas que encontra no Concílio, simplesmente se refugia na afirmação de Bento XVI de que não foi a culpa dos documentos conciliares, mas sua aplicação unilateral ou desenvolvimento por teólogos pós-conciliares - não reconhecendo que foram os mesmos teólogos que redigiram ou influenciaram os documentos conciliares e sabiam exatamente quais as novidades e ambigüidades neles alojadas. Na minha opinião, apenas Anthony Esolen e Hubert Windisch mostraram que compreenderam os pontos de Viganò: para Esolen, "o tempo do Concílio na história passou" e precisa ser "destronado", enquanto para Windisch, as raízes das crises manifestam-se claramente no “reposicionamento” da Igreja perante o mundo, que foi a preocupação central da estratégia pastoral do Concílio.

...
A maioria daqueles que “responderam” a Viganò, em vários graus, passaram direto pelas questões mais importantes. É como se eles tivessem chegado muito tarde a uma festa em que uma conversa profunda já se arrasta há muito tempo - neste caso, desde O Cavalo de Tróia na Cidade de Deus de Dietrich von Hildebrand e Iota Unum de Romano Amério, até Phoenix from the Ashes, de Henry Sire, e The Second Vatican Council: An Unwritten Story, de Roberto de Mattei - e eles irromperam com observações que foram retomadas e debatidas horas antes. Após uma pausa constrangedora, a conversa é retomada entre os participantes sérios, enquanto os interruptores se afastam para tomar um coquetel, sentindo-se satisfeitos por terem "feito seu ponto de vista". Infelizmente, isso não vinha ao caso; não avançou a discussão, mas apenas a interrompeu.

O que nenhuma avaliação objetiva pode negar é que, entre 1962 e 1965, ocorreu uma “mudança de paradigma” no que diz respeito à íntima relação de identidade, continuidade, tradição e cultura. Estes foram dissociados de uma forma que era radicalmente não católica - e radicalmente instável.

Assim que terminei este artigo, minha atenção foi atraída para o livro do padre Stefano Lanzetta "Vatican II and the Calvary of the Church" (Catholic Family News, 3 de agosto). Recomendo-o fortemente como uma das melhores intervenções neste debate ainda a ser publicado - um exemplo do tipo de intervenção, o manuseio matizado e profundidade de pensamento, exigidos pela gravidade do assunto.




9 comentários:

Rafael P. disse...

Caro Pedro,

Nesse texto existe a frase que resume bem a "discussão": A maioria daqueles que “responderam” a Viganò, em vários graus, passaram direto pelas questões mais importantes.

Até por isso "responderam" entre aspas, pois de fato não foram respostas. E isso em minha ignorante visão pode ser inclusive uma estratégia calculada. Porque nessas "não-respostas" sempre existem o "estou junto com Igreja", "estou junto com o Papa", o que automaticamente joga os críticos numa vala comum de não estarem em comunhão com Roma, ou de quererem um cisma, "rad-trads" e tantas outras coisas.

Assim, a melhor estratégia não é o debate do tema central, mas se apoiar em afirmações de suposta catolicidade/obediência, quando não inclusive a desmoralização dos críticos (vide campanha de difamação contra Viganò).

Quem ousa criticar papas já canonizados? (João XXIII, Paulo VI e JP II)
Quem ousa criticar Bento XVI com todo o seu legado teológico?

A subversão da Igreja Católica foi realizada de tal maneira que, parafraseando a diabólica frase: já virou o "novo normal". Em 2020 seria um absurdo afirmar verdades de fé que um São Pio X declarava. Imagine um Papa dizer que os Protestantes são hereges e, se não se converterem à Igreja Católica, estarão condenados.

Faça um exercício e imagine um Papa afirmar isso em 2020.
E aqui não falo de como o mundo reagiria, mas como A IGREJA reagiria.

Tínhamos uma outra época, onde havia autoridade na Igreja. Perdemos a autoridade após a Lumen Gentium, e enquanto houverem Papas conciliares sofreremos nesse vale de lágrimas.

O combustível (fé) desse avião acabou em 1965, poucos viram o aviso de falta de combustível, aos passageiros foi dito "Está tudo bem! Estamos inclusive melhores do que antes, estamos muito mais econômicos!"

Mas sabemos que um avião sem combustível não vai muito longe. Uma Igreja sem fé, tampouco.

A fé, como conhecíamos já passou do seu momento do Calvário e encontra-se sepultada nesse momento.

“quando vier o Filho do homem encontrará fé sobre a terra?”

Peço com carinho caro Pedro, medite o pequeníssimo capítulo 3 do Cântico dos Cânticos.

Maranata, como você também disse dias atrás.

Pedro Erik Carneiro disse...

Obrigado, caríssimo.

Sim, meditarei a sua indicação no Cântico dos Cânticos.

Grande abraço,
Pedro Erik

Emanoel Truta disse...

Boa tarde!

Excelente artigo.

Obrigado Pedro.

Que o bom Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude a guardar a fé, sem a qual é impossível agradar a Deus.

Viva Cristo Rei!

Imaculado Coração de Maria seja nosso refúgio.

Emanoel Truta disse...

Mais uma de Mosenhor Viganó

https://www.diesirae.pt/2020/08/persona-papae-esta-em-cisma-com-o.html?m=1

Viva Cristo Rei

Isac disse...

PELO (des)ACORDO DE METZ, pelo qual a Igreja não condenaria o demoníaco comunismo e a indevida admissão de "bispos" do Kremlin-IOR, permitiu acesso a todos para, no VII, influenciarem os presentes, assim, como protestantes e o maçon Bugnini, apenas deposto depois daquele escândalo público!
Além disso os bispos das esquerdas, os cartacumbóides - D Hélder & Cia, cofundador da esquerdista direção da CNBB e seus asseclas modernistas - silenciados à força apenas até S Pio X!
Assim, o VII deu ótima chance para os KGBiscas atrevidos e manipuladores agissem à vontade dentro do Igreja-clero, criando sua COVID 19, a pestífera TL - o cristianismo católico sutilmente imanentizado e marxizado - essa grandemente mais letal ao afetar maleficamente a alma!
Hoje, por muitos ou vários, a contestação de santidade de S Paulo VI são por certas suas cessões aos inimigos da Igreja de comparecem ao VII e opinariam nas sessões!
Assim ele, mais ao fim da vida lamuriando: "teríamos sido negligentes, culpados dos problemas do VII?
Só de não aviltar e denunciar com destemor a desgraça de nosso século, o endiabrado comunismo, foi ação máxi incomensurável e catastrófica!
Os bispos tradicionais, os confiáveis, minoritários, como D Antônio de Castro Mayer, D Lefèbvre, D Geraldo Sigaud e outros idem da Igreja tradicional de 2000 anos foram sumariamente descartados pelos mundanistas - quem sabe, apostatados? Sedizentes se considerare como os "progressistas"!
Eis aí o putrefato fruto de D Hélder e Cia: a CNBB endossa os esquerdista, em seus tentáculos cria-se o predador PT, mais PCs, ditadores vermelhos genocidas, maçonistas-NOM, ipso facto!

Isac disse...

Retificando com maiúsculas:
Eis aí o putrefato fruto de D Hélder e Cia: a CNBB, A QUAL endossa os esquerdistaS E, em seus tentáculos, cria-se o predador PT, mais PCs, TODOS COOPERADORES DOS ditadores vermelhos genocidas, maçonistas-NOM, ipso facto!

Rafael P. disse...

Permita-me aproveitar o espaço novamente caríssimo Pedro, já que o tema é o mesmo desse post o link que o Sr. Emanoel Truta postou logo acima.

Li o texto com alegria ao ver uma discussão que vai direto a pontos os quais, em meu comentário anterior, cito que muitos se afastam e não encaram de frente. Creio que em breve ocorrerão excomunhões de figuras públicas que criticam o Papa Francisco e o CVII.

Aqui talvez será o tal martírio branco citado por Bento XVI, e não seria novidade (vide Santo Atanásio).

E falando nele (Bento XVI), creio que ele é o incômodo que impede que tais ações mais enérgicas ocorram.

Ainda fico muito em dúvida com algumas posições públicas do Cardeal Sarah, Dom Athanasius Schneider e mais recentemente também do Cardeal Zen. O próprio Cardeal Burke encabeça uma resistência, porém de certa forma o vejo mais caridoso do que Viganò em relação ao pontificado. Viganò dá nome aos bois, enquanto os outros usam de parábolas.

Creio que a situação atual é como um elástico que num determinado ponto começa a mostrar pequenas fissuras, e continuando o movimento ele arrebentará. Para isso, basta apenas o lado progressista sair das ambiguidades e ir direto ao ponto, colocando também eles nomes aos bois dos possíveis "Inimigos da Igreja" e decretando excomunhões dos que negarem as mudanças desejadas.

Enquanto isso, essas duas Igrejas parecem coabitar. Que Deus nos dê o discernimento necessário.

Emanoel Truta disse...

Com sua permissão prezado Pedro.

A conclusão que Monsenhor Viganó chegou parece-me a mesma de Gustavo Corção: a Igreja Católica e a Outra (a Igreja Conciliar).



Que o bom Deus nos ajude a sermos fiéis a Santa Igreja Católica.

Viva Cristo Rei!
Imaculado Coração de Maria, sede nossa salvação.

Pedro Erik Carneiro disse...

O espaço é de vocês, caríssimos.
Eu que agradeço.
Fiquen a vontade.

Grande abraço